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MINISTÉRIO DAS

CIDADES

MINISTÉRIO DA
CULTURA
Ministério das
Cidades
Vista da avenida Sepúlveda, eixo que liga a praça da Alfândega ao pórtico central do cais Mauá,
valorizado pela intervenção realizada pelo Programa Monumenta em Porto Alegre/RS. IPHAN

REABILITAÇÃO EM ÁREAS URBANAS 2ºsem2020


AULA 4 CENTRAIS E CIDADES HISTÓRICAS COMO arquitetura e
ESTRATÉGIA DE PLANEJAMENTO E urbanismo
DESENVOLVIMENTO
Profs. Paula e Fernando
SÃO PAULO, 02 DE NOVEMBRO DE 2011
OS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO URBANA NO BRASIL

Vitória – ES (1860). Autoria:


Victor Frond. Fonte: Arquivo
Público do Estado do Espírito
Santo

➢Na formação das cidades uma das características importantes é a relação


entre o meio físico e a população que nele se instala.
➢Sua localização é determinada pelas condições geográficas e topográficas.
Os fatores geográficos levam à escolha do sítio, enquanto a topografia é
condicionante das possibilidades de expansão.
OS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO URBANA NO BRASIL

➢Processo de urbanização acelerada (décadas de 60/70): transferência


populacional da área rural para a urbana e concentração de boa parte dos
fluxos migratórios em poucos territórios, próximos às capitais.

➢Nas regiões metropolitanas: padrão de urbanização calcado na


reprodução permanente de eixos de expansão horizontal (políticas federais
de financiamento e produção habitacional e de infraestrutura).

➢Gradativo abandono dos centros urbanos em grandes metrópoles, até


então considerados como áreas simbolicamente mais importantes e utilizadas
da cidade.
OS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO URBANA NO BRASIL

➢Os centros tradicionais passaram a ser vistos como


áreas saturadas sob o ponto de vista demográfico,
de infraestrutura, do alto custo da terra, entre
outros.

➢A idéia da saturação do centro se relaciona às


expectativas da sociedade e do poder público em
buscar novas áreas menos adensadas, onde é
possível a inserção de modernos edifícios e de novas
avenidas.

São Paulo - SP. Imóvel vazio na área central.


Fonte: EMURB
OS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO URBANA NO BRASIL

O abandono dos centros urbanos acarretou prejuízos de ordem histórico-


cutural e econômica para toda a sociedade: edifícios vazios e degradados,
infraestrutura subutilizada, violência e ocupações irregulares.

São Luís – MA, Bairro do Desterro


São Luís – MA, Bairro do Desterro
Fonte: FUMPH
Fonte: FUMPH
A REABILITAÇÃO DE ÁREAS
URBANAS CENTRAIS
O QUE SÃO ÁREAS
CENTRAIS?
➢São bairros ou conjuntos de
bairros consolidados, que
podem ou não englobar o núcleo
original da cidade.
➢A área urbana central possui a
característica de centralidade
em relação a outras áreas.
Polariza vários usos, fluxos e
funções, além de ter significado
cultural, simbólico e de ser uma
referência urbana.
➢O conceito de área urbana
central não se aplica somente aos
centros históricos tradicionais,
mas também a novas áreas que
apresentam características Lagoa Santa – MG. Vista aérea.
Fonte: Governo do Estado de Minas Gerais
similares.
Características mais comuns das áreas centrais

POTENCIALIDADES CONFLITOS
1) Áreas de interesse histórico / cultural; 1) Edificações e espaços públicos
2) Áreas de convergência de fluxos de circulação abandonados e degradados;
(pedestres, automóveis e transporte público); 2) Áreas conflituosas sob o aspecto de mobilidade,
3) Existência de áreas e edificações acessibilidade, tráfego intenso de veículos, etc;
disponíveis; 3) Áreas abandonadas, vazias ou
4) Áreas com potencial para abrigar atividades subutilizadas;
econômicas, responsáveis por empregar 4) Áreas em processo de transformação que
significativa parcela da população; apresentam lacunas de usos e atividades
5) Área com infraestrutura consolidada. complementares;
5) Áreas com deficiência ou inadequação de
infraestrutura.
REVITALIZAÇÃO, REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO

São termos aproximadamente equivalentes que se referem a processos de


reconversão de espaços urbanos abandonados, subutilizados ou
degradados mediante a recuperação de antigos (ou a criação de
novos) usos e atributos urbanísticos ou naturais.
QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS – GESTÃO, PLANEJAMENTO E PROJETO:

• Do planejamento urbano ao projeto urbano.

• Renovação, conservação, requalificação, reabilitação e revitalização urbana.

• O patrimônio como vetor de desenvolvimento econômico e social.


REABILITAÇÃO URBANA – CONCEITOS E EXPERIÊNCIAS

O termo reabilitação surge em 1975 na Declaração de Amsterdã como uma


consideração essencial a ser observada pelos planejadores urbanos. Segundo ela:

“A reabilitação dos bairros antigos deve ser concebida e realizada, tanto quanto
possível, sem modificações importantes da composição social dos habitantes e de
uma maneira tal que todas as camadas da sociedade se beneficiem de uma
operação financiada por fundos públicos.” (CURY, 2001: 200)

Apesar de surgir como uma estratégia de reabilitação de bairros antigos, o uso do


termo pode ser aplicado a áreas mais novas, mas que possuam os mesmos
problemas, tais como degradação urbana e edilícia e conflitos sociais.
REABILITAÇÃO URBANA – CONCEITOS E EXPERIÊNCIAS

Juntamente com o conceito de reabilitação, outras


estratégias relacionadas à intervenção urbana, como por
exemplo, renovação urbana, revitalização urbana,
requalificação urbana, preservação urbana, e conservação
integrada são utilizadas.

Esses termos surgiram em períodos e contextos diferentes,


como experiências cumulativas em várias partes do mundo.
Desta forma eles coexistem até hoje orientando a
elaboração de planos, projetos e ações.
RENOVAÇÃO URBANA

Ação que implica na demolição


de construções envelhecidas e
com problemas de
manutenção existentes em
áreas degradadas, visando a
substituição por um novo
padrão urbano.

Ex.: A demolição do Morro do


Castelo no Rio de Janeiro e a
construção das Avenidas Rio
Branco no Rio Janeiro.

Morro do Castelo – Rio de Janeiro – Fonte: BNDES


O Morro do Castelo foi um acidente
geográfico que existiu na cidade do Rio de
Janeiro no Brasil. O morro foi um dos
pontos de fundação da cidade
no século XVI e abrigou marcos
históricos de grande importância,
como fortalezas coloniais e os edifícios
Estudo para o Panorama do Rio de Janeiro - Morro do dos jesuítas. Apesar disso, foi destruído
Castelo, Victor Meirelles, c. 1885. Museu Nacional de numa reforma urbanística em 1922.
Belas Artes.
Desde o tempo de Dom João VI era
considerado prejudicial à saúde dos
cariocas porque dificultava a circulação
dos ventos e impedia o livre escoamento
das águas. Ao longo dos séculos foi
gradativamente considerado inviável para
o progresso e urbanismo da cidade.

Foi arrasado em 1922 pelo


prefeito Carlos Sampaio com a
desculpa de ser um espaço proletário,
repleto de velhos casarões e cortiços, no
centro da cidade e necessário para a
montagem da Exposição Internacional
Os edifícios dos pavilhões nacionais se articulavam em torno do Centenário da Independência.
de uma praça central, em uma área conquistada a partir da
demolição de uma parte dos edifícios do Largo da Misericórdia.
Suas terras foram usadas para aterrar
parte da Urca, da Lagoa Rodrigo de
Freitas, do Jardim Botânico e outras
áreas baixas ao redor da Baía da
Guanabara.
Década de 1930:
A Consolidação Moderna

A Esplanada do Castelo na década de


1930 é caracterizada pela justaposição de
diferentes fragmentos que começavam a se
acumular no local, resíduos das várias
temporalidades que permaneciam das
décadas anteriores.
A Esplanada do Castelo no início da década de 1930.
Entre os diversos fragmentos de décadas passadas que já se Assim, ainda existiam no local as
acumulavam no local, podemos notar o arruamento incompleto antigas construções contemporâneas
do Plano Agache riscado no chão. ao morro, principalmente os casarios
que o margeavam, ao longo da rua
Santa Luzia, São José e boa parte do
bairro da Misericórdia; também os
remanescentes da Exposição do Centenário,
descontextualizados de sua estrutura
espacial que desaparecia à medida em que
se consolidavam os terrenos do aterro.
As Décadas Subseqüentes:
O Rompimento da Escala
A partir da década de 1970.

A enorme torre do edifício anexo à Academia Brasileira


de Letras marca a paisagem da Esplanada,
contrastando fortemente com a escala das quadras de
seu entorno.
RENOVAÇÃO URBANA

PLANO HAUSMANN - Imagem aérea de Paris, França, com “rasgos” no tecido urbano para ampliação do traçado
viário, destruição da cidade medieval, preservação do espaço público cultural e implantação de áreas verdes.
REVITALIZAÇÃO URBANA

Engloba ações destinadas a


retomar a vida econômica e
social de uma parte da cidade
vista como decadente.

Tem por objetivo gerar atividades


econômicas em zonas com ou sem
identidade.
Termo controverso pois considera-se
que sempre há vida nos espaços
urbanos.

Porto Maravilha – Rio de Janeiro – Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro


REVITALIZAÇÃO
PROCESSO DE RECONSTRUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DO CONVÍVIO DA POPULAÇÃO
EM RELAÇÃO À CIDADE.

Transforma uma antiga


ferrovia em um parque
elevado, integrando
novos usos e a
participação popular para
uma área abandonada
sem deixar de lado a
história por trás da linha
ferroviária.
Fotos do HIGH LINE EM NOVA IORQUE com a integração do trilho do antigo
trem com os novos usos
REVITALIZAÇÃO URBANA

INICIO: Começo dos anos de 1960 – concepções do movimento progressista italiano, onde visa
projetos para a preservação e restauração de centros urbanos históricos e edifícios com valor cultural
importante para a cidade.

TRÊS VERTENTES IMPORTANTES:


1. projetos arquitetônicos para novos empreendimentos, usos reformulados para prédios antigos e a
criação de espaços para a recreação popular;

2. envolvimento da população para as questões de políticas públicas, concedendo uma voz ativa para
todos que utilizam das zonas urbanas;

3. integração do programa de gestão compartilhada, promovendo a parceria do setor privado e


público para o crescimento sustentável da cidade.
REQUALIFICAÇÃO URBANA
Se aplica às ações
destinadas a dar melhores
condições a uma área,
adaptando-a a um novo
contexto.

O termo se refere a ações que


objetivam aumentar a
atratividade e competitividade de
uma área urbana.

Ex.: Projeto de intervenção


urbanística da Nova Luz em São
Paulo (2005).

Nova Luz – São Paulo – Fonte: IMURB


REQUALIFICAÇÃO
Ações que procuram o REORDENAMENTO,
PROTEÇÃO E A RECUPERAÇÃO DOS
CENTROS URBANOS, SEMPRE INTEGRANDO
AS QUESTÕES ECONÔMICAS, AMBIENTAIS,
SOCIOCULTURAIS E HISTÓRICAS PARA UMA
MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Busca a introdução ou reintrodução de


atividades urbanas, propondo ações para
a recuperação de áreas degradadas.

REQUALIFICAÇÃO CENTRO HISTÓRICO SÃO JOSÉ – SC


Ações focadas no espaço público
e intervenções de larga escala para
a reestruturação do espaço
urbano, de modo a promover a
reutilização (ou a plena utilização)
da infraestrutura e equipamentos
urbanos já existentes.

REQUALIFICAÇÃO CENTRO HISTÓRICO SÃO JOSÉ – SC


REQUALIFICAÇÃO URBANA
CONSERVAÇÃO INTEGRADA

Modo de conservação,
restauração e reabilitação dos
prédios e sítios antigos com
vistas a torná-los utilizáveis
para novas funções da vida
moderna;
Bolonha Fonte: Comune di Bologna

É um processo dialético entre a


vontade de proteção e as
necessidades de planejamento. Visa o desenvolvimento sustentável
É a estratégia que mais se por meio da manutenção de estruturas
aproxima á idéia de reabilitação sociais e físicas, harmonizando-as com
urbana. os novos usos e funções.
OPERAÇÕES URBANAS
CONSORCIADAS

“Conjunto de intervenções e
medidas coordenadas pelo Poder
Público municipal, com a
participação dos proprietários,
moradores, usuários permanentes
e investidores privados, com o
objetivo de alcançar em uma área
transformações urbanísticas
estruturais, melhorias sociais e a
Puerto Madero – Buenos Aires - Fonte: Ayuntamiento de
Buenos Aires
valorização ambiental. “
Visa o desenvolvimento sustentável por meio
da manutenção de estruturas sociais e físicas,
harmonizando-as com os novos usos e funções.
CONCEITO URBANÍSTICO

REABILITAÇÃO URBANA
A FORMA DE INTERVENÇÃO INTEGRADA
SOBRE O TECIDO URBANO EXISTENTE, EM QUE
O PATRIMÓNIO URBANÍSTICO E IMOBILIÁRIO É
MANTIDO, NO TODO OU EM PARTE
SUBSTANCIAL, E MODERNIZADO ATRAVÉS DA
REALIZAÇÃO DE OBRAS DE REMODELAÇÃO OU PORTO MARAVILHA: REABILITAÇÃO URBANA
BENEFICIAÇÃO DOS SISTEMAS DE DA REGIÃO PORTUÁRIA – RJ
INFRAESTRUTURAS URBANAS, DOS
Desenvolvimento econômico, novas
EQUIPAMENTOS E DOS ESPAÇOS URBANOS OU
oportunidades de emprego, moradia, transporte,
VERDES DE UTILIZAÇÃO COLETIVA E DE
cultura e lazer para a população local.
OBRAS DE CONSTRUÇÃO, RECONSTRUÇÃO,
AMPLIAÇÃO, ALTERAÇÃO, CONSERVAÇÃO OU
DEMOLIÇÃO DOS EDIFÍCIOS.
REABILITAÇÃO URBANA
É uma estratégia de gestão urbana que
visa requalificar a cidade através de
ações múltiplas (coordenadas), a fim de
valorizar as potencialidades sociais,
econômicas e funcionais, melhorando
a qualidade de vida da população
residente ou usuária e mantendo a
identidade do lugar.

Pressupõe o estabelecimento de relações


harmônicas entre usos existentes e Bairro do Comércio – Salvador - Fonte: GIDUR Salvador

novos, assegurando, ao mesmo tempo


e de maneira durável, a manutenção
da estrutura urbana e a conservação
das principais características dos
edifícios.
REABILITAÇÃO URBANA – LISBOA
A FORMA DE INTERVENÇÃO
INTEGRADA SOBRE O
TECIDO URBANO EXISTENTE

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
A FORMA DE INTERVENÇÃO
INTEGRADA SOBRE O
TECIDO URBANO EXISTENTE

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REMODELAÇÃO OU
BENEFICIAÇÃO DOS
SISTEMAS DE
INFRAESTRUTURAS
URBANAS

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
O PATRIMÓNIO
URBANÍSTICO E
IMOBILIÁRIO É MANTIDO,
NO TODO OU EM PARTE
SUBSTANCIAL, E
MODERNIZADO.

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REMODELAÇÃO DOS
ESPAÇOS URBANOS

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REMODELAÇÃO DOS
ESPAÇOS URBANOS

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REMODELAÇÃO DOS
ESPAÇOS URBANOS

REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
REABILITAÇÃO URBANA
LISBOA
BIBLIOGRAFIA
Vargas, H. C., & Castilho, A. H. (2015). Intervenções em Centros Urbanos: Objetivos, Estratégias e
Resultados, 3rd edição. Barueri, SP: Editora Manole.

A Arquitetura Pós Segunda Guerra:

https://www.academia.edu/31692328/A_Arquitetura_p%C3%B3s_Segunda_Guerra
TEXTO PARA LEITURA

http://portal.iphan.gov.br/publi
cacoes/lista?categoria=&busca=
uma+an%C3%A1lise+

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