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Anotações – Ética a Nicômacos

Aristóteles

• Bem é aquilo a que todas as coisas visam. Mas diferentes atividades visam
finalidades distintas, sendo que algumas atividades dependem do fim de outras
atividades. Por exemplo, um produtor de selas de cavalos tem como fim
produzir tais selas, mas sem que a atividade montaria existisse, não haveria a
atividade de produzir selas. Aristóteles afirma, com base nesse raciocínio, que
as finalidades das artes principais devem prevalecer sobre as finalidades
subordinadas.
• Mas se existe uma finalidade que por si só guiam nossas ações, essa finalidade
é o bem. Portanto, é importante que saibamos e conheçamos este bem.
o Ele é o objeto da ciência mais predominante, que para Aristóteles é a
ciência política, uma vez que essa define quais são as demais ciências
que devem ser estudadas
o Além disso, Aristóteles afirma que é mais divino alcançar o bem para
uma cidade toda do que para apenas um homem, o que nos leva
novamente à ciência política.
• Mas então qual seria a finalidade da ciência política? Muitos dizem que seria a
felicidade, contudo a maior parte das pessoas pensa que viver bem é igual a ir
bem.
o Entramos em outra ideia complexa que é a definição de felicidade.
▪ Aristóteles ressalta a importância de se observar se, assim como
questionava Platão, estamos no caminho dos princípios
primordiais ou em busca desses.
• Julgando a vida dos homens vulgares, Aristóteles afirma que para muitos a
felicidade é equivalente ao prazer – mas ele considera que existam 3 tipos de
pessoas: os que valorizam o prazer, os que valorizam a vida política e os que
valorizam a vida contemplativa.
o O significado de felicidade variaria de acordo com o tipo de vida que a
pessoa leva.
• Depois, Aristóteles aborda o uso do termo “bem” para as categorias de
substância, qualidade e de relação – sendo que o que existe por si, a
substância, é anterior por natureza ao relativo
o Considerando que o termo “bem” tem tantos sentidos, ele não poderia
ser algo universal, presente em todos os casos e único
• Contudo, Aristóteles diferencia os bens que são perseguidos e aceitos por si
mesmos – chamando-os de bens com referência a uma única forma – e os bens
que tendem a produzir ou preservar outros bens de algum modo – chamando-
os de bens em função daqueles bens com referência a uma única forma.
o Bens que chamaríamos de bons em si são os que são perseguidos
mesmo quando isolados de outros. Mas considerando que, por
exemplo, a inteligência e as honrarias são perseguidas ainda que
isoladas, conclui-se que bem não é uma generalidade correspondente a
uma Forma única.
• Em relação à natureza do bem, Aristóteles afirma que essa é diferente em
diferentes casos ou assuntos. Por exemplo, na medicina a saúde, na arquitetura
a casa.
o Assim, a natureza do bem varia com o fim visado em cada ação e
propósito, sendo que é por conta desse fim que os homens fazem tudo.
• Aristóteles diz que existe um bem supremo e absolutamente final, que é aquilo
que sempre é desejável por si, e não por conta de algo mais.
o Esse bem é a felicidade, uma vez que sempre a escolhemos por si
mesma, além de realizarmos escolhas pensando que através dela
seremos felizes.
• A felicidade para ele é algo final e autossuficiente, no sentido de ser aquilo que
em si torna a vida desejável.
• Depois, o autor passa para uma análise acerca da função própria do homem,
concluindo que essa é o exercício ativo do elemento racional, isto é, uma
atividade da alma por via da razão e conforme ela.
o A função própria do homem bom seria a realização dessas atividades de
forma conforme a excelência.
• Ainda no contexto de atividades da alma, Aristóteles divide os bens em 3
categorias: exteriores, pertinentes à alma ou pertinentes ao corpo.
o Pertinentes à alma seriam as ações e atividades psíquicas, em quais
deve se basear nossa opinião.
• O autor não aborda muito sobre os outros tipos de bens, e passa para uma
definição mais objetiva de felicidade: a atividade conforme à excelência.
o Para ele uma vida seria agradável ou feliz se fosse guiada pela
excelência – sendo que as ações conformes à excelência são agradáveis
em si.
o A partir dessa lógica, um homem só será chamado de justo se sentir
prazer em agir justamente
• A felicidade também precisa de alguns elementos exteriores, ou seja, de
instrumentos próprios para que se pratiquem belas ações – complementos
para a felicidade.
o Alguns outros bens são pressupostos ou pré-requisitos da felicidade, e
outros são coadjuvantes e instrumentais.
• Considerando que a ciência política é a finalidade suprema, só é feliz quem é
capaz de participar dessa atividade – portanto crianças e animais não seriam
felizes.
• A felicidade para o autor ainda pressupõe não somente excelência perfeita,
mas uma existência completa.
o Isso pois são nossas atividades conformes à excelência que levam até a
felicidade, e não o sucesso ou fracasso na vida que por vezes dependem
da sorte.
• O homem feliz será aquele que frequentemente pratica ou contempla aquilo
conforme a excelência.
o Devemos declarar como felizes as pessoas vivas que ajam ativamente
em conformidade à excelência perfeita e que são suficientemente
aquinhoadas com bens exteriores, mas dentro das limitações humanas.
• Em relação aos homens mortos, nenhum bem ou mal os atinge com grande
efeito, sendo que não é possível trazer felicidade aos infelizes e nem tirar os
felizes de sua felicidade.
• Por fim, Aristóteles afirma que a felicidade é algo louvável e perfeito pois ela é
um princípio, isto é, todas as outras coisas que fazemos são feitas em razão
dela.

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