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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
2 HISTÓRIA DO PAISAGISMO ........................................................................... 4
3 PAISAGISMO ................................................................................................... 5
4 PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO PAISAGÍSTICA .......................................... 11
5 COMO ESCOLHER PLANTAS EM UM PROJETO PAISAGÍSTICO .............. 13
5.1 Elementos chave de Paisagismo: arbustos, gramas, forrações e pisos ... 15
6 JARDINS ........................................................................................................ 19
6.1 Origem dos jardins ................................................................................... 19
6.2 Jardins antigos ......................................................................................... 20
7 VEGETAÇÃO EM ÁREAS URBANAS ............................................................ 27
8 PAISAGISMO BIOCLIMÁTICO ....................................................................... 29
8.1 Escolha das espécies de árvores ............................................................. 31
8.2 Benefícios gerais da arborização ............................................................. 32
9 PAISAGISMO COMESTÍVEL ......................................................................... 34
10 HISTÓRICO DA ARBORIZAÇÃO URBANA ................................................... 36
11 PAISAGISMO E SUSTENTABILIDADE.......................................................... 37
12 LEGISLAÇÃO ................................................................................................. 39
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 41

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 HISTÓRIA DO PAISAGISMO

Assim que o homem deixou de ser itinerante e passou a ter habitação fixa,
percebeu-se a necessidade de cultivar plantas perto de sua moradia para a sua
sobrevivência. Desde então, o homem obteve um determinado conhecimento do uso
e manuseio das plantas, como alimento, remédios naturais e para seu bem-estar. O
mesmo autor ainda complementa que apesar dos seres humanos interferirem na
alteração da paisagem para sua sobrevivência, o uso do paisagismo seria
inconscientemente uma forma de restaurar a natureza. A partir disso, o paisagismo se
torna uma ferramenta essencial contribuindo para suas necessidades fisiológicas e
psicológicas. (COSTA, 2019)
A palavra paisagismo é uma variação de paisagem, a origem da palavra
paisagem tem indícios fortes oriundos da palavra Landschaft (língua portuguesa é
paisagem) da língua alemã, no século XVI, e o seu significado está relacionado com
o ambiente em si e com um olhar estético sobre o mesmo (FERRAZ, 2013).
Os povos mais antigos (babilônios, egípcios e persas) foram os primeiros a
cultivar plantas em jardins, que na época eram simplesmente utilitários, e não
implantados com o propósito de embelezar os espaços. No século XV, com o
Renascimento surgiram os jardins botânicos e o comércio de plantas para coleção, foi
quando a humanidade assumiu seu fascínio pelas plantas ornamentais. (STUMPF,
2009).

Fonte: encrypted

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No Brasil, a paisagem serviu como tema para naturalistas e viajantes em
meados dos séculos XVIII e XIX, sendo pintadas como forma descritiva e enumerativa
para servir de registro das paisagens desconhecidas do Novo Mundo para os povos
europeus. No final do século XX, o mundo globalizado favorece a uniformização no
aspecto dos jardins, que passaram a conter praticamente as mesmas espécies em
várias regiões do mundo. Quando a corte portuguesa chegou aqui, nossas plantas
encantaram artistas e cientistas portugueses, mas para os habitantes locais, poder
utilizar tudo que viesse do exterior, inclusive, as plantas eram sinônimas de riqueza e
poder. E os imigrantes cultivavam as plantas de seus habitats pois era uma forma de
reproduzir seus locais de origem. Os primeiros jardins mostravam o contexto histórico
da época, hoje os jardins e praças refletem uma nova visão, onde a identidade
regional, a preservação do meio ambiente e a consciência ecológica também estão
presentes. (DIAS, 2018)

3 PAISAGISMO

Fonte: imagens-revista-pro.vivadecora

O Paisagismo é uma área de estudo relativamente nova, e é uma matéria


abordada dentro dos cursos de Arquitetura, Agronomia, Belas Artes e até mesmo em
Biologia (JUNGER, 2019).

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Paisagismo é o estudo da preparação e da composição da paisagem como
complemento da arquitetura. Ele constitui uma técnica cada vez mais apurada, voltada
para a criação de áreas paisagísticas que possam substituir espaços destruídos pela
constante e desordenada onda de construções. O paisagista tem a missão, portanto,
de recompor as extensões geográficas afetadas, servindo-se de elementos de
botânica, ecologia, mudanças climáticas de cada região e de estilos arquitetônicos
(ALVES, 2020).
O Paisagismo constitui uma extensão do curso de Arquitetura, pois o cenário
natural também é algo a ser edificado, tanto quanto qualquer construção. Nascendo
de um ato singelo de decorar um espaço, posteriormente conquistando uma maior
complexidade, um aprofundamento das pesquisas em torno de suas possibilidades.
Atualmente o Paisagismo adquiriu um caráter extremamente técnico, direcionado no
sentido de aperfeiçoar esteticamente uma área, mas igualmente para nela imprimir o
máximo de praticidade, proteção, aconchego e intimidade (ALVES, 2020).
Mas é preciso fazer uma pós-graduação em Paisagismo para realmente ser um
paisagista, projetos paisagísticos ainda envolvem outros profissionais como: o
engenheiro e o arquiteto. O paisagista formado precisa também de conhecimentos de
climatologia. Mas o trabalho do paisagista vezes também pode envolver a elaboração
do projeto de estruturas e de decoração, como: piscinas fontes, espelhos d’água,
lagos, espaços para fogueiras, telhados verdes, jardins verticais, caminhos, limitação
de área de pisos e área de vegetação, spas, painéis decorativos, escolha de
revestimentos, quadras e além da definição do mobiliário e da iluminação para garantir
o uso de noite do jardim com segurança. Esses conceitos, de “piso, parede e teto”,
também estão presentes no projeto de paisagismo, assim, o maior objetivo do
paisagista é juntar o bem-estar do ambiente ao ser humano (JUNGER, 2019).

As 5 técnicas mais comuns de paisagismo


Descubra abaixo algumas das técnicas mais comuns de paisagismo:
1- Jardins verticais
Com o aumento da necessidade de espaços verdes por parte da população, e
a falta de contato com a natureza dentro do espaço privado, começaram a surgir novas
ideias onde a mistura entre a natureza e a engenharia era inevitável. Uma das
soluções encontradas para responder à falta de área verde urbana, foi a criação de
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autênticas telas vivas de vegetação natural. Esta nova solução chamada de Jardim
Vertical, tornou-se uma ferramenta na qual seria possível a introdução de natureza na
arquitetura existente, de forma otimizada quer em espaço público, quer em espaço
privado. Através dos Jardins Verticais, é possível aumentar a relação entre os espaços
fechados e os espaços abertos urbanos, recriando áreas naturais onde as melhorias
de conforto físico e psicológico são bastante notáveis. Atualmente, a popularidade dos
Jardins Verticais é um tema muito ativo no dia-a-dia das empresas de jardinagem e
Ateliers de Arquitetura, existindo várias técnicas e soluções construtivas modelares
possíveis de utilizar (COSTA, 2017).

Fonte: i.pinimg.com

Para Costa (2017), o conceito de Jardim Vertical não é recente, somente foi
criada uma diferenciação entre o crescimento natural (criado pela natureza) e artificial
(feito pela mão do homem). Artificialmente, o projetista tenta recriar um ambiente de
forma a promover o bom desenvolvimento de cada espécie. No geral a escolha de
material vegetal é feita sobre os vários requisitos existentes no local de forma a
encontrar as melhores opções de acordo com o espaço. Através de Jardins Verticais
podemos introduzir na cidade uma simbiose entre as novas formas de arquitetura e
natureza, reforçando assim a ligação entre ambos, dentro de cidades. Aplicando
vegetação nas fachadas dos edifícios podemos potenciar a estética dos edifícios e
reforçar as suas camadas de isolamento térmico e sonoro.

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Patrick Blanc na década de 1980, inovou a técnica de verticalização de jardins
e criou obras de paredes verdes, com a ideia de unir em um espaço vertical, diferentes
espécies de plantas, das mais variadas partes do mundo. Para isso, criou um sistema
hidropônico, através da instalação de placas de PVC, acopladas a mantas de rega
que sobrepostas a essas estruturas encontraria ali o lugar ideal para a fixação de
plantas e sua sobrevivência. Isso fez com que sua técnica fosse conhecida
mundialmente não só pela tecnologia, mas também pela união de arte, cidades, e
jardins, criando ambientes agradáveis e belos (VERTICAL GARDEN, 2016).

2- Fazer caminhos

Fonte: i.pinimg.com

Os caminhos de jardim são um convite ao contato com a natureza, conduzem


a circulação dos visitantes no espaço, ajudam a preservar as plantas e a compor a
estética do recanto verde da casa. Um caminho bem projetado faz diferença na
experiência de quem o utiliza. Para decidir onde o caminho deve ficar é preciso
primeiro pensar em sua função e não existe regra para o traçado, que pode ser
sinuoso ou geométrico, dependendo da paisagem e do estilo da arquitetura da casa.
Também é importante considerar os demais elementos que vão compor o jardim.
Entre os principais materiais para as calçadas estão pedras, madeira, artefatos de
cimento, cerâmica e tijolo. Os pisos antiderrapantes são preferenciais, que dão mais

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segurança ao tráfego. Opte por pedras assentadas com cimento ou por blocos de
concreto encaixados, que deixam a superfície uniforme, são antiderrapantes e não
absorvem calor. Outra opção são os módulos de concregamas, vazados e feitos em
concreto, indicados para áreas de tráfego intenso, que permitem o plantio de grama
formando uma superfície permeável e uniforme. (NEVES, 2016)
No caso de caminhos com madeira, como dormentes, cruzetas e bolachas de
eucaliptos, é preciso tratar o material com uma mistura de verniz e areia, criando uma
base antiderrapante. Tijolos queimados também tendem a criar limo sobre sua
superfície, por isso, o ideal é impermeabiliza-lo com resina liquida. Outro material
muito usado é a pedra de São Tomé, que tem característica áspera, garantindo maior
segurança. Já os pisos de cerâmica são uma opção prática, fácil de limpar e de grande
durabilidade.
Se a casa tem animais de estimação, o ideal é escolher materiais que tenham
uma drenagem mais rápida de líquidos. Os animais podem pisar na grama ou
bordaduras do jardim e espalhar sujeira. Por isso, materiais de coloração escura,
como pedras portuguesas, também podem ser uma boa solução, uma vez que
disfarçam eventuais sujeiras. Pedras pequenas e cepas de madeira devem ser
evitadas, pois podem ser ingeridas por crianças e animais. Outro fator importante é a
distâncias das passadas. Se forem pequenas ou grandes demais podem ocasionar
desconforto ou até mesmos acidentes. (NEVES, 2016)
A manutenção e preservação depende do material utilizado para o caminho e
as espécies que o cercam. É recomendada a retirada mensal das ervas daninhas que
brotam no trajeto, além da retirada de folhas secas e podas de grama, quando
necessário. Os caminhos também devem manter uma certa distância das plantas mais
sensíveis para protegê-las no momento da circulação. (NEVES, 2016)

3- Revestimentos e pisos: para separar e organizar espaços com plantas e


grama.

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Fonte: encrypted

4- Bancos e mesas: para transformar o ambiente em um espaço mais


funcional.

Fonte: mlstatic.com

5- Plantar em vasos: a grande vantagem é a mobilidade para o luar desejado


e várias configurações.

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Fonte: construindodecor.com.br

4 PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO PAISAGÍSTICA

A sensibilidade e a imaginação são os fundamentos básicos de qualquer obra


de arte. O paisagista utiliza a criatividade e a sensibilidade para elaborar sua obra de
arte em função do meio ambiente. (GOULART, 2017).

Fonte: jardineiro.net

Os princípios básicos da composição são:


1. Mensagem:

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Como em toda obra de arte, deve o artista, ao compor o jardim, transmitir ao
espectador uma mensagem emotiva. Para que o jardim expresse algo emotivo ao
observador é importante e necessário que os elementos nele utilizados, por suas
linhas, formas, cores, texturas, sons e aromas, também proporcionem reações
emocionais.
2. Unidade e Variedade:
A unidade em um jardim se consegue quando sentimos que todo ele forma um
conjunto harmônico e não existe nenhum elemento supérfluo ou em discordância. A
unidade só é conseguida em todas as características dos elementos, seja em suas
linhas, formas, volumes, espaços, proporções, nas cores e na soma destes fatores.
3. Ritmo:
O ritmo é a disposição inteligente dos elementos. Ele pode ser obtido através
da repetição de formas, pela proporção de tamanhos e por movimento de linha
contínuo.
4. Equilíbrio:
É a estabilidade que se determina quando forças opostas se encontram, se
compensam e se destroem mutuamente. O equilíbrio essencial para qualquer projeto
é responsável pela sensação de estabilidade oferecida por uma composição presente
no campo visual. O equilíbrio se classifica em simétrico ou estático e o assimétrico ou
dinâmico.
5. Centro de Interesse:
Em toda paisagem deve haver um elemento de destaque que atraia a atenção
e desperte um sentimento de admiração e prazer. Se considera um centro de interesse
uma representação de um componente ou elemento de grande peso visual e
conceitual. É um ponto para o qual se deseja atrair a atenção do observador.
Vários centros de interesse, de peso visual semelhantes, quando visíveis ao
mesmo tempo podem gerar divisão, confusão. Para isso o número de focos ou
detalhes observados de cada ponto de vista deve ser cuidadosamente planejado.
6. Contraste e Analogia:
O contraste se obtém quando se colocam juntos objetos com características
opostas em linha, tonalidade, textura, forma e cor. O contraste é o valor dos elementos

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e aumenta sua potência, variedade e profundidade. O contraste não é uma
discordância.
A analogia é uma mescla de características mais próximas, assim como reunir
duas cores vizinhas ou dois tons próximos.
7. Dominância:
Significa que em uma composição de um jardim deverá haver sempre um
elemento principal que superará os outros elementos aplicados. O princípio de
dominância pode ser aplicado a todos os três atributos ou dimensões da cor,
tonalidade, o valor e a intensidade. (GOULART, 2017).

5 COMO ESCOLHER PLANTAS EM UM PROJETO PAISAGÍSTICO

Fonte: tirolplantas.com

O projeto e confecção de um jardim parecem, à primeira vista, depender


apenas do plantio de gramíneas, flores, arbustos e árvores numa combinação
visualmente harmoniosa. Se detalhes aparentemente desimportantes forem
ignorados, não só a estética do jardim será comprometida; as estruturas das
edificações, a limpeza do ambiente e até mesmo o impacto ambiental causado por
pragas e espécies invasoras e/ou parasitas podem vir a sofrer com a inexistência de
um projeto paisagístico. (TRINDADE, 2020)

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Saber o nome das plantas é importante. Ter consciência da necessidade de
adubo, água e luz solar faz parte indissociável de qualquer esboço de jardim. Contudo,
há detalhes importantíssimos como:
Localização geográfica – As cinco regiões brasileiras possuem diferenças
gritantes de clima e cada uma comporta espécies de plantas devidamente
aclimatadas. Não permita que a simples noção de beleza faça com que uma planta
tropical sofra em uma região de clima frio, e evite o plantio de espécies com histórico
invasor ou que seja prejudicial à fauna e flora locais, como o famoso caso da murta
que transmite o greening aos laranjais.
Incidência de raios solares – Saber os horários em que o sol incide com maior
ou menor intensidade sobre o jardim é importante, já que existem plantas que
precisam de luz solar matinal ou vespertina mais intensa e outras de ambientes
sombreados mas com luz indireta. A força do sol influi muito na evapotranspiração
das plantas, com maior ou menor abundância, e no tempo de regas.
Velocidade dos ventos – Algumas espécies da flora adaptam-se
perfeitamente aos fortes ventos litorâneos; outras necessitam de brisa leve a
agradável que não dissipe a frágil tessitura de caules e folhas. Saber termos
meteorológicos como barlavento e sotavento é a diferença entre ter ou não um jardim
protegido dos efeitos deletérios do vento.
Crescimento radicular – As raízes de uma árvore precisam crescer e se firmar
para que ela possa extrair do substrato os nutrientes necessários à sua subsistência.
Contudo, plantar uma árvore sem levar em consideração o vigor do crescimento das
raízes pode causar transtornos como a destruição de calçadas, muros, tubulações
subterrâneas de água, esgoto e telefonia e o comprometimento de fundações de
casas e piscinas. Antes de optar por qualquer árvore, verifique onde ela será plantada
e o tropismo (movimento que conduz o crescimento) de suas raízes.
Queda das folhas – Simplificando, há duas espécies de árvores e plantas
segundo o critério de permanência das folhas nos galhos: as caducifólias, que perdem
a maior parte da folhagem geralmente durante o inverno, e as perenifólias, que
mantêm a integridade das copas verdes eliminando as folhas secas paulatinamente.
Se o jardim for essencialmente natural, sem perímetros cimentados ou asfaltados, ter
espécies caducifólias não será necessariamente um problema, já que as folhas caídas

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se transformaram em matéria orgânica. Caso contrário, escolha com cuidado a árvore
para que ninguém amaldiçoe o momento de varrer as folhas e limpar calhas.
Periodicidade das regas – É um complemento à posição geográfica descrita
acima. As diferentes espécies da flora destinada à jardinagem e ao paisagismo
possuem especificidades de regas muito claras e que precisam ser obedecidas. O
jardim ideal é aquele em que há o mínimo de discrepância entre as necessidades de
regas. Traduzindo: quanto mais plantas com necessidades hídricas equivalentes,
menor trabalho para o jardineiro (ou seja, você mesmo, a não ser que “você mesmo”
seja o Warren Buffett). Caso isso não seja possível, como acontece na maioria das
vezes, programe as regas com o auxílio de aspersores ou equipamentos semelhantes.
Toxicidade – Um dos itens mais importantes para quem tem crianças e
animais domésticos. A beleza de algumas plantas ornamentais pode esconder
toxinas, alcaloides e demais substâncias tóxicas que podem causar desde irritações
cutâneas e mal-estar até a morte. Uma das fontes mais confiáveis para saber quais
plantas possuem perigo toxicológico significativo é a página do Ministério da Saúde.
Lá a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) organiza o Sinitox, Sistema Nacional de
informações Tóxico-Farmacológicas, com informações pertinentes sobre diversas
espécies tóxicas da flora.
Adubação – O substrato onde a planta crescerá e se desenvolverá é o único
“supermercado” disponível para ela. Todos os nutrientes para que a fotossíntese seja
efetiva é retirada do solo em que ela está fixada, por isso a quantidade de adubo,
fertilizante e demais nutrientes deve obedecer às necessidades peculiares de cada
planta. E aqui o velho axioma de Paracelso precisa ser seguido à risca: a diferença
entre remédio e veneno está na dose. Cuidado com o excesso e a a falta de adubação
(TRINDADE, 2020)

5.1 Elementos chave de Paisagismo: arbustos, gramas, forrações e pisos

Assim como os elementos arquitetônicos que compõe e conformam o espaço


construído – piso, paredes e teto, os elementos vegetais também são capazes de
conformar espaços livres em áreas de grande, média e pequena escala, de parques
a jardins residenciais, atuando como estruturadores espaciais. Segundo Benedito

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Abbud, “O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco
sentidos do ser humano. Enquanto a arquitetura, a pintura, a escultura e as demais
artes plásticas usam e abusam apenas da visão, o paisagismo envolve também o
olfato, a audição, o paladar e o tato, o que proporciona uma rica vivência sensorial, ao
somar as mais diversas e completas experiências perceptivas. Quanto mais um jardim
consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel”. (PEREIRA, 2020)
De maneira prática, trouxemos alguns posts para contribuir para os projetos de
paisagismo. No primeiro post abordamos sobre planos, clareiras e disposição de
árvores e no segundo sobre árvores, arbustos, grama e forrações nos espaços livres.
Neste artigo abordaremos sobre arbustos, gramas, forrações e pisos.

Arbustos

Fonte: portalangels.com

Muito utilizados na conformação dos jardins clássicos e palacianos junto à


técnica de topiaria – responsável por podar plantas e arbustos de modo artístico
ornamental, hoje, este elemento vegetal é utilizado de modo contemporâneo, unindo
sensorialidade e segurança.
Arbustos podem ser associados a guarda-corpos, assim como já dito. Sendo
assim, pela altura média e disposição dos galhos é frequentemente utilizado de modo
a proteger determinadas áreas ou limites, como o perímetro de lagos e responsável

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por separar parques de rios, mas ainda, propiciando visadas ao mesmo, por exemplo.
(PEREIRA, 2020)

Grama e forrações
Junto à composição das espécies vegetais torna-se essencial a variação de
coberturas vegetais aos pisos. O primeiro ponto a ser colocado é quanto à diferença
entre grama e forrações: gramas são camadas de vegetação constituídas por terra,
raízes e gramíneas, conformando tapetes a serem aplicados sob o terreno que com o
tempo, tende a se fortalecer como unidade. Pela baixa altura e tipo de folha, permite
receber cargas sem deteriorar rapidamente, resultando então em uma área pisoteável.
Já as forrações, são espécies vegetais de baixa estatura que apresentam uma
variação de cores, texturas, folhagens, ramificações, medidas e espessuras, não
permitindo ser pisada, estabelecendo áreas não pisoteáveis.

Fonte: compregrama.com.br

Vale destacar que tanto a grama quanto as forrações apresentam uma gama
de tons de verdes e cores, capazes de criar diversas experiências com o usuário.
(PEREIRA, 2020)

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Pisos

Fonte: alanaedhibrido.files.wordpress.com

Ao flanar pelos espaços conformados é importante compreender que o


pedestre nunca obtém a percepção integral do desenho espacial. Leigos podem ter
leves compreensões da conformação do espaço, mas, torna-se imprescindível que
inconscientemente experiencie-o e parte deste pode ser assegurado junto ao desenho
dos pisos. Já foi dito ao longo deste artigo que em linhas gerais há dois modelos de
áreas caminháveis – principal e secundário, contanto, apenas junto à disposição das
árvores, arbustos e gramas não são suficientes, é necessário à utilização de pisos
secos garantindo a demarcação destes. No caso de pisos secos, pedras são os
materiais mais utilizados (portuguesa, mineira, etc.), que por sua vez, podem ser
substituídas por pisos drenantes, normalmente composto por pedriscos, placas a base
de cimento ou resinas (fulget ou placas de concreto). Estes tipos de pisos e pedras
normalmente apresentam uma gama de cores, texturas e medidas, frequentemente
utilizadas na área de passeio, permitindo conformar desenhos especiais ou mosaicos.
Mas vale ressaltar que o desenvolvimento de desenhos deve ser conformado em
pequena ou média escala para que o pedestre perceba o mesmo. (PEREIRA, 2020)

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6 JARDINS

6.1 Origem dos jardins

Com o derretimento das geleiras que cobriam todo o nosso planeta no fim da
era glacial, por volta do oitavo milênio antes de Cristo, que o homem transforma sua
relação com a natureza. Com o derretimento deu-se origem aos primeiros desertos,
florestas e rios. Ao longo dos cursos d’água, onde a terra era mais fértil e as condições
de vida mais favoráveis, foi que o homem estabeleceu sua primeira residência fixa e
passou a enxergar uma nova maneira de se relacionar com o espaço natural: com a
possibilidade de cultivar e irrigar a própria comida, a vida nômade deixou de ser uma
necessidade. Na antiga região da Mesopotâmia – atual Iraque, Síria e Turquia – as
comunidades passaram a se instalar às margens dos rios Tigre e Eufrates. A
canalização das águas originou campos agrícolas, aldeias e pequenas cidades. Foi
então que surgiu a necessidade de o homem organizar esses espaços de plantio da
sua subsistência (ARAÚJO, 2014).
Segundo Araújo (2014), a princípio, a jardinagem realizada com fins
alimentícios e medicinais, com o decorrer dos tempos, adquiriu status de expressão
cultural e passou a ser desenvolvida, também, com a finalidade ornamental dos
espaços. Esteve sujeita a ideias e aspirações políticas, sociais, religiosas e
econômicas de determinados grupos. Transformou-se assim em arte: a arte de
transformar a natureza e a paisagem.
Os jardins são produtos culturais que, através de sua estrutura e organização
compositiva, revelam como os grupos sociais concebem seu próprio mundo, sua
paisagem, o tempo e os sentidos fez eu me desafiar. Nos jardins, por meio de plantas,
cores, odores e sabores, discursos e narrativas são sedimentados através das
práticas sociais e das experiências senso-somáticas. Contudo, essa é uma
abordagem pouco trabalhada na Arqueologia. Os trabalhos que envolvem a
Arqueologia e jardim são, em grande parte, voltados aos vestígios de antigas
estruturas, à restauração, às discussões do jardim enquanto patrimônio, aos
elementos botânicos, entre outros. (COELHO, 2018).

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6.2 Jardins antigos

Jardim Egípcio
A partir da metade do segundo milênio a.C., as pinturas das tumbas passaram
a incluir cenas de jardins que constituem o principal testemunho da forma compositiva
e do tipo de plantas que formavam os jardins do Antigo Egito. Mais do que
representações de jardins existentes, esses desenhos eram jardins simbólicos
incluídos nos pertences das tumbas para deleite da alma ali enterrada. As tumbas que
contêm pinturas desse tipo pertenciam a ricos comerciantes ou administradores
importantes que provavelmente possuíam em vida jardins comparáveis às pinturas. É
provável, assim, que sua fonte de inspiração seja proveniente dos jardins que
realmente existiam, fato documentado por escavações arqueológicas. Uma dessas
pinturas murais, encontrada em Tebas, é conhecida como jardim de Sennefer
(AFONSO, 2017).

Fonte: hav120151.files
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Os jardins egípcios, por influência da presença do rio Nilo, seguiam critérios de
plantio baseados na agricultura desenvolvida na planície do rio. As plantas eram
posicionadas perto dos vales, utilizando canais de irrigação divididos em tabuleiros,
em conformidade com o conhecimento da dinâmica da água. Desde o antigo império
já existiam pomares plantados com videiras, figueiras, sombreados por sicômoros,
plantas e frutos destinados para uso de seus proprietários. Sendo todas elas, plantas
úteis e sagradas. Além disso, os jardins egípcios também eram caracterizados pelo
uso de esculturas, muros e apresentação de desenhos de linhas retas e formas
simétricas. Existe também, posteriormente, o surgimento de casas de campo,
consequência direta da transformação do jardim como um lugar de repouso agradável
e autossuficiente. Conceito que passa a ser representado em pinturas das tumbas.
Não é para menos que as mais antigas referências de pinturas, sejam de jardins ou
de elementos agrícolas, são encontradas no Egito, sobretudo em tumbas para que o
morto pudesse desfrutá-lo do outro lado (BELLÈ, 2013).

Jardim Grego

Fonte: cdn.olhares.pt

Devido ao solo rochoso e montanhoso e ao clima quente e seco, nunca permitiu


à região da Grécia um local ideal para uma jardinagem organizada. Suas formas se
aproximavam dos naturais, fugindo das linhas simétricas. Os jardins gregos eram um
prolongamento das casas aos quais pertenciam e a construção de colunas e pórticos
fazia uma harmoniosa ligação entre o ambiente interior com o exterior. Contudo, com
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o conceito grego de Bosques Sagrados (um lugar natural, abençoado e dedicado aos
deuses, com vegetação virgem e sem intervenção humana.
Era um jardim lírico religioso no qual se expressava a antítese de uma
concepção agrícola da exploração da natureza), os gregos não procuravam a beleza
nos jardins. Eram lugares naturais, sem a intervenção humana, abençoados e
dedicados aos deuses da mitologia grega onde, segundo sua crença, os deuses e
deusas visitavam a Terra. Eles eram cultivados próximos a algum santuário e
consagrado a uma das divindades da fecundidade (JESUS, 2018). No entanto, a
permanência nesses bosques sagrados só era permitida a sacerdotes (COURI, 2017).
É da Grécia que se tem notícia do surgimento do vaso com flores anuais
utilizados para oferendas ao deus Adônis. Foi só depois da conquista de Alexandre
que os gregos passaram a adotar um formato de jardim parecido com os persas,
sendo que o luxo apareceu pela primeira vez no jardim de Epicure (JESUS, 2018).

Jardim Romano
O jardim romano é uma mistura das artes gregas já que eles trouxeram diversos
tipos de monumentos e estátuas como fontes, divindades etc., mas acresceram a
criatividade romana. Isso porque o início do jardim romano está associado
principalmente com as tradições e características culturais deles, sobretudo à família
(JESUS, 2018).

Fonte: img.elo7.com.br

22
Depois das batalhas e conquistas os romanos voltavam para as suas famílias
e propriedades. Eles buscavam então fugir das cidades a fim de descansar. Assim,
começaram a construir casas de campo nos arredores de Roma. Essas famílias,
geralmente de aristocratas tradicionais possuíam enormes terrenos fora da cidade e,
ao longo do tempo, essas propriedades foram se dividindo formando vilas. Dessa
maneira, o jardim era desenvolvido no entorno da casa de habitação com a presença
de vinhedos, prados e culturas. As vedações que delimitavam a vila eram
habitualmente dissimuladas por loureiros e outras plantas de ornamento. “É a partir
do século I D.C. que o Jardim Romano 12se assume como jardim propriamente dito,
com função de lazer, servindo de cenário às festas e despertando os sentidos,
nomeadamente a visão e o olfato, através da utilização das plantas. Esse tipo de
jardim era chamado de Jardim dos Prazeres. Era regular, ordenado e simples e
desenvolvia-se em pequenos pátios e terraços (em terrenos desnivelados) com
esculturas, fontes centrais, jogos de água, tanques, piscinas, termas, teatros, grutas,
pavilhões, pórticos, canteiros, sebes podadas. A topiária principalmente de buxo
(também cipreste e loureiro), fez com que o arbusto passasse a ser um elemento
escultórico de grande versatilidade e essencial num jardim” (NUNES, 2010, p.3).
Essas composições paisagísticas nestes espaços sociais faziam aquele que o
frequentasse sentisse o frescor do vento, o aroma das flores, o ameno calor do sol,
fugindo da poeira e dos ruídos. Por estarem integrados às residências havia ainda,
nesse momento, a interpenetração casa-jardim, onde as paredes eram pintadas com
paisagens e os muros revestidos com trepadeiras.

Jardim Oriental
Os jardins orientais foram criados possuindo uma visão de jardim voltada à
natureza, à contemplação, à imobilidade e ao silêncio. Eles eram construídos em
função da topografia, da vegetação e do clima existentes, sem se prenderem as
formas rígidas e simétricas. Os jardins orientais são extremamente elaborados e cada
minúcia tem muita relevância, como a água, as pedras, a areia, o cascalho e as
lanternas (MATTIUZ, 2017).

23
Fonte: marcosrsantos.com.br

Segundo SCALISE (2010), “A arte na jardinagem oriental consiste em


concentrar a atenção sobre o essencial, seja das formas precisas ou a sutileza dos
matizes; todas as plantas são extremamente valorizadas”.

Jardim Medieval
Era definido como um jardim de lazer, enclausurado com altas paredes
protetoras e rodeado de plantas aromáticas e árvores frutíferas (NUNES, 2010). essas
invasões e pestes fizeram com que as cidades e castelos tivessem que se proteger,
fechando e fortificando-se (BELLÉ, 2013).

Fonte: blogfeitobrasil
24
Dessa forma, a tradição de jardins se mantinha nos monastérios e conventos
que geralmente seguiam o formato retangular com circulação em forma de cruz, em
pequenos espaços planos, quadrados e fechados por muros que eram revestidos de
trepadeiras, contendo plantas medicinais (voltadas à produção de perfumes e
remédios), condimentares, flores-de-corte (usadas para ornamentação dos altares),
além de horta e pomar (AFONSO, 2017).
São três os tipos de jardins existentes dessa época: o jardim dos prazeres
fechado, a horta utilitária e o jardim de plantas medicinais, explorado pelas ordens
monásticas. Mas também era possível encontrar pequenos jardins domésticos,
cultivados pelas mulheres (JESUS, 2018). A maior contribuição desse período foram
os labirintos; os “jardins secretos” (Hortus conclusus) usados amplamente em
monastérios; e o crescente incentivo ao cultivo de plantas para alimentação e uso
medicinal (MATTIUZ, 2017).
Sob a soberania da igreja, acreditava-se que um jardim muito denso era um
local para habitação de demônios, além da total renegação da cultura pagã, pois todos
os povos eram considerados pagãos: egípcios, persas etc. Assim, a principal
característica para os jardins desse período era a simplicidade. Passeios retos;
assentos rústicos; cercas cobertas por romãs (na parte mais alta) e roseiras (na parte
mais baixa). Na mesma época da difusão da idade média no mundo cristão ocidental,
na península ibérica, os países conquistados pelos árabes desenvolviam seus jardins
extremamente evocativos inspirados nos moldes persas (JESUS, 2018).

Jardim Italiano
A grande maioria dos jardins estava situada no campo, em colinas e encostas
por serem locais mais frescos e com uma vista panorâmica agradável. Neles a
residência ficava sempre em destaque, ocupando a parte mais elevada do terreno
(MATTIUZ,2017). Sendo que o percurso para se chegar a casa era feito “através de
uma sucessão de escadarias, rampas, terraços, grutas e fontes. Estes elementos
proporcionavam um efeito arquitetural perfeito com a paisagem, unindo a arte e a
natureza” (JESUS, 2018).

25
Fonte: jardineiro.net

A medida que se afastava da moradia, o jardim se tornava mais verde e com


áreas sombreadas (MATTIUZ, 2017). Foi assim que se iniciou “a restauração dos mais
belos parques e dos jardins das “vilas romanas” que serviram como modelo para a
construção de novos jardins” (SCALISE, 2010).

Jardim Frances

Fonte: i1.wp.com

26
O renascimento chegou mais tarde e por quase dois séculos os jardins
franceses eram altamente influenciados pelos italianos, exemplos dessa época são
os jardins de Charles VIII (Amboise)19e o do cardeal arcebispo de Rouen, George
d'Amboise (Gaillon). Até que, com o espírito de contrarreforma e a progressiva
afirmação da autoridade monárquica, a França encontrou o auge do seu poder e
riqueza a partir do século XVII (BELLÉ, 2013).
O renascimento chegou mais tarde e por quase dois séculos os jardins
franceses eram altamente influenciados pelos italianos, exemplos dessa época são
os jardins de Charles VIII (Amboise)19e o do cardeal arcebispo de Rouen, George
d'Amboise (Gaillon). Até que, com o espírito de contrarreforma e a progressiva
afirmação da autoridade monárquica, a França encontrou o auge do seu poder e
riqueza a partir do século XVII (BELLÉ, 2013).
Criou então o seu próprio modelo de paisagismo e nasceu o estilo francês
“Como reflexo da prosperidade, do poder e da inflexibilidade do governo, o modelo
francês adota como premissa ‘o homem domina a natureza’” (BELLÉ, 2013).
Ao longo da história os jardins que foram surgindo destacavam alguns pontos
de alguns dos jardins da antiguidade, exagerando-o, às vezes incluindo novos
elementos, aprimorando, mas o “pezinho” está lá no passado. Funcionando em muitos
momentos até mesmo como uma reapropriação ou lembrança relacional de um
passado glorioso, exótico etc. Vejamos a simetria, por exemplo, existente nos jardins
mesopotâmicos, persas, egípcio e até mesmo romanos. Os princípios formais deles
foram difundidos na Europa através das comunicações terrestres e marítimas
estabelecidas entre essas regiões. Assim, o sistema de proporções e simetria
baseado na geometria regular (princípio de organização dos jardins egípcios e persas)
predominou nos jardins europeus anteriores ao século XVIII (AFONSO, 2017)

7 VEGETAÇÃO EM ÁREAS URBANAS

A vegetação implantada em áreas urbanas ainda é majoritariamente percebida


como paisagismo contemplativo, que busca harmonizar ambientes e prover conforto
visual a observadores. Todavia, a vegetação no meio urbano exerce funções
ambientais além do paisagismo, mas que passam despercebidas pela maioria das
27
pessoas. A demografia exerce influência sobre a satisfação humana (MORRIS e
GUERRA, 2014).

Fonte: encrypted

Além da função estética, a concepção funcional do paisagismo urbano procura


tirar o máximo proveito dos serviços que árvores isoladas ou agrupadas em bosques,
florestas, parques e outros ambientes possam oferecer. Áreas urbanizadas funcionam
como ilhas de calor, onde as temperaturas são mais altas e a umidade relativa do ar
mais baixa do que em zonas rurais e naturais. Nas metrópoles brasileiras, ocorrem
diferenças de até 10oC entre bairros arborizados e não arborizados nas horas mais
quentes do dia no verão. Não é mera coincidência que bairros mais quentes são
justamente aqueles com menor percentagem de cobertura vegetal. Em nível regional,
a absorção de água e a transpiração das plantas são fundamentais para manter o
ciclo hidrológico e, consequentemente, as condições climáticas regionais (CORRÊA,
2015)
Sombra e evapotranspiração transformam árvores em amenizadores da
temperatura e umidificadores do ar. Alguns cálculos comparam uma árvore adulta ao
poder de resfriamento de cinco aparelhos de ar condicionado. Espaços vegetados são
atualmente concebidos como parte da infraestrutura urbana. O verde urbano, formado
por parques, praças, rotatórias, ruas arborizadas, jardins, remanescentes de
vegetação nativa e outros, é capaz de transformar paisagens, amenizar o clima árido
das cidades e melhorar a qualidade de vida de suas populações. (SANCHES, 2011)

28
8 PAISAGISMO BIOCLIMÁTICO

Fonte: archtrends.com

A mudança de temperatura é um dos aspectos mais perceptíveis em regiões


metropolitanas pelo mundo e geram efeitos como as ilhas de calor. O efeito da ilha de
calor é definido como a característica mais evidente do clima urbano, provocando
alterações no fluxo energético dos sistemas ecológicos urbanos (YANG, QIAN,
SONG, & ZHENG, 2016). Dentre as medidas para a amenização destes impactos
estão a otimização da paisagem urbana com a implementação de áreas verdes
(YANG et al., 2016). Dentre as causas diversas para o efeito das ilhas de calor, o
principal aspecto é a baixa presença ou a total ausência de vegetação em muitas
áreas na cidade de São Paulo (BARROS & LOMBARDO, 2016).
Quando devidamente planejado em prol da qualidade ambiental das cidades, o
sistema de vegetação reduz de forma significativa as ilhas de calor através do
sombreamento e do processo de evapotranspiração (LIVESLEY, MCPHERSON, &
CALFAPIETRA, 2016). Ao promover sombra para edifícios, pavimentos e pessoas,
as árvores reduzem o consumo de energia, mantém as pessoas protegidas dos raios
ultravioletas, oferecem sensação de frescor e evitam o excesso de armazenamento
de energia térmica pelos materiais (SOUZA, 2019). Estudos comprovam também que
a temperatura do ar é amenizada por meio da evapotranspiração da vegetação
(BALLINAS & BARRADAS, 2016). Nesse processo, a vegetação utiliza a energia
29
solar para evaporação da água, oferecendo benefícios de resfriamento para a área
onde atua.
Outro aspecto importante para o planejamento da vegetação em áreas urbanas
é o monitoramento da vegetação. Recentemente, um laboratório de pesquisa
chamado Senseable City Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)
localizado em Cambridge, Estados Unidos, desenvolveu o método Green View Index
(Índice de Visão Verde) que trata da quantificação da copa das árvores presentes nas
ruas (LI, ZHANG, LI, RICARD, & MENG, 2015). No estudo por Li e colaboradores
(2015), a cidade estudada com maior percentual de cobertura vegetal foi a cidade de
Tampa (Flórida/EUA) com 36,1% enquanto a cidade de São Paulo apresentou um
índice de vegetação de apenas 11,7% (MIT SENSEABLE LAB, 2017). Dessa forma,
o monitoramento é importante para saber o estado atual dos locais e decidir quais
áreas necessitam prioritariamente de ações projetuais e de planejamento.
A vegetação possui a capacidade de amenizar o efeito da poluição urbana de
várias maneiras. Uma delas é a absorção de gases poluentes como SO2 e NOx
através dos estômatos das folhas. Estes gases se difundem de maneira semelhante
ao CO2 e podem ser metabolizados pelas plantas, apesar de causarem prejuízos
fisiológicos às mesmas (AYOADE, 2011). Outras substâncias tóxicas como o
formaldeído, benzina e tricloroetileno podem ser absorvidas, e a retirada de CO2 do
ar, com a posterior estocagem de carbono na estrutura da planta por meio da
fotossíntese é um mecanismo eficiente para equilibrar as quantidades desse gás na
atmosfera. As plantas também são capazes de remover temporariamente os
poluentes particulados ao retê-los na superfície da folha, até serem levados pelas
águas da chuva, ou ainda ficarem incorporados ao solo quando a folha se desprender
(SHINZATO, 2009).
Os efeitos na saúde humana são diversos e em sua maioria estão relacionados
com algum dos benefícios ecossistêmicos, exemplo: diminuição da concentração de
poluentes atmosféricos pelas plantas e melhora de doenças respiratórias. A Figura
1 ilustra as principais vias nas quais as áreas verdes podem contribuir positivamente
para a saúde humana. (AMATO-LOURENÇO et al. 2016)

30
8.1 Escolha das espécies de árvores

Fonte: static.vecteezy.com

Muitas vezes acontecem erros irreversíveis pela escolha errada da espécie, em


geral agravados pela desconsideração das necessidades mínimas das árvores, tais
como as relacionadas às características do solo, à quantidade demandada de água,
à necessidade de incidência de luz solar e de espaço necessário ao seu
desenvolvimento. Para que não ocorram problemas com as árvores plantadas em vias
públicas, é necessário conhecer as características e os comportamentos que lhes são
distintos (LIMA et al, 2017).
A manutenção das espécies nativas é de extrema importância para a
preservação das mesmas e contribuem com o triunfo do funcionamento dos projetos
de arborização. Segundo Ceccheto (2014), ao se utilizarem as espécies nativas
regionais na arborização urbana, a coexistência e sobrevivência dessas espécies em
escala local poderiam ser garantidas.
Segundo Cechetto; Christmann e Oliveira (2014) as espécies nativas possuem
diversas qualidades favoráveis em relação às exóticas, sendo algumas delas:
adaptabilidade garantida ao clima e solo; melhor desenvolvimento metabólico;
maiores possibilidades de produção de flores e frutos saudáveis; propicia a
alimentação para animais também nativos, conservando a fauna local; promulga a

31
proliferação da espécie, evitando a sua extinção; evita o aumento de espécies
invasoras exóticas e as doenças e pragas ocasionadas pelas mesmas; além de
oferecer os benefícios comuns a todos os gêneros arbóreos. Contudo, podemos
reconhecer assim até, determinada região ou ambiente por conta das características
da vegetação local, podendo até assim atrair turistas para o local de interesse.

8.2 Benefícios gerais da arborização

Fonte: ibflorestas.org.br

De acordo com Lira Filho (2012) o paisagismo e suas funções sociais, trazem
consigo privilégio para o bem-estar da população. Em vista disso, o autor detalha que
nos pontos em que há uma grande circulação de pessoas, a vegetação cumpre o
papel de tornar o ambiente agradável para habitação uma vez que:

[...] Através da presença de vegetação, pode proporcionar redução dos níveis


de ruídos, diminuição da temperatura gerada pelas ilhas de calor, em
decorrência da reflexão do asfalto e grandes massas de concreto, e,
principalmente, redução dos índices de poluição (LIRA FILHO, 2012, p. 147)

O planejamento urbanístico que leva em conta o aumento da arborização além


de reduzir a temperatura local, traz diversos benefícios associados, como a economia
de energia e bem-estar. Com o aumento da temperatura global, é predito através de

32
estudos o aumento da demanda energética pelo uso de ar condicionado e sistemas
de resfriamento, com alguns estudos apontando para acréscimos de mais de 70%
(ISAAC & VAN VUUREN, 2009). Visto que o aumento da vegetação pode garantir a
diminuição da necessidade e dos custos ligados ao resfriamento de ambientes
(SOUZA, 2019).
Ayoade (2011) afirma que “com o aumento populacional e o aumento das
capacidades tecnológica/científicas da humanidade, percebeu-se que o homem pode
influenciar e tem de fato influenciado o clima, apesar dessa ação ser feita
principalmente numa escala local”. Um dos resultados de tais influências é
caracterizado pelo fenômeno da Ilha de Calor.
As áreas verdes urbanas também garantem a diminuição da poluição
atmosférica e sonora, melhoria estética e impactos na saúde humana, além de
influenciar os campos sociais e econômicos ao oferecer uma ampla gama de serviços
e melhorias substanciais no bem-estar comunitário e individual (LOCATELLI,
ARANTES, POLIZEL, SILVA-FILHO, & FRANCO, 2018). As árvores, através de suas
copas densas, funcionam como barreiras reduzindo a velocidade dos ventos e
amortecendo os ruídos tão comuns na cidade, principalmente nas áreas centrais,
onde diariamente circulam um grande número de pessoas fazendo compras ou
trabalhando e de veículos numa sinfonia auditiva irritante e nociva à saúde pública.
(PINHEIRO et al, 2017)
A vegetação possui a capacidade de amenizar o efeito da poluição urbana de
várias maneiras. Uma delas é a absorção de gases poluentes como SO2 e NOx
através dos estômatos das folhas. Estes gases se difundem de maneira semelhante
ao CO2 e podem ser metabolizados pelas plantas, apesar de causarem prejuízos
fisiológicos às mesmas (AYOADE, 2011). Outras substâncias tóxicas como o
formaldeído, benzina e tricloroetileno podem ser absorvidas, e a retirada de CO2 do
ar, com a posterior estocagem de carbono na estrutura da planta por meio da
fotossíntese é um mecanismo eficiente para equilibrar as quantidades desse gás na
atmosfera. As plantas também são capazes de remover temporariamente os
poluentes particulados ao retê-los na superfície da folha, até serem levados pelas
águas da chuva, ou ainda ficarem incorporados ao solo quando a folha se desprender
(SHINZATO, 2009).

33
Os efeitos na saúde humana são diversos e em sua maioria estão relacionados
com algum dos benefícios ecossistêmicos, exemplo: diminuição da concentração de
poluentes atmosféricos pelas plantas e melhora de doenças respiratórias. A Figura
1 ilustra as principais vias nas quais as áreas verdes podem contribuir positivamente
para a saúde humana. (AMATO-LOURENÇO et al. 2016).
Diante de todos os benefícios já citados, a implementação da vegetação
inserida no projeto de arborização urbana, se desempenha um papel vital para o
bem-estar dos moradores. Com capacidade única de controlar muitos efeitos
adversos do meio urbano, a arborização, seguindo o planejamento indicado,
contribuirá para a qualidade de vida em prol de toda a comunidade local (SOUZA,
2019).

9 PAISAGISMO COMESTÍVEL

Fonte: bp.blogspot.com

Ao falar sobre a parte econômica, encontra-se o paisagismo comestível, sobre


qual Veríssimo e Name (2017) comentam, definindo-o como uma ferramenta útil em
que pode ser usada para complementar a alimentação das pessoas, e contribuir na
redução à fome, por ser um método que visa à produção de alimentos. Nesse sentido,
entende-se que o paisagismo, pode ser usado especificamente com o objetivo de
produzir alimentos, sendo convencionais ou as denominadas Plantas Alimentícias

34
Não Convencionais (PANC), como também para a produção de plantas medicinais.
Assim sendo, o paisagismo comestível pode complementar a alimentação e ser
utilizado como uma fonte de renda adicional. Na concepção de paisagismo
econômico, o mesmo pode ser visto como um produto para consumo, em prol do bem-
estar das pessoas que irão usufruir. Nesse mesmo raciocínio, Backes (2013) descreve
que: ‘‘Paisagismo produtivo pode ser definido como a criação de macro e micro
paisagens com afinalidade de produzir alimentos, plantas terapêuticas, combustíveis,
etc.,sem perder a “estética ecológica” de cada local.
Árvores e áreas verdes plantadas, como as hortas urbanas, fornecem frutas e
pólen para animais e insetos, que por sua vez são responsáveis pela polinização e
pelo equilíbrio biológico local, além de constituírem locais de refúgios para a
microfauna e a avifauna. (AMATO-LOURENÇO et al. 2016).

Figura 1 - Vias em que exposições a áreas verdes podem resultar em desfechos na


saúde (Adaptado de James et al., 2015).

35
10 HISTÓRICO DA ARBORIZAÇÃO URBANA

Desde os primórdios, o homem sempre esteve ligado à natureza,


primeiramente usufruindo do que ela era capaz de proporcionar através da caça e da
coleta, mas a partir do momento em que deixou de ser nômade, houve o
desenvolvimento da agricultura, que fez com que essa relação homem/natureza fosse
modificada. Assim, passando por anos de desenvolvimento, rural, foi na metade do
século XV que o desenvolvimento urbano ganhou força na Europa. Com a Revolução
Industrial houve ainda um aumento ainda maior da urbanização, uma vez que a
necessidade de mão de obra nas cidades acabou por causar um acúmulo de pessoas
em um menor espaço, pois as cidades, cresceram em população e sofreram diversas
mudanças, aos poucos adquirindo as configurações atuais. A ocorrência de vegetação
em espaços públicos aconteceu no século XVII, que já podia ser visto em várias
cidades da Europa que possuíam seu passeio ajardinado. A arborização ganhou ainda
mais destaque a partir das atividades de planejamento urbano de cidades, uma vez
que com a necessidade de atividades sanitaristas para melhora da qualidade de vida,
as ruas ficam mais amplas e comportam assim um planejamento paisagístico, a
Exemplo de Paris. (THIES, 2020)
A arborização urbana tem fundamental importância no equilíbrio do
ecossistema e na qualidade de vida da população. O desempenho da arborização vai
além da estética, apresenta funções diversas e torna-se principal regulador e formador
de microclima. A morfologia das espécies que serão utilizadas, suas características
próprias e condições de um desenvolvimento harmonioso com o mínimo de
intervenções contribuem para o sucesso do projeto. (THIES, 2020)
A história da arborização de vias públicas no Brasil, segundo Kochi & Clemente
(2012), é confundida com a história do próprio país. Ainda no século XVII, o Recife foi
o primeiro núcleo urbano com planejamento de arborização de rua para reproduzir
ares de uma cidade europeias. A função estética parecia ser o ponto principal, mas
diante de suas inúmeras funções exercidas sobre o ambiente, as árvores se
mostraram muito benéficas para os habitantes desse meio (KOCHI & CLEMENTE,
2012). O Rio de Janeiro foi outro importante marco no paisagismo brasileiro dos
séculos XVIII e XIX tais como o Jardim Botânico e o passeio público. Já no século XX,
36
Burle Marx iniciou um movimento de valorização da vegetação nativa que até então
era desprezada nos projetos paisagísticos (MEDEIROS, 2009).
A intervenção proposta para um determinado local necessita de um projeto,
com diferentes peças a explicar e a ilustrar a visão do técnico, em que este tem ao ser
dispor várias ferramentas substanciais que viabilizam a representação (Dias, 2014)
bem como a comunicação das ideias. A cartografia (TERENO, 2015), fotografia (LIMA;
BASSO, 2012), desenhos, modelação digital 3D, maquetes (FRANCISCO, 2013),
entre outros, são algumas ferramentas que os arquitetos paisagistas utilizam para
conceber um projeto.

11 PAISAGISMO E SUSTENTABILIDADE

O conceito da palavra sustentável tem origem no latim "sustentare", que


significa sustentar, apoiar e conservar. Esse próprio conceito de sustentabilidade é
definido para longo prazo e trata-se de encontrar uma forma de desenvolvimento que
atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas
gerações de suprir as próprias necessidades. (MAGALHÃES, 2016).
A sustentabilidade tem como base cinco dimensões principais, que são a
sustentabilidade social, ambiental, territorial, econômica e política. Mais duas
dimensões ou critérios de sustentabilidade: cultural e ecológica, significando um
processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional
se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às
necessidades e aspirações humanas. Os benefícios sociais, ambientais e econômicos
são muito destacados no paisagismo sustentável, pois contribuem para conservação
de recursos naturais, levando a redução dos impactos ambientais e prejuízos à
humanidade nas próximas gerações (SILVA, 2016).
Paisagismo Sustentável requer a utilização de plantas específicas,
considerando aspectos como a redução do uso de água, respeito ao ciclo natural de
crescimento e floração das espécies e o reaproveitamento de materiais descartados.
Na ideia de sustentabilidade, espécies como bromélias, lírios, antúrios, violetas são
flores populares que, além da beleza, têm em comum a vantagem de utilização de
37
pouca água para cultivo e podem ser utilizadas em projetos de paisagismo. As
cactáceas são espécies que também demandam menos água, sejam as de origem
tropical ou desértica (SILVA, 2016).
Para Alencar et. al. (2015), o paisagismo funcional deve ter caráter sutil,
elaborado e planejado de forma que os jardins sejam um lugar de interação entre
homem e natureza, e sensibilizar a relação do indivíduo com o tipo de funcionalidade
dos mesmos, e ainda pode ser usado para a educação ambiental de forma empírica,
através do intenso contato com o jardim e da ornamentação realizada para fins
sustentáveis.
De acordo com a Lei n° 9.885, de 18 de julho de 2000 e o decreto n°4.340 de
22 de agosto de 2002 (Alencar et. al., 2015), o paisagismo deve ser implantado para
o desenvolvimento ecológico, fazendo das cidades unidades de conservação da
natureza para compensar parcialmente os impactos ambientais da urbanização.
Segundo Gengo et. al. (2013), o jardim filtrante é um jardim utilizado para tratar
esgotos domésticos ou industriais, com o uso de plantas nativas e aquáticas. Tem
como principal objetivo a reciclagem da água para novos usos, como por exemplo:
irrigação de jardins e a higienização de áreas de pátios. Ações de conservação da
água e aplicação do reuso permite que a água tratada possa voltar a ser utilizada para
irrigação, recreação, serviços e diversificação ecológica, entretanto, a água reciclada
não costuma ser potável, devido à possibilidade de riscos para a saúde.
Jardim filtrante.

Fonte: i.pinimg.com

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O jardim filtrante é composto basicamente por areia, pedras e plantas
aquáticas. A água cinza do edifício, direcionada para esse jardim, forma um pequeno
lago. As plantas realizam, assim, o tratamento dessa água. Sua manutenção é muito
simples, contribui com a sustentabilidade do meio ambiente e ainda traz harmonia
paisagística
As plantas escolhidas devem ter capacidade de filtração e extração dos micros
poluentes e nutrientes na água. Com essa capacidade, alguns fatores devem ser
considerados, de acordo com Rocha et. al. (2015):
• capacidade de resistir às diversas variações de temperatura;
• consumo de oxigênio;
• tolerância a diversos tipos de poluentes;
• adaptações às condições de inundação e seca.

12 LEGISLAÇÃO

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou o Projeto de Lei


2043/11, que regulamenta a profissão de paisagista. Conforme o texto, ficará
assegurado o exercício do paisagismo aos profissionais que comprovarem, na data
da publicação da futura lei, o exercício profissional por dois anos no mínimo.
O relator, deputado Enrico Misasi (PV-SP), recomendou a aprovação após
realizar ajuste no texto. A proposta, de autoria do deputado Ricardo Izar (PP-SP),
tramitava em caráter conclusivo. Assim, está aprovada pela Câmara dos Deputados
e seguirá para análise do Senado após a redação final, a não ser que haja recurso
para análise do Plenário.
“Com o crescimento dos centros urbanos, o paisagismo passa a ter importância
tanto artística como científica”, disse Izar. “Com isso, a profissão começa a ser
regulamentada na maioria dos países desenvolvidos”, continuou o parlamentar.
O texto foi aprovado na forma de substitutivo apresentado pela Comissão de
Desenvolvimento Urbano, com emendas de outras duas comissões da Câmara. De
acordo com o projeto, a profissão de paisagista poderá ser exercida por diplomados
em curso superior de paisagismo ou arquitetura da paisagem, expedido por
instituições brasileiras e estrangeiras.
39
Além disso, o texto libera o ofício também para os pós-graduados em
paisagismo ou arquitetura da paisagem, desde que possuam graduação em
arquitetura, agronomia, engenharia florestal, biologia ou artes plásticas. Em todos os
casos, o exercício da profissão de paisagista exigirá registro no órgão ou entidade
responsável.
Fonte: Agência Câmara de Notícias

40
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFONSO, C. M. JARDINS DO OCIDENTE E DO ORIENTE: ORDENAMENTO OU


RECRIAÇÃO DA PAISAGEM. paisag. ambiente: ensaios - n. 40 - São Paulo - p. 107
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ALENCAR, L., D.; CARDOSO, J. C. Paisagismo funcional: o uso de projetos que


integram mais que a ornamentação. Ciência, tecnologia e ambiente. Araras, SP. Vol.
1, No. 1, 1-17. 2015.

ALVES, R. O que é paisagismo. 2020

AMATO-LOURENÇO, L. F. et al. (2016). Metrópoles, cobertura vegetal, áreas verdes


e saúde. Estud. av. vol.30 no.86 São Paulo Jan./Apr. 2016

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Paulo. Editora Europa, 2014

AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. 15ª edição. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 2011.

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Urban Heat Island in Mexico City: A Simple Phenomenological Model. Journal of
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BARROS, H. R., & LOMBARDO, M. A. (2016). A ilha de calor urbana e o uso


e cobertura do solo em São Paulo-SP. Geousp – Espaço e Tempo, 20 (1), 160–
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Tecnologia do Rio Grande do Sul –IFRS. Bento Gonçalves. 2013

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