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ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim.

Abril
Cultural, 1973.

LIVRO 1

[PREFÁCIO]
Cap. 1. -- da investigação” Começa com a afirmação de que o bem é finalidade nas
ações: “o bem é aquilo a que todas as coisas tendem”. Existem fins que se dão numa atividade
e fins que se produzem na ação mas não são ela mesma; o fim que se dá para além da própria
ação é mais excelente. Na ordem das artes, por exemplo, se dirá que as artes mais
fundamentais são privilegiadas quanto àquelas que podem servi-las.
Cap. 2. -- Aristóteles começa por afirmar que é necessário haver um fim ao qual os
outros se remetam por sua excelência, “não repetindo o processo ao infinito”, e isso é o bem,
ou o “sumo bem”. Como arqueiros que buscam seu alvo, assim se interroga Aristóteles como
conhecer tal bem e qual a ciência que o faz. É uma “arte privilegiada”, poder-se-ia dizer uma
“arte mestra” a que tem se ocupada desse objeto. É à Política que se refere Aristóteles: tem ela
o usufruto das ciências e das artes todas em proveito do Estado, e seu benefício é superior ao
individual; é “mais belo e mais divino” dedicar a investigação do bem humano à política.
Cap. 3. -- (a.) No primeiro parágrafo reparam-se conceitos interessantes: Aristóteles fixa
o desejo de ter “precisão”, “clareza” em cada assunto investigado. Ademais, ele mostra que
parece haver nas ações belas e justas variações que justificariam pensar nessas ações não pela
natureza, mas pela convenção. Ele fixa o método dele: serão analisados os assuntos, “partindo
de tais premissas” buscando nelas a “verdade aproximada e em linhas gerais”; ademais, a
procura da precisão deve ser condicionada à natureza do assunto. (b.) A investigação ética se
dá no acúmulo de experiência num assunto ou em vários, mas há um tipo que não a alcança, o
jovem, pois lhe falta a experiência em seus assuntos; ademais, sua impulsividade não lhe
permite formar um conhecimento útil, já que objetiva o agir; assim, nem o jovem nem o
incontinente aproveitam esse tipo de preleção.
“Sirvam, pois, de prefácio estas observações sobre o estudante, a espécie de tratamento
a ser esperado e o propósito da investigação.” -- Ética, 1095a 13-14.
Cap. 4. -- Quer-se os objetivos da “ciência política” e o bem mais alto a ser desejado
pela ação. Aristóteles remete-se ao vulgo e aos cultos para confirmar que é a felicidade esse
bem; porém, há diferenças no modo proposto para atingi-la; sendo muitas as opiniões, por
vezes simplistas ou megalômanas, mas ele partirá da “endoxa”, isto é, considerará “as mais
difundidas ou aquelas que parecem ser mais defensáveis”. Isso vai de encontro à opinião de
Aristóteles sobre o início da compreensão ética, pois, com efeito, ela parte de “primeiros
princípios” (archai ou arche, no singular), que significa um conhecimento pelo qual outros se
fazem. Aristóteles mostra que assim são os objetos de conhecimento: um enquanto conhecido,
outro enquanto “objeto”, is. é, enquanto “conhecível”; na ética, haverá negociações morais
que promovam um juízo elegido mas não que paralisem o julgamento.
Cap. 5 -- “Pode-se dizer, com efeito, que existem três tipos principais de vida: a que
acabamos de mencionar, a vida política e a contemplativa.” Ib. 1095b 16-17. Aristóteles
primeiro se referiu aos que vivem de modo bestial, depreciando esse tipo de vida, embora às
vezes também seja seguido por homens de elevada posição. Já os que vivem pelas honras,
homens de “grande refinamento e índole ativa”, mais se aproximam da vida política, mas
erram, pois, as honras são bens conferidos por outros e nem sempre convivem com as
virtudes, dado que por vezes passa ignomínias o virtuoso. Por último, os que vivem pelas
riquezas tem um fim vão, dado que se ambiciona a riqueza por outros bens.
Cap. 6 -- Aristóteles começa se referindo aos amigos da Academia, cuja teoria das
Formas diverge de sua maneira de pensar o bem universal, afirmando que “a piedade exige
que honremos a verdade acima de nossos amigos”. Aristóteles explica como os idealistas
postulariam a forma de Bem.
Crítica de PAKALUK, Michael. A Ética a Nicômaco.
São três afirmações platônicas sobre a teoria das formas que comentará Aristóteles: 1)
que o bem é uniforme; 2) que o “Bem em Si” existe separadamente; 3) a competência no Bem
é perceber sua Forma.

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