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O PAISAGISMO NO BRASIL – MODERNISMO

Profª. PAULA MARIA MAGALHÃES TEIXEIRA


O MODERNISMO E A PRACA PÚBLICA
A MODERNIDADE
A consolidação do modelo de cidade
industrial, no começo do século XX,
gerou profundas transformações no
modo de vida urbano. O grande
aumento da população urbana,
devido à migração do campo para a
cidade, e os avanços tecnológicos
alcançados alteraram profundamente
as relações sociais e econômicas.

PRAÇA DA REPÚBLICA
EM SP E CIDADE DE SP
DÉCADA DE 50.
A MODERNIDADE

EDIFÍCIO MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO E SAÚDE DO
RIO DE JANEIRO - 1950
A MODERNIDADE
Grandes malhas viárias
foram construídas ou
redimensionadas devido
a popularização do uso
dos veículos
automotores. Redes de
infra-estrutura e de
transporte coletivo foram
implantadas e conjuntos
habitacionais para abrigar
a crescente população
urbana foram
construídos.
A MODERNIDADE
Cidade Ideal - quatro funções: habitação, trabalho, circulação e lazer.

Espaços livres públicos brasileiros - novo programa de atividades:


praças, parques, jardins – principais opções de lazer para a população
urbana.

Aumento perímetro urbano – complicou a saída da cidade para o


campo e natureza. População trabalhadora vai usar espaços livres
públicos urbanos para este fim.

Novos usos: lazer esportivo, lazer cultural – conchas acústicas, lazer


recreacional.
A MODERNIDADE
NOVOS HÁBITOS:
PRÁTICAS ESPORTIVAS E
RECREAÇÃO AO AR LIVRE.

Prática de esportes tornou-se hábito


urbano. Pinheiros em São Paulo – 1914.

Ao lado, família passando o dia na


Praia de José Menino, em Santos –
década de 1920.

1950.
A MODERNIDADE
LAZER ATIVO

Crianças brincando
em playground na
década de 1950.
Quadras esportivas

EXEMPLO DE EQUIPAMENTOS PARA ATIVIDADES DE LAZER.


Playgrounds

EXEMPLO DE EQUIPAMENTOS PARA ATIVIDADES DE LAZER.


PRACAS
PRAÇAS MODERNAS:
HÁBITOS E FORMAS
A praça moderna passou a ser estruturada por estares, recantos e subespaços
articulados entre si, rompendo com a tradição eclética de eixos e caminhos e
usos segregados onde somente ricos e elegantes a utilizavam .
A praça moderna é mais democrática.

Fusão de espaços orgânicos ou geométricos


TÉRREO EDIFÍCIO PETROBRÁS – BURLE MARX.
PRAÇA DO POR-DO-SOL – SÃO PAULO.

Estares angulosos.
Estares e recantos
articulados entre si.

A vegetação era
usada como
elemento de
composição
espacial.
PRAÇA ECLÉTICA
PASSAGEM, CAMINHO
POSTURA DECORATIVA
PRAÇA MODERNA
PERMANÊNCIA
POSTURA FUNCIONALISTA
- setorização das atividades;

- utilização de formas orgânicas,


geométricas e mistas (de acordo com os
novos padrões estéticos) tanto para piso,
como para caminhos, canteiros, espelhos
d’água;

- liberdade na composição formal,


respeitando os dogmas modernistas;

- grandes áreas de pisos processados;


CARACTERÍSTICAS
- criação de estares e recantos como
DAS PRAÇAS
elementos centrais de projeto;
MODERNAS:
- circulações estruturadas por sequências
de estares;

- valorização de ícones e signos da


cultura nacional e regional;

- vegetação utilizada como elemento


tridimensional de configuração de
espaços;

- plantio em maciços arbóreos e


arbustivos, formando planos verticais;
CARACTERÍSTICAS
DAS PRAÇAS - plantio de forrações como grandes
tapetes;
MODERNAS:
- larga utilização e valorização da flora
nativa e tropical.
EXEMPLOS:

Praça João Vianna - BH Jardim do Meier - RJ Praça Dr. Caio Ribeiro – Santos

Praça Por do Sol – São Paulo Praça 29 de março Praça Afonso Botelho -
- Curitiba (quadrantes) Curitiba (programa
moderno misto - quadras,
concha acústica,
playground, gramados)
PROJETOS ORIGINAIS E DISTINTOS DE
CARATER TIPICAMENTE BRASILEIRO

ANOS 1960 – 1970 – CONSOLIDAÇÃO


EM TERMOS DE PROGRAMA E
CARACTERISTICAS FORMAIS

PRAÇAS MODERNAS
BRASILEIRAS:
PRACA
PRAÇA SANTOS DUMONT:
GOIÂNIA - GO
1969

Área Central – Espaço estruturado pela vegetação – maciço de palmeiras em


colunata – lazer esportivo – ciclovia, pista de bicicross e aeromodelismo.
Estares articulados e conectados por uma ciclovia.
Programa:
contemplação e
esportes.
PRACA VINÍCIUS DE MORAIS:
SÃO PAULO - SP
1971 - Morumbi

Nascente situada
em uma grota em
meio a morraria
preservada
quando do
loteamento da
área.

Autores:
Francisco Segnini Jr.
Lucia Toffolo
Vera Catunda
Processo de renovação do projeto paisagístico público paulistano, concebido a partir do
trabalho das arquitetas Miranda Magnoli e Rosa Gliass – elaboração do primeiro e único
plano global de áreas verdes de SP.
Programa Lazer Passivo – população utiliza praça para caminhada e corrida
Três pequenos lagos circundados por maciços de árvores
PRACA
PRAÇA GOV. ISRAEL PINHEIRO:
BELO HORIZONTE - MG Criada para a visita do papa João Paulo II, onde
1983 foi celebrada a missa campal na ocasião.

Conhecida como Praça do Papa.


Bairro de Mangabeiras
– junto a íngreme
Serra do Curral.
Praça Mirante – bela vista da cidade.
Praça do Papa: Atividades:
contemplação, eventos
religiosos, recreação
infantil.

Estares sinuosos que se interligam


BURLE MARX E A CONSOLIDAÇÃO
DO MODERNISMO
Inaugura o
paisagismo moderno
em escala mundial
transição da arte
abstrata para a
paisagem.

Fusão entre as artes e


a ciência, técnica e
estética para o
desenho da paisagem
– cria o paisagismo
moderno, no Brasil,
em 1932.
Roberto Burle Marx (1909 – 1994)
Fusão (mimese) das artes plásticas com a botânica moderna.
Praça Salgado Filho – RJ - 1938
BURLE MARX E A CONSOLIDAÇÃO
DO MODERNISMO
Referências: Jardins
europeus, Auguste
Glaziou, Cândido
Portinari, a exuberância
da flora brasileira e a
sinuosidade de nossos
rios.
Utiliza vegetação por sua
individualidade e por sua
textura como conjunto.

Auguste Glaziou – Parque Residência Imperial – RJ

Candido Portinari – Colhedores de Café Praça Salgado Filho – RJ - 1938


BURLE MARX
HISTÓRIA
Nasce em São Paulo no dia 04 de Agosto de 1909. Herda da mãe o amor pela música e
pelas plantas , e do pai, o gosto pela literatura europeia.

Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes arquitetos paisagistas


do século 20, Roberto Burle Marx estudou pintura em Berlim, na Alemanha, no final
dos anos 1920.
BURLE MARX
HISTÓRIA

Em Berlim era frequentador assíduo do Botanischer Garten Und Botanisches Museum


Berlin-Dahlem, o mais antigo jardim botânico alemão, fundado no século 17 como um
parque real para flores, plantas medicinais, vegetais e lúpulo (para a cervejaria do rei).
Botanischer Garten Und Botanisches Museum Berlin-Dahlem
Reformado no século 20, é um dos mais importantes centros de pesquisa em botânica da
Europa. Foi lá que Burle Marx , aos 19 anos notou pela primeira vez a beleza das plantas
tropicais e da flora brasileira.
BURLE MARX
HISTÓRIA

De volta ao Brasil, ele continuou seus


estudos na Escola de Belas Artes, no Rio.
Os jardins planejados por Burle Marx eram
comparados a pinturas abstratas, alguns
bem curvilíneos, outros de linhas retas,
usando plantas nativas brasileiras para
criar blocos de cor.

Burle Marx (auto retrato) destacou-se


também como pintor, escultor, tapeceiro,
ceramista e designer.
BURLE MARX
INFLUÊNCIAS

Paul Cézanne Picasso Van Gogh

Flora Brasileira Vitoria Regia


BURLE MARX
PINTURA / DESENHOS / PAINÉIS
BURLE MARX
DESIGN DE JÓIAS
BURLE MARX
PRIMEIRO PROJETO

Residência Schwartz,
1932

Seu primeiro projeto paisagístico foi o jardim de uma casa desenhada pelos
arquitetos Lucio Costa (que projetou Brasília) e Gregory Warchavchik.

Dali em diante não parou mais de projetar paisagens, pintar e desenhar.


BURLE MARX
SÍTIO BURLE MARX
Em 1949, Burle Marx comprou uma área de 365.000 m2 em Barra de Guaratiba, no
litoral do Rio de Janeiro. Ali começou a organizar sua enorme coleção de plantas.

Este grande conjunto de plantas vivas adaptou-se perfeitamente à natureza habitual


do sítio, composta por manguezal, restinga e Mata Atlântica.

O paisagista conseguiu reunir uma das mais importantes coleções de plantas


tropicais e subtropicais do mundo em seu sítio, que conta com mais de 3.500
espécies.

Em 1985 ele doou a propriedade à Fundação Pró-Memória Nacional, entidade cultural


do governo federal que atualmente se chama Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN).
SÍTIO BURLE MARX
SÍTIO BURLE MARX
SÍTIO BURLE MARX
BURLE MARX
ARTISTA DE JARDINS

Mesmo sem ter uma educação formal em arquitetura paisagística, o aprendizado de


Burle Marx na pintura influenciou a criação de seus jardins.

Ele aceitava, embora de forma relutante, que "pintava" com as plantas. Mas seu
trabalho não pode ser reduzido ao efeito pictórico e visual produzido por suas
paisagens. Marx se autodefinia como um artista de jardins.

A Paisagem era definida como exigência estética, necessidade absoluta para a vida
humana, sua obra reitera a vegetação, como a maior riqueza do país, mote de seu
trabalho.

Uso de flora autóctone, como elemento de identidade, conhecimento e valorização.


BURLE MARX
E A ECOLOGIA

Conhecido por sua preocupação ambiental e pela preocupação com a preservação da


flora brasileira, ele inovou ao usar plantas nativas do brasil em suas criações e isso se
tornou sua característica marcante.

Foi ele quem valorizou as bromélias, por exemplo, e tornou-as populares: hoje essas
plantas naturais da mata atlântica se tornaram conhecidas e são cultivadas em
viveiros para serem vendidas. O "estilo burle marx" tornou-se sinônimo de
paisagismo brasileiro no mundo.
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
EDIFICIO
GUSTAVO CAPANEMA
RIO DE JANEIRO 1936

O projeto para os Jardins do


antigo MES – Ministério da
Educação e Saúde, atual Edifício
Gustavo Capanema, é
considerado marco inicial do
paisagismo modernista brasileiro.

Jardins do MES - guache - 1938


BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
CONJUNTO DA PAMPULHA
JARDINS DO CASSINO 1942
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
CONJUNTO DA PAMPULHA
CASA DE BAILE 1942
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
CONJUNTO DA PAMPULHA
IGREJA SÃO FRANCISCO 1942
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
CONJUNTO DA PAMPULHA
IATE CLUBE 1942
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
RESIDENCIA ODETE MONTEIRO/ FAZENDA MARAMBAIA
CORREIAS – RJ 1948 E 1988
Próxima à serra dos
Órgãos, no Rio de
Janeiro.
Valorização das
montanhas e uso de
vegetação autóctone.
Modelado de terreno
com criação de
morrotes e depressões
para conduzir o olhar à
riqueza da paisagem
circundante.
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
RESIDENCIA CAVANELAS/ FAZENDA TACARUNA
RIO DE JANEIRO – RJ 1954
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
RESIDÊNCIA KRONSFOTH
TERESÓPOLIS – RJ 1955

Exploração de valores como cor,


textura, luz – uso de uma série de
elementos vegetais, pouco
utilizados até então.
O jardim captura a paisagem
circundante, como experiência
sensitiva.
.“são formas de tocar, sublimar,
sentir ou estabelecer valores
culturalmente determinados”
Flávio Motta, 1986.
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
HOSPITAL SUL AMÉRICA
RIO DE JANEIRO – RJ
1955

Intensas relações formais entre o


gramado e o piso, o muro e o
banco, entre espelho d’água,
calçamento de pedra e vegetação
colorida.
Sentido de complementaridade e
precisão absoluta dos elementos
incorporados.
Tensão na descentralização.
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
PARQUE DEL ESTE
CARACAS – VENEZUELA 1956
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
PARQUE/ ATERRO DO FLAMENGO
RIO DE JANEIRO – RJ 1960
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
PALÁCIO DO ITAMARATY
BRASILIA – DF 1965
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
CALÇADÃO DE COPACABANA (AVENIDA ATLÂNTICA)
RIO DE JANEIRO – RJ 1970
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
PRAÇA DUQUE DE CAXIAS (MINISTÉRIO DO EXERCITO)
BRASILIA – DF 1970
“PRAÇA DOS CRISTAIS”
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
PARQUE DAS MANGABEIRAS
BELO HORIZONTE – MG 1980
BURLE MARX PRINCIPAIS PROJETOS
PARQUE ROBERTO BURLE MARX
MORUMBI – SP 1989
BURLE MARX PRAÇAS
PRAÇA SALGADO FILHO
RIO DE JANEIRO 1938
Espécies vegetais da flora nativa
da restinga carioca.
Bancos lineares
BURLE MARX PRAÇAS
PRAÇA MINISTRO SALGADO FILHO
RECIFE 1957
Traçados e Formas
Sinuosas e sensuais
BURLE MARX PRAÇAS
LARGO DA CARIOCA
RIO DE JANEIRO 1957
BURLE MARX PRAÇAS
PRAÇA ALMIRANTE JULIO DE NORONHA
RIO DE JANEIRO ANOS 70

Elaboradíssimos desenhos de piso


BURLE MARX PRAÇAS
PRAÇA ALBERTO
DALVA SIMÃO
BELO HORIZONTE ANOS 70

Mural
“O crescimento do jardim faz parte do projeto. É bonito ver o jardim
crescer...”

“Uma planta não existe sozinha numa composição. Ela existe em relação as
outras.”

“A planta tem personalidade própria. A luz e a distância a modificam, o vento


pode altera-la, bem como a chuva e o sol. Podemos pensar na planta como
uma obra de escultura que pode ser vista sob diversos ângulos, transformada
por sopros de vento de um verde tranquilo, numa figura dançante de folhas
verdes prateadas, salpicadas pelo sol depois da chuva. Podemos pensar
numa planta como uma pincelada, ou como um ponto de bordado. “

Burle Marx
PROJETO... E SE
EU FOSSE BURLE
MARX?
PROJETO
ELABORADO
PELA PROFA.
PAULA PARA
DISCIPLINA DE
ESPECIALIZAÇÃO

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