BAAMONDE, Antón. O Marxismo e as Linguaxes. Ed. Galaxia.
I. Unha cuestión previa: linguaxe ou sistemas semióticos?
Na existência de signos conectados, estruturados, há já um sistema de signos (Rossi-Landi); segundo Saussure, a semiótica é a ciência que “estuda a vida dos signos no marco social”. Abordar a ciência da linguagem, em Saussure, remete-nos aos conceitos de “langue” e “parole”; enquanto o primeiro partira duma perspectiva sociológica, o segundo derivou-se da psicologia. Peirce, fundador dessa ciência, define-a desde a semiose. Contrastado a Saussure, para quem o signo (significante e significado) acompanha-se da intencionalidade dos falantes; concluímos que 1. o signo origina-se duma prévia convenção que põe uma coisa no lugar de outra; 2. a semiose é o processo ilimitado de servir-se duma coisa para significar outra; 3. “algo é un signo porque alguén o interpreta como signo de algo” (Umberto Eco). Compreender a linguagem, no seu produto final que é o código, como um trabalho que incorpora matéria prima (desde a articulação de sons até as “associações” [D. Hume] de signos para a construção do pensamento) e atividade. Stalin (O Marxismo e a lingüística): “a lingua está vencellada á actitude positiva do home, e non soamente á actividade productiva, senón á tódalas esferas do seu trabalho”. Portanto, a semiótica deve ser entendida como a) o proceso da semiose; b) relativa (histórico-socialmente) ao “caráter cultural dos signos ou funcións semióticas”. Tipos de signos em Peirce: ícone, índice e símbolo. O ícone é um signo estabelecido por associação de semelhança dum representante para o representado, como a foto de uma maçã para a maçã. O índice estabelece-se naturalmente pela associação de contiguidade ou causa e efeito, como as chuvas negras que anunciam chuva. O símbolo não se estabelece por uma associação causal ou de analogia com o objeto representado, senão que é usado por convenção e intencionalmente, como as letras para os sons no alfabeto. 2. Semiose e cultura Tanto do ponto de vista ontogenético (a evolução do indivíduo), como do filogenético (a da espécie), prevê-se a utilização dum sistema de signos para estruturar a cultura e esta à linguagem. Leroi-Gourhan (Le geste et la parole): paleontologia cultural. Houve uma “fase pré-linguística” na evolução humana, o que não significou “pré-semiótica”. O marxismo explica que na utilização, possivelmente simultânea, de instrumentos de trabalho e instrumentos de comunicação (mesmo quando prévio à linguagem verbal), o homem agrega- se “valor de uso” na sua história. A cultura é, para Lotman, “o conxunto de información non hereditaria acumulada, conservada e transmitida polas múltiples colectividades da sociedade humana”; como efeito, cada tipo de codificação “aparece ligado ás formas orixinarias da consciencia social, da organización da colectividade e da auto-organización do individuo”. Por essa razão, afirma que os sistemas semióticos têm função modelizante, tanto na sua fase original (as “linguagens naturais”), como na fase secundária (mitologias, etc.). Umberto Eco radica o estudo da cultura nos sistemas semióticos, distinguindo “un proceso comunicativo (o paso dun sinal dende unha fonte a través dun transmisor, ó longo dunha canal, ata un destinatario) dun sistema de significación (ou, noutras palabras, o codigo que faría posible tal proceso comunicativo)” (p. 18). O sinal participa da comunicação como estímulo natural ou uma informação primária, diferente do signo que provém do código. Ao analisar a cultura, reconhece três fenômenos que aparentemente não têm função significativa, mas explicam o todo desse sistema e se podem reduzir sub specie semioticae: são a) os instrumentos da relação homem-natureza; b) o parentesco como núcleo de relações sociais institucionalizadas; e c) o intercâmbio de bens. Adam Schaff (Linguagem e conhecimento): “o sistema linguístico entra na composição do conhecimento não só como instrumento de comunicação, mas também enquanto fator constitutivo parcial, tendo em conta a sua relação com o pensamento”. Isso faz Baamonde concluir que a linguagem, ativa na constituição das forças produtivas, é destas uma a mais e, portanto, participa da infraestrutura.
II. Os Conceptos de Infraestructura e Superestructura en Godelier e Marta Harnecker