Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009), principal referência para a
Antropologia Estrutural, pesquisou tribos e mitos de diversas sociedades sem Estado. Foco da abordagem: estrutura de pares binários ou opostos como homem/mulher, campo/cidade, dia/noite, cru/cozido, etc. Cada cultura elabora regras diferentes para a construção da identidade de gênero masculino e feminino, dessas regras surgem as estruturas elementares de parentesco, que compõe a regras como: proibição do incesto, relações de parentesco e casamento, sociedades patrilineares ou matrilineares. O que é uma estrutura para Lévi-Strauss
1. A estrutura funciona como um sistema, no qual a modificação
de um elemento, provoca a modificação em todos os outros. 2. Os modelos pertencem a um grupo de transformações, cada transformação corresponde a um modelo da mesma família, o conjunto das transformações constitui um grupo de modelos. 3. Os elementos, as transformações e os modelos permitem prever o que acontecerá dentro do modelo caso ocorra uma modificação de um elemento. 4. O funcionamento do modelo construído deve explicar todos os fatos observados. Assim, é possível explicar como pensam e agem as pessoas da cultura estudada. O papel do mito
Ao estudar os mitos, temos que nos ater à significação do
mito, é ali que se encontrará a organização lógica e o sentido dos elementos fundantes da estrutura social. O mito está na linguagem e além dela, possui uma língua e palavras que pertencem a um tempo passado, ou seja, possui um sistema temporal e, ao mesmo tempo, forma uma estrutura permanente que se relaciona ao passado, ao presente e ao futuro que pode ser estudado e compreendido. Exemplo de mitos sobre os astros Sol e Lua: cada tribo atribui gêneros e características diferentes e, nessas relações, pode- se perceber o papel e características do homem e da mulher em cada sociedade, ou ainda as relações incestuosas. Exemplo sobre o gênero dos astros Sol e Lua
“Ou os astros não são distintos, ou o são. Se eles não são
distintos, o sol é um modo da lua, ou o contrário. Se eles são distintos, a diferença é sexual, ou não sexual. Se ela é sexual, o sol é macho e a lua fêmea, ou o inverso, e em cada caso, os astros podem ser marido e mulher, irmão e irmã, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Se a diferença não afeta o sexo, eles podem ser duas mulheres ou dois homens, que se opõem então por seu caráter ou por seu poder. Esta última oposição se enfraquece às vezes a tal ponto que um dos germanos perde sua individualidade e se torna uma espécie de cópia do outro.” (LÉVI-STRAUSS, “Antropologia Estrutural 2”, 1993, p. 225) Críticas ao Estruturalismo
Antony Giddens (1938 –) revela que a estrutura são regras ou
práticas sociais que orientam os comportamentos, mas que existe também a ação do sujeito que não foi trabalhada na teoria de Lévi-Strauss. Os agentes sociais escolhem seguir ou não as regras e a estrutura social e isso traz novidades e mudanças à sociedade, ou seja, os indivíduos legitimam, constroem e modificam a estrutura. Pierre Bourdieu (1930 – 2002) chama a atenção para o habitus, que são as estruturas e mecanismos que fazem cada indivíduo reproduzir ou transformar a sociedade, cada indivíduo tem competência para fazer escolhas que seguem ou não as regras sociais. Interatividade
Os mitos estudados por estruturalistas:
I. Trazem em si a estrutura do pensamento da linguagem e da organização social de um povo. II. Revelam as histórias do passado do povo estudado, mas não tem relação com a vida presente dos mesmos. Sobre as duas afirmativas, é correto afirmar que: a) As duas são verdadeiras. b) As duas são falsas. c) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira. d) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa. e) A segunda confirma a primeira. Resposta
Os mitos estudados por estruturalistas:
I. Trazem em si a estrutura do pensamento da linguagem e da organização social de um povo. II. Revelam as histórias do passado do povo estudado, mas não tem relação com a vida presente dos mesmos. Sobre as duas afirmativas, é correto afirmar que: a) As duas são verdadeiras. b) As duas são falsas. c) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira. d) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa. e) A segunda confirma a primeira. Antropologia interpretativa
Clifford Geertz (1926 – 2006) entende que o antropólogo
deve interpretar os significados da cultura, essa cultura se expressa pela linguagem e pela ação dos indivíduos dentro de um “drama social”. O antropólogo é um telespectador de uma interação social que pode ser interpretada como uma peça de teatro, uma cena de filme, ou um livro. A metodologia etnográfica permite ao pesquisador vivenciar, observar, descrever, explicar, interpretar e traduzir uma cultura, revelando as informações implícitas, regras e códigos introjetados no inconsciente. Função da antropologia interpretativa
A observação participante do antropólogo cria um relato
microscópico da realidade social do qual se pode tirar conclusões gerais. Com esse conhecimento, podemos relativizar nossa compreensão do outro e nos afastarmos de posturas e relações etnocêntricas. Olhar pelo ponto de vista do outro. Evidenciar as particularidades culturais. A antropologia passa a explicar e compreender o outro, e não apenas a descrever o outro, como na antropologia clássica. Exemplo da piscada de olho, a descrição densa revela as informações implícitas da cultura estudada. Pesquisa etnográfica
Não torna o pesquisador em nativo.
Dá pontos de referência sobre a cultura do outro. Permite conversar e compreender a cultura diferente, ampliando o discurso humano. Revela o sentido da ação humana dentro do seu contexto cultural. É uma interpretação do sistema simbólico do outro, não é a realidade. É a compreensão do antropólogo sobre a compreensão dos agentes sociais, ou seja, uma interpretação de segunda ou terceira mão, mas com base e dados científicos. Interpretação sem julgamentos. Síntese das abordagens antropológicas
Estruturalista: objetivista, explica a macroestrutura, as regras
de funcionamento geral. Interpretativa: subjetivista, explica a microesfera, compreende a ação particular. Ambas transformam a realidade em conhecimento, dão sentido ao todo e compreendem as partes da sociedade estudada. As duas abordagens são complementares. Novidades da antropologia contemporânea
Modelo de Cardoso de Oliveira (2006, p. 105):
Tanto Lévi-Strauss como Geertz possuem uma visão dialética para explicar a cultura. Porém, em ambas, falta a voz do autor, a voz do nativo.
EXPLICAÇÃO COMPREENSÃO VISÃO EPISTEMOLÓGICA
NÃO NÃO CÉTICA
NÃO SIM ROMÂNTICA
SIM NÃO NOMOLÓGICA OU
ETNOCIENTÍFICA
SIM SIM DIALÉTICA
Interatividade
No livro-texto, temos a seguinte citação: “A vocação essencial da
antropologia interpretativa não é responder as nossas questões mais profundas, mas colocar a nossa disposição as respostas que outros deram (...) e assim incluí-las no registro de consultas sobre o que o homem falou.” (GEERTZ, 2008, p. 21) Tendo essa citação como inspiração, uma das características da Antropologia Interpretativa é: a) Registrar o que foi dito e realizado, dar uma interpretação sobre a cultura do outro e revelar o que está implícito. b) Encontrar nas outras culturas respostas para as questões que não sabemos sobre a nossa existência. c) Levar às outras culturas o conhecimento sobre a cultura do antropólogo para que possam se comunicar. d) Descrever e explicar cenas do cotidiano de outras culturas para que possam ser usadas em filmes e livros de ficção. e) Conhecer a cultura do outro e revelar as particularidades que fazem uma cultura ser mais avançada que outra. Resposta
No livro-texto, temos a seguinte citação: “A vocação essencial da
antropologia interpretativa não é responder as nossas questões mais profundas, mas colocar a nossa disposição as respostas que outros deram (...) e assim incluí-las no registro de consultas sobre o que o homem falou.” (GEERTZ, 2008, p. 21) Tendo essa citação como inspiração, uma das características da Antropologia Interpretativa é: a) Registrar o que foi dito e realizado, dar uma interpretação sobre a cultura do outro e revelar o que está implícito. b) Encontrar nas outras culturas respostas para as questões que não sabemos sobre a nossa existência. c) Levar às outras culturas o conhecimento sobre a cultura do antropólogo para que possam se comunicar. d) Descrever e explicar cenas do cotidiano de outras culturas para que possam ser usadas em filmes e livros de ficção. e) Conhecer a cultura do outro e revelar as particularidades que fazem uma cultura ser mais avançada que outra. Antropologia da História
Interconexões entre história, tempo, temporalidade e cultura.
A etnografia estuda as particularidades de uma sociedade no tempo presente e não é possível relacionar essas particularidades com culturas antigas. Já a etnologia é capaz de reconstruir a história de povos antigos, mas não de deduzir um evolucionismo entre tribos. Categorias de Lévi-Strauss (1993): 1. sociedades arcaicas, culturas que viveram em outro tempo e espaço; 2. sociedades primitivas, culturas que nos antecedem no tempo, mas se manifestam no mesmo espaço; 3. sociedades contemporâneas, culturas que vivem no mesmo tempo, mas em outro espaço. Antropologia X História
leitura de um único critica documento de observador; diversos observadores; observa condições observa expressões inconscientes da conscientes; vida social; apoia-se em documentos apoia-se na tradição oral, originais e reconhecidos; na memória social; estuda uma linha contínua compara diversidades no tempo. culturais, dispensando o tempo. Similaridades entre Antropologia e História
Objeto de estudo: estudam sociedades que não a que se vive,
havendo um afastamento temporal ou espacial. Objetivo: querem reconstruir o que se passa ou se passou na sociedade estudada. Método: a reconstrução é parcial, trazendo experiências individuais vividas para o conhecimento geral. As diferenças das leituras e perspectivas tornam as disciplinas uma complementar à outra. Noção de História e temporalidade
Sociedades arcaicas e primitivas não documentaram ou
escreveram suas história, por isso, nos são desconhecidas, mas possuem histórias e se transformaram. Diversas sociedades arcaicas, primitivas e contemporâneas coexistiram e coexistem com tecnologias diferentes e não é possível traçar uma linha evolucionista entre elas. A noção de tempo é uma referência etnocêntrica e subjetiva, a velocidade do tempo para quem está inserido na globalização parece mais rápida do que para aqueles que não estão, apesar de viverem contemporaneamente no mesmo território. História são blocos de tempo construídos na ideologia ocidental, outras culturas percebem a temporalidade de modos diferentes. Ideias ocidentais e pontos de vista etnocêntricos
história progressiva e blocos históricos;
história estacionária ou cumulativa; tempo lento ou rápido; evolução entre sociedades arcaicas e primitivas; noção de progresso e civilização nas colonizações europeias; pensamento de sistema pré e pós-político. Conclusão: O progresso cultural é uma coligação entre culturas, no contato com a diferença ocorre a troca de conhecimento e a criação do novo. Visão dos nativos
A Antropologia trouxe para a discussão da História o
ponto de vista dos nativos, dos índios e dos negros que foram trazidos para o Brasil. Antes, a História oficial contava a partir do ponto de vista dos portugueses. Índios criaram mitos sobre o contato com os brancos, isso faz parte da história desses povos e da história do Brasil. Os mitos, antes do contato com os brancos, possuem noção de temporalidade, como na origem dos astros. Porém, o pensamento mítico está entrelaçado ao processo histórico, pois a consciência temporal, nesse caso, privilegia a continuidade. Lógica temporal
As sociedades possuem a lógica totêmica e a lógica
historicista, porém, cada sociedade privilegia uma em detrimento da outra, que fica no inconsciente. Nossa sociedade ocidental, por exemplo, apresenta a lógica totêmica nas torcidas de futebol, que possuem seus símbolos e mascotes (às vezes, são animais) e as diversidades entre os times, símbolos, ritos, músicas mostra a lógica totêmica de pertencimento a um grupo e não ao outro. Outro exemplo, metáforas que assemelham o comportamento humano a de animais como “brigar como gato e rato”. Os mitos sobre a chegada do homem branco marca a lógica historicista entre as culturas indígenas que privilegiam a lógica totêmica. Interatividade
“Tudo que é humano é do homem e o homem está realizado
em todas as manifestações sociais encontradas em todas as sociedades, de todos os tempos e lugares. Do mesmo modo que não existem formas sociais perfeitas, pois em cada uma delas está relacionada a outras formas, formando configurações específicas, também não existe uma sociedade mais acabada que a outra.” Essa citação de DaMatta contradiz a visão: a) Antropológica. b) Histórica. c) Etnocêntrica. d) Indígena. e) Humanista. Resposta
“Tudo que é humano é do homem e o homem está realizado
em todas as manifestações sociais encontradas em todas as sociedades, de todos os tempos e lugares. Do mesmo modo que não existem formas sociais perfeitas, pois em cada uma delas está relacionada a outras formas, formando configurações específicas, também não existe uma sociedade mais acabada que a outra.” Essa citação de DaMatta contradiz a visão: a) Antropológica. b) Histórica. c) Etnocêntrica. d) Indígena. e) Humanista. Ética da Antropologia
Código de Ética do Antropólogo e da Antropologia, criado na
gestão de 1986/1988 e alterado na gestão 2011/2012: Direitos dos pesquisadores, direitos dos pesquisados e responsabilidades dos pesquisadores. Resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde. Em 2012, a ABA conseguiu uma resolução complementar à 196, específica para as pesquisas em Ciências Sociais, mas continua vinculada ao Ministério da Saúde. Desafios do pesquisador
Observar com neutralidade e imparcialidade apesar das
relações de proximidade com o interlocutor. A proximidade não pode ultrapassar o limite da intimidade, ou ser uma relação de poder. Comissão Nacional de Ética em pesquisa possui uma visão biocêntrica: pesquisa em seres humanos, como cobaias; enquanto que a metodologia de pesquisa antropológica trata-se de pesquisa com seres humanos, eles são atores. Questiona-se o termo de consentimento informado do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), que torna impossível a pesquisa antropológica. Papel atual do antropólogo
Mediador imparcial entre a sociedade nacional e comunidades
étnicas, respeitando as diversidades e em busca da autonomia dos grupos. Manter-se como “cordão umbilical” entre os grupos: manter o vínculo com a sociedade nacional e o conhecimento que tem sobre as culturas diversas (Roberto Oliveira). Dar voz e autonomia aos povos estudados, permitir que eles sejam autores e coautores das interpretações sobre suas culturas. Antropologia urbana
Estudo da cultura em sociedades urbanizadas, das
diversidades locais. Anos 60, estudo das favelas de Gilberto Velho. Posteriormente, estudo das diversidades de classe, das culturas populares, das minorias, de grupos marginalizados, dos uso da tecnologia, dos lazer, dos bairros, etc. Criar a possibilidade de comunicação e interação entre os grupos sociais coexistentes nas sociedades urbanas. Superar os estereótipos que mapeiam e hierarquizam a cidade. Visão relativista
Importância de manter um distanciamento e manter a
imparcialidade na pesquisa. Na cidade, existe o multipertencimento e a fragmentação. Muitos estudos vão revelar as relações de poderes desde a família até o Estado, cada qual com sistemas simbólicos diferentes do que vivem os indivíduos. Antropologia urbana usa de diversas abordagens antropológicas para compreender as diversas identidades. Violência urbana e jogo de poderes são também estudos em que devem se manter a visão relativista, sem assumir a visão de uma das partes. O distanciamento
Existe o distanciamento social e psicológico, estamos
próximos de nossos vizinhos, mas não necessariamente nos identificamos com eles. Os estereótipos que mapeiam bairros, grupos urbanos, espaços parecem o suficiente para trazer familiaridade, mas, ao mesmo tempo, possuem preconceitos. O antropólogo urbano tem de vencer essas fronteiras simbólicas e participar desse “outro” ambiente social, revelando suas crenças, mitos, regras, jogos de poderes. Potencial de confrontar estudos sobre mesmos grupos sociais. Desconstruir estereótipos e encontrar suas origens históricas. Interatividade
Visto que a Antropologia se difere da ética da Biologia e
traz novidades nos estudos urbanos, qual o papel do antropólogo contemporâneo? a) Proteger as minorias a fim de preservar sua identidade e mantê-los afastados das sociedades globalizadas. b) Evidenciar para as autoridades os grupos que violam os direitos das minorias. c) Explicar para as minorias quais as políticas públicas que serão oferecidas a elas. d) Levar às minorias a lógica ocidental para que eles possam se inserir na sociedade nacional ou global. e) Mediar a relação entre grupos culturais, respeitando as diversidades e buscando suas autonomias. Resposta
Visto que a Antropologia se difere da ética da Biologia e
traz novidades nos estudos urbanos, qual o papel do antropólogo contemporâneo? a) Proteger as minorias a fim de preservar sua identidade e mantê-los afastados das sociedades globalizadas. b) Evidenciar para as autoridades os grupos que violam os direitos das minorias. c) Explicar para as minorias quais as políticas públicas que serão oferecidas a elas. d) Levar às minorias a lógica ocidental para que eles possam se inserir na sociedade nacional ou global. e) Mediar a relação entre grupos culturais, respeitando as diversidades e buscando suas autonomias. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade II
ANTROPOLOGIA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
Profa. Lia Lemos
Arte, cultura e patrimônio
IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional:
expressões, modo de fazer, criar e viver são considerados patrimônios culturais. No seu início, o IPHAN defendia a visão de elites que privilegiavam aspectos materiais e uma visão hegemônica. Para a Antropologia Social: patrimônio são heranças dos antepassados que nos ligam de modo subjetivo. Patrimônios portam mensagens, constroem a memória e a consciência e identidade de um povo. Museus: posse de uma coleção de objetos que definem a identidade de um grupo. Identidade construída e criada por agentes específicos. Patrimônio nacional e patrimônio cultural
Nacionalidade é uma ideia moderna, construída a partir do
patrimônio e da História oficial. Autenticidade são objetos selecionados, considerados por um grupo determinado como únicos e representativos, ajudam a construir a ideia de nação e de etnia como uma unidade real e autônoma. O patrimônio nacional foi selecionado por uma elite: casa-grande, sobrados, fortes militares, igrejas católicas. Já o que consideramos patrimônio cultural deve ter uma seleção mais democrática: cultura popular, folclores, expressões étnicas, diversidade religiosa, etc. Anos 70, criação da Pró-Memória e valorização do patrimônio cultural imaterial. Antropologia e museu
Participação de antropólogos em museus, na UNESCO e no
IPHAN renova a visão de bens culturais a partir dos anos 70. Abertura para particularidades e diversidades culturais, valorização do conhecimento, arte, culturas tradicionais e populares e a criação de patrimônio cultural imaterial (PCI). UNESCO com visão protecionista. Criação de nova metodologia para inventário das manifestações culturais, antropólogo Antônio Augusto Arantes. Bens materiais são dinâmicos, não cabe o conceito de autenticidade. Dificuldades encontradas
A modernidade e o progresso se sobressaem na memória
cultural do brasileiro, se esquece do passado e das populações não urbanas. Destruição de patrimônios para construção do “progresso”, nas cidades e também no interior: cidade de São Paulo, Museu do Índio. Destruição de patrimônios de populações tradicionais para a construção de nova infraestrutura: transposição do Rio São Francisco, descoberta do Quilombo dos Palmares. Resistência de autoridades e da mídia para se abrirem para uma ideia de sociedade multiétnica e plural: reconhecimento do Terrero Casa Branca. Casos inovadores
Museu do Índio, voz das etnias em primeira pessoa.
Terrero Casa Branca: patrimônio religioso não católico, abriu espaço para outros tombamentos de expressões afro-brasileiras. Museu Magüta, participação direta dos índios Ticuna no contexto virtual. Instrumento de mediação entre povos, troca de experiências, contato com a diversidade. Noção de patrimônio, museu e arte se atualizaram e passaram a respeitar a diversidade de modo mais democrático. Interatividade
Das afirmativas abaixo, qual representa uma visão
antropológica sobre bens culturais: a) A identidade nacional deve ser hegemônica, por isso o patrimônio nacional deve ser preservado e conservado. b) Nacionalidade e etnicidade são conceitos universais e os bens materiais reforçam suas identidades reais. c) As elites e autoridades são os grupos adequados para a construção da identidade nacional, pois possuem conhecimento para tal realização. d) Todos os povos possuem bens culturais que constroem suas identidades e devem ser respeitados. e) O progresso não pode parar por causa de tradições antigas e de povos que não existem mais. Resposta
Das afirmativas abaixo, qual representa uma visão
antropológica sobre bens culturais: a) A identidade nacional deve ser hegemônica, por isso o patrimônio nacional deve ser preservado e conservado. b) Nacionalidade e etnicidade são conceitos universais e os bens materiais reforçam suas identidades reais. c) As elites e autoridades são os grupos adequados para a construção da identidade nacional, pois possuem conhecimento para tal realização. d) Todos os povos possuem bens culturais que constroem suas identidades e devem ser respeitados. e) O progresso não pode parar por causa de tradições antigas e de povos que não existem mais. Antropologia e consumo
Sistema de trocas das sociedades tradicionais, como a Dádiva
de Mauss, se opunha ao sistema de mercadoria das sociedades capitalistas. Resistência das Ciências Sociais a estudarem o consumo se rompe no 3º milênio. Consumo hoje é visto como parte da interação social, construção da identidade, jogo de organização coletiva. Tabu ao se estudar o que não era a produção, o progresso devido à influência do marxismo sobre a luta de classes. O produto garante o lucro e a mais-valia para o capitalista. Criou-se um preconceito antimaterial Estudos e visões fora das Ciências Sociais (Rocha, 2005)
1. hedonista: sistema publicitário – consumir é ser feliz; o
consumidor é passivo, legitima os mapas sociais e as distinções; 2. moralista: consumo é negativo, o sujeito é consumista; consumo se opõe ao trabalho, é alienante e estimula o pecado da luxúria; 3. naturalista ou determinista: outros usos para consumo – consumo de água, energia, oxigênio como parte da natureza, diferente de consumir algo desejável como churrasco, celular, etc.; existe a necessidade e o desejo de consumir; 4. utilitária: estudos de marketing para vender mais e aumentar a rentabilidade e o lucro. Visão antropológica
Consumo é um fenômeno-chave para compreender a
sociedade contemporânea. Existe um sistema de significação e necessidade simbólica. É um código que transmite mensagens e é também um construtor de identidades. Faz parte da cultura de massa que é, atualmente, uma instância importante na sociedade, uma forma de se relacionar, de se integrar. Consumo como uma forma de distinção social se opondo ao naturalismo e utilitarismo (Sahlins, Douglas e Isherwoods). Práticas de consumo e manifestação de gosto criam e mantêm relações de dominação, reforça divisão de classes e do habitus adquirido (Bourdieu). Novas fase da Antropologia do Consumo – anos 90
Sem oposição às dádivas e sem a visão marxista, moralista ou
utilitarista começam a surgir diversas leituras. Explicar e compreender a prática do consumo como um processo dinâmico de reapropriação da cultura material (Miller). Cultura de massa cria novos mitos, regras e identidades para os jogadores, e novos espaços para os rituais. Estudar as motivações para buscar determinados produtos, lojas e marcas e como elas criam um sistema simbólico, identidade e estilo de vida (Rocha). Objeto de consumo tem serventia vendida pela mídia e tem também a utilização particular explorada pelo consumidor, conferindo uma objetificação do objeto (McCracken). Objetivo dos estudos
buscar a relação entre consumo e a construção de
subjetividades; reconhecer os modelos mais locais e particulares do uso das mercadorias; demonstrar as diversas possibilidades de consumo; compreender o ritual de trocas de presentes e sua personificação, o ritual de posse e de ressignificação, o ato de “ir às compras”, a diversidade das compras na construção da identidade de gênero, sexualidade, etc; desvendar a interferência dos relacionamentos afetivos. Interatividade
A compreensão da visão moralista sobre consumo é
fundamental para o crescimento da Antropologia do Consumo, qual das alternativas abaixo expressa a visão moralista: a) Consumir faz o sujeito feliz como revela a música “o que faz você feliz” de uma rede de supermercados. b) Consumir é uma necessidade natural do capitalismo, por isso, o consumidor compra determinados produtos e marcas. c) Slogans como “Leve mais e pague menos”, “vende mais porque é fresquinho”. d) O habitus de consumir está introjetado no inconsciente, fazendo o consumidor ser um sujeito passivo. e) Consumir é um ato alienante, fútil, e de pouco valor, além de aumentar a violência urbana e conflito entre as classes. Resposta
A compreensão da visão moralista sobre consumo é
fundamental para o crescimento da Antropologia do Consumo, qual das alternativas abaixo expressa a visão moralista: a) Consumir faz o sujeito feliz como revela a música “o que faz você feliz” de uma rede de supermercados. b) Consumir é uma necessidade natural do capitalismo, por isso, o consumidor compra determinados produtos e marcas. c) Slogans como “Leve mais e pague menos”, “vende mais porque é fresquinho”. d) O habitus de consumir está introjetado no inconsciente, fazendo o consumidor ser um sujeito passivo. e) Consumir é um ato alienante, fútil, e de pouco valor, além de aumentar a violência urbana e conflito entre as classes. Antropologia Política
Estuda o papel dos agentes sociais, as relações de poder, os
sistemas políticos. Novos rumos no período pós-guerra com a existência dos sistemas capitalista, socialista e comunista, além da existência do colonialismo, movimentos sociais feministas e anticolonialistas. Nos anos 90, o foco estava nos agentes sociais da sociedade civil, lutando por seus direitos vinculados à noção de cidadania, cidadão e Estado. Conceito de cidadania é histórico e moderno e pretendia uma sociedade integrada na noção de Estado-nação. Resultados de estudos da Antropologia Política
Variações do conceito de cidadania e as diversas
interpretações por parte de quem as vive. Ser cidadão exige a noção de indivíduo e a relação com o Estado nacional e a presença de documentos autênticos, como carteira profissional ou título de eleitor. A experimentação política também é vivenciada de formas variadas: ser político, fazer política e fazer politicagem. Estudar o clientelismo é compreendê-lo como uma expressão de valores culturais entre pessoas motivadas por outras subjetividades, diferentemente de julgá-lo como corrupção atrasado ou antidemocrático. Objetivos da Antropologia da Política
Compreender os ritos, rituais, agentes sociais e visões que os
nativos têm da relação entre indivíduo e política, conceito de cidadania, papel do Estado e dos políticos. Revelar a pluralidade da sociedade nas formas de fazer política por meio de identidades e movimentos sociais. Estudar sobre os tempos da política, eleições e a relação candidato-eleitor. Revelar ideais diversos de democracia. Estudar os movimentos sociais em busca de direitos de cidadania. Movimentos sociais políticos
Movimento dos Sem Terra – MST: Luta por reforma agrária,
direito ao emprego, combate à violência contra trabalhadores rurais na disputa de terras, direito à terra. Identidade dos “sem terra” na busca por ideais políticos democráticos. Formador de opiniões com diferentes atores sociais. Mobiliza uma grande massa e possui capital simbólico de suas lutas e conquistas na reivindicação de direitos coletivos. Ideias ocidentais modernas
A defesa de Direitos Humanos é um valor ocidental moderno
que se busca universalizar, principalmente após a Declaração Universal de Direitos Humanos, 1948, pela ONU. As minorias podem buscar a defesa do direito à diversidade e da democracia. A modernidade cria, na noção de indivíduo dotado de direitos no âmbito político, a necessidade de um Estado-nação para garantir tais direitos. Igualdade é um princípio de justiça da sociedade moderna e deve ser vista como igualdade de direitos e de acesso a direitos, por isso o direito à diferença é parte da justiça social. Preservar as diversas identidades dos povos é garantir a igualdade de direitos culturais de autodeterminação. Contribuições da Antropologia
Quebra da noção de universalidade dos direitos para a defesa
dos direitos da diversidade. Movimentos sociais feministas e multiculturais trouxeram a visão antropológica da reivindicação de direitos por parte das minorias. As minorias não possuíam a mesma cidadania dos demais sujeitos historicamente dominantes. Necessidade de uma política com visão plural de alteridade e de autonomia dos povos e de autodeterminação. Luta por direitos coletivos e não mais de grupos ou classes. Luta por identidade positiva com critérios valorativos próprios. Movimentos culturais
Esses novos movimentos sociais vão se diferenciar em
movimentos culturais, na busca por direitos coletivos. Necessidade de um grupo ter direitos específicos. Os movimentos ampliam a noção e a prática da democracia e de cidadania. Os movimentos são também formas de sociabilidade e meio de mobilização de participantes na defesa de políticas de identidade. Uma política que vai além dos Estados, junto com ONGs e movimentos culturais diversos. Novos usos para o conceito de “cultura”, “identidade” e “política” entre os nativos ativistas e militantes. Interatividade
“A política cultural representa um importante meio encontrado
pelas minorias socioculturais para ressignificar o que é cidadania e democracia. Da interpretação conflitante destes conceitos depende o reconhecimento da legitimidade de suas reivindicações.” (SOUZA, 2001) Dessa citação, conclui-se que: a) Cidadania e democracia são conceitos conflitantes. b) Cidadania e democracia legitimam as reivindicações dos movimentos das minorias. c) As minorias, nas suas reivindicações, conseguiram ressignificar e legitimar os conceitos de cidadania e democracia. d) As minorias socioculturais entram em conflito com os conceitos de cidadania e democracia. e) As minorias criaram os conceitos de cidadania e democracia. Resposta
“A política cultural representa um importante meio encontrado
pelas minorias socioculturais para ressignificar o que é cidadania e democracia. Da interpretação conflitante destes conceitos depende o reconhecimento da legitimidade de suas reivindicações.” (SOUZA, 2001) Dessa citação, conclui-se que: a) Cidadania e democracia são conceitos conflitantes. b) Cidadania e democracia legitimam as reivindicações dos movimentos das minorias. c) As minorias, nas suas reivindicações, conseguiram ressignificar e legitimar os conceitos de cidadania e democracia. d) As minorias socioculturais entram em conflito com os conceitos de cidadania e democracia. e) As minorias criaram os conceitos de cidadania e democracia. Interseccionalidades
Até os anos 70, movimentos culturais feministas e raciais
lutavam pelos mesmos direitos à diferença em paralelo. Existe uma relação de poder de gênero e de raças e a conjunção das desigualdades e falta de direitos recai, principalmente, sobre mulheres negras e de classe baixa. Essa intersecção entre gênero, raça e classe social passa a ser foco de novos movimentos como o feminismo negro. Até os anos 80, se entendia que as distinções entre gênero e sexo eram universais e se considerava apenas a opressão dos homens sobre as mulheres. Mulheres negras não encontravam apoio nem no movimento feminista, nem nos movimentos negros. Subcategorias da interseccionalidade
Estudos vão revelar diversas subcategorias: gênero, raça,
classe social, sexualidade, religião, nacionalidade, etnicidade, idade, deficiências, etc. O termo cresce nos anos 2000, principalmente com estudos que revelaram que a mulher negra sofre mais com a violência e com a construção de uma identidade negativa (Crenshaw). Refere-se a uma dupla, tripla ou múltipla discriminação, sendo dois ou mais eixos que se entrecruzam nas relações sociais, gerando preconceito, discriminação e racismo. Busca-se os sistemas de opressões e de desempoderamento existentes na sociedade. Não há uma hierarquia das subcategorias. A mulher negra
Historicamente, a mulher negra é quem mais sofre com
violência, salários inferiores, informalidade no mercado de trabalho, falta de direitos e instabilidade no emprego. No Brasil, a noção de mucamas, mulata, mãe preta e doméstica revelam a interseccionalidade entre gênero e sexo. A voz da negra e do negro pouco aparece nos estudos sobre o racismo até o terceiro milênio, isso os deixou historicamente como membros infantilizados e dominados. O discurso dominante tenta apagar a memória e a história dos negros. O destaque à mulher negra se dá apenas no carnaval e acaba na quarta-feira de cinzas. Estudos sobre interseccionalidade
É importante mostrar que as relações são dinâmicas e estão
dentro de um contexto histórico, não há categorias fixas. Estudar a “diferença que faz diferença”, nem sempre religião ou classe social estão no jogo social. Busca-se os grupos vulneráveis à discriminação e à negação de acesso aos direitos humanos. Os problemas sociais afetam desproporcionalmente os subgrupos: jovens negros são maioria entre vítimas de violência policial, imigrantes latino-americanos e africanos são maioria entre trabalhadores em situação análoga à escravidão, etc. Saber quais as subcategorias existentes é fundamental para as medidas de reparação terem eficácia. Marcadores sociais da diferença
Os estudos iniciais percebiam as intersecções como
um sistema de repressão e os sujeitos eram passivos. Estudos recentes trazem os marcadores sociais da diferença como uma forma dos sujeitos construírem suas identidades de modo positivo e ativo – abordagem construcionista. Diferença e desigualdade são conceitos distintos e nem sempre a diferença leva à desigualdade no contexto histórico, cultural e social. A diferença pode remeter a igualitarismo, diversidade e democracia, gerando oportunidades. “Raça” remete à diferença, “racismo” à desigualdade. Pertencer à raça negra pode ser uma oportunidade de construção de identidade, depende da experiência vivida. Abordagem construcionista
Exemplos: brasileiras migrantes na Europa; homossexualidade
e transgêneros (corporalidade); ascensão social; oportunidade de estudos. Os sujeitos discriminados percebem a diferença de formas variadas e existe um jogo de negação, negociação, desejo, oportunidade. A diferença é um instrumento de atuação na construção da identidade e na luta pela cidadania. Empoderamento da identidade do sujeito, luta contra a heteronormatividade. Marcadores sociais da diferença são dinâmicos e mutáveis no processo constante de construção da identidade. Interatividade
I. Interseccionalidade revela o encontro de duas ou mais
categorias de discriminação recaindo sobre um subgrupo social, mostra uma estrutura social repressiva. II. Marcadores sociais da diferença mostram que as diferenças sociais são oportunidade dos agentes de construírem uma identidade dentro de uma estrutura historicamente repressiva. Avalie as assertivas acima: a) Ambas são verdadeiras. b) Ambas são falsas. c) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa. d) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira. e) O conteúdo é verdadeiro, mas os conceitos estão invertidos. Resposta
I. Interseccionalidade revela o encontro de duas ou mais
categorias de discriminação recaindo sobre um subgrupo social, mostra uma estrutura social repressiva. II. Marcadores sociais da diferença mostram que as diferenças sociais são oportunidade dos agentes de construírem uma identidade dentro de uma estrutura historicamente repressiva. Avalie as assertivas acima: a) Ambas são verdadeiras. b) Ambas são falsas. c) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa. d) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira. e) O conteúdo é verdadeiro, mas os conceitos estão invertidos. ATÉ A PRÓXIMA!