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Ouro Preto – MG

AULA 8 INVENTÁRIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO


arquitetura e
urbanismo
Profs. Paula e Fernando 2ºsem2020
A IMPORTÂNCIA DO INVENTÁRIO
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Garante a proteção e zelo de todo o patrimônio artístico/histórico-
cultural brasileiro.

Patrimônio: o artigo 216 da Constituição Federal de 1988 vai preconizar que


constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: (i) as formas
de expressão; (ii) os modos de criar, fazer e viver; (iii) as criações
cientificas, artísticas e tecnológicas; (iv) as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais; (v) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico (BRASIL, 1988).
Três institutos primordiais para a proteção da cultura: o inventário, o
tombamento e o registro.

Incluem: objetos móveis e imóveis, documentações, edificações, criações artísticas,


científicas e/ou tecnológicas, conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Declaração de Amsterdã de 1975:


Discerne a respeito da importância dos inventários, explicando ainda que deveriam
ser difundidos para autoridades regionais, locais e responsáveis pelo planejamento
físico das cidades.
Cartas patrimoniais: recomendam o ato de inventário, demonstrando que sua
presença é um forte meio de proteção.
INVENTÁRIO
Instrumento de preservação e salvaguarda cultural

Interpretação de características, sejam particulares, históricas ou relevantes culturalmente, em


prol de promover a proteção de bens culturais materiais, públicos ou privados, no qual se deve
adotar, em relação à execução, a critérios técnicos objetivos alicerçados de natureza histórica,
artística, arquitetônica, sociológica, paisagística e antropológica.

Pode-se afirmar, portanto, que inventariar algo é uma atividade que estabelecerá e priorizará as
ações dentro de uma política voltada à preservação e administração do patrimônio cultural,
salientando que, previamente, o ato chega ao conhecimento dos acervos existentes. Neste
sentido, pode-se definir o ato do inventário como ato de descrever, levantar da maneira
mais complexa possível, a relação e conjunto de bens culturais, no intuito de abranger
toda a diversidade de patrimônio existente.

Fonte: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/os-instrumentos-de-preservacao-e-
salvaguarda-do-patrimonio-historico-cultural-brasileiro-uma-analise-do-inventario-do-tombamento-e-do-
registro/
CONCEITO DE INVENTÁRIO

PODE-SE DEFINIR O ATO DO INVENTÁRIO COMO ATO DE


DESCREVER, LEVANTAR DA MANEIRA MAIS COMPLEXA POSSÍVEL,
A RELAÇÃO E CONJUNTO DE BENS CULTURAIS, NO INTUITO DE
ABRANGER TODA A DIVERSIDADE DE PATRIMÔNIO EXISTENTE.
INVENTÁRIO PARA RESTAURO DE
EDIFICAÇÃO DE VALOR PATRIMONIAL
INVENTÁRIO PARA RESTAURO DE EDIFICAÇÃO DE
VALOR PATRIMONIAL :
Levantamento dos dados necessários para construção do conhecimento histórico de
como surgiu a edificação, quais suas características primitivas, seus elementos
construtivos, suas alterações ao longo do tempo.

Somente assim o arquiteto terá os subsídios necessários para iniciar um projeto de


intervenção realmente comprometido com a preservação e restauro do bem histórico.

“O trabalho do restaurador equipara- se ao de um cirurgião astuto e


experiente, que só toca num órgão depois de ter adquirido um completo
conhecimento da sua função e de ter previsto as consequências imediatas ou
futuras da operação”.
ViolletleDuc
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS SEGUEM:

IBA (Inventário de Bens Arquitetônicos)- um manual elaborado pelo IPHAN (Instituto


do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o que prevê as Cartas Patrimoniais sobre
o restauro de bens históricos e, especificamente sobre levantamento arquitetônico, o
que expõe o Roteiro para execução de levantamento arquitetônico (Prefeitura de
Olinda, 1987), cujos métodos de desenho foram atualizados ao uso das
novas ferramentas de desenho (a exemplo do programa AutoCAD).
A construção do inventário trata dos conhecimentos básicos
sobre a edificação, que abordam os seguintes temas:

• História
• Tipologia de Arquitetura
• Estilo arquitetônico e obras de arte integradas
• Sistemas construtivos e materiais
• Levantamento arquitetônico
• Diagnóstico do estado de conservação
• Proposta de intervenção / Projeto arquitetônico
HISTÓRIA DO BEM ARQUITETÔNICO EM ESTUDO

1. Inicio: coleta de dados da edificação primitiva, levando-se em conta a época de


construção, o uso original, o autor do projeto e o encomendante.

2. Pesquisa sobre as intervenções sofridas ao longo do tempo, tais como


reformas, acréscimos e intervenções restaurativas, até chegar ás informações da
edificação em seu estado atual.
São fontes possíveis para essa etapa: os acervos locais de períodos e de material
iconográfico de instituições públicas ou de particulares, bibliografia dedicada ao bem ou
à época em estudo, visitas de campo e, quando possível, entrevistas com pessoas que
tenham vivenciado a época em que a edificação foi construída.
3. Tipologia da Arquitetura que tem relação com a função do edifício, implantação e
distribuição dos espaços internos.

Os objetivos dessa etapa do inventário são:

a) Detectar características arquitetônicas que foram alteradas por reformas anteriores


ao momento da intervenção;

b) Fazer uma leitura espacial do edifício através da associação


com tipologias semelhantes.
São produtos dessa etapa:
A representação gráfica da planta
(ver figura), que permitirá a análise da
distribuição dos ambientes
internos, bem como de hábitos de
costumes característicos de um
determinado período histórico, o
desenho das fachadas, para o estudo
de aberturas característicos de
determinado tipo arquitetônico e signo
de uma época, e material
iconográfico que permita tal
análise e reconhecimento de tipos.
4. Estudo do estilo arquitetônico e as obras
de arte integradas - estudo do repertório
formal da edificação e de sua linguagem
decorativa.

Detecção das características da edificação já


perdidas e a reconstrução da espacialização e
imagem das fachadas e ambientes internos a
partir da identificação de seu estilo. Assim, é
importante saber o estilo que se está
trabalhando tendo sempre em mente suas
peculiaridades e elementos formais e
decorativos característicos (ver figuras).

Arquitetura Colonial no Brasil. Mariana (MG) e São Luiz


(MA), respectivamente da esquerda para direita. Fotos
Maria Berthilde Moura Filha.
5. Levantamento arquitetônico: registro gráfico do imóvel construído a partir da
tomada de medidas das fachadas, ambientes e detalhes construtivos essenciais à
leitura do edifício. Deve apresentar planta de localização e coberta, situação,
planta baixa, cortes, fachadas e detalhes construtivos e decorativos.

Serão elaborados, em um primeiro momento: croquis da planta, dos cortes e dos


detalhes que se configurarem necessários. Com os desenhos esquemáticos em mãos
parte-se para a tomada das medidas e cotas altimétricas. Todo o material coletado será
digitalizado no computador com o uso da ferramenta CAD/REVIT e fará parte do
conjunto de dados e informações sobre a edificação.

Todas as informações anteriores permitirão a elaboração do Diagnóstico, etapa onde


serão feitas considerações a cerca do estado de conservação da edificação, dos
elementos formais primitivos ainda reconhecidos e dos posteriores acréscimos, da
tipologia arquitetônica.
Detalhe de coberta. Planta Baixa de levantamento arquitetônico
6. Levantamento dos Sistemas e
Materiais Construtivos (ver figura), o que
permite o conhecimento da técnica construtiva
utilizada na época da construção da
edificação, seus elementos estruturais e
arquitetônicos característicos, e os materiais e
métodos de utilização dos mesmos.
O objetivo dessa análise é o conhecimento da
estrutura física da edificação e a
elaboração de diagnóstico que aponte para
os possíveis problemas que possam
comprometer a conservação da estrutura
e, consequentemente, do bem arquitetônico em
questão.
Espaço Cultural dos Correios – emprego de colunas de
ferro fundido de delgado perfil, liberando grandes áreas
(VASCONCELLOS, 2002 apud MENDES, 2006).
7. Diagnóstico:

Etapa onde serão feitas considerações a cerca do estado de conservação da


edificação, dos elementos formais primitivos ainda reconhecidos e dos posteriores
acréscimos, da tipologia arquitetônica, do sistema e materiais construtivos (estado de
conservação das estruturas, fundações e materiais construtivos), a fim de orientar e
fundamentar o Projeto de Intervenção elaborado destacando seus motivos e propósitos
em um memorial justificativo e a adição do projeto arquitetônico, que deve apresentar
plantas, cortes, fachadas e detalhes em desenhos onde se possam identificar as
alterações propostas sob os dados obtidos durante o levantamento arquitetônico.
DIAGNÓSTICO

IDENTIFICAÇÃO
DE MATERIAIS
MODELO -
FICHA DE
INVENTÁRIO
OUTROS MODELOS
FICHA DE INVENTÁRIO
CONCLUSÃO:

A construção do inventário, e posteriormente de um dossiê a cerca do trabalho de


intervenção, é uma etapa indispensável no processo de intervenção
por fornecer informações essenciais para a condução do projeto arquitetônico. E vai
além, na medida em que contribui para o registro histórico de bens
arquitetônicos, incluindo as últimas medidas de alteração
sobre o mesmo que é o projeto de intervenção elaborado.

A participação no desenvolvimento de um material que se presta a ser, antes de


pretender algo mais, um instrumento didático no processo de formação de futuros
arquitetos, é de recompensada pela certeza da contribuição acadêmica e profissional, e
pelo conhecimento adquirido.

FONTE: METODOLOGIAS DE INVENTÁRIO PARA RESTAURO DE EDIFICAÇÕES DE VALOR PATRIMONIAL


http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/2.CULTURA/2CTDAMT06.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHOAY, Françoise; tradução de Luciano Vieira Machado. A alegoria do patrimônio. Ao Paulo:
Estação Liberdade: Editora UNESP, 2001.
DOURADO, Odete. ViolletleDuc, Eugène Emmanuel. Restauro. PRETEXTOS. Universidade
Federal da Bahia / Faculdade de Arquitetura / Mestrado em Arquitetura e
Urbanismo. Salvador: Mestrado de Arquitetura e Urbanismo, Série B, no 1,
1993. Apresentação, tradução e notas de Odete Dourado.
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil). Cartas Patrimoniais. Caderno
de documentos no 3. Brasília: IPHAN, 1995. _____.
Inventário de Bens Arquitetônicos. Departamento de Identificação e Documentação
(DID), 2002.
PREFEITURA DE OLINDA. Roteiro para execução de levantamento arquitetônico de um edifício
de cunho histórico e artísticocultural. Olinda: Prefeitura Municipal de Olinda / Secretaria de
Educação e Cultura / Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, 1983.
MENDES, Carina. Técnicas Construtivas de Bens Imóveis ecléticos no Rio de Janeiro: D
iretrizes para Preservação. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, PROARQ, 2006.
SITE IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL
http://portal.iphan.gov.br/

PUBLICAÇÕES IPHAN
http://portal.iphan.gov.br/publicacoes/lista?categoria=&busca=

PUBLICAÇÕES IPHAN - OBRAS RESTAURADAS


http://portal.iphan.gov.br/publicacoes/lista?categoria=43&busca=

PUBLICAÇÕES IPHAN - MANUAIS DE CONSERVAÇÃO

http://portal.iphan.gov.br/publicacoes/lista?categoria=20&busca=
* METODOLOGIAS DE INVENTÁRIO PARA RESTAURO DE EDIFICAÇÕES DE VALOR PATRIMONIAL

http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/2.CULTURA/2CTDAMT06.pdf

PROJETO DE RESTAURO: DE RESIDÊNCIA ALMEIDA NOGUEIRA A ESCOLA PAULISTA DE RESTAURO

http://www.fau.usp.br/disciplinas/tfg/tfg_online/tr/062/a018.html

INVENTÁRIO HISTÓRICO ARQUITETONICO DE ARCO VERDE


https://prezi.com/p/z27lpmuqqi8s/tcc-inventario-historico-arquitetonico-de-arcoverde-pe-estimulo-a-
valorizacao-do-patrimonio/

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