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UNIDADE II

Semiótica

Profa. Ana Lúcia Machado


Semiótica da cultura

 Disciplina “Semiótica da Cultura” surgiu nos anos 60, na Universidade de Tartu, Estônia,
após vários encontros de semioticistas, promovidos pelo professor de Literatura I. Lotman.

 Surge da necessidade de entender as relações entre comunicação e a cultura e


compreender os mecanismos geradores do signo na cultura.
Cultura

 Sistema semiótico;

 Sistema de textos: perceptivo, de armazenagem e divulgação de informações;

 Sistema (um grande texto): mito, religião, literatura, teatro, artes, arquitetura, música, cinema,
moda, ritos e comportamentos;

 Cultura é memória coletiva não hereditária.


Semiosfera

 A cultura como um organismo não separando aspectos biológicos de aspectos culturais,


o homem do mundo.

 Trata-se de um espaço que possibilita a realização dos processos comunicativos e a


produção de novas informações, funcionando como um conjunto de diferentes textos
e linguagens.

 O conceito de semiosfera está ligado à ideia de fronteira e de simetria especular.

 Fronteira define a relação entre aquilo que está dentro e aquilo


que está fora do espaço semiótico.
Semiosfera

centro

periferia
Simetria especular

 A simetria especular é a própria ideia da semiosfera enquanto intercâmbio dialógico;

 é um dos princípios estruturais de organização interna do dispositivo gerador de sentido;

 nela aparece o fenômeno do duplo, da intratextualidade e o dialogismo, fundamento de todo


o processo gerador de sentido.

 Na semiosfera, o grau de organização da cultura está na


passagem da organização interna para a desorganização
externa, do caos para a ordem, daí podermos chamá-la de
“contínuo semiótico”.
Interatividade

As considerações seguintes são sobre a semiótica da cultura.

I. A experiência humana se traduz em signos.


II. A cultura é considerada um sistema de signos.
III. A cultura organiza o processo da vida em sociedade e é um grande texto.

Está correto em:

a) I, II e III.
b) I e II.
c) III.
d) I e III.
e) II e III.
Resposta

As considerações seguintes são sobre a semiótica da cultura.

I. A experiência humana se traduz em signos.


II. A cultura é considerada um sistema de signos.
III. A cultura organiza o processo da vida em sociedade e é um grande texto.

Está correto em:

a) I, II e III.
b) I e II.
c) III.
d) I e III.
e) II e III.
Jeans na cultura russa

 “jeans” (em russo джинсы) 1960 como um estrangeirismo;

 soviética inflexível e conservadora;

 processo da assimilação da calça é a análise da caricatura;

 mundo capitalista recebe traços diabólicos.

Figura 1. Caricatura da revista Krokodil, Nº 30, 1978, p.4 (desenho de Uboriévitch-Boróvski).


Semiosfera

 Lótman propõe que os textos se “reproduzem” por contaminações que se dão nas
fronteiras “esponjosas”.
Processo de assimilação

1. No início, os textos são percebidos estranhos, alheios. Eles ocupam o lugar superior na
hierarquia da cultura-receptora.

2. Adaptação mútua entre os textos importados e a cultura-receptora. Resultado: surgem as


traduções e adaptações.

3. Começa a ideia de que na cultura-emissora esses textos não encontraram a sua verdadeira
realização, porém a encontrarão dentro da cultura receptora. Nesse contexto, cresce a
inimizade em relação à cultura-emissora.
Processo de assimilação

4. Novos textos se dissolvem por completo na cultura-receptora, que então começa a produzir
os seus próprios textos, baseados nos códigos culturais dos textos assimilados.

5. Cultura receptora torna-se emissora dos seus próprios textos, que se dirigem às regiões
periféricas da semiosfera e que, por sua vez, provavelmente serão exportados para
outras semiosferas.
Texto

 O texto tem três funções: comunicativa, geradora de sentidos e mnemônica.

 A função comunicativa envolve o processo de realização da língua natural. Nesse enfoque,


o texto é homoestrutural e homogêneo, apresentando-se como a manifestação de uma única
linguagem.

 Na função de geração de sentidos, o texto é, nesse caso, heterogêneo e heteroestrutural,


constituído como a manifestação de várias linguagens.

 A terceira função está ligada à memória da cultura, sendo o


texto capaz de conservar e reproduzir a lembrança de
estruturas anteriores e, ao mesmo tempo, produzir algo novo.
Modelização

 É ler os sistemas de signos a partir de uma estrutura: a linguagem natural. O objetivo é


conferir estruturalidade a sistemas que, por natureza, não dispõem de um modo organizado
para a transmissão de mensagens.

 A busca pela estruturalidade corresponde à busca pela gramaticalidade como fenômeno


organizador da linguagem. Contudo, no processo de decodificação do sistema modelizante,
não se volta para o modelo da língua, mas para o sistema que a partir dela foi construído.
Modelização

 Modelizar traduz, portanto, um esforço de compreensão da signicidade dos objetos culturais.

 Modelizar é semioticizar.

 Mito, religião, arte e literatura foram os sistemas modelizantes para os quais, inicialmente,
se voltaram os semioticistas russos.
Interatividade

Sobre o conceito de semiosfera:


I. exprime a cultura como um organismo não separando aspectos biológicos de aspectos
culturais, o homem do mundo.
II. trata-se de um espaço que possibilita a realização dos processos comunicativos e a
produção de novas informações.
III. funcionando como um conjunto de diferentes textos e linguagens.

Está correto em:

a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) II.
e) III.
Resposta

Sobre o conceito de semiosfera:


I. exprime a cultura como um organismo não separando aspectos biológicos de aspectos
culturais, o homem do mundo.
II. trata-se de um espaço que possibilita a realização dos processos comunicativos e a
produção de novas informações.
III. funcionando como um conjunto de diferentes textos e linguagens.

Está correto em:

a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) II.
e) III.
Semiótica social

A construção dos discursos e a escolha dos signos:

 relacionam-se ao contexto social;

 o sujeito, movido por seus interesses, seleciona significados.

 Os tipos de discurso relacionam-se às estruturas e instituições sociais, bem como aos papéis
sociais que o indivíduo desempenha.
Sujeito e discurso

 A elaboração e a transformação dos signos são, ao mesmo tempo, a transformação da


subjetividade do seu criador.

 O indivíduo influencia o ambiente externo (contexto) e também é influenciado por este, num
movimento reflexivo.

 Cada vez mais frequente na sociedade pós-moderna – o “eu” se torna um projeto reflexivo,
com uma narrativa de identidade passível de revisões.
Representação dos atores sociais

 Representação por nomeação – nomes próprios dos atores sociais são citados.

 Nomear é um ato político, influencia a opinião pública, que pode se posicionar contrária ou
favorável a personalidades e acontecimentos.

 Impersonalização por autonomização: também pode encobrir ideologias, já que os atores


sociais são representados por uma referência aos enunciados, tornando-os impessoais.

 Quantificar os atores sociais por meio de dados


estatísticos – agregação: uma análise de potencial ideológico,
pois regulamenta práticas e induz a um consenso, mesmo que
seja um simples registro de dados.
Ator social

 Representado no discurso;

 Noção de agência: atua como agentes ou pacientes, dependendo do contexto;

 Marcado no nível gramatical como: agente Ator, Experienciador, Dizente, entre outros
papéis (além de pronomes possessivos ou de sintagmas preposicionais);

 Não é um conceito linguístico, mas as representações sobre ele se ligam a


realizações linguísticas.
Construção Identitária do Nome Social: Naturalização do nome

 Certidão garante o nome, o estado familiar, naturalidade e nacionalidade, bem como ajuda
na formação da cidadania.

 Código Civil, artigo 16: “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e
o sobrenome”.
Certidão de nascimento

 Sobrenome (ou patrimônio): sinal característico de família, identifica a procedência da


pessoa, indicando a sua filiação transmissível por sucessão. Pode ser utilizado o do pai, o da
mãe, ou de ambos e, ante o princípio da isonomia constitucional.

 A Lei protege o direito da criança nascida a ter um nome e garante o registro. Nesse caso, o
art. 52 da Lei n. 6.015/73 apresenta o rol dos que têm a obrigação de fazer a declaração de
nascimento. Em primeira instância, os pais registram o filho.
Atores sociais – Certidão de Nascimento

 Órgão Público: Lei, órgãos competentes e oficial autorizado; exercem o papel de guardião
para a regularização do registro do nome de nascimento.

 Pais: representam o papel civil, cuja obrigação é registrar formal e oficialmente a criança
recém-nascida. Ao cumprir seu papel, eles corroboram a naturalização ao direito ao nome.

 Criança: pessoa dependente e ainda incapaz de ser dona de si. Um nome é atribuído a ela,
sendo o prenome Tamires, e o sobrenome é Nader Constâncio. A criança não recebeu
um agnome.
Formas de representação dos atores sociais na Certidão de Nascimento
Categoria
Tipo e/ou definição Como se realiza
sociológica
Ator social representado
Escrivão/órgão público;
Ativação como força ativa
Autoriza e dá fé
numa atividade.
Ator social representado
Criança registrada;
Passivação se submetendo à atividade
nominalização
ou sendo afetado por ela.
Especificação Individualização Nome da criança
- nome da criança,
Nomeação dos pais da criança
e do escrivão
Inclusão Diferenciação –
Patentesco - os pais da criança
Personificação indivíduos ou
grupos identificados Categori- - papéis participantes
zação Espacia- e processos que
lização denotam lugares
específicos
Abstração – atores
- sexo feminino
sociais representados
(criança)
Impersona- por uma qualidade.
lização Objetivação – atores sociais
Referência
representados por uma - País; RCPN
à instituição
referência metonímica.
Interatividade

Classificar ou nomear a criança recém-nascida de sexo feminino ou masculino é categorizá-la


socialmente de:

a) Ativação.
b) Passivação.
c) Especificação.
d) Personalização.
e) Impersonalização.
Resposta

Classificar ou nomear a criança recém-nascida de sexo feminino ou masculino é categorizá-la


socialmente de:

a) Ativação.
b) Passivação.
c) Especificação.
d) Personalização.
e) Impersonalização.
Textos multimodais

 Produção de significado em múltiplas articulações.

 Devido à multiplicidade de conhecimentos constituídos em uma estrutura social, os autores


apontam três domínios nos quais o significado é organizado: o design, a produção
e distribuição.
Design

 Designa os próprios recursos semióticos ou o uso desses recursos.

 É a combinação de todos os modos semióticos utilizados, ou seja, a organização do que


será articulado.

 No design incluem-se o hábito, a convenção, a tradição e a inovação, pois o discurso é


realizado num contexto de uma dada situação de comunicação.

 O design é criado a partir dessas convenções e desses


conhecimentos socialmente constituídos, que somente
poderão ser alterados numa interação social.
Produção

 É o uso comunicativo do meio e dos recursos materiais.

 É o trabalho físico seja por humano ou máquinas, um trabalho físico de articular texto.

 É a organização da expressão ou do meio de execução do que foi elaborado no design.

 Está intimamente associado com os diferentes canais sensoriais, porque cada meio está
caracterizado por uma configuração particular de qualidade material, e cada uma destas
qualidades materiais está ligada por um conjunto particular de órgãos sensoriais.
Distribuição

 É a forma como é veiculado o produto para o mercado.

 É a distribuição desse produto em um dado suporte como, por exemplo, revistas, jornais,
televisão entre outras muitas formas de veiculação.

 Esse processo possui diversas ‘camadas’ na estrutura de participação e no formato


de produção.

 Camadas do formato de produção correspondem aos estratos


linguísticos da semântica e a estrutura de participação define
os papéis recipientes em termos dos diferentes modos de
participação no evento comunicativo.
Gramática do Design Visual

I. Metafunção ideacional: se divide em duas estruturas: Narrativa e Conceitual


(a Conceitual se divide em Classificacional, Analítica e Simbólica).

a) Estrutura narrativa apresenta ações e eventos

 caracterizador da narrativa visual: VETOR, que indica direcionalidade;

 6 tipos de processos narrativos: os processos de ação, os processos reacionais, os


processos de fala e mental, os processos de conversão e o simbolismo geométrico.
Gramática do Design Visual

b) Estruturas conceituais representam participantes em termos de sua essência: de sua


classe, estrutura ou significado.

 Os participantes têm três tipos de processos: os processos classificacionais, os processos


analíticos e os processos simbólicos.
Gramática do Design Visual

II. Metafunção interpessoal: que diz respeito à interação – significados interativos (dentro de
qualquer ato semiótico) entre falantes da língua:
 Participantes Representados (doravante PR) e
 interactantes (doravante PI) e as modalizações existentes em um evento comunicativo.

A primeira dimensão é o olhar, que marca uma maior ou menor interação com o leitor, pode-se
classificar como:
a) demanda – o PR olha diretamente para o leitor (PI);
b) oferta – o PR olha para o leitor de maneira indireta.
Gramática do Design Visual

A segunda dimensão refere-se à distância entre os participantes interativos e os participantes


representados, que pode codificar numa relação imaginária de maior ou menor distância social.
São vários tipos de enquadramento, entre os quais:

a) plano fechado,
b) plano médio e
c) plano aberto.
Perspectiva, ângulo ou ponto de vista

 A terceira dimensão é a perspectiva, o ângulo ou ponto de vista a partir do qual os


participantes representados são retratados, indica uma atitude mais ou menos subjetiva por
parte do produtor da imagem em relação àqueles.

a) Imagens subjetivas são retratadas a partir de um ponto de vista escolhido pelo produtor e
imposto tanto aos participantes representados quanto aos observadores.
Gramática visual

b) Imagens objetivas são produzidas a partir de ângulos de visão privilegiados, que


neutralizam a perspectiva, as distorções resultantes de sua exploração e a atitude subjetiva
que ela envolve, quais sejam, o ângulo frontal e o ângulo perpendicular superior. Esses
ângulos apresentam diferenças quanto à objetividade que codificam: enquanto o ângulo
frontal denota envolvimento e relaciona-se à ação, o ângulo superior expressa poder,
relacionando-se ao conhecimento.
 As imagens objetivas mostram o participante representado da forma como ele é, ao passo
que as imagens subjetivas o mostram como ele é visto a partir de um determinado ponto de
vista do produtor da imagem.
Gramática visual

III. Metafunção textual: os elementos localizados à esquerda de uma página são


apresentados como Dado, e os elementos à direita são o Novo.

a) Dado: Algo é concebido como Dado quando apresentado como já conhecido do leitor,
algo familiar e já anteriormente concordado como o ponto de partida para a leitura
da mensagem.

b) Novo: O Novo é o espaço destinado à apresentação da informação nova, a questão


a ser discutida.
Gramática visual

IDEAL

DADO NOVO

REAL
Gramática

c) Plano superior: O plano superior, de uma maneira geral, é destinado a mostrar a promessa
do produto, o status ou glamour que ele pode oferecer aos seus usuários.

d) Plano inferior: O plano inferior mostra o produto em si.

e) Centro: O centro constituirá o núcleo da informação e os elementos que ficam às suas


margens lhe dão suporte – acompanhando a informação central – sendo dispostos de uma
maneira simétrica para não dar ideia das estruturas dado/novo e ideal/real.
Interatividade

Na construção de texto visual, a informação nova é geralmente posta:

a) À direita do texto.
b) À esquerda do texto.
c) No centro do texto.
d) Na parte superior do texto.
e) Na parte inferior do texto.
Resposta

Na construção de texto visual, a informação nova é geralmente posta:

a) À direita do texto.
b) À esquerda do texto.
c) No centro do texto.
d) Na parte superior do texto.
e) Na parte inferior do texto.
ATÉ A PRÓXIMA!

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