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PAISAGISMO I
Introdução
Desde o início dos assentamentos urbanos, o paisagismo responde à
necessidade humana de contato com a natureza. O crescimento das
cidades tornou necessária a criação de grandes espaços onde os habi-
tantes pudessem circular entre árvores e conviver com elementos não
edificados em seu dia a dia. Para tanto, se desenvolveu a disciplina do
paisagismo, que utiliza elementos vegetais, como árvores e arbustos, e
elementos não vegetais, como rochas e produtos industrializados, de
maneira a tornar os espaços abertos agradáveis e habitáveis.
Neste capítulo, você vai conhecer alguns dos materiais e das estratégias
disponíveis para a elaboração de projetos de paisagismo. Você também
vai conhecer exemplos de projetos que variam desde grandes parques
urbanos até jardins em apartamentos. A ideia é que você compreenda a
importância de um projeto paisagístico integrado ao projeto arquitetônico.
Elementos vegetais
Quando uma pessoa pensa em paisagismo, a primeira imagem que vem à mente
é a de vegetação. As plantas são, certamente, um dos aspectos definidores do
paisagismo. Os elementos vegetais podem ser classificados em três categorias:
árvores, os elementos mais altos; arbustos, com altura média; e forrações, que
ficam junto ao solo.
Árvores
As árvores podem ser utilizadas como anteparos visuais para configurar corredores
verdes, como é usado em algumas rodovias.
Arbustos
Forrações
Rochas
Madeiras
O cimento e o concreto são materiais com alta resistência física e preço re-
lativamente baixo, sendo muito utilizados no Brasil tanto para pisos quanto
para muros, degraus e bancos. Esse material aceita a pigmentação realizada
diretamente na massa e também a pintura posterior, tornando-se uma alternativa
mais barata que exige mão de obra menos especializada do que as rochas.
Além dos elementos moldados in loco, é possível encontrar peças in-
dustrializadas de concreto, como pisos de ladrilho hidráulico e pavimentos
intertravados de concreto. O ladrilho hidráulico é uma lajota quadrada, com
dimensões entre 20 e 30 cm, que traz desenhos geométricos que formam
mosaicos quando combinados em uma composição de várias peças.
Os elementos intertravados de concreto são muito utilizados para grandes
extensões de piso, pois podem ser assentados sem rejuntamento, permitindo
o escoamento de água entre as peças. A sua espessura é variável, bem
como a sua resistência ao tráfego, com modelos que suportam o trânsito de
veículos pesados.
Conceitos básicos de paisagismo 7
Escalas do paisagismo
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, a população tem se deslocado
do campo para as cidades. Com o crescimento da população urbana, tornou-
-se necessário que as cidades tivessem planos de arborização e previsão de
espaços abertos para que as pessoas pudessem ter contato com a natureza.
Esse fenômeno levou à criação dos parques urbanos, grandes glebas, loca-
lizadas geralmente no coração das cidades, onde não é permitido o loteamento
e a venda de terrenos e onde as únicas edificações permitidas são aquelas
que atendem ao próprio parque, como museus e auditórios. Para Waterman
(2010), a criação de parques nacionais e jardins urbanos e a necessidade de
planejamento urbano de larga escala geraram muitas oportunidades para os
paisagistas.
Um dos parques urbanos mais conhecidos é o Central Park (Figura 4),
que fica na ilha de Manhattan, em Nova Iorque. O parque foi proposto na
primeira metade do século XIX, período no qual a população de Nova Iorque
quadruplicou. Durante esse período, já havia sido aprovado o projeto de tra-
çado urbano da ilha, conhecido como Plano do Comissário, que dividiu toda
a extensão ainda não ocupada de Manhattan em uma grelha de quarteirões
medindo 274 × 80 m.
Portanto, quando se iniciou a discussão sobre a criação de um parque urbano,
foi tomada a decisão de encaixar esse espaço à malha urbana prevista. O resul-
tado foi um retângulo medindo 4 km × 800 m, totalizando 3,4 ha. O interior do
parque foi projetado com um traçado orgânico, que contrasta com a rigidez da
malha do Plano do Comissário e recria — ao estilo dos jardins ingleses — uma
paisagem natural que nunca existiu em Manhattan daquela maneira.
Roberto Burle Marx foi um artista brasileiro com diversas especialidades. Ele trabalhou
como paisagista, arquiteto, desenhista, pintor, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro,
ceramista, designer de joias e decorador. A sua contribuição para a arte moderna
brasileira é inegável. As suas formas curvas e o seu trabalho paisagístico único com
plantas nativas levaram o paisagismo brasileiro para o mundo.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural (2018, documento on-line).
Além dos benefícios estéticos e sensitivos que a vegetação traz aos ambientes,
ela também pode ser utilizada para manejar as águas pluviais, controlar a erosão
do solo e controlar o microclima, entre outros benefícios (WATERMAN, 2010).
Observe, na Figura 10, um terraço de Nova Iorque que recebeu um projeto
paisagístico muito tempo após a conclusão da edificação. Veja o contraste com
os edifícios do entorno, com suas coberturas subutilizadas. Torna-se cada vez
mais comum a ocupação de coberturas de edificações para jardins privativos,
uma vez que cada vez menos pessoas têm acesso a residências com pátios onde
é possível aproveitar a luz solar direta e até mesmo plantar alguma vegetação.
Como você viu, existe uma tendência de tornar o paisagismo parte dos
projetos de arquitetura. Isso pode ocorrer por meio da inserção do edifício
em um parque planejado para esse fim, como no caso da sede da Apple, ou
por meio de pequenas intervenções, como um projeto de floreiras junto a
aberturas em um apartamento.
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14 Conceitos básicos de paisagismo