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Material de Apoio/Direcionador
Prof.: Renata Felipe
Bibliografia utilizada:
FILOSOFIA do DIREITO
Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos
(a festa mais importante da Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, ali estando
apenas para servir aos seus próprios interesses e sem preocupação com as disputas e os
torneios; as que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois, durante os jogos também
havia competições artísticas: dança, poesia, música, teatro); e as que iam para contemplar os
jogos e torneios, para avaliar o desempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Esse
terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo.
Com isso, Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses
comerciais - não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e
vendida no mercado; também não é movido pelo desejo de competir - não faz das idéias e dos
conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou “atletas intelectuais”; mas é
movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida: em
resumo, pelo desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que
está diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê -la.
Bem destaca Marilena, quando diz que, em nossa cultura e nossa sociedade,
costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade
prática e muito visível e de utilidade imediata, de modo que quando se pergunta “Para quê?”,
o que se quer saber é: “Qual a utilidade?” “Para que serve isso?”
Pensando nisto, fica fácil entender porque ninguém pergunta “Para que
Ciências?”, pois todo mundo imaginava ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica,
isto é, na aplicação dos conhecimentos científicos para criar instrumentos de uso, desde o
cronômetro, o telescópio, o microscópio e a luz elétrica, a geladeira, o automóvel.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da
compra e venda de obras de arte (tidas como mais importantes quanto mais altos forem seus
preços no mercado), como porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser
valorizados para o elogio da humanidade.
Parece porém, que o senso comum, não enxerga algo que os cientistas sabem
muito bem. As ciências pretendem ser ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a
procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, por meio de
instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-
os e aumentando-os.
Ressalta a filósofa que, todas as essas pretensões das ciências pressupõem que
elas admitem a existência da verdade, a necessidade de procedimentos corretos para bem usar
o pensamento, o estabelecimento da tecnologia como aplicação prática de teorias, e, sobretudo,
que elas confiam na racionalidade dos conhecimentos, isto é, que são válidos não só porque
explicam os fatos, mas também porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.
➢ 3 – A ciência
Estende-se dos gregos até o final do século XVII – afirma que a ciência é um
conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática, portanto capaz de
provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar nenhuma
dúvida.
Vai da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX – e afirma que a
ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem
estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas
propriedades e suas leis de funcionamento.
1) que haja coerência (isto é, que não haja contradições) entre os princípios que orientam a
teoria;
2) que os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenômenos) sejam construídos com base na
observação e na experimentação;
3) que os resultados obtidos possam não só alterar os modelos construídos, mas também
alterar os próprios princípios da teoria, corrigindo-a.
➢ 4 – O Senso Comum
→ por serem subjetivos, levam a uma avaliação qualitativa das coisas conforme os efeitos
que produzem em nossos órgãos dos sentidos ou conforme os desejos que despertam em nós
e o tipo de finalidade ou de uso que lhes atribuímos, ou seja, as coisas são julgadas por nós
como doces ou azedas, belas ou feias, com sabor ou sem sabor;
➢ 5- Bom Senso
Aristóteles define o bom senso como sendo o “elemento central da conduta ética,
uma capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos
simples, nada mais do que bom senso.
Em palavras mais simples, quando diz-se que um indivíduo age com bons senso,
significa que ele utiliza de argumentações e atitudes racionais para fazer julgamentos e
escolhas assertivas. A semelhança entre o bom senso e a filosofia é que ambos procuram por
respostas, mas a diferença é que o bom senso é formado culturalmente e a filosofia, com
análise da razão.
• Princípios racionais:
→ Princípio da razão suficiente: que afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem
uma razão (causa ou motivo) para existir ou acontecer, e que tal razão (causa ou motivo) pode
ser conhecida pela nossa razão. O Princípio de razão suficiente costuma ser chamado de
Princípio da Causalidade para indicar que a razão afirma que para tudo o que existe ou
acontece há uma causa (nada é sem causa, costuma-se dizer para referir-se ao princípio da
razão suficiente). Ou seja, esse princípio afirma a existência de relações ou conexões internas
entre as coisas, entre fatos, ou entre ações e acontecimentos. Pode ser enunciado da seguinte
maneira. “Dado A, necessariamente se dá B”. E também: “Dado B, necessariamente houve
A.” Isso não significa que a razão não admita o acaso ou ações e fatos acidentais, mas sim
que ela procura, mesmo para o acaso e para o acidente, uma causa.
➢ 6 – Ideologia
A ideologia torna-se propriamente ideologia quando não aparece na forma do mito, da religião
e da teologia. Com efeito, nestes, a explicação sobre a origem dos seres humanos, da
sociedade e do poder político encontra a causa criadora ou produtora fora e antes dos próprios
humanos e de sua ação, localizando a causa originária nas divindades.
Por que existe tudo isso? De onde surgiu? Qual é a sua razão de ser? Por
que existe o homem? Por que eu existo? São problemas que o homem não pode deixar de
propor; problemas que mantém o seu sentido preciso mesmo depois do triunfo das ciências
particulares modernas, por que nenhuma delas foi feita para resolvê-los, já que as ciências
respondem somente as perguntas sobre a parte e não a pergunta sobre o sentido do todo.
1) No seu conteúdo, a filosofia pretende explicar a totalidade das coisas, ou seja, toda a
realidade, sem exclusão de partes ou momentos dela. Assim, a filosofia distingue-se das
ciências particulares que assim se chamam exatamente porque se limitam a explicar partes ou
setores da realidade, grupos de coisas ou de fenômenos. Pergunta-se: “Qual é o princípio de
todas as coisas?”. Portanto, a filosofia se propõe como objeto a totalidade da realidade e do
ser precisamente descobrindo qual é o primeiro “princípio”, isto é, o primeiro por que das
coisas.
2) Quanto ao método, a filosofia visa ser “explicação puramente racional daquela totalidade”
que tem por objeto. O que vale em filosofia é o argumento da razão, a motivação lógica, o
logos. Não basta à filosofia constatar, determinar dados ou reunir experiências: ela deve ir
além do fato e além das experiências, para encontrar a causa precisamente através da razão.
É justamente esse caráter que confere cientificidade à filosofia. Enquanto as ciências
particulares são pesquisa racional de realidade e setores particulares, a filosofia como
dissemos, é pesquisa racional de toda a realidade.
Com isso, fica também esclarecida a diferença da arte e religião: a grande arte e as grandes
religiões, também visam captar o sentido da totalidade do real, mas o fazem respectivamente,
uma com o mito e a fantasia, outra com a crença e a fé; ao passo que a filosofia procura a
explicação da totalidade do real, precisamente ao nível do logos.
✔ Atenção!: Homero (século IX ou VIII a.C) considerado o maior e mais antigo dos
poetas gregos, foi o fundador da poesia épica. Ele é autor das obras primas Ilíada e
Odisséia, os dois maiores poemas da literatura grega. A Ilíada descreve os
acontecimentos da guerra de Tróia, que teria ocorrido no século VIII a.C e as aventuras
entre os guerreiros gregos e troianos. A Odisséia, descreve as aventuras do herói
Ulisses, em sua volta para a ilha de Ítaca após a guerra de Troia.
b) Em Homero, a arte da motivação chega a ser uma verdadeira constante; a ação não se
estende como uma fraca sucessão temporal: o que vale para ela em cada ponto é “o princípio
da razão suficiente e cada acontecimento recebe uma rigorosa motivação psicológica”.(W.
Jaeger). E esse modo poético de ver as razões das coisas é que prepara aquela mentalidade
que, em filosofia, levará à busca da “causa” e do “princípio”, do “por que” ultimo das coisas.
“Jubila-te com as alegrias e sofre com os males, mas não em demasia.” Arquílogo.
“Sem zelo demais: o melhor está no meio; e ficando no meio, alcançarás a virtude”. Teógnes.
“Nada em excesso”. Sólon.
“A medida é uma das melhores coisas”., ecoa uma das sentenças dos Sete Sábios, que
recaptulam toda a sabedoria grega cantada especialmente pelos poetas gnômicos. E o conceito
de “medida” constituiria o centro do pensamento filosófico clássico.
Saliente-se ainda uma última sentença, atribuída a um dos antigos sábios
e inscrita no portal do templo do oráculo de Delfos, consagrado a Apolo: “Conhece-te a ti
mesmo”. Essa sentença, muito famosa entre os gregos, tornar-se -ia inclusive não apenas o
mote do pensamento de Sócrates, mas também o princípio basilar do saber filosófico grego
ate os últimos neoplatônicos.
Religião pública: Para Homero e para Hesiodo, que constituem o ponto de referência das
crenças próprias da religião pública, pode-se dizer que tudo é divino, porque tudo o que ocorre
é explicado em função da intervenção dos deuses:
→ os fenômenos naturais são promovidos por Nume;
→ os raios e relâmpagos são arremessados por Zeus do alto do Olimpo;
→ as ondas do mar são provocadas pelo tridente de Poseidon;
→ o sol é levado pelo áureo carro de Apolo.
A vida social dos homens, a sorte das cidades, das guerras e da paz são imaginadas
como vinculadas aos deuses de modo não acidental, e por vezes até essencial.
Mistérios órficos: Nem todos os gregos consideravam suficiente a religião pública, por isso,
em círculos restritos, desenvolveram-se os mistérios, tendo suas próprias crenças específicas
(embora inseridas no quadro geral do politeísmo) e suas próprias práticas. Entre os mistérios,
os que mais influíram na filosofia foram os mistérios órficos.
Orfeu, poeta trácio é fundador presumido do orfismo, cujos traços históricos são
inteiramente recoberto pela névoa do mito. O orfismo foi importante pois, introduz na
civilização grega um novo esquema de crenças e uma nova interpretação da existência
humana. Enquanto a concepção de Homero, considerava o homem como mortal,
colocando na morte o fim total de sua existência, o orfismo proclama a imortalidade
da alma e concebe o homem segundo um esquema dualista que contrapõe o corpo à
alma.
A ideia dos prêmios e castigos de além túmulo, evidentemente, nasceu para eliminar o
absurdo que frequentemente se constata sobre a terra, isto é, o fato de que os virtuosos
sofrem, e os viciosos gozam. A ideia de reencarnação (metempsicose), ou seja, da
passagem da alma de um corpo para o outro, como nota E. Dodds, talvez tenha nascido
para explicar, a razão pela qual sofrem aqueles que parecem inocentes.
A filosofia nasce primeiro nas colônias e não na mãe-pátria. Mais precisamente nas
colônias orientais da Ásia Menor (em Mileto) e logo depois nas colônias ocidentais
da Itália meridional – e só depois refluiu para a mãe-pátria. Isso aconteceu porque, com
sua operosidade e com seu comércio, as colônias alcançaram primeiro uma situação de
bem-estar e, devido à distância da mãe-pátria, puderam construir instituições livres
antes que ela.
Tales de Mileto: É considerado por Aristóteles como sendo o primeiro filósofo, pois
foi ele, quem deu origem à utilização da razão para explicar o universo, sua origem e
tudo o que neles existe. Para Tales, a Arché era a água, ou tudo o que era úmido. Para
ele, a água é a substância primordial, pois tudo aquilo que é vivo e traz vida é úmido.
A inexistência de umidade, a completa seca, corresponderia à não existência, à morte.
Anaximandro: Era discípulo de Tales. Para ele, a Arché, era algo que era além dos
limites do observável, ou seja, que não se situa em uma realidade ao alcance dos
sentidos: sua arché era o Apeiron, isto é, o indeterminado, o ilimitado, o infinito;
podendo ser conhecido somente pela existência do pensamento.
Anaxímenes: Era discípulo de Anaximandro. Ele tentou fazer uma síntese dos dois
pensamentos, isto é, um meio termo da água e do apeirón: sua conclusão era de que a
Arché, era o AR, que não era palpável como a água e nem era abstrato ou
indeterminado como o apeirón: o ar também é infinito e ilimitado, segundo seu
entendimento e podia estar em todos os vazios do universo.
Pitágoras: Para ele, a Arché eram os números. Para ele, a natureza era feita de
relações e proporções matemáticas; tudo o que existe, pode ser quantificado,
contabilizado e traduzido em números, ou seja, todas as coisas são números, logo, as
proporções harmoniosas entre as coisas, é que regiam o universo.
Heráclito: Era o autor da famosa frase: “Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio”,
por este estar sempre em movimento. Ele dizia que todo o universo muda e se
transforma infinitamente a cada instante. Essa constante transformação das coisas é
chamada de DEVIR -> para o ele o fluxo constante da vida, era movido pela luta
constante de forças contrárias: a alegria e a tristeza; o belo e o feio; a justiça e a injustiça;
o racional e o irracional. É por esta luta constante que o mundo se modifica e evolui.
Para Heráclito, o Arché era o fogo: ele considerou todas as coisas como transformações
do fogo, pois ele expressa de modo exemplar as características de mudança contínua,
do contraste e da harmonia. Para ele, o fogo tudo transforma.
Parmênides: Para ele, a Arché é o SER. Para ele, “o Ser é, o Não Ser, não é”. Ser é
tudo aquilo que existe e tudo o que existe na natureza é um ser. Para Parmênides, o que
muda é o não ser, o que não existe, pois mudar é justamente não ser mais aquilo que
era e tornar-se aquilo que ainda não é, não sendo portanto absolutamente nada.
Parmênides, opunha-se ao mobilismo defendido por Heráclito, que defendia que tudo
estava e constante transformação: para ele, a mudança que observamos nas coisas,
eram apenas aparências, um erro de nossa percepção, pois o que é real é imutável; a
essência das coisas é imutável e imóvel. Desta forma, tudo possui uma essência, que é
imutável e uma aparência, que é mutável. Para Parmênides, a essência (imutável) se
conhece pela VERDADE ou ALETHEIA e a aparência (mutável) se conhece pela
opinião ou DOXA. Então, para Parmênides, tudo o que existe, possui o SER dentro de
si.
2.3) Os Sofistas
1) A virtude (cada uma e todas as virtudes: sabedoria, justiça, fortaleza, temperança) é ciência
(conhecimento), e o vício (cada um e todos os vícios) é ignorância.
2) Ninguém peca voluntariamente: quem faz o mal, fá-lo por ignorância do bem.
➢ 3 – O “daimónion” socrático
A postura de Sócrates de ensinar as pessoas, antes de tudo, a pensar, torna-se mais bela se
verificarmos que se soma à sua concepção de ética.
A ética pode ser resumida como a busca do aperfeiçoamento do indivíduo. Uma
pessoa age eticamente quando seu ato pode levá-la a uma melhoria em seu caráter.
Por outro lado, as pessoas fazem coisas erradas, ou “besteiras”, como diríamos
hoje, porque não pensaram o suficiente antes de agir. O ser humano deveria controlar suas paixões,
investigar os fatos sem se iludir com as aparências ou os preconceitos, buscando conhecê-los
verdadeiramente.
Não obstante as inferências sobre a ética feitas acima, sabemos que Sócrates
foi levado, em Atenas, a julgamento. Os cidadãos o acusaram de corromper a juventude e de cultivar
novos deuses, violando a religião da cidade. Alguns diálogos escritos por Platão contam essa história:
Eutífron, Apologia, Críton e Fédon
Sócrates foi considerado culpado e condenado à morte. Ele poderia ter proposto
uma pena alternativa e, depois, poderia ter fugido. Escolheu, todavia, morrer. Preferiu cumprir a lei a
desobedecer. Qual a razão disso?
Ele, todavia, considerava seus atos louváveis. Fizera toda uma geração de
jovens pensar. Ensinara o valor inestimável da dúvida eterna e constante. Questionara a autoridade
dos “falsos sábios”. Ao aceitar a condenação à morte, mostrava para as gerações futuras os perigos
de uma verdade meramente consensual e, portanto, equivocada. Nem sempre a verdade da maioria
corresponde à verdade absoluta, que somente pode ser descoberta por quem se disponha a pensar.
Independentemente das interpretações possíveis, o comportamento de Sócrates resulta em algo
admirável, seja enquanto lição para os demais atenienses, seja enquanto lição para nossa geração do
presente.
Sua ética, que liga a razão ao bom comportamento, é outra herança que nos
enriquece. Só o pensamento racional leva à busca da verdade; só a busca da verdade permite a
felicidade.
Referências:
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia.