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Copyright © 2000 by Os autores

CAPA
Jairo A lvarenga Fonseca

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Eliane Marta Teixeira Lopes

EDITORAÇÃO ELETRÓNICA
Wa ldênia Alvarenga Santos Ataide

REVISÃO
Vera De Simone

S399a Schwarcz, Lilia K. Moritz


Antropologia e História - Debate em região de frontei­
ra I organizado por Lilia K. Moritz Schwarcz e Ni lma
Lino Gomes. - Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

192p.

ISBN 85-86583-84-7

1. História d o Brasil. 2. Antropolgia . 3. Gomes,


Nilma Lino. I. Título.

CDU: 98 1
572

2000

Todos os direitos r e serva do s pela Autêntica Editora.


Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja
por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica,
sem a autorização prévia da editora.

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PABX: (55 31) 3423 3022


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o conceito antropológico de estrutura
e sua abertura para o evento histórico

Claude G . Papavero

A reflexão que nos ocupa, no presente estudo, versa s obre o di­


vórcio formal entre uma percepção sincrônica de relações sociais
imunes à temporalidade, por se apresentarem abstratas, persisten­
tes e sistemáticas, e a percepção do impacto causado por eventos
singulares que transformam a vida social e influenciam nossa visão
dos acontecimentos. O nosso foco de interesse reside na proposta da
obliteração da dimensão histórica pela análise antropológica estru­
turalista, não obstante os fenômenos empíricos observados possuí­
rem, a priori, caráter simultaneamente temporal e categórico.
A ruptura entre as perspectivas sincrônicas e diacrônicas de
análise, na Antropologia e na História, resulta do afastamento nos
procedimentos metodológicos de duas disciplinas complementa­
res; mas desemboca também sobre a questão da atração exercida
pelo conceito de estrutura social sobre os estudos históricos. As­
sim sendo, implementa as tentativas de historiadores e de antro­
pólogos para reconciliar, no âmbito teórico, eventos e estruturas
que não poderiam permanecer indefinidamente como termos mu­
tuamente excludentes. Importa, pois, entendermos e compararmos
adequadamente a construção de alguns modelos teóricos de análi­
se que enfrentaram semelhante desafio, isto é, importa refletirmos
sobre os destinos metodológicos futuros, numa área compartilha­
da por ambas as disciplinas.
Mesmo empobrecendo indevidamente conceitos analisados,
como a "descrição cultural densa" de Clifford Geertz, que não en­
contra seu melhor ângulo vista pelo prisma da estrutura social, es­
clarecermos diversos usos do conceito antropológico de estrutura, e
sua abertura para o evento, representa tarefa de especial relevância
no diálogo reiniciado em área de fronteira entre a Antropologia e a
História, na qual está situada a presente discussão.

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Tentaremos, portanto, elucidar os parâmetros que presidiram a
elaboração do conceito abstrato e sedutor1 de uma estrutura social
sem espessura temporal, na teoria "clássica" do estruturalismo de
Lévi-Strauss. Em seguida, examinaremos o conceito de estrutura
apresentado em alguns dos modelos teóricos de análise voltados
para a particularidade do evento: isto é, no modelo hermenêutico
de Geertz, na estrutura da "longa duração" do historiador Braudel
e no modelo da "estrutura da conjuntura" que devemos a Sahlins.

o estrutu ral ismo de Lévi-Strauss

Lévi-Strauss, herdeiro da Sociologia comparada de Durkheim e


de Mauss, dos fatos sociais, dos fatos sociais totais e das representa­
ções coletivas, levou adiante um acervo nitidamente francês de idéias,
ao qual incorporou os princípios da lingüística estrutural deSaussure.
Inspirou-se no tratamento lingüístico dos fonemas para ver nas re­
lações sociais suportes de significados atribuídos que permitem des­
vendar os códigos sistemáticos da comunicação social.
Para o autor, o âmago da argumentação teórica reside no concei­
to de estrutura. Ele não considera estrutural, como Radcliffe Brown,
apenas uma constelação empírica de relações sociais,2 formando re­
des sistemáticas de relações funcionais diádicas, e afirma não lidar
com uma noção empírica construída pelo pesquisador, mas descobri:
pr0.E�ieda4�s sens�veis _��bjacentes enconh.:.'!4.éls univeJ:"s_�lment� nas_
fi�g���ens humanas. Essaê..E!0priedades, que ele procura tornar in­
teligíveis, antecedet.n_ ª dg� : "Ou o termo estrutura social não
temséntido oü este-�·���� �entido tem já uma estrutura.3 "
Há, segundo Lévi-Strauss, uma dimensão inconsciente nos va­
lores ��'=_ _�e..s�l���t(l�_��.E2.�_��9ades, inerente ao funcionamento
__

da mente e mascarada J?0 r_�.xplica�_!?_�ªfjQnais.,_Q�amento,


denornrnador - uni���;�l da condição humana, atua substituindo o
§..rrlpo!f�fu'=_!l!�
_ _ -�p:o
�_�.�:a��_ ���ª!!i.�9 e pr��c�it
r��p�0!t���.!2S
culturais sistemáticos. Têm estrutura os sistemas de sigI1ificaci2��e
I? ro�ovem a passagem da ordem natural para a ordem cult.t:I!_a.��. ��.­
leci()�.'l�� � �.<?1l1 ce�t� libe�d�de de escolha, regras escolhid_él� .eDtre
_ _ _ .
um número finito de alternativas possíveis e criando um universo
- -
d� ��g��s co��nic ãdas à ��neira de uma linguagê �}i� ��
� 5! a qual

94
ignoramos a gramática. Além das paradigmáticas estruturas do pa­
rentesco, o autor menciona, em diversas obras, mitos e ritos ou a
arte, os jogos e a cozinha, como exemplos de "passagem" estrutural.
Cronologicamente, o primeiro dos códigos sobre o qual o autor
se debruçou foi o sistema de parentesco . Na obra clássica: As estru­
turas elementares do parentesco, cujo título lembra as Formas elementa­
res dti v{àiúelígiosâ de Durkheim, ele definiu a vida social do homem
- -

a partir da proibição universal do incesto que, interditando mulhe­


res nascidas no grupo como parceiras sexuais, vinculou por afinida­
de, na troca exogâmica das mulheres, um homem, a mulher doada,
progenitora eventual dos descendentes da família, e o irmão doa­
dor de esposa. Considerou estrutural não a rede observada das rela­
ções . entre o� membios '" de --uma famfÜé:l--biofógica como
RadcÚff��Brõ�n, m�s o fei;Z� d� r�í�ções sociais imp íeme�t��d�- �
- - . - . . - . - - _ _ o

cÓ�_igõ -d() par�nt����: --·-- - - - --_· - - -- - - -


Ao analisar os processos mentais que resultam em linguagens e
códigos inconscientes _reco.!.tando �_ realidade objetiva, Lévi-Strauss
argumenta que não dey.eríaIJ1o� C:�l1Sic!�!�!_as _representações indíge­
nas ape��� �?��_�ti1ité�ri�s: _�()���_�� !:t2J:l1ens observam, comparam,
associam elementos análogos, . opõem, diferenciam, e classificam, de-
-
���� �����
fi --9r �� � �xis._t��_���p��
, d�- �od o- � �ã slçãolmaginada por
LévY:1:!!:!-!lU e�!!,� �� s�P.Q�!.�_!!!:,,!�!���li�ade .9:� mente primitiva e
_ _
--------.----
�_�º.�I}S-ª1l!§lto çientífis2:..
As cla?sificaç�e� taxonômicas analisadas no Pensamento selva­
se11!4 satisfazem a necessidade de conhecer e explicar o mundo. Ci­
entíficas ou míticas, ao expressarem estruturas profundas pouco
afetadas por circunstâncias ocasionais, elas traduze� em term<.2,.s
_
inteligíveis a percepção de propriedades sensíveis.
Assim a eficácia do pensamento mágico reside na crença da co­
letividade, em suas representações, e descobrimos uma lógica do
concreto, emaranhada em imagens e elaborada por "bricolage", ape­
nas menos exigente que o pensamento científico em suas verifica­
ções causais .
Por sua vez, o totemismo, ao qual as primeiras gerações de an­
tropólogos recorreram para entender gênese e organização do pa­
rentesco nas sociedades primitivas, perde, no estruturalismo de
Lévi-Strauss, o status de questão relevante, ao forçar correlações

95
alheias às representações indígenas da realidade. "A ilusão do tote­
mismo " e o "caráter suspeito da hipótese totemista "S são expressões
usuais na obra do autor.
A tarefa que Lévi-Strauss empreende começa pela observação dos
significados etnológicos nativos, propriedades sensíveis que o homem
percebe no mundo e elabora intelectualmente, identificando e com­
parando termos discretos pensados como afastamentos diferenciais.
A forma assumida pelas estruturas na análise depende dos valores
etnológicos identificados e dos significados mediadores implícitos
traduzidos na representação do modelo. Não há confusão possível
entre objeto de estudo empírico e modelo sincrônico. Assim, na obra
O cru e o cozido,6 " a noção do cozido", contraposta pelo texto dos mi­
tos à "noção do cru", o autor delimita, através do fogo culinário (ter­
mo mediador) o campo semântico dos alimentos que, pela cocção,
atribuem superioridade cultural aos homens sobre os animais.
Suas representações das estruturas, dissociadas da realidade
empírica, "dissolvem"7 os elementos relevantes, como se fossem mo­
léculas num líquido e constroem agenciamentos sistemáticos abstra­
tos que procuram atingir e definir elementos invariantes universais
próprios ao pensamento humano. Transformam uma realidade com­
plexa e incompreensível noutra modelada, complexa ainda, porém
inteligível. Fundem conteúdo etnográfico e forma do sistema, sem
que a construção do modelo teórico afete a realidade empírica.
No caso da estrutura dos mitos, mais complexa do que urna estru-
·
!W"� ��_�é!!��t��
__ �@�TI;�:i��li;��ap���s �1g�in�s� �à�
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propriedades perceptíveis( seja nas ver?ões comparadas d�s. ����os
mTt��,- ��ja em �utros Irlitos das mesmas sociedades ou em mitos de
SoCféd�d�s��kilias. E tod��it�s ii�nam oi;�;�-outro ;s-=
pect� d� 'e�trutw'-
. . . - . .. . . - ... . - "
� ���id�;��;'-Lé�i:St;:���-p��p�,-��t�;;a

imagem
. . .. _ ... . " . � . . " . . . " " -
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de urna nebulosa, nítida e o�anizada em seu núcleo, confusa e incerta


�- pe rif��f';' p
���-�a �a�t�;i;�r - �� �bk�o p�cª��-ª·e:e.�_�<l�---
O termo evento só aparece episodicamente na obra . Lévi-Strauss,
como vimos acima, investiga o modo corno os homens pensam seus
códigos sociais de comunicação e analisa os sistemas de significa­
dos atribuídos às estruturas. Quando surge o termo evento no texto
é, por exemplo, vinculado a fenômenos como a produção circuns­
tanciada da obra de arte, só parcialmente temporal.

96
Efeti�������� m�c!el� ��_���turalista privilegia os �:�ômen�
i��c:.i���e� ip\7�riantes, os elementos uniy_e��_�i� ._a�_s.C?!'.r�.! �.��!i
_

si�crô�cas enn.:.��_ignifi��dos!.as_ �ed.iªçQes abstratas que escapam


� .t�J11p�!ªJic:l.ade e relegam a diacronia a um plan� .�� _'l�a_I p()'1.�_(). �e
recorre. Não é qu�_o autor renegue o efeito modificador do tempo
s obre �-s c:�nte Íí d_?_�_����_���.�'?�� _Ee.I? c o.�t��,::�,'?.!_r.��?!iheceguepe­
q��_rlOs .sr.upl:)s isolados da humanidade desenvolyer�m .�aracterís-
ticas p!..�!i_���� E:l!.!hares._ci.e_.�n_os,. ��, para ele, a dimensão
te.�por�l é ape?éls. a di!llensão do que é biográfic? e._a���ótico.
Posteriormente, incorporando o papel da mudança sobre as es­
truturas sociais, acrescentou uma diferenciação entre sociedades
"quentes", abertas à mudança estrutural e sociedades "frias", me­
nos permeáveis às alterações. Formula, contudo, a ressalva de que
os acontecimentos ocorridos numa sociedade complexa quente tam­
bém cedem o passo diante da relevância das questões estruturais,
mesmo reconhecendo "para si uma dimensão histórica" .9
O antropólogo estruturalista, em seu método de análise, afirma
a prioridade do que é perene e totalizador sobre o que é acidental e
histórico, mesmo que o ponto de partida para a construção dos mo­
delos derive de um conhecimento minucioso de pormenores parti­
culares influenciados pela temporalidade .
Assim sendo, a análise estruturalista permanece sincrônica. De­
sempenha um papel mediador entre realidades permeáveis à ação do
tempo e abstrações que despojam as estruturas de conteúdo signifi­
cativo. Lévi-Strauss reduz tanto o papel da temporalidade, absorvida
pela análise teórica, que enfatiza um poder da sincronia de detectar
vestígios de eventos históricos inscritos nas estruturas. Exemplifica a
afirmação citando o caso da dispersão das tribos ameríndias e dos
vestígios de rotas de difusão entre a América do Norte e a América do
Sul, patente nas múltiplas semelhanças das estruturas míticas (cf. A oleira
ciumenta).lO Acredita ainda poder elucidar, pelas alterações estrutu­
rais nas regras de matrimônio, problemas históricos delicados como
o casamento de bastardos reais que apontam propriedades originais
das estruturas mais explícitas que os próprios eventos e decisões po­
líticas que julgaríamos relevar da explicação temporal.ll
O problema da análise dos fenômenos temporais, que afetam os
conteúdos significativos dos sistemas, representa um ponto polêmico.

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Sartre, conterrâneo e contemporâneo de Lévi-Strauss, um estudio­
so para quem o método totalizador por excelência residia no exerCÍ­
cio da razão dialética aplicada ao estudo da História, foi escollúdo
como interlocutor preferencial por lidar com um elenco de elementos
comuns incorporados em perspectiva oposta. François Dosse, aliás,
cita as palavras de Jean Pouillon que, convivendo com ambos os au­
tores, poderia ter ficado esquartejado intelectualmente entre perspec­
tivas antinómicas: "É agradável dar atenção a um ou a outro sem
perturbações de visão, pois quando um está presente o outro não . " 12
Na visão de Sartre de um destino histórico obrigatório para
o conjunto da humanidade,13 não obstante acontecimentos for­
tuitos ou desvios individuais de pensamento, encontramos uma
teoria totalizadora que diverge substancialmente daquela elabo­
rada por Lévi-Strauss . Trata-se de uma visão dialética temperada
pela crença na importância de existir e de pensar ou pela recusa
em dissolver identidades individuais que são fontes da percep­
ção existencial (cf. La nausée), já que a imagem do inferno é ter de
se ver através do olhar crítico dos outros (cf. La p. respectueuse) . O
antropólogo critica, portanto, além do mito de uma humanidade
restrita às sociedades ocidentais dotadas de história, análises equi­
vocadas do uso da razão analítica (qualificada como método pro­
gressivo-regressivo) ou armadilhas advindo de um Cogito que
opõe a noção do eu e aquela dos outros, quando Sartre generaliza
sua versão particular dos fatos .
Lévi-Strauss sublinha ainda a subjetividade inerente a todo re­
corte histórico, e diferencia uma história biográfica e anedótica, "fra­
ca" por estar presa aos eventos, de uma história "forte" inteligível,
porém esquemática e despojada de conteúdo, concluindo: "Desde
quando a procura pela inteligibilidade chega à história como seu
ponto de chegada, é a história que serve de partida para toda busca
de inteligibilidade".14

Estrutu ra e evento na obra de C l i ffo rd Geertz

Quando apresentou, em 1973, uma coletânea de ensaios pro­


duzidos ao longo de quinze anos de investigação etnológica, Cli­
fford Geertz redigiu para A interpretação das culturas1S um capítulo

98
introdutório intitulado: "Uma descrição densa: por uma teoria inter­
pretativa da cultura", onde explicitou como entrelaçou conceitos etno­
gráficos complexos na elaboração de sua teoria.

o conceito de cultura que eu defendo, e cuja utilidade os ensaios abaixo

�. tentam demonstrar, é essencialmente semiótica. Acreditando, como Max


�.� Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que
ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise,
"'1-- portanto, não como uma ciênc�'!��!iITI.�!ltal em bu�_ca de leisLmas como
uma ciência interpretativa à procura do significado.

Rechaçando conceitos muito amplos, "pot au feu ", de cultura, como


a "miscelânea elaborada por Tylor", prefere um enfoque mais preciso e
analisa sistemas de significados entretecidos numa teia que, apesar de
sistemática, não ostenta uma coerência absoluta, inverossímil.
��ras se apresentam par�_G�!"!�'?ÇlQl<.?}"E.l.a_ 9.��!§temas
��s..������.?_s", " sis te_��s ��!�laSé1.cl5?s_5.l: � .?�gf!ºêjf.lJg!l'r�t���i �:, _

'�1L�_ef!tºê de atuaç ão" E.ªrª _()�_IIél!ºJ:"��': e _ cl_e. :'�ç��� _soc ÜÜ� _�irD.­ __

? ólicas'�: !�is �isteI!las �'s�_o públicos P?rqt1e o sigJ:1jficªdo o �'� �_ "!ll_<?­


delam comportamentos transitórios" . Ao interpretar costumes
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"opacos" de outros povos, o antropólogo procura " descrever com-


portamentos que evidenciam formas articuladas, instituições ou
processos". A noção de estrutura, recurso instrumental subordina­
do ao conceito de cultura, oferece subsídios práticos à análise dos
sistemas particulares de significados.
Diferentemente de Lévi-Strauss, Geertz evita recorrer a elemen­
��univ:.:�� i�_p!:,:��_,to��ar inteligíveis estruturas de significado nas
ações de atores sociais que são pessoas de carne e osso, e afasta-se,
- - -
assim,·
•- de grAn 4�� �Ô�"s
, t� óric � ��;d� �ne;alizações q':;'� d espojam
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�J:�efa interpret��!��_� '?�i.��e.��_�?colber_�ificados .entre " es­


truturas de significação" possíveis, em se deixar guiar pelos atos dos
'
sujeito� ob�ervados ou as explicações dos info�mant�s sobre'Os moti­
vós'do s�� � oIllP �r,t��eJ:1t�. Assim, as anáÜs���0_�12�����:!�s��a .� 0
que acon.teç;e'� e desyenclél� .'!.t ló&ca jDfºrmél� cl9: vici_a_ r.�_�l", �E.e!,�r
de lacunas ou defeitos no "texto" ou contexto a ser lido.
----
-'

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- - ' - - -- ._- ---- - -- -
-- - -- -- --- --

Numa cultura alheia, "estando lá" (em campo), o etnógrafo deve


"situar-se" entre informações obtidas que podem não ser de primeira

99
mão, orientar-se pelos atos, anotar o significado das ações sociais
particulares. Ele pretende entender os nativos, não tornar-se um na­
tivo, e traduzirJ� de �s!!:��.!�xto destinado aos leitores do
r=��� Em s���J.�!el_�������i.Ejl9.<?e�1. il1scr�ve, .111g!l�.�'.gescrição
densa" textual, o "dito no_ç!.i�'ll:!:�Q.�_�Ç!ªJ.'.' �.P.J:"O.fe!:!.r.él.}��)!ir todos os
s i��o�u� . �� ..�.���e..s. 9:a� "�"a.�a.s sociílis lhe atri���m. Os mo­
delos �()!1S.t:r:�ído� sã<? "fic ç ões", "algo modelado", não se . ��
dindo com o objeto de estudo . A análise antropológica empreendida
f���ecê imagens dos acontecimento� a partir de ações pa�ticulares
-

localizadas no temp o e "no esp �·ç o". El�'p�etend'e" "tra �" � curva de
u;;-Ji���-a�F"fi�á�io n�II1a forma 'inspe�ioná�ei;;: Inspir�d�
pela diacronia, oferece!,ia at�_1!.� ���E!,�.e �iI2�Eê>I1 i ��, �e a trama fixa­
.. . . . _
da não fosse tão facilmente diss_Q!y.i.cia em sua teIllE<?ral�:
.
A descrição densa que o etnóg!.�i().i:r:!.S_<:reve no texto, representa
ações sociais significativas interUgª-.d as de modo intrincado. As tra­
mas anotadas e interpretadas inserem-se na temE,oralidade do con-
-
texto. AsaÇÕes-sociãis-simbÓficas; im �egnad a� ; p j t�º--;-a l idade
arti u r
p _':... l"�!.� ���!!.�E.l�inal o t
_e.rru; mE"<?!"_�a..!.l1�f\_ º�. "!�_é.in.s. ܺriQ�.m..Qdg­
lados com um ': gE�u mínim9...9-�_c..Q.erêl1c:.iª��I .�m si..tlªl ç"Qes ��.Ei�
ãnãTisãd��-'p�; um olhar sincrônico, mesmo que o etnógrafo evite
arrumar "entidades abstratas em padrões unificados" ou "construir
representações impecáveis de ordem formal" .
Numa obra como Negara 16, Geertz estuda como o conceito de
Estado balinês construiu uma representação do "Mito do Centro
Exemplar", elaborando a imagem cerimonial do rei, numa corte do
século XIX, que era a encarnação material da ordem política e o mi­
crocosmos da ordem sobrenatural. O antropólogo examina a inver­
são estrutural dos valores numa sociedade hierárquica onde
cerimoniais da corte e rituais de massas constituíam a força motora
de um Estado Teatro. O ritual da cerimônia de cremação do rei de­
funto, por exemplo, ilustra a descrição preconizada por Geertz: mi­
nuciosa, atenta à seqüência dos gestos ou ao sentido atribuído a
cada comportamento, iluminando sentidos implícitos.
As estruturas de significados do passado oferecem esteio à aná­
lise dos sistemas políticos, operam a "tradução intercultural da sim­
bologia política", que é ideologia política, já que formas da sociedade
constituem a substância da cultura, que fluxos de comportamentos

100
articulam as formas culturais, e que "compreender a cultura de um
povo expõe sua normalidade sem reduzir sua particularidade ".
O termo evento, um acontecimento ao qual se atribui significa­
do especial, aparece pouco na obra de Geertz que focaliza aconteci­
mentos, ocorrências e fatos, tramas etnográficas menores em
sociedades obscuras, particularidades de pequena esc al a e contex­ ,

tos caseiros de eventos que seriam alhures questões cruciais . O con­


teúdo do acontecimento, porém, não destoa daquilo que Sahlins,
outro antropólogo interpretativo, chamaria de evento.
Quanto à estrutura, a noção apresentada não é muito entusiasta.
O autor refere-se a esse conceito como incluído entre os "megaconcei­
tos com os quais se aflige a ciência social contemporânea ", junto com
as noções de modernização, de integração, de conflito, de carisma e
de significado. Participa ainda de um "repertório de conceitos muito
gerais, feitos-na-academia", integrando uma lista onde estão arrola­
dos: símbolos, visão de mundo e "naturalmente a própria cultura".

Estrutu ra e evento na obra de Fernand 8 raudel

Os conceitos de estrutura e de evento que Braudel nos propor­


cionou, cedendo à atração polêmica de uma noção de estrutura
emprestada dos sociólogos e antropólogos, resultam da preocupa­
ção inovadora de um historiador com a repercussão de fenômenos
subjacentes sobre o modo de vida econômico, social e cultural dos
homens mediterrâneos.17
De fato, a noção de um arcabouço articulado de elementos, in­
trínseco aos comportamentos sociais, prevalecia na cena acadêmica
funcionalista, justamente quando, ao final da Segunda Guerra Mun­
dial, o autor trabalhava em sua tese sobre o Mediterrâneo. Ao abor­
��r a questão da permanêt:':ci�_�� fª-tºr�§ aql..!>ientais ou g,çQ.nômi�
que molda� compor���!!l�O! �Oc� ����r uma "longa duração", o
. .
autor criou
�. - � um conceito inusitado de estrutura social teml2.0ral.
.... . . . ._ . _ . . _� - --�- ,, _ . .- . _ ._ ... . _. .... _ ._ . . . . _ - - -- , . . . . .. _ . . _,_. � ._ . . . . . " ._._ ..- -.- . � - ....

Seu foco de análise difere daquele privilegiado pelo estrutura­


lismo clássico de Lévi-Strauss. São estruturais, para Braudel, as Ee.­
�rcussões sociai.s e culturais d�s_��ndições ec()lógicas, fat�w
pr?_<itlz�m modos .c!e vida e1ip.�E�fic()�,_ E:! �E:!_s.� ªP.!:22<i�ª--m uJ!l pou­
co dos e lementos sistemáticos de Radcliffe-Brown, . . - _... .._ .. .-
. ..- " ' . "

101
A estrutura, vista pelo autor, é a reconstrução dos aspectos siste­
máticos que possuem duração de permanência prolongada ou ação
pf.<?funda e que afetam a f0f!UY-�o� P�rio<iE�b!�!2�!s..��! contrast@do
com uma conjun!Ura 9.!:!� é breve am�!���_c!.� LatoE�s. .!�.?E.0nsável
.

por-ªE0nte�Lmentos fus.:a..�e�. !\p! �a�_�� _él� _estu�Q..c:i�_ f��Q.S_h!stóricos,


as estru�?s Q.�_sv�n<iarn_ "linb�_?e}'J..rça�'!. imEu.1si9D�I�LmQY�
tos econômicos ou sociais e criam sistemas de relacionamentos
- . - - .. - -. . _--váli-
. . . ... . .. . . .

dos pelo tempo �o impulso motivador. Diz o autor:

Para nosostros, los historiadores, una estnlctura es indudablemente un ensamblaje,


una a rquitetura, pera más a u n una realidade que el tiempo tarda enormemente
en desgastar y en transportar. Ciertas es tructu ras están dotadas de tan la rga
vida que se conviertem en elemen tos estables de una infin idad de generaciones:
obstruyen la história, la entorpecem y, por tanto, determinam su transcu rrir. Gtras
por el contrário, se desintegram más rapidamente. Pera todas elas constit uyen a I
mismo tiempo, sostenes y obstáculos.18

Recortes significativos, flutuações, movimentos, ritmos, ruptu­


ras ou pontos de inflexão, alterando o direcionamento das políticas
sociais e econômicas, são analisados. Há um leque de histórias si­
multâneas que obedecem a ritmos e velocidades próprias aos even­
tos. "Seria muito bom poder conduzir-lhes a um ritmo maior" . É
necessário identificar os fat?res geopolíticos..9,ue atuam para mode­
lar a vida do? !':omens. A pressão de excedentes demográficos de
população, por exemplo, foi uma força atuante no século XVI, sobre
os sistemas agrários, afetando a competição entre cidades pela pos­
se de cereais. 19
2]
Natlonga du!"ª@ , o "tempo como medida ", tornou-se ins­
trumento de uma Nova História Econômica e Social voltada para
problemas de natureza histórica. "O importante é este leque aber­
to, este intervalo considerável de durações, uns em consideração
aos outros: tem valor de estrutura."
Recorrendo ao critério da medida de tempo para avaliar o que é
relevante, o autor distingue patamares de duração: o tempo quase
parado dos fatores climáticos ou das condições geográficas, repeti­
tivo ou muito lento, filtrando uma certa história dos homens, o tem­
po lento dos movimentos que afetam os destinos coletivos mudando
a vida social ou econômica, ou aquele da história tradicional, "ferven­
do" que pertence "à dimensão não do homem, mais do indivíduo" .

102
Paradoxalmente para um historiador, Braudel se confessa pou­
co amigo dos eventos que são poeiras, luzes rápi das faiscando e
desaparecendo sem deixar vestígios. Escolhe assumir a tarefa de
identificar, classificar e confrontar séries encadeadas de conjunturas
e de estruturas:

Je suis 'structuraliste' de tempérament, peu sollicité par /'évenement, et tl deml


seulement par la conjoncture, ce groupe d'évenemen t de même signe. Mais le
structuralisme d'un historien n 'a rien à voir avec la problématique qui tour­
mente sous le même nom, les autres sciences de l 'homme.

No entanto, mesmo que fatores ambientais instiguem a ela�


b oração de soluções sociais e .��<?� ���cas .par� _��nt9E.l2�r dificul­
dades .�s>líticaS.Jne.�mo que as maneiras de viver pensadas
- - _. .
. .. ...._-_-.!._-..,.- .

pelos i.ndi:y'íd':l0_s organizem as sociedade � ' E��m���c� -o . �.a.r � � � r


- .. . ... - _ . . -_ _-_

_ .
exterior das l�l2.h as d�.Lo_rçéls ritmícas que atuam, estn.�turaIl �'? o.
tempo � .<:>_ e.s..r...a..<I2 . 1!Y!.l}.!lDOS .
Ao apontar, em análises diacrônicas, elementos que fornecem
arcabouço, influenciando de fora para dentro o modo corno as socie­
dades organizam suas vidas numa região peculiar e urna temporali­
dade específica, as estruturas da longa duração elaboram um conceito
de estrutura histórica que difere consideravelmente das estruturas
universais inconscientes de Lévi-Strauss ou da teia particular de sig­
nificados densos que Geertz tece em sociedades longínquas.

Estrutura e evento na obra de Marshall Sah lins

Nos anos 80, o antropólogo Marshall D. Sahlins20 preocupou­


se com a investigação de situações de encontro cultural que afe­
tam as estruturas sociais nativas . Verificou que o contato entre as
visões do mundo de povos diversos pode acarretar problemas de
comunicação e transformações importantes para as sociedades es­
tudadas. Dedicou-se à elaboração de um modelo inte1)?retativo da
II
...... . .. .
- _ .-..... ......-. _ ---- _ .. ....... ..
- �. -, ..... -
. - _.- . -� _ --_ _- . . . .. - -,, -,-,-_.- ...........- ,

ordem cultural" ,,4.e�ti.I1��<? _� c él.p tar ef�!� d o. _c.?�!é\�<:>_ ��!�.r�!!.1:l.:­


ral sobre as estruturas
• . . _ "-�.----- ... . -- �- '

N. E. (tradução da citação) - Eu sou 'estruturalista' de temperamento, pouco solicitado


pelo acontecimento, e somente pela metade pela conjuntura, este grupo de acontecimen­
to do mesmo signo. Mas o estruturalismo de um historiador não tem relação com a pro­
blemática que gira sob o mesmo nome, as outras ciências do homem.

103
Em sua obra, encontramos o conceito de uma estrutura feita
dos "esquemas culturais" da "ordem cultural" que sugere valores e
significados, e serve de referência para orientar "projetos de ação
simbólica". No diálogo intercultural, o indivíduo avalia a eficácia
das respostas obtidas por suas ações.
O antropólogo centrou O foco da análise num caminho de idas e
voltas entre uma cultura concebida como quadro referencial e ações
sociais episódicas. Enxerga nos mitos simbólicos uma fonte inerente
de compreensão do "mundo refratário" que contém uma realidade
implícita no oder dos mitos.�_�ignificar e orientar a ões. Ao en­
�rentarem situações imprevistas, in iVldu�.:���.,!'p os de it:Lsliy��
r�m situap�ticas; a��!:����s. ..��_ �.�pressam sob form<3._�
':mitopráxis" e a ':ráxis"
E f�_z-s��çã? ::r:��a. f?_ri.c a ".
_ _
Sahlins não considera que as estruturas semióticas da ordem
cultural sejam monolíticas, intocáveis e de coerência perfeita. Na
12.rática, há sempre um "ri��.?_da_ação" afetar a es!��,:�� q�� .não é
�ne à ação da história, pois, quando a interpretação mítica sere-=­
- - -- - ----
Y�Sl-l!iy'ocad� os hOJ!léns 'altéram seus rumõs.- · ·. ---
' ' '
.. Mas todas as socied ��� ão ofer��e �
� � �� ;ma permeabilida­
!,ie à mudança estrutural. Algumas são "prescritivas" e protegem
'l ,
seu campo semântico tradicional, outras ditas "performativas" pa-
recem propensas à reorganização dos valores segundo circunstâncias
contingentes. Sociedades prescritivas atribuem muita ênfase aos
elementos " cosmológicos" revividos nos rituais, contornando assim
o efeito do impacto dos eventos. Sociedades performativas privile­
giam, nos eventos, "incidentes" que se tornam "paradigmáticos" .
Quando Cook, primeiro navegador ocidental a descobrir a Po­
linésia, chegou ao Havaí, em 1779, os indígenas recorreram a ele­
mentos de seus mitos tradicionais, para interpretar o sentido do
evento. O capitão inglês começou dando uma volta de reconheci­
mento da ilha, em sentido horário, e era signo de tomada de posse.
Chegava na época do festival primaveril do Makahiki, da vinda anual
do deus Lono trazendo paz e fertilidade para a ilha. Em razão dessa
e. de outras coincidências, foi recebido e adorado como tal. No fim
do festival, a retomada do poder pelo deus da guerra e seu repre­
sentante, o rei, simbolizando a apropriação humana das benesses
divinas por um chefe usurpador, colocou o navegador em situação

104
de "risco referencial", e ele foi morto ritualmente, identificado como
uma ameaça ao poder político real. 21
Sahlins, como Geertz, constrói um modelo focalizando o dis­
�tl!SO � o.c ial. �?!:_tic!o n��E�:!os �. r:'-?_� ,mi!os e explica comportament�
�os._ Mas os conceitos que elabora incorporam ainda outras in­
fluências. Além de considerar a lingüística estrutural de Saussure, e
a perspectiva da longa duração de Braudel, o autor compartilha com
Marx uma visão dialética dos relacionamentos estabelecidos entre
os interlocutores. Diverge, no entanto, das premissas marxistas que
privilegiam a dimensão econômica em suas análises.
Assim, Sahlins desvenda motivos culturais para explicar atitu­
des e fatos da economia. Percebe-se, em sua obra, a influência do
conceito de estrutura elaborado por Hocart, precursor inglês dos
estruturalismos semióticos. Com efeito, na visão desse estudioso cedo
desaparecido nos anos 20 ou 30, os mitos não constituem relatos
históricos deturpados ou atividade mental distinta:

Nós ainda não conseguimos tratar a religião, o capitalismo, a linhagem


como sendo simplesmente as fôrmas destinadas a modelar os indivídu­
os, como também suas açôes recíprocas.22

A ênfase de Hocart sobre rituais tradicionais dramatizados, que


evidenciam estrutura ou sobre mitos que proporcionam conhecimen­
to, resulta num conceito sahliniano de estrutura aberta à mudança
dos conteúdos culturais e apenas relativamente sincrônica.
Por outro lado, a idéia de esquemas culturais sistemáticos e dia­
léticos que se expressam em ações e se transformam agindo, esten­
de ao plano da teoria a descoberta, por Hocart, dos cuidados
necessários à tradução de termos de parentesco, evitando-se trans­
ferir ao conteúdo do termo apenas o primeiro sentido localizado. O
que era procedimento metodológico na procura do sentido de uma
relação de "Tama23", na Melanésia - menos pai do que homem da
geração do pai - parece constituir um procedimento cognitivo usual
à construção de representações culturais, num trânsito de mão dupla
entre estrutura e ações.
Em conseqüência, na efetivação de ações singulares, diacrôni­
cas mesmo quando recorrentes, o evento interage com o sistema
sincrônico. Ação simbólica e estrutura semiótica trans formam se -

105
naquilo que lhes é dado como interpretação, penetram a cultura
como instância de uma categoria sistemática recebida, poten­
cialmente transformadora. "No evento o discurso traz o sinal de
'novos' conceitos de uso, gerando contradições que podem ser abran­
gidas pelo sistema".
Semelhante mediação ocorre numa "estrutura da conjuntura"
destinada a avaliar riscos simbólicos e confirmar ou rever a eficácia
das ações, num contexto interposto entre estrutura cultural e ações
práticas. A "estrutura da coni untura�'-!.�tr�..t.�gica,..l2.ªtliçjJ2.ª. simul­
"
taneamente da t�p�
ralidade dº event<?_� do }�noI9.���l�,� __

relativamente
.....::;""..;.::'...:,:_;; duradouro,
... .. ..;:.,:.....:..� que as estruturas culturais fornecem.
__",...,..�"::. .
� ____�= _ __ . � _ .� . , __ _ _ .. .
_� . , . _ . _ . _ � _ _,
. j -I' .'�,. :!:-,'.,��

Padrões de comportamento que perduram oferecem uma ação


temporal, suscetível de ser analisada na diacronia e na sincronia.
�? ç9!:ltato cultural, a "estrutura da co_z:ti���él" �o��a��.�!ns!�n­
to de análise bastante sutil, reconcilia as dimensões antagónicas da
- - '
p
�nia e d� �i;c;�;'i� � � ;�t�-;'i��id�ntes paradigmáticos" êôm
poder dê' .retocar as estruturas, sejam as transformações mudancas �
de
�E�!!�.Q.l.!_�!!���ç.õ�.��I}Q,E.�s . M,,-s_ ��i�.!�I!l .!a rn�é rn 'p'er�.él!l:���!­
--.. -.---- . . - . . .. - . -- - .... - - -... .. . . . . " . . . . . . ". ". - .- . '''-- - ' ' - ' ' '-'

as que podem alterar o sentido das estruturas: "Quanto mais muda,


'
�aiS-fiéa iguãl" ,'iembra�nõs SahÜns � a��e�� entando: "Eu argumen­
to em capítulos que se sucedem que, para adotar a citação espiri­
tuosa de Jean Pouillon, é melhor inverter a teoria: 'Quanto mais fica
igual, mais muda"'24
.,- .. ... ._- , . " ._- � #�,-- - _.-..

Estrutura e evento numa área interdiscipl inar

Vimos, nos resumos apresentados acima, de que maneira alguns


antropólogos e historiadores elaboraram modelos teóricos de grande
repercussão acadêmica em torno de noções de estrutura social bem
diversas umas das outras. A questão que se coloca para nós, agora, é
de saber como interpretar a discrepância entre conceitos que deve­
riam oferecer maior consistência e semelhanças. Afinal tamanha dife­
rença entre formulações poderia afetar a relevância do conceito.
A leitura das obras de Lévi-Strauss, Geertz, Braudel e Sahlins
situa nossas indagações estruturais no terreno atual do flerte de
reaproximação entre a sincronia e a diacronia, no centro do diálo­
go apaixonado travado entre a História e a Antropologia numa área

106
de fronteira interdisciplinar. O desafio colocado por uma noção de
estrutura social abstrata, destinada a explicar padrões consistentes
de comportamento reconstruídos em modelos teóricos desvincula­
dos das ações empíricas, evidencia o interesse desse diálogo.
A reflexão disciplinar conjunta, sej a empenhada numa abor­
dagem sincrônica aplicada à realidade diacrônica, seja preocupa­
da em preservar uma visão temporal dos fatos no âmbito das
generalizações sincrônicas, envolve a discussão da abrangência dos
elementos que estruturariam a vida social humana . Seriam as es­
truturas sociais un_iy.!��� ��_p.�tic1:l1�!es? .?st�:iam elas restritas
aos significados culturais elab?rados pela mente humana ou tam-
�ém ��_�_����J.� �l!l_ ,,9.l!�
__ §�t
. ��9 id,�XL �. �Ç,� �9.�_ ! ernas ? Até
qu e p onto est!,I'j�.E!_�!�� '!��E!�S. .�.���_�!�lid���.�� :y;.nt� Como

conciliar a noção da universalidade de uma estrutura social com a
noção de sua duração finita?
Entre as propriedades atribuídas às estruturas, verificamos a
oposição clara, nas teorias examinadas, entre uma estrutura que pro­
vem do funcionamento interno da mente humana universal, na obra
de Lévi-Strauss, e outra estrutura impregnada de temporalidade que,
na obra de Braudel, procede de fatores geopolíticos externos e influen­
cia, de fora para dentro, a morfologia da vida social.
De fato, logo após a Segunda Guerra Mundial, Braudel procu­
rou estender o uso do conceito antropológico de estrutura à com­
preensão histórica dos eventos. Implementou um conceito de
estrutura que recortava a experiência social e serviu de medida tem­
poral aos fatores que influenciavam os destinos coletivos. Distin­
guiu uma " longa duração" imobilizada p o r circunstâncias
ambientais, alheia à ação individual, de uma história econômica e
social de "média duração" e de uma "curta duração" epidérmica e
volátil, feita de eventos. Avaliou ritmos e velocidades diversos de
transformação, organizou o tempo pela resistência das formas siste­
máticas ao desgaste.
Há certa semelhança entre o que Radcliffe-Brown chama es­
trutura e a "longa duração". Os elementos estruturais do historia­
dor organizam formas de vida social num plano intermediário de
abstração. Envolvem redes de relacionamentos observados empi­
ricamente. E de fato, as limitações impostas pela natureza ambiente

107
e os conhecimentos tecnológicos incentivam respostas culturais dos
homens e jeitos recorrentes de atuar sobre o meio ambiente que são
incorporados nos relacionamentos sociais.
O conceito de Braudel pressupõe a existência de pontos de rup­
tura históricos que obedecem a lógicas próprias, implícitas, estrutu­
ram a imobilidade da duração e resultam num instrumento valioso
de análise sincrônica da diacronia. Permitiu efetivamente superar o
tratamento "biográfico e anedótico" das histórias "fracas", pouco
explicativas, tão cr.iticado por Lévi-Strauss. Contudo, ess�.<:'0r:tc:.Eillo
s�afasta do universo dos processos _t.:I)��_t9-j���í!.ut����ist�«;_�s
es ��ras inco�si,�ntes 4.QJ2..�D§ii_:m�.I}tº_ql.!�..2�r.a � �.E.�. ssagem da
� �i =��
r:t� r � Lo�§gi��.,h�_�llil.E!l_��..�A ?�_�i.? . n. :�fy"'��.�� ���-c� -
��i
�urais. Em suma, os dois autores analisam objetos distintos, não obs-
tante o fato de ambos investigarem a lógica abstrata que rege a
morfologia desse objeto.
Num ensaio sobre "A longa duração", publicado originalmente
em 1958, na revista Annales, Braudel solicitou Lévi-Strauss : "es impo­
sible que la antropologia, aI ser - como acostumbra a decir Claude Lévi­
Strauss - la aventura mismo dei espiritu, se desinteresse de la história ",
acrescentando: "Pero de hecho, ningún estúdio social escapa aI tiempo de
la história ", "Estas páginas constituyen un llamamento a la discusión ".
Mas o interlocutor preferencial de Lévi-Strauss para discutir a ques­
tão de uma perspectiva totalizadora do comportamento social, sin­
crônica ou diacrônica, não foi Braudel, foi Sartre .
Lévi-Strauss percebeu o potencial contido na transposição do
modelo da lingüfstica estrutural de Saussure à vida social concebi­
da como linguagem. Descobriu que eliminando acidentes tempo­
rais de percurso poderia chegar a conhecer a articulação profunda
dos valores nos sistemas culturais, uma articulação mediadora en­
tre o conhecimento anedótico pouco explicativo e a percepção de
formas esvaziadas de conteúdo. A estrutura que almejou atingir,
desprovida de espessura diacrônica por definição, pretendeu evi­
denciar a racionalidade dos sistemas culturais
Sartre, pelo contrário, via na História o acesso, por excelência,
ao sentido dialético que direciona os relacionamentos sociais e pro­
picia conhecimento. Lévi-Strauss o acusa de se tornar refém das ar­
madilhas de uma identidade pessoal etnocêntrica, restringindo a

108
visão totalizadora do homem a um só entre os modos históricos ou
geográficos de seu ser e desprezando as sociedades sem história,
enquanto que a verdade do homem reside no sistema sincrônico de
suas diferenças e propriedades em comum. 25
A análise s�crônica c;l..�b�y_i-.$Jtll�_�_nã�.!1Iél: a temporal����
i��r.ii1Je ao objçto �J.l)l2jrJc.:: o. sobre o q1:1al _��_ 2e.!'.ruça, apenas ��_z,
no plan..9_��..�n3.J���L05()I?P_<?�té:t�ento .h��<l:l1o �J9!�.�j!:l-J�H&v.�1
dé!s. regr,as_�!�b9t:�5!as.,.p�l<?1> .siste�élS_ c)!l�Eé!is a_ fim de substituir
� �mport�mentos t:i�I5'�ca�t;�te p're.s.���!�: M��, �bdi�da análise
diacrônica, procedimento metodológico capaz de evidenciar elemen­
tos pertinentes pelo viés da morfologia e de resgatar aspectos inusi­
tados de temporalidade registrados nas estruturas, também introduz
uma ambigüidade fundamental. Pois, permanece a questão de sa­
ber até que ponto é possível uma sincronia absoluta eliminar, sem
dano, a dimensão temporal no interior do modelo.
A idéia da passagem de um estado de natureza para um esta­
do de cultura implementa, deveras, o equívoco entre um concei­
to da passagem como fato histórico ou como artifício retórico.
Mas tal limitação poderia tornar-se um trunfo analítico, e o argu­
mento do autor de que esqueceu de assinalar inicialmente que
jamais considerou o advento da proibição do incesto e a troca de
mulhere� entre grupos aliados como um fenômeno históric026 não
convence plenamente. Lévi-Strauss coloca o modelo estruturalis­
ta sincrônico num plano semelhante àquele do livro do Gênesis,
ao apresentar uma visão da Criação classificando e ordenando o
mundo que subentende a ambigüidade de um momento efetivo
de emergência.
Causa também reflexão a diferença entre a estrutura abrangen­
te de Lévi-Strauss e aquela particular e restrita desenvolvida por
Clifford Geertz.
Geertz, antropólogo hermenêutico, teme fechar a análise cultu­
ral no esquematismo, "longe de seu objetivo correto: a lógica infor­
mal da vida real", e não se restringe à procura de estruturas
inconscientes universais. Os fatos particulares despertam sua aten­
ção, e é no plano da temporalidade inerente à vida observada que ele
privil�����Es� ,�2ac!()nica. El!l �e�.�odelo �.�mi�tico, ,���­
_ _
to para �alisar}���menos c��rais, também lida com parentesco e
_ _
109
mitos, cultura e natureza, mas é o "dito no discurso social" que o
preçcupa, a tradução de conflitos de idiomas entre atores de dra­
mas sociais menores e exóticos.
Ele apenas decifra significados intrincados numa leitura de tra­
mas que é sincrônica por oferecer um conjunto de significados cor­
relacionados, mas permanece diacrônica no caráter efêmero da
leitura. E ele situa seus indivíduos, por meio de descrições densas,
no seio da "teia de significados culturais que eles próprios teceram
e na qual se encontram amarrados", sem tratar a cultura como um
sistema de elementos isolados ou uma elaboração duradoura.
Parece que, na obra do autor, são os significados culturais dota­
dos de recorrência pela sua natureza simbólica que possibilitam
criar o conceito ligeiramente paradoxal de uma estrutura indubita­
velmente dotada do poder de estruturar, mas que molda somente
relacionamentos diacrônicos efêmeros.
O modelo teórico construído por Sahlins resulta também inter­
pretativo e semiótico. Porém opera, numa perspectiva de longa du­
ração, a partir do conceito hocartiano da estrutura onde mitos e ritos
moldam empreendimentos humanos permeados de temporalida­
de. O autor preocupa-se com a dinâmica do encontro cultural, com
o impacto do contato entre as culturas nativas e o mundo ocidental
e suscita uma vasta gama de questões diacrônicas vinculadas à
mudança social.
Sahlins aproxima "ação prática" e motivação simbólica recor­
rente numa "estrutura da conjuntura" que poderia parecer uma des­
crição densa, se não incluísse o confronto estrutural sistemático e
convincente entre ações e motivações "mitopoéticas" ou reavalia­
ções da eficácia do diálogo por parte dos interlocutores que põem
em risco os esquemas estruturais da ordem cultural.
Há no diálogo temporal entre uma estrutura abstrata oferecen­
do esquemas sincrônicos da ordem cultural e ações que são empíri­
cas e diacrônicas uma releitura dialética curiosa das premissas
marxistas. Mas, na análise de Sahlins, os imperativos econômicos ce­
dem a precedência aos mitos para explicar a "razão prática" dos fatos
sociais, encontrando na vida econômica, saussurianamente, um ter­
ritório fértil para analisar estruturas que participam simultaneamente

110
da vida cultural aleatória dos signos e do contexto enraizado na
dimensão utilitária.
As definições que Lévi-Strauss, Braudel, Geertz, e Sahlins ofe­
recem da estrutura social não se transformam em conceitos destina­
dos a analisar os mesmos fenómenos. Longe de demonstrar um
quadro caóti�9_AE! noções conflitantes utilizadas "a torto e a direi-
'§", p�..rec.� afin�l _ ��!�Ú�_�
qie�9_� ª'����� ���_��nas visa� empre �
ender o estudo de o�j�tos d!..����os de investiga�ão, encontrando-se
m��s c.omplementar�� � ? 'l.�e anta� ��!.c �� .
_. _ _ . .
Estruturalismo e antropologia interpretativa, mesmo recorren­
do à análise do discurso social, divergem em seu interesse pela
investigação de aspectos arrumados ou caóticos na organização do
comportamento. E a "descrição densa" das teias estruturadas de sen­
tidos ou a ação mítica metafórica na "estrutura da conjuntura", apon­
tam, ambas, para a interpretação de ações diacrónicas, fugazes, com
as quais o estruturalismo de Lévi-Strauss pouco se preocupa.
Nem Lévi-Strauss, nem Braudel, parecem alimentar dúvidas
quanto à adequação de seus conceitos ao objeto da análise e apre­
sentam definições primordiais de estrutura sincrónica. A estrutura
social de Lévi-Strauss trouxe consistência à reflexão antropológica e
a longa duração de Braudel urna vida nova à História.
Geertz que incorporou às análises culturais a presença do even­
to particular e temporal, em compensação não se diz tão satisfeito
com sua própria versão do "megaconceito" fundamental que "afli­
ge a ciência social contemporânea" . Urna insatisfação, aliás, que
coincide com o desejo de Sahlins de "fazer explodir o conceito de
história pela experiência antropológica da cultura"27, cujas conse­
qüências não seriam unilaterais, pois, "certamente urna experiên­
cia histórica fará explodir o conceito antropológico de cultura -
incluindo a estrutura" .
Sua idéia de urna Antropologia estrutural histórica na qual: "His­
toriadores desvalorizam o evento único em favor das recorrentes
estruturas subjacentes" quando "paradoxalmente os antropólogos
têm sido diacrónicos" explicita a volta a urna colaboração profunda
e necessária entre a História e a Antropologia, sem que fronteiras
entre as duas ciências humanas possam bloquear a reflexão.

111
A temporalidade, resgatada no âmago de significados cultu­
rais mutáveis, estabelece relações transitivas e reversíveis entre as
estruturas culturais e as atuações individuais, em lugar de relações
sincrônicas unívocas: uma situação que limita e dissolve a idéia pro­
fícua da estruturação. Fundir numa dupla lei�ra, simultâne�fu!9..s
�ricos e antropológicos representa, hoje, um�J'-e.�sE!,:ctiy'ª_Ç}!!e
impõe a seriedade da colaboração ���_':l�\Tel. �.J.ll Jrea de fr0!.l-!�i!"�
entre a Antropologia e a História' ���! E���X.�.? . ����_��ent..E:.�
_ _ _ .
Erecisa
-
ser inc0!E0rada à leitura dos documentos.. históricos e"' ,.----
---_._-
ao tra-
-- -----_._, ._----._ _ .�. .. . . . . . . . .. . . .

balho de _��I!l..E 9. �.!n9gráªS.o..

NOTAS
1 Segundo Lévi-Strauss, embora Kroeber tenha sido um dos primeiros autores a utilizar o
conceito de estrutura social, posteriormente ele se arrependeu vendo este conceito como
uma "concessão à moda" de sonoridade agradável e conteúdo utilizado "a torto e a
direito". LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
Tempo Universitário, 1970. Cap. Xv, p. 300.
2 Escreve Radcliffe-Brown : "Por estrutura social entendemos qualquer arranjo de pessoas
em relacionamentos institucionalizados ". RADCLIFFE-BROWN, A. R. " Sistemas afri­
canos de parentesco e casamento". ln: Rndc/iffe-Brown, antropologia. Melatti, J. C. (Org.) .
São Paulo: Ática, 2. ed., 1995, p. 111.
3 LÉVI-STRAUSS, C laude. Antropologia estrutura/. Obra citada. Cap. Xv.
• LÉVI-STRAUSS, Claude. La pensée sauvage. Paris: Plon, Agora,1962, Cap. I.
5 LÉVI-STRAUSS, Claude. Le totémisme aujourd'hui. Paris: PUE, 1969.
• LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido. São Paulo: Brasiliense, 1991.
7 LÉVI-STRAUSS, Claude. La pensée sauvage. Obra citada, Capítulo IX.
• LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido. Obra citada. Abertura.
• LÉVI-STRAUSS, Claude. História e etnologia. Textos didáticos UNICAMp, p. 25.
10 LÉVI-STRAUSS, Claude. La potiere jalouse. Paris: Plon, Agora , 1985, p. 179-180.
11 LÉVI-STRAUSS, Claude. História e etnologia. Textos didáticos. UNICAMP.
12
DOSSE, François. História do estruturalismo. I : O campo do signo 1 945/1 966. São Paulo:
Ensaio, 1993, p. 27.
13 SARTRE, Jean Pau\. Question de méthode. Paris : Gallimard, 1986, p. 147.
"Chaque fois que /'entreprise d'un homme ou d'un groupe d'hommes devient objet pour
d'autres hommes qui la dépassent vers leurs fins et pour /'ensemble de la société, celte
entreprise garde sa finalité comme son unité réelle et elle devient pour ceux méme qui la
lont un objet extérieur (on verra plus lain certaines conditions générales de cette aliéna­
tion) qui tend à les dominer et à leur survivre ". ( Tra d uçã o :
"Cada vez que o empreen­
dimento de um homem ou de um grupo de homens faz com outros homens
tenham como objetivo o ul trap as s em em relação à sua finalidade e junto à socie­
dade, este empreendimento guarda sua finalidade como sua unidade verdadeira

112
e ela toma-se por si mesma a fonte de um objeto exteri o r (veremos mais adiante
certas condições gerais desta alienação) que tende a dominar-lhes e a sobre­
viver lhes - ".

14 LÉVI-STRAUSS, C laude. La pensée sauvage. Obra citada, C apítu lo IX.


15 GEERTZ, C li fford . A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC., 1989.
" GEERTZ, C lifford . Negara o estado teatro no século XIX. Lisboa: Difel, [s. d.].
17 BRAUDEL, Fernand. La Méditerranée et le monde méditerranéen à /'époque de Philippe II,
3v., Paris: Armand Colin, 1990.
'" BRAUDEL, Fernand. "La longa duración". ln: La História y las Ciências Sociales. Madrid:
A lia nza Ed ito ri a l, 1970.
19 BRAUDEL, Fernand. La Méditerranée et le monde mediterranéen à /'époque de Philippe II.
Obra citada, v. 2, Ca p III . .

20 SAHLINS, Marshall. Ilhas de História. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.


2 1 SAHLINS, M a rsh a l l . Historical metaphors and mythical realities, s tructure in the early
his tory of the Sandwich Islands Kingdom. Michigan: The U n ive r s i ty of Michigan Press,
1 981 .
22 HOCART, Arthur Maurice. Les progres de l 'homme. Paris: Payot, 1935. Capítulo
" 1 H i s to i re "
' .

23 HOCART, Arthur Ma urice . "Sistemas de parentes co " . ln: Organização Social. LARAIA,
R. de Barros (org.). Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
24 SAHLINS, Marshall. Historical metaphors and my thical realities, structure in the ear/y history
of the Sandwich Islands Kingdom. Obra citada.

25 LEVI-STRAUSS, Claude. La pensée sauvage. Obra citada. Capítulo IX, p. 297.


26 LEVI-STRAUSS, C la ud e. La pensée sauvage. Obra citada. C apítulo IX, p. 300.
27 SAHLINS, Marshall. Ilhas de história. Rio de Janeiro: Zahar, 1990, p. 94.

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