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Curso Online:

Semiótica
Sistemas simbólicos e semi-simbólicos – sociossemiótica.................................2

Qualidade, relação, representação.....................................................................4

Semiologia e o modelo linguístico: Saussure a Barthes.....................................5

Linguagem verbal e não verbal...........................................................................7

Sentido, significação e significado......................................................................9

Conceitos de signo em Saussure e Peirce........................................................10

Teoria semiótica do texto...................................................................................13

Constituição da linguagem visual através da semiótica....................................14

Referências bibliográficas..................................................................................17

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SISTEMAS SIMBÓLICOS E SEMI-SIMBÓLICOS – SOCIOSSEMIÓTICA

A semiótica inclui o estudo de sinais e processos de signos, indicação,


designação, semelhança, analogia, alegoria, metonímia, metáfora, simbolismo,
significação e comunicação. A tradição semiótica explora o estudo de signos e
símbolos como parte significativa das comunicações. Diferentemente
da linguística, entretanto, a semiótica também estuda sistemas de signos não
linguísticos.

A semiótica social, por vezes também denominada sociossemiótica, é uma


abordagem que investiga práticas humanas de "fazer significar" em
circunstâncias sociais e culturais específicas, tentando explicar a criação de
significados a partir da prática social. A semiótica, tal como originalmente
definida por Ferdinand de Saussure, é "a ciência da vida dos sinais em
sociedade". A semiótica social se expande sobre as ideias fundadoras de
Saussure explorando as implicações do fato de que os "códigos" de linguagem
e comunicação são formados por processos sociais. A implicação crucial aqui é
que os significados e os sistemas semióticos são moldados pelas relações de
poder e que, à medida que o poder se desloca na sociedade, nossas línguas e
outros sistemas de significados socialmente aceitos podem e devem mudar.

A semiótica é frequentemente vista como essencial nos âmbitos


antropológicos, filosóficos e sociológicos; o semiólogo e romancista
italiano Umberto Eco propôs que todo fenômeno cultural possa ser estudado
como uma comunicação. Alguns semióticos priorizam as dimensões lógicas da
ciência. Eles examinam áreas pertencentes também às ciências da vida - como
a forma como os organismos fazem previsões e se adaptam a seu nicho
semiótico no mundo.

Em geral, as teorias semióticas levam como objeto de estudo os signos ou


sistemas de signos: a comunicação da informação nos organismos vivos é
coberta pela Biossemiótica.

É importante dizer que o saber foi estudado, inicialmente, constituído por uma
dupla face. A face semiológica (relativa ao significante) e a epistemológica
(referente ao significado das palavras).

A semiótica tem, assim, a sua origem na mesma época que a filosofia e


disciplinas afeitas. Da Grécia antiga até os nossos dias tem vindo a
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desenvolver-se continuamente. Porém, posteriormente, há cerca de dois ou
três séculos, é que se começaram a manifestar aqueles que seriam apelidados
pais da semiótica (ou semiologia).

Os problemas concernentes à semiologia e à semiótica, assim, podem


retroceder a pensadores como Platão e Santo Agostinho, por exemplo.
Entretanto, somente no início do século XX com os trabalhos paralelos
de Ferdinand de Saussure e Charles Sanders Peirce, o estudo geral dos signos
começa a adquirir autonomia e o status de ciência.

O linguista Michael Halliday introduziu o termo semiótica social em linguística,


quando ele usou a frase no título de seu livro, Language as Social Semiotic
(sem tradução em português). Este trabalho argumenta contra a tradicional
separação entre língua e sociedade, e exemplifica o início de uma abordagem
"semiótica", o que amplia o foco sobre a linguagem escrita em linguística.
Para Halliday, as línguas evoluem como sistemas de "significados em
potencial" ou como conjuntos de recursos que influenciam o que o orador pode
fazer com a linguagem em um determinado contexto social. Por exemplo, para
Halliday, a gramática da língua inglesa é um sistema organizado para os três
seguintes objetivos, que ele chama de metafunções:

 Facilitar certos tipos de relações sociais e interpessoais (interpersonal),


 Representar ideias sobre o mundo (ideacional), e
 Conectar essas ideias e interações com textos e torná-las relevantes
para o seu contexto (textual).

Qualquer frase em inglês é composta como uma música, com uma parte de
seu significado advinda de uma das três metafunções. Bob Hodge generaliza
os ensaios de Halliday sobre a semiótica social em cinco premissas:

"A língua é um fato social' (1978:1)

"Nós não iremos compreender a natureza da linguagem se buscarmos apenas


os tipos de pergunta sobre ela que são formuladas por linguistas' (1978:3)

'A linguagem é como é por conta das funções que esta desenvolveu para servir
à vida das pessoas' (1978:4).

A linguagem tem "metafunções", que, em inglês são: ideacionais ('sobre algo'),


interpessoais ("fazer algo") e textuais ('o potencial do falante de construir um
texto") (1978:112).

A linguagem constitui-se como 'uma rede discreta de opções" (1978:113)

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QUALIDADE, RELAÇÃO, REPRESENTAÇÃO

Semiótica e Ciência da Informação (CI) apresentam linhas interdisciplinares de


estudo, uma vez que a primeira explora os processos de significação com
específica propriedade e a segunda tem, nos processos de significação, um
importante aspecto que impacta no dimensionamento e tratamento do seu
objeto de estudo.

A natureza é repleta de significações e o homem, por sua vez, se constitui por


meio do significado (PEIRCE, 1995). Significado este que lhe serve como
prática de reconhecimento e interação com a realidade. Textos, filmes,
músicas, poemas falados, escritos ou cantados, estátuas, uma nuvem, um
grito, todas essas linguagens são portadoras de significado (SANTAELLA,
2009), sendo que esse significado não é inato nas linguagens, mas parte de
um processo que envolve a interpretação (ECO, 1991).

A Semiótica é a ciência que se dedica ao estudo de todos os signos, nos


processos de significação na natureza e na cultura. Para Santaella (1983), a
Semiótica pode ser entendida como a ciência de todas as linguagens
possíveis, pois, diferentemente da Linguística, que se dedica ao estudo do
sistema sígnico da linguagem verbal, a Semiótica considera qualquer
fenômeno como um sistema sígnico de produção de sentido.

Diferentes autores exploram essa área do conhecimento sob perspectivas


variadas. Poderíamos mencionar alguns, como Peirce, Jakobson, Morris,
Greimas, Saussure, Santaella, Eco, Ogden & Richards, Hjelmslev, Port Royal,
Leibniz (NÖTH, 2003) entre tantos outros.

Exploraremos, de forma muito sucinta, as concepções básicas da Semiótica de


alguns desses autores. Vale ressaltar que a Semiótica é abordada em
diferentes áreas do conhecimento.

A semiótica da escola francesa considera a relação diádica de significação,


sobretudo dos processos de semiose humana e cultural, enquanto a escola
peirceana considera todos os possíveis processos de semiose, inclusive
naturais, em uma relação triádica.

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SEMIOLOGIA E O MODELO LINGUÍSTICO: SAUSSURE A BARTHES

Semiologia ou Propedêutica é a parte da Biomedicina, Farmácia, Medicina,


Fisioterapia, Educação
Física, Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia, Odontologia , Enfermagem, Nutriçã
o, Medicina Veterinária e Terapia Ocupacional, relacionada ao estudo
dos sinais e sintomas das doenças humanas e animais. A Semiologia é muito
importante para o diagnóstico da maioria das enfermidades.

Considerado pai da semiologia, a vertente europeia do estudo dos signos, por


ser o primeiro autor a criar essa designação e a designar o seu objeto de
estudo, é Ferdinand de Saussure (1857-1913). Segundo este, a existência
de signos - «a singular entidade psíquica de duas faces que cria uma relação
entre um conceito (o significado) e uma imagem acústica (o significante) -
conduz à necessidade de conceber uma ciência que estude a vida dos sinais
no seio da vida social, envolvendo parte da psicologia social e, por
conseguinte, da psicologia geral. Chamar-lhe-emos semiologia.

Estudaria aquilo em que consistem os signos, que leis os regem.

A concepção de Saussurre relativamente ao signo, ao contrário da de Peirce,


distingue o mundo da representação do mundo real. Para ele, os signos
(pertencentes ao mundo da representação) são compostos por significante - a
parte física do signo - e pelo significado, a parte mental, o conceito. Colocando
o referente (conceito correspondente ao de objecto por Peirce) no espaço real,
longe da realidade da representação. Para Saussure (com excepção da
onomatopeia), não existem signos motivados, ou seja, com relação de causa-
efeito. Divide os signos em dois tipos: os que são relativamente motivados
(a onomatopeia, que em Peirce corresponde aos ícones), e os arbitrários, em

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que não há motivação. Leia-se que esta motivação é a tal relação que Peirce
faz entre representação e objeto e que, na visão de Saussure, parece não fazer
sentido. Esta visão pode ser tida como visão de face dual. Para Saussure,
existem assim dois tipos de relações no signo:

1 - as «relações sintagmáticas», as da linguagem, da fala, a relação fluida


que, no discurso ou na palavra (parole), cada signo mantém em associação
com o signo que está antes e com o signo que está depois, no «eixo
horizontal», relações de contextualização e de presença (exemplo: abrir uma
janela, em casa ou no computador)

2 - as «relações paradigmáticas», as «relações associativas», no «eixo


vertical» em ausência, reportando-se à «língua» (exemplo: associarmos a
palavra mãe a um determinado conceito de origem, carinho, ternura, amor,
etc…), que é um registo «semântico», estável, na memória coletiva de um ser
ou instrumento.

A linguagem, segundo Sausurre, está organizada em dois movimentos


distintos. Quando se observam os elementos linguísticos em uma sequência,
como em uma frase, afirma-se que cada um dos elementos entre si mantém
uma relação sintagmática, que pode ser percebida por marcas visíveis, como a
concordância entre os termos.

Quando um adjetivo relacionado ao substantivo, possui características de


variação ou flexão notáveis ao ouvinte, é possível essa ideia. Assim, comparar
“o bom garoto” com “os bons garotos” permite verificar pela concordância as
relações entre termos que compõem esse sintagma.

Ao estabelecer essa distinção entre as relações sintagmática e paradigmática,


Saussure afirma que a relação sintagmática existe in praesentia; isto é,
repousa em dois ou mais termos igualmente presentes em uma série efetiva; a
relação paradigmática, caso contrário, une termos in absentia, quer dizer, em
uma série mnemônica virtual.

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LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

Inúmeras linguagens aparecem nos atos de comunicação. Entre elas fazemos


uso da linguagem verbal (que utiliza a língua oral ou escrita) e a linguagem
não-verbal (faz uso de qualquer código que não seja a palavra – sinais,
símbolos, cores, gestos, expressões fisionômicas, sons, etc.)

Língua = É o código formado por palavras e combinações de leis por meio do


qual as pessoas se comunicam entre si.

Fala = É a ação ou a faculdade de utilização da língua. A oposição línguaXfala


separa o social do individual.

Discurso = É a utilização individual da língua. Assim sendo, como a cada um é


dado um modo próprio de se expressar, essa marca própria, recebe o nome de
estilo.

O caráter social da língua já parece ter sido fartamente demonstrado.


Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros
de uma comunidade a possibilidade de comunicação.

O signo linguístico é, contrariamente às nuvens da chuva e à fumaça, um signo


artificial. Esse mesmo signo linguístico é, também, o signo propriamente dito,
em oposição aos signos com expressão derivativa, como os sinais, os signos
substitutivos e os símbolos, mencionados anteriormente. O signo linguístico é
artificial pois remonta uma relação arbitrária entre um significado e
um significante, como descrito por Ferdinand de Saussure, em seu Curso de
Linguística Geral. Saussure definiu o signo linguístico como o formativo da
relação (sua formante) entre um conceito e uma imagem sonora. Tanto
conceitos, como imagens sonoras, são entidades mentais. A imagem acústica

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(ou sonora) "não é o som material, físico, mas a impressão psíquica dos sons,
perceptível quando pensamos em uma palavra, mas não a falamos".

Ao pensarmos na linguagem verbal, tendo a língua como código, os signos


linguísticos são, então, os responsáveis pela representação das ideias, sendo
esses signos as próprias palavras que, por meio da fala ou da escrita,
associamos a determinadas ideias. A relação entre esses dois formantes do
signo, então, é uma função indissociável e definidora de seus funtivos.

Esquematicamente, um signo consiste em duas subdivisões:

 um conceito - ou seja, o significado (signifié)


 uma imagem acústica - ou seja, o significante (signifiant), ou forma
fonológica em termos generativos.

Em termos simples, um signo é toda unidade portadora de sentido.

“ (...) signos são entidades em que sons ou sequências de sons - ou as


suas correspondências gráficas - estão ligados com significados ou
conteúdos. (...) Os signos são assim instrumentos de comunicação e
representação, na medida em que, com eles, configuramos
linguisticamente a realidade e distinguimos os objetos entre si. ”

 Em síntese, a soma língua + fala resulta na linguagem. Outro aspecto


básico da doutrina saussuriana é a do signo linguístico.

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SENTIDO, SIGNIFICAÇÃO E SIGNIFICADO

Significado de Significação:

[Linguística] O que uma palavra, termo, vocábulo ou expressão quer dizer


(significa); significado, sentido, acepção.

O que é representado ou expresso por um sinal, um sistema de sinais, um


gesto, um fato.

[Figurado] A relevância que algo possui; valor, importância: este objeto tem
para mim grande significação.

[Linguística] Representação mental evocada por uma forma linguística.

Embora a língua seja, normalmente, considerada o caso paradigmático do


sistema de signos, grande parte da pesquisa semiótica atual se concentrou na
análise de domínios tão variados como os mitos, a fotografia, o cinema,
a publicidade ou os meios de comunicação. A influência do conceito linguístico
central de estruturalismo, que é mais uma contribuição de Saussure, levou os
semioticistas a tentar interpretações estruturalistas em um amplo leque de
fenómenos. Objetos de estudo, como um filme ou uma estrutura de mitos, são
encarados como textos que transmitem significados, sendo esses significados
tomados como derivações da interação ordenada de elementos portadores de
sentido, os signos, encaixados num sistema estruturado, de maneira
parcialmente análoga aos elementos portadores de significado numa língua.

Quando deliberadamente enfatiza a natureza social dos sistemas de signos


humanos, com exceção daqueles pertencentes à sua natureza, a semiótica
tende a ser altamente crítica e abstrata. Nos últimos anos, porém, os
semioticistas se voltam cada vez mais para o estudo da cultura popular, sendo
hoje em dia comum o tratamento semiótico das novelas de televisão e da
música popular.

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CONCEITOS DE SIGNO EM SAUSSURE E PEIRCE

No estudo geral dos signos, Charles Sanders Peirce (1839-1914) seria o


pioneiro daquela ciência que é conhecida como "semiótica", usando já este
termo, que John Locke, no final do século XVII, teria usado para designar uma
futura ciência que estudaria, justamente, os signos em geral. Para Peirce, o
Homem significa tudo que o cerca numa concepção triádica
(primeiridade, secundidade e terceiridade), e é nestes pilares que toda a sua
teoria se baseia.

Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Peirce, em 14 de


maio de 1867, descreveu suas três categorias universais de toda a experiência
e pensamento. Considerando tudo aquilo que se força sobre nós, impondo-se
ao nosso reconhecimento, e não confundindo pensamento com pensamento
racional, Peirce concluiu que tudo o que aparece à consciência, assim o faz
numa gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos
formais de toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas:

 Qualidade;
 Relação;
 Representação.

Algum tempo depois, o termo Relação foi substituído por Reação e o


termo Representação recebeu a denominação mais ampla de Mediação. Para
fins científicos, Peirce preferiu fixar-se na terminologia de Primeiridade,
Secundidade e Terceiridade.

Primeiridade - a qualidade da consciência imediata é uma impressão


(qualidade de sentimento) in totum, invisível, não analisável, frágil. Tudo que
está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está
na sua mente no instante presente. O sentimento como qualidade é, portanto,
aquilo que dá sabor, tom, matiz à nossa consciência imediata, aquilo que se
oculta ao nosso pensamento. A qualidade da consciência, na sua
imediaticidade, é tão tenra que mal podemos tocá-la sem estragá-la. Nessa
medida, o primeiro (primeiridade) é presente e imediato, ele é inicialmente,
original, espontâneo e livre, ele precede toda síntese e toda diferenciação.
Primeiridade é a compreensão superficial de um texto (leia-se texto não ao pé
da letra; ex: uma foto pode ser lida, mas não é um texto propriamente dito).

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Secundidade - a arena da existência cotidiana, estamos continuamente
esbarrando em fatos que nos são "externos", tropeçando em obstáculos, coisas
reais, factivas que não cedem ao sabor de nossas fantasias. O simples fato de
estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, que estamos reagindo em
relação ao mundo. Existir é sentir a acção de fatos externos resistindo à nossa
vontade. Existir é estar numa relação, tomar um lugar na infinita miríade das
determinações do universo, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço
particulares. Onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua
primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que,
para existir, a qualidade tem que estar encarnada numa matéria. O fato de
existir (secundidade) está nessa corporificação material. Assim sendo,
Secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu
conteúdo. Como exemplo: "o homem comeu banana", e na cabeça do sujeito,
ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente visualiza os
dois elementos e a ação da frase.

Terceiridade - primeiridade é a categoria que dá à experiência sua qualidade


"distintiva", seu frescor, originalidade irrepetível e liberdade. Secundidade é
aquilo que dá à experiência seu caráter "factual", de luta e confronto.
Finalmente, Terceiridade corresponde à camada de "inteligibilidade", ou
pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o
mundo. Por exemplo: o azul, simples e positivo azul, é o primeiro. O céu, como
lugar e tempo, aqui e agora, onde se encarna o azul é um segundo. A síntese
intelectual, elaboração cognitiva – o azul no céu, ou o azul do céu -, é um
terceiro. A terceiridade, vai além deste espectro de estrutura verbal da oração.
Ou seja, o indivíduo conecta à frase a sua experiência de vida, fornece à
oração, um contexto pessoal. Pois "o homem comeu a banana" pode ser ligado
à imagem de um macaco no zoológico; à cantora Carmem Miranda; ao filme
King Kong; enfim, a uma série de elementos extratextuais.

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Para Peirce há três tipos de signos:

O ícone, que mantém uma relação de proximidade sensorial ou emotiva entre o


signo, representação do objeto, e o objeto dinâmico em si; o signo icónico
refere o objeto que denota na medida em que partilha com ele possui
caracteres, caracteres esse que existem no objeto denotado
independentemente da existência do signo. - exemplo: pintura, fotografia, o
desenho de um boneco. É importante falar que um ícone não só pode exercer
esta função como é o caso do desenho de um boneco de homem e mulher que
ficam anexados à porta do banheiro indicando se é masculino ou feminino, a
priori é ícone, mas também é símbolo, pois ao olhar para ele reconhecemos
que ali há um banheiro e que é do gênero que o boneco representa, isto
porque foi convencionado que assim seria, então ele é ícone e símbolo;

O índice, ou parte representada de um todo anteriormente adquirido pela


experiência subjetiva ou pela herança cultural - exemplo: onde há fumaça, logo
há fogo. Quer isso dizer que através de um indício (causa) tiramos conclusões.
Ainda sobre o que nos diz este autor, é importante referir que «um signo,
ou representamen, é qualquer coisa que está em vez de (stands for) outra
coisa, «em determinado aspecto ou a qualquer título», (e que é considerado
«representante» ou representação da coisa, do objeto - a matéria física) e, por
último, o «interpretante» - a interpretação do objecto. Por exemplo, se
estivéssemos a falar de "cadeira", o representante seria o conceito que temos
de cadeira. Sucintamente, o índice é um signo que se refere ao objeto
denotado em virtude de ser realmente afetado por esse objeto.

O objeto seria a cadeira em si e o interpretante o modo como relacionamos o


objeto com a coisa representada, o objeto de madeira sobre o qual nos
podemos sentar. Sobre isto é interessante ver a obra "One and three chairs" do
artista plástico Joseph Kosuth. A principal característica do signo indicial é
justamente a ligação física com seu objeto, como uma pegada é um "indício"
de quem passou. A fotografia, por exemplo, é primeiramente um índice, pois é
um registro da luz em determinado momento.

O símbolo, "é um signo que se refere ao objeto que denota em virtude de uma
lei, normalmente uma associação de ideias gerais que opera no sentido de
fazer com que o símbolo seja interpretado como se referindo aquele objeto".

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TEORIA SEMIÓTICA DO TEXTO

A semiótica francesa entrou em convivência com outras correntes da semiótica.

“O que nos força a pensar é o signo. O signo é objeto de um encontro; mas é


precisamente a contingência do encontro que garante a necessidade daquilo
que ele faz pensar. O ato de pensar não decorre de uma simples possibilidade
natural; ele é, ao contrário, a única criação verdadeira. A criação é a gênese do
ato de pensar no próprio pensamento. A vida é como um espelho, quando
sorrimos para ela, ela sorrir para nós”.

(Gilles Deleuze - Filósofo francês - Frases de Semiótica)

Todo texto manifesta um plano de conteúdo através de um plano de expressão.


BARROS (2005) salienta que o(s) sentido(s) do texto podem ser examinados
através do plano de conteúdo sob a forma de um percurso gerativo, isto é, o
leitor – enunciatário, passa por um processo de entendimento a partir do seu
contato com a superfície do texto que pode ser constituído por material verbal
e/ou não-verbal.

Em outros termos, o processo gerativo refere-se à produção do texto, na


análise tenta-se recuperar, por meio da leitura, esse percurso que teria dado
origem ao texto. É importante ressaltar que esse percurso não é uma fôrma
onde os textos são submetidos, mas como mostra FIORIN (1997), “é um
simulacro metodológico que nos permite ler, com mais eficácia, um texto”.

A semiótica de linha francesa delimita três níveis de análise do texto: o


fundamental, mais profundo e elementar, em que se projetam categorias
opostas; o narrativo, em que ocorrem as relações lógicas entre sujeito e
objetos e, finalmente, o nível discursivo, mais complexo, em que se focalizam
as estratégias de argumentação e persuasão mais diretamente ligadas ao
plano enunciativo.

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CONSTITUIÇÃO DA LINGUAGEM VISUAL ATRAVÉS DA SEMIÓTICA

A criação de uma imagem para comunicar uma ideia pressupõe o uso de


uma linguagem visual. Acredita-se que, assim como as pessoas podem
"verbalizar" o seu pensamento, elas podem "visualizar" o mesmo. Na análise
da "linguagem visual", os elementos da linguagem são delineados através dos
elementos de arte e princípios de design. Um diagrama, um mapa e
uma pintura são exemplos de usos da linguagem visual. Suas unidades
estruturais costumam incluir linha, forma, cor, movimento, textura, padrão,
direção, orientação, escala, ângulo, espaço e proporção.

Em "Sintaxe da linguagem visual", Dondis (1997) relata que a linha descreve


uma forma, na linguagem da artes visuais, a linha articula a complexidade da
forma. Existem três forma básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo
equilátero, cada um com suas características específicas, e a cada um é
atribuído uma grande quantidade de significados, alguns por associação,
outros por vinculação arbitrária, e outros, ainda, através de nossas próprias
percepções psicológicas e fisiológicas.

Segundo Gilbson (1951 apud Santaella, 2001), a forma pode se referir a


superfície curva de uma fêmea humana ou aos contornos de um torniquete, a
um poliedro ou ao estilo de um jogo de tênis de um homem. O autor considera
modo, figura, estrutura, padrão, ordem, arranjo, configuração, plano, esboço,
contorno como termos similares sem significado distintos. Essa termonologia
indefinida é uma fonte de confusão e obscuridade para filósofos, artistas,
críticos e escritores. O autor faz delimitação onde há três significados gerais
para termo forma:

 A figura de um objeto em três e dimensões


 A projeção de tal objeto em uma superfície chapada, seja através da luz
do objeto, seja pelo ato humano de desenhar ou pela operação de
construção geométrica de que são exemplos as imagens, pinturas,
desenhos e esboços.
 A forma geométrica abstrata composta de linhas imaginárias, planos ou
de suas famílias.

Podemos portanto, embora constituindo uma grande simplificação, definir “a


forma como conservadora e o conteúdo como revolucionário”.

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Roman Jakobson, nascido em Moscovo (Moscou PB), em 1896, introduziu o
conceito das funções da linguagem:

 a emotiva, que «denota» a carga do emissor na mensagem;


 a injuntiva, relativa ao destinatário;
 a referencial, relativa àquilo de que se fala;
 a fática, relativa ao canal da comunicação;
 a metalinguística, relativa ao código;
 a poética, relativa à relação da mensagem consigo mesma.

Se Jakobson fala das funções da linguagem, Guiraud diferencia os códigos. E


é nos códigos lógicos que está o mais importante para os signos. Nestes, ele
releva os «paralinguísticos», associados a aspectos da linguagem verbal
(exemplo: escritas alfabética, escritas ideogramáticas). Associar números a
pedras é ter e ser um código deste tipo: códigos práticos, ligados às sinaléticas,
às programações e a códigos de conhecimento o (exemplo: sinais de trânsito)
e, por último, os epistemológicos, ou específicos de cada área científica.

Morris e Algirdas Julius Greimas dizem-nos que tudo pode ser signo consoante
a nossa interpretação, deixando em estado mais abrangente o conceito de
signo. Porém, Morris diz-nos ainda que estes se dividem em

 Sintático, ao nível da estrutura dos signos, o modo em como eles se


relacionam e as suas possíveis combinações,
 Semântico, analisando as relações entre os signos e os respectivos
significados,
 Pragmático, estudando o valor dos signos para os utilizadores, as
reações destes relativamente aos signos e o modo como os utilizamos.

Obs.: A linguística era um dos campos da semiologia; hoje em dia, essas


ciências trabalham lado a lado.

15
Agradecemos por escolher a iEstudar.

Blog https://iestudar.com/blog/

Site https://iestudar.com/

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Referências Bibliográficas

Wikipédia, a enciclopédia livre.Semiótica social.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%B3tica_social

Wikipédia, a enciclopédia livre.Semiótica.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%B3tica

Camila Monteiro de Barros; Lígia Maria Arruda Café. Estudos da Semiótica na


Ciência da Informação: relatos de interdisciplinaridades.

Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362012000300003

Wikipédia, a enciclopédia livre.Semiologia médica.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Semiologia_m%C3%A9dica

BLOG DE ESTUDANTES DE LETRAS – LICENCIATURA EM PORTUGUÊS E


INGLÊS. COMPOSTO POR ISABELLA CONTI, JULIANA DESTRO,
MARCELLA GUALBERTO E VINICIUS GOMES.Paradigma x Sintagma.

Disponível em:

https://semioticosblog.wordpress.com/2016/10/23/paradigma-x-sintagma/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Signo linguístico.

Disponível em:
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Signo_lingu%C3%ADstico

Dicionário online de Português. Significado de Significação.

Disponível em:

https://www.dicio.com.br/significacao/

Ricardo Santos David.Renato Santos David.

Disponível em:

http://www.revistadialogos.com.br/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Linguagem visual.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_visual

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