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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL


DISCIPLINA: ARBORIZAÇÃO E PAISAGISMO

ARBORIZAÇÃO URBANA
Introdução

Prof. Dr. Ronie Silva juvanhol

Bom Jesus - 2019.


1
Introdução
 Antes da existência dos centro urbanos...
 Florestas, campos, cursos d’água e animais.

 Surgimento das primeiras árvores nas


ruas...quando?
 Revolução industrial

 Estima-se que ½ a ¾ da população vivem


em cidades
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Introdução
 A organização urbana das cidades
apresenta artificialidades;
 Forte impermeabilização do solo;
 Abundância de materiais altamente
refletores;

 Como minimizar esses problemas?


 Parques, praças, jardins e a arborização
urbana...

3
Introdução
 Árvores enfileiradas foram implantadas
inicialmente em Paris, no início do século
XIX, com fins estéticos...

Barão Haussmann

4
Introdução
 Importância da arborização urbana
 Melhoria microclimática...

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Introdução
 Importância da arborização urbana
 Redução da poluição atmosférica...

7
Introdução
 Importância da arborização urbana
 Redução da poluição sonora e visual...

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Introdução
 Importância da arborização urbana
 Proteção da avifauna

9
Introdução
 Importância da arborização urbana
 Conforto ambiental
 Bem estar psicológico
 Pode influenciar no ciclo hidrológico
 Controle de erosão (paisagismo rodoviário)...

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Introdução
.1
 Importância da arborização urbana...

 Mas para que ocorram todos esse benefícios...

O que é preciso

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Introdução
 Para maximizar os benefícios da arborização
 Planejamento
 Conhecimento de patrimônio arbóreo
 Inventário
 Tipo
 quantitativo, qualitativo ou qualiquantitativo
 Intensidade
 Completo ou parcial
 Implantação e manutenção da Arborização
Introdução
 Conceito...

Arborização urbana

Floresta urbana
Introdução - conceito
 Arborização urbana
→ refere-se a árvores no ambiente urbano
plantadas pelo homem;
 A árvore é tratada de maneira individual;
 Ruas, calçadas, praças...

 Conceito menos abrangente do que floresta


urbana...
Introdução - conceito
 Arborização urbana
Introdução - conceito
 Floresta urbana
→ Refere-se tanto às árvores plantadas pelo
ser humano quanto daquelas remanescentes
ou antropicamente estabelecidas.
 Trabalha-se todos os locais possíveis de plantio
 Disposição das árvores é variável de acordo com
as dimensões e condições de cada local.
 Tratamento global.
 Conceito mais abrangente do que floresta
urbana...
Introdução - conceito
 Floresta urbana
Introdução - conceito
 Floresta urbana
Introdução - conceito
 Floresta urbana
Introdução - conceito
 Floresta urbana

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Planejamento da arborização
O reconhecimento do local a ser arborizado, levantando-
se todas as características importantes para a ocupação
do espaço.

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Planejamento da arborização
A escolha das espécies adequadas para cada espaço:
> características do local x características das espécies;

descobrindo-se as mais propícias para ocupar


aquele local;

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Planejamento da arborização
Formalização de um projeto acabado, que será entregue
ao cliente e que será seguido passo a passo pelo
executor.

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Características do local
 A rua é o local tradicional de arborização urbana.

 A árvore que é plantada ocupará um espaço


tridimensional e é importante que esse espaço seja
suficiente para conter a árvore.

 É importante o conceito de “caixa” de rua


 ... o espaço disponível onde são desempenhadas todas as
atividades.

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Largura da rua
 As árvores não são escolhidas para serem plantadas nas
ruas...
 suas copas se prolongarão até elas.
 importância de se avaliar a largura das ruas.

 Para arborização, quanto mais largas elas forem, melhor.

 A altura, definida pelos serviços nela contidos, também é


importante para o planejamento da arborização.

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Largura do passeio
 Passeio é o local que mais define o espaço para
arborização
○ porque ela estará sendo realizada diretamente nele.

 São importantes a sua largura e a altura disponível


○ determinada pelos serviços presentes.

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Largura do passeio
 Quando a arborização é estabelecida no passeio,
 tronco passa a ser um concorrente em termos de espaço
para a circulação.

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 Não se recomenda arborizar as ruas estreitas (largura
<7m).

 Quando as ruas forem largas


○ considerar ainda a largura das calçadas de forma a definir o
porte da árvore a ser utilizada.

 Outro fator deve ainda ser considerado


 Refere-se à existência ou não de recuo das casas.

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 As ruas que apresentam canteiro central
 Seguem os mesmos critérios apresentados para as
demais ruas.

 Canteiro central... poderá ser arborizado de acordo com a


sua largura.
○ Menores que 1,50m
 palmeiras ou arbustos
○ Canteiros mais largos
 pode-se escolher espécies de porte médio a grande.

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http://mongagua.sp.gov.br/wp-content/uploads/2013/04/CANTEIRO-CENTRAL-AVENIDA-SAO-PAULO.jpg 33
http://www2.maringa.pr.gov.br/sistema/imagens/gd_7dd7fc167d09.jpg

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Presença de fiação
 Característica mais importante para a arborização ou, pelo
menos, a mais conflitante.

 A espécie que ocupará uma calçada com presença de


fiação tem de ser muito bem escolhida para se evitar o
conflito.

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Presença de fiação
 Quando existe
 ele é normalmente controlado com o sacrifício da árvore
por meio de podas sucessivas.

 Modernamente as companhias de distribuição de energia


vêm substituindo as redes convencionais por redes
protegidas ou isoladas

 que têm permitido a conservação das árvores sem a


necessidade de podas drásticas.

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 A arborização deve ser feita no lado oposto à fiação.

 No lado da fiação
 recomendam-se árvores de pequeno porte e distantes 3 a 4 m dos
postes de iluminação.

 Outra sugestão é a convivência de árvores de grande porte


no lado da fiação com fios encapados

 Nunca deve plantar palmeiras sob fiação, cuja altura da


espécie adulta seja superior ao da fiação
 Palmeira nunca se poda.

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http://www.revistaecologico.com.br/esite/kcfinder/upload/images/capas/materias/RevEco_Set12_117-(Fernanda-Mann).jpg
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Fonte: Manual Técnico de Arborização Urbana.

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Serviços subterrâneos
 Água, telefone, esgoto, energia.

 Alguns planejadores julgam que passando redes de


energia subterrâneas resolvem-se os problemas de
conflito.

 Na verdade eles apenas se transferem e, o que é


pior, com soluções muito mais onerosas e difíceis.

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Plantio inadequado de árvores cujas raízes estão interferindo nas
canalizações subterrâneas (extraído de GUIA, 1988)

 A arborização em locais onde a fiação é subterrânea e


mesmo onde há rede de água esgoto
 é feita somente a uma distância mínima de 1 a 2m
para evitar problemas.
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Iluminação

 O plantio de árvores nas calçadas não poderá conflitar


com a iluminação, impedindo que esta chegue até o
piso da rua e das calçadas.

 Conflito está existindo?


 pode ser resolvido com podas ou com troca das
espécies arbóreas;
 com adaptações ou trocas dos níveis de iluminação;
○ como?
 que podem ser conseguidos com postes mais baixos ou
com alongamentos dos braços de iluminação.
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Afastamento predial frontal

 Essa é uma característica que permite uma melhor


arborização.

 Nas ruas em que há afastamento frontal


 o planejador conta com um espaço maior para o
desenvolvimento das árvores.
 espécies de maior porte, implicando num melhor
sombreamento.

FATO IMPORTANTE
principalmente para os casos de cidades pequenas

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Trânsito
 O tipo de trânsito no local é uma outra característica
importante para a escolha da espécie que ocupará o
espaço.

 Em vias onde predomina a circulação de veículos de


pequeno porte
 pode-se utilizar de espécies com copas mais
horizontalizadas.

 Se predominam veículos mais altos (caminhões e ônibus)


 as árvores deverão ter copas mais verticalizadas,
preservando livre a caixa da rua.

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http://www.copel.com/hpcopel/guia_arb/images/a-arborizaca-urbana2.jpg 53
http://fw.atarde.uol.com.br/2013/11/650x375_1366648.jpg
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Presença de marquise
 Essa característica é importante principalmente para o
caso de calçadas estreitas.
 a espécie escolhida terá de ser de pequeno porte para não
ultrapassar o espaço disponível.

 Calçada larga...
 pode acontecer que a espécie, de médio ou grande porte, venha a
formar sua copa acima da marquise.

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http://saodomingosnet.com.br/wp-content/uploads/2014/04/frlozinhas.jpg
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Presença de calhas

 Sua presença exige escolha criteriosa da espécie


arbórea a ser plantada, pois a manutenção é
problemática.

 Há que se optar por espécies adequadas:


 o porte, deciduidade e o tipo de folhagem.

 Normalmente espécies de folhas miúdas são mais


complicadas.
?
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Entorno

 O tipo de entorno influenciará no planejamento,


distinguindo-se quatro tipos:
○ o comercial, o residencial, o industrial e o institucional.

 Dependendo do tipo de entorno, o planejamento terá de


ser modificado ou, às vezes, até com arborização
inexistente ou com opções apenas arbustivas.

Entorno residencial ou comercial é mais favorável ?

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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fc/Rua_Candido_Mariano.jpg 62
Outras informações relevantes
 O estudo de predominância dos ventos influenciará na
escolha da espécie
 para proteção das residências ou pela própria característica de
resistência das árvores.

 No caso de ventos predominantemente fortes


 deve-se optar por espécies mais resistentes a quedas.

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Outras informações relevantes!!!

 Outras informações podem ajudar no planejamento como

 tipo de piso da calçada e da rua,

 nível de conscientização da população;

 Engajamento de moradores;

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Características das Espécies
 Conhecidas todas as características de cada local em que se
pretende plantar árvores...

 O QUE É NECESSÁRIO FAZER AGORA?

 Conhecer as características das espécies potenciais para


escolher a espécie certa para o local.

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Características das Espécies
 Embora a variedade de espécies seja muito grande

 não é raro o planejador não conseguir encontrar uma espécie


ideal para um determinado local
é possível que a melhor solução seja não arborizar.

 O planejador sempre deve tentar encontrar a solução

 características em que as árvores


→ não conflitem com as estruturas e atividades

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Desenvolvimento/Crescimento
 Distinguem-se dois tipos

 crescimento rápido

 crescimento lento.

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Desenvolvimento/Crescimento
 Árvores com crescimento rápido
 dão resultado em prazo menor;
 mas oferecem riscos de queda pela fragilidade de sua
estrutura.
 Não devem ser cultivadas em locais com ocorrência de
ventos fortes.

 Árvores com crescimento lento


 embora demorem mais tempo para chegar à
maturidade, oferecem mais tranquilidade quanto a
quebras e quedas.

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Encopamento

 Refere-se à formação da copa, ou seja, à característica


arquitetônica de cada espécie.

 Distinguem-se três tipos básicos


 as folhosas,
 as coníferas e
 as palmeiras.

 Além da estética, são importantes também pelas


reações diferentes de submissão a podas.

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• Árvores com copa em formato globoso

• Porte de pequeno a
médio
• Tronco curto com
copa baixa
• Formato resultante da
ramificação e da
densa folhagem

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• Árvores com formato choronas

• Ramos pendentes
• Dificultam o
trânsito nas
calçadas

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• Árvores com formato piramidais e colunares

• Porte de médio a
grande
• Conflita com a
fiação elétrica
• Podas
comprometem
sua estrutura

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• Árvores com formato irregulares

• São interessantes
pois a falta de
definição permite
compatibilizá-la ao
local

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Porte
 Essa característica é importante principalmente devido ao
conflito com redes de distribuição de energia.

 Lembrem os três tipos...


 pequeno,
 médio e
 grande porte.

 Existe relação entre o clima quente ou frio das cidades e


o porte das árvores ?

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Deciduidade foliar
 Necessidades de sombreamento e insolação deverão ser
observadas quando da escolha.

 Dois tipos:
 perenifólias - conservam a folhagem durante todo o ano
 caducifólias - perdem as folhas em uma época do ano

 A densidade das folhas é importante?


→ Propicia maior ou menor sombreamento.
→ Tem relação com problemas de entupimento de calhas e
bueiros.

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Enraizamento
 É importante principalmente por causa do conflito com
serviços subterrâneos.

 Para plantio em calçadas deve-se utilizar apenas das


pivotantes
 pois as superficiais causam danos ao patrimônio.

 Deve-se também ter cuidado com mudas produzidas


assexuadamente (estaquia)
 porque estas não apresentam raízes pivotantes,
facilitando o risco de quedas.

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Rusticidade e Resistência
 Resistência
 procurar espécies mais resistentes às adversidades
do ambiente em questão.

 Como é possível conseguir material com alguma


resistência?
 Modernamente alguma resistência vem sendo conseguida por meio
de melhoramento genético.

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Rusticidade e Resistência
 Rusticidade

 Refere-se à característica que pode ser desenvolvida na


formação da muda.

 Mudas mais rústicas suportam melhor as adversidades


do local de plantio.

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Outros aspectos (relembrando)

 Floração;

 Frutificação;

 Espinhos/acúleos;

 Toxidez;

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Algumas espécies

• Sibipiruna

• Características estéticas desejáveis

• Indicada para uso em via pública, desde


que não haja fiação aérea

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• Esponjinha

• Limitada à canteiros centrais


• Ramificação baixa e densidade de
copas que comprometem o transito
em calçadas
• Aceita poda

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• Escova-de-garrafa

• Indicada para canteiros


centrais devido ao porte e
beleza das inflorescências

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• Acacia-imperial
• Não aceita bem a poda
• Facilmente atacada por
lagartas

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• Cedro
• Pode ser usado em função do
porte e sombreamento
fornecido, em calçadas amplas
e sem fiação elétrica
• Problema com ataque de
Hipsipyla grandela
• Crescimento rápido

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• Cedro

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• Paineira
• Requer grandes espaços
• Possui acúleos no tronco
• Queda de frutos imaturos que
causam problema

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• Flamboyant

• Produz ótima sombra, mas:


• Precisa de amplos espaços
devido às dimensões da
copa e do sistema radicular
vigoroso
• Não aceita bem a poda

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• Orelha-de-macaco

• Produz ótima sombra e


é caducifólia
• Porte incompatível com
https://c1.staticflickr.com/5/4090/5132238503_5d0ab82214_z.jpg
os espaços da calçada
e a maioria dos
canteiros centrais
• Sistema radicular
superficial e vigoroso
• Problemas de quebra
de galhos

http://upload.wikimedia org/wikipedia/commons/a/a9/Ent obium_contortisiliquu


m.JPG 91
• Hibisco

• Grande potencial para uso


ornamental, mas:
• Uso em calçada dificultado
pelo tronco curto e o volume
da copa

http://2.bp.blogspot.com/-
giqfxO8VRAY/UdHOYuJFrZI/AAAAAAAAAbM/KFOfKD
XYYh4/s1024/am_272968_3857561_376779.jpg
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• Ingá

http://www.arvores.brasil.nom.br/new/ingapeq/inga01.jpg

• Forma excelente sombra e não é exigente quanto à fertilidade

• Apreciada pela avifauna

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• Jacarandá-mimoso

http://www.arteplural.com.br/coluna/carol/0811/jacaranda.jpg

• Espécie rústica bastante utilizada e sua copa permite compatibilizar fiação


sem a necessidade de podas drásticas
• A coloração e o volume de flores confere grande beleza 94
• Extremosa

• Porte compatível com o


espaço urbano
• Necessidade da
retirada de ramos
ladrões
• Crescimento rápido,
rusticidade e facilidade
de obtenção de mudas
• Há um uso excessivo
na arborização de
algumas cidades

http://peregrinacultural.files.wordpress.com/2012/11/resedc3a1-ou-extremosa-nos-
estados-unidos.jpg 95
O projeto

 Depois de analisado o local e feita a escolha das


espécies, o planejador deverá formalizar suas ideias na
forma de um projeto bem acabado que será entregue
ao cliente.

 Esse projeto formalizado deverá ter ótima qualidade de


apresentação, pois será a chave para novos projetos.

 O projeto constará de duas partes


 uma parte gráfica, composta de desenhos
 e uma parte descritiva.

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O projeto gráfico
 O projeto gráfico é a planta do local onde será implantada
a arborização
 normalmente uma planta cadastral, a partir da qual o cliente
forneceu para o trabalho.

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O projeto gráfico
 Deverá conter registros de todos os plantios a serem
realizados, com orientação magnética, escala gráfica,
quadro de convenções e legenda.

 NA LEGENDA deverá constar o responsável técnico, o


proprietário, o local, a data, a escala nominal.

 Além da planta baixa deverá acompanhar todos os outros


detalhamentos importantes para a compreensão da ideia.

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O memorial descritivo
 Deverá conter todas as informações que não sejam
possíveis a espacialização.

 Dados sobre o cliente e sobre o local.

 Deverá conter uma seção com todas as especificações


técnicas necessárias à implantação e à manutenção
das árvores.
 Como exemplo
○ doses e modo de adubação,
○ características das mudas utilizadas...

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 Depois, uma seção onde se fará um memorial botânico

 Contendo todas as espécies a serem utilizadas, com


nomenclatura popular e científica.

 A seguir um cronograma de execução.


 Onde as atividades serão descritas em ordem de
execução

 Por fim:
 Um orçamento estruturado, dando ao cliente a ideia o
mais aproximada possível do custo total e dos custos
parciais de aquisição de materiais e de mão-de-obra de
execução
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