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Projeto de

Paisagismo Residencial
Introdução ao Paisagismo

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Ana Cristina Gentile Ferreira

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Introdução ao Paisagismo

• Introdução;
• O Paisagismo e o Paisagista;
• Etapas de Trabalho;
• Onde Encontramos o Paisagismo.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Entender a definição do Paisagismo como técnica de planejar e organizar espaços a partir de
conhecimentos técnicos de vegetações, estilos, elementos paisagísticos, entre outros;
• Aprender quais são as responsabilidades do paisagista e sua relação com os demais profis-
sionais envolvidos nos projetos.
UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Introdução
Eu detesto essa ideia de que o paisagista só deva conhecer plantas. Ele tem
que saber o que é um Piero de la Francesca, mas também compreender
o que é um Miró, um Michelangelo, um Picasso, um Braque, um Léger,
um Karl Hofer, um Renoir, um Delaunay. Digamos que isto sim, o que eu
acho muito importante na vida é não se circunscrever a uma coisa só. Mas
eu também gosto de poesia, de música, como de uma sinfonia de Bella
Bartok. Eu quero dizer que a vida é a gente saber observar, absorver e,
possivelmente, uma coisa que talvez tenha me ajudado muito é que eu nun-
ca perdi a curiosidade pelas coisas. Com a idade que eu tenho sempre tem
uma coisa nova, é uma cor, uma coisa que me induz a ver. (MARX, 1992)

Fonte: https://bit.ly/30mZUrH

Durante o conteúdo da disciplina, veremos a importância do paisagismo para a Ar-


quitetura e Urbanismo, com foco no Projeto de Paisagismo Residencial. No entanto,
devemos observar a presença do paisagismo em todos os lugares que frequentamos,
como nossa casa, trabalho, ruas, praças e parques.

A interação do Homem com a Natureza sempre esteve presente na história da ci-


vilização e mostra-se cada vez mais necessária na vida cotidiana. A rotina atribulada e
cidades cada vez mais adensadas fazem com que as pessoas busquem na proximidade
com a natureza um refúgio, e a busca pela presença do paisagismo residencial, em seus
diversos ambientes, vem contribuindo para a necessidade de projetos cada vez mais
dinâmicos e funcionais.

Nesta Unidade, veremos o que é o Paisagismo, quem é o profissional que trabalha


nos projetos, suas responsabilidades e atuações e as etapas de trabalho de um projeto
de Paisagismo.

Assista aos vídeos sugeridos e aproveite para dar um passeio no Paisagismo Brasileiro.
Leia com atenção os itens desenvolvidos na unidade e bons estudos!

O Paisagismo e o Paisagista
“O paisagismo é uma especialidade da arquitetura e pode ser definido como a arte e técnica de
promover o projeto, planejamento, gestão e preservação de espaços livres” (QUEIROZ, 2013, p. 1).

Paisagismo é a arte de planejar a paisagem, proporcionando melhoria na qualidade


de vida do homem e da sociedade, através da composição de arte e ciência, capaz de
permitir a integração do homem com a natureza, seja na escala dos projetos individuais,
seja na escala urbana.

Além disso, o Paisagismo é aplicado a espaços externos e internos, como, por exem-
plo, em terrenos urbanos, residências, ruas, praças, parques, escolas, conjuntos habita-
cionais, estradas, áreas degradadas (represas, pedreiras, áreas de mineração etc.).

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Presente nas atribuições legais da formação e atuação profissional do Arquiteto e Urba-
nista, a Arquitetura Paisagística está na Resolução nº. 2, de 17 de junho de 2010, a partir
da seguinte definição: III – da Arquitetura Paisagística, concepção e execução de projetos
para espaços externos, livres e abertos, privados ou públicos, como parques e praças,
considerados isoladamente ou em sistemas, dentro de várias escalas, inclusive a territorial.

Portanto, a elaboração e desenvolvimento dos projetos de paisagismo devem estar


presentes desde a formação acadêmica. Para tanto, o conhecimento das diferentes áreas
da ciência que envolvem o paisagismo, o olhar atento às necessidades de interação do ho-
mem com a natureza, a compreensão do objeto de estudo e outras questões que são abor-
dadas no projeto de Paisagismo devem fazer parte da formação do arquiteto urbanista.

Ainda destacando o conhecimento técnico, na Resolução nº. 2, de 17 de junho de


2010, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arqui-
tetura e Urbanismo, a disciplina de Paisagismo aparece em diversos artigos e incisos,
como parte integrante da formação do profissional.

Resolução n.º 2 das diretrizes curriculares, disponível em: https://bit.ly/2MQF8Oh


Lei nº. 12.378, de 31 de dezembro de 2010, disponível em: https://bit.ly/3bMqy3Z

Na próxima unidade, veremos que a origem da profissão de paisagista se destaca


em diferentes períodos da história, desde as culturas antigas, como Pérsia e Egito, até
o período contemporâneo. Atualmente, as atribuições do Paisagista estão incluídas na
formação e responsabilidades do profissional de Arquitetura e Urbanismo.

Ainda segundo as legislações e a prática da profissão, cabe ao arquiteto urbanista,


e aqui destacando-se o papel do paisagista, a responsabilidade pelo Projeto, Gestão e
Execução do trabalho.

No artigo “O que o arquiteto e urbanista pode fazer (segundo legislação)”, de Romullo


Baratto, o autor resume algumas das principais atribuições dos profissionais. No caso do
paisagismo, destaque para Projeto, Execução e Gestão.

Quadro 1
• Levantamento paisagístico;
• Prospecção e inventário;
Projeto • Projeto de arquitetura paisagística;
• Projeto de recuperação paisagística;
• Plano de manejo e conservação paisagística.
• Execução de obra de arquitetura paisagística;
Execução • Execução de recuperação paisagística;
• Implementação de plano de manejo e conservação.
• Coordenação e compatibilização de projetos;
• Supervisão de obra ou serviço técnico;
• Direção ou condução de obra ou serviço técnico;
Gestão de projeto, • Gerenciamento de obra ou serviço técnico;
incluindo Paisagismo • Acompanhamento de obra ou serviço técnico;
• Fiscalização de obra ou serviço técnico;
• Desempenho de cargo ou função técnica.

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Além de outras atribuições, como Assessoria, Consultoria, Assistência Técnica, Vis-


toria, Mensuração, Laudo, Parecer e outras.

Portanto, o projeto de paisagismo deve ser analisado e pensado como um elemento


integrador, entre arquitetura, urbanismo, arte, paisagem, enfim, importante elemento de
composição de projeto.

A profissão de paisagista assume importância cada vez maior em nossos


dias. A evidência disso é o crescente número de escolas e cursos atuando
na área, bem como a efetiva participação dos profissionais em equipes de
projetos no âmbito urbano, municipal e mesmo regional, nas rodovias, em
áreas de preservação, em renovação urbana, preservação de patrimônio
histórico, entre outros. (BURLE MARX in FIASCHI, 1978, p. 3)

O paisagista é um profissional cada vez mais valorizado, diferentemente de alguns anos atrás,
em que era visto somente como um jardineiro. Ele é responsável pelo estudo e planejamento
dos espaços, pelo desenho do projeto (à mão livre ou no computador) e pelo gerenciamento
da implantação e manutenção do mesmo.

O profissional que trabalha com paisagismo deverá não apenas utilizar seus conheci-
mentos científicos relacionados à vegetação e elementos de composição no ambiente físico
a ser construído, como também deve conhecer outras áreas correlatas ao paisagismo.

Ainda seguindo o conceito de aplicação de diferentes áreas de conhecimento, po-


demos observar o trabalho da Professora Soeni Bellé, que descreve algumas das áreas
correlatas de ciência. O paisagismo é uma atividade interdisciplinar, envolvendo co-
nhecimentos de Botânica, Horticultura, Arquitetura, Solos, Climatologia, entre outras
ciências básicas e aplicadas. O profissional deve apresentar os seguintes conhecimentos
e competências:
• Sobre vegetação (fenologia, exigências climáticas e de solo, origem);
• Compreensão dos elementos que compõem a paisagem natural (relevo, solo, cli-
ma, vegetação);
• Conhecimentos sobre elementos arquitetônicos e equipamentos urbanos;
• Sensibilidade, criatividade e prática profissional interdisciplinar;
• Valorização da identidade sociocultural de uma comunidade, com resgate de aspec-
tos históricos (BELLÉ, 2013).

Fenologia: ciência que se dedica ao estudo dos fenômenos e/ou relações entre os proces-
sos ou ciclos biológicos e o clima. Especialidade da botânica que estuda o desenvolvimento
das plantas.

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O jardim deve ser um lugar de contemplação, aconchegante, agradável esteticamente, onde
as pessoas e a natureza convivam em harmonia. A integração do Paisagismo com a arqui-
tetura é fundamental também em um projeto; por isso, quando temos diferentes profissio-
nais desenvolvendo o projeto paisagístico e o arquitetônico, a integração deve acontecer
desde o princípio da elaboração e obra.

Etapas de Trabalho
Paisagista, ou arquiteto paisagista, é o profissional que trabalha com o
desenvolvimento, gestão e manutenção de projetos, design em espaços
naturais e urbanos, visando à harmonia entre o meio ambiente e espaço
das cidades. Ou seja, esse profissional projeta jardins públicos ou priva-
dos, praças, parques, áreas comuns em edifícios, zoológicos, canteiros,
espaços de lazer e recreação e de monumentos históricos, sítios, entre
outros, sempre com o objetivo de interligar a preservação do meio am-
biente natural e construído com a estética do design. O  profissional
também pode participar de projetos multidisciplinares de recuperação
de áreas devastadas, trabalhando em conjunto com profissionais de
diversas áreas.

Fonte: https://bit.ly/3qmlo2D

O Paisagista irá trabalhar com projetos tanto em áreas abertas, como fechadas e deverá atuar
com equipes multidisciplinares. Para viabilizar um projeto de Paisagismo, são necessárias três
etapas: projeto, implantação e manutenção. Por exemplo, se uma pessoa quer fazer o paisa-
gismo de uma área de lazer nos fundos de uma residência, o primeiro passo é fazer o projeto.

Projeto
O paisagista, juntamente com o cliente e o arquiteto, pode definir a posição e o layout
da piscina, da churrasqueira, de um espaço mais íntimo. Pode definir os tipos de piso
mais adequados, os elementos funcionais para dar privacidade ao solário da piscina, as
massas de vegetação para tornar o espaço mais aconchegante e os elementos estéticos
e plantas que irão dar beleza ao jardim.

Nas figuras a seguir, podemos observar diferentes elementos aplicados aos projetos.
A definição dos espaços elaborados a partir de desenhos de pisos, elementos com água,
aplicação de tipos de vegetação variadas, mobiliários, diferentes texturas, enfim, elemen-
tos de composição que, projetados em conjunto, compõem o projeto de paisagismo.

Na imagem a seguir, podemos observar o projeto de Daniel Nunes, onde a piscina foi
elemento central e a área de descanso ganha destaque a partir do mobiliário diferenciado.

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Figura 1 – Projeto de Paisagismo – Daniel Nunes Paisagismo


Fonte: Reprodução

1) Diferentes tipos de vegetação; 2) Piso; 3) Piscina; 4) Luminárias; e


5) Mobiliário.

No projeto de paisagismo de Alex Hanazaki, também observamos a aplicação de


diferentes elementos de composição, elementos vivos presentes na diversidade da vege-
tação e elementos construídos, como piscina e pergolado, além de pisos e mobiliários.

Figura 2 – Projeto de paisagismo – Alex Hanazaki


Fonte: Reprodução

1) Diferentes tipos de vegetação; 2) Piso; 3) Piscina e Cascata; 4) Área de


descanço; e 5) Pergolado.

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Figura 3 – Exemplo de projeto de paisagismo
Fonte: Adaptado de Getty Images

1) Diferentes tipos de vegetação; 2) Mobiliário; 3) Piso/circulação; 4) Pedras/


texturas; e 5) Água.

Na imagem a seguir, vale destacar alguns itens de projeto, como a vegetação como
barreira na circulação (item 5), além do aproveitamento da topografia acidentada do
terreno na elaboração e execução do projeto.

Figura 4 – Exemplo de projeto de paisagismo


Fonte: Adaptado de Getty Images

1) Circulação/escada; 2) Piso; 3) Diversidade de vegetação; 4) Água; e


5) Vegetação.

Na Unidade veremos de maneira mais detalhada alguns dos principais elementos de


composição do projeto de paisagismo.

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

A etapa de Projeto deverá respeitar algumas condicionantes importantes, conhecen-


do-se a área que deverá ser trabalhada, além de seus usuários. Algumas das principais
diretrizes do Levantamento são:
• Traçar o perfil do cliente, seus hábitos e costumes e suas necessidades;
• Identificar questões do local, como vegetação existente, topografia, preservação do
meio ambiente, entre outras;
• Pesquisar a legislação pertinente ao local do projeto, atentando-se às restrições;
• Verificar a existência de infraestrutura para uso de água e iluminação;
• Submeter o projeto para a aprovação do contratante (cliente).

Após a fase de levantamento, o Paisagista fará um Croqui do projeto, responsável


pela primeira representação gráfica do mesmo. Atualmente, alguns profissionais traba-
lham com softwares desde a primeira etapa; no entanto, o desenho à mão deverá ser
valorizado, uma vez que poderá haver a necessidade de mudanças e novas propostas no
momento de apresentar o projeto ao cliente. Abaixo alguns exemplos de croquis.

Figura 5 – Exemplos de croquis do Projeto de Paisagismo do Parque da


Juventude – São Paulo. Rosa Grena Kliass Arquitetura Paisagismo
Fonte: Reprodução

O croqui é um desenho rápido, que apresenta a essência da ideia. A par-


tir do croqui o paisagista elabora o anteprojeto, que é apresentado ao
cliente para tomar conhecimento do mesmo e propor mudanças, se fo-
rem necessárias. Pode-se apresentá-lo na forma de planta baixa, utilizar
maquetes e desenhos em perspectivas, de forma a torná-lo o mais com-
preensível para os futuros usuários. (BELLÉ, 2013, p. 9)

Finalizado o croqui, o projeto deverá ser submetido à aprovação do cliente. Na maio-


ria das vezes, antes do projeto final, o profissional apresentará o anteprojeto ou estudo
preliminar, que deverá conter informações técnicas importantes, como tipos de vege-
tação e elementos que compõem o projeto. Posteriormente nesta disciplina, veremos
com maior detalhamento um Guia Prático de Paisagismo, que servirá para auxiliar o
estudante e profissional a escolher as espécies e elementos a serem implantados.

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Figura 6 – Exemplo de anteprojeto com definições de tipos de vegetação
Fonte: Getty Images

Figura 7 – Exemplo de anteprojeto com aplicação de cores e texturas


Fonte: Getty Images

Após o anteprojeto sofrer as necessárias correções, é feito o seu detalha-


mento para apresentação do projeto final. Este deve conter todas as es-
pecificações e detalhamentos necessários para a correta implantação do
projeto. Acompanhando a parte gráfica, elabora-se o memorial descritivo
que contém as explicações e recomendações sobre oprojeto. (BELLÉ,
2013, p. 9)

O projeto final, ou Projeto Executivo, deverá conter todas as informações necessárias


para viabilizar a implantação, as espécies escolhidas, acessos, tipos de piso, iluminação,
cotas de níveis, equipamentos, enfim, todos os elementos escolhidos devem estar con-
templados no desenho.

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Figura 8 – Exemplo de projeto (final) de paisagismo – Projeto Jardim HanaZaki


Fonte: Reprodução

Após o projeto aprovado, a Implantação e Manutenção complementam as responsa-


bilidades do Paisagista.

Implantação
O Paisagista pode acompanhar a instalação dos pisos e de outros elementos e fica
responsável pela compra das plantas, terra, adubos, pedras, pelo plantio das espécies
vegetais e pela colocação de outros elementos estéticos.

Manutenção
O Paisagista é responsável, também, pelo controle de ervas daninhas, pragas e do-
enças no jardim, além de podas, adubações periódicas e replantio, para manter o jardim
sempre bonito.

A manutenção do projeto de Paisagismo deverá ficar sob a responsabilidade do pro-


fissional contratado. Normalmente, o Paisagista exerce tal função, muitas vezes divide
a tarefa com outros profissionais envolvidos (agrônomo, jardineiro, assistentes e outros).
Das obrigações quanto à manutenção:
• Limpeza geral da área dos jardins;
• Podas de saneamento e formação em arbustos e vegetações de pequeno porte;
• Controle fitossanitário das vegetações existentes, com a aplicação de inseticidas
naturais, de acordo com o que se fizer necessário;
• Retiradas das ervas daninhas dos jardins, de acordo com o que se fizer necessário;

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• Supervisão de trabalho realizado no mês pela equipe, com o envio de planilhas
orçamentárias para a reposição dos materiais necessários, de 2 fornecedores;
• Verificação da manutenção do projeto paisagístico original;
• Orientação para a substituição ou reposição de mudas que venham a sofrer algum
grande impacto ou depredação, que apresentem comprometimento visual do jar-
dim e espécies não adaptadas;
• Manutenção dos elementos (pedras, seixos, forrações etc.) do jardim para manter
desenhos e formas dos canteiros;
• Reposição de elementos como seixos e argila expandida, além de adubos e medi-
camentos;
• Maquinários como serras, máquinas de cortar grama, roçadeiras, sopradores, etc.,
além do gasto com combustível, óleos e manutenções desses equipamentos (CON-
CEITO ARQUITETURA E PAISAGISMO, 2018).

Ainda em relação às etapas, implantação e manutenção para projeto de Paisagis-


mo, são muitas as referências que auxiliam o profissional na definição de suas atri-
buições. Quando falamos de Projeto de Paisagismo Residencial, devemos considerar
também as áreas comuns de conjuntos habitacionais, por exemplo. Atualmente, as
áreas de convivência dos condomínios residenciais apresentam projetos de paisagismo
bastante elaborados.

Manuais de Elaboração de Serviços de Paisagismo são organizados por diversos


atores, como SECOVI (Sindicato das Empresas de Compra Venda, Imóveis), ABAP
(Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), CDHU (Companhia de Desenvolvi-
mento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e outros.

Tomaremos como exemplo o Manual de Paisagismo da CDHU, que tem como fina-
lidade orientar a elaboração e implantação dos projetos de Paisagismo dos Empreen-
dimentos Habitacionais e Urbanos construídos pela Companhia. Foram selecionados
alguns itens que destacam a elaboração e execução do projeto de paisagismo.
• O Projeto de Paisagismo compreende a concepção de projetos completos para as
áreas pré-estabelecidas. Abrange a apresentação em duas etapas: o Plano de Massas
e o Projeto Básico. O Memorial Descritivo deve acompanhar os projetos elaborados;
• Elementos paisagísticos: a vegetação, a terra, a morfologia do terreno, a água, os
equipamentos de lazer, o mobiliário urbano, a circulação, os passeios e a iluminação
são elementos que devem ser considerados na elaboração do Projeto de Paisagismo;
• O Projeto de Paisagismo deve aproveitar a topografia natural do terreno com a
implantação de equipamentos adequados. A Terraplenagem, a Drenagem, a Ilu-
minação e os demais elementos do Projeto de Paisagismo devem ser elaborados
juntamente com os projetos similares do mesmo Empreendimento;
• A execução de todos os Projetos de Paisagismo deverá se pautar nas Legislações
vigentes, nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal.

Manual de paisagismo. Disponível em: https://bit.ly/38iedCl

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Importante!
As orientações citadas acima, quanto às responsabilidades e atribuições do Paisagista, poderão
sofrer variações de acordo com o tipo de contrato firmado entre o profissional e o cliente.

Onde Encontramos o Paisagismo


Como mencionamos anteriormente, o Paisagismo está presente em diversos lugares,
desde os jardins das casas e prédios, as escolas, as praças, os parques urbanos, até as
vias de acesso, enfim, faz parte dos cenários cotidianos.

A paisagem é vista como um reflexo dos sistemas climáticos, naturais e sociais intera-
gindo entre si. São considerados elementos integrantes da paisagem todos os compo-
nentes espaciais de um determinado território apreendidos por um espectador (BELLÉ,
2013, p. 2).

Também como já citado anteriormente, além de todas as questões técnicas, um ponto


importante a ser considerado no desenvolvimento do projeto é o perfil do(s) cliente(s) e
a atividade que irá acontecer na área a ser projetada.

Por exemplo, quando falamos de uma residência, devemos buscar qual o perfil dos
moradores, quais são seus hábitos, qual a idade deles, enfim, todas as informações ne-
cessárias para iniciar o projeto. Caso existam crianças, como o projeto de paisagismo
irá incluir o lazer e o brincar; para adolescentes, como funcionarão as áreas de entrete-
nimento e encontro, e assim por diante.

O jardim deve atender às necessidades dos moradores ou usuários da-


quele espaço. Por isto é fundamental conhecer o perfil destes usuários,
buscando-se atender às diferentes necessidades de crianças, idosos ou
pessoas com necessidades especiais. A preferência dos usuários por
espécies vegetais, estilo paisagístico ou aspecto estético é fundamental
para que o jardim tenha personalidade e significado, diferenciando-se
dos projetos massificados que normalmente são encontrados nas cidades.
(BELLÉ, 2013, p. 9)

Quando se elabora um jardim, deve-se pensar nas expectativas e sonhos dos usuários,
além das necessidades de quem vai usar o espaço. Em obras públicas, devemos ver qual
será o uso do espaço, faixas etárias dos usuários, nunca se esquecendo dos portadores de
necessidades especiais.

O mesmo deve ser pensado para praças e parques. Será permitido o uso de bicicle-
tas? Deverá existir uma área de piquenique? Uma área para apresentações e shows?

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Portanto, entender para quem será projetado o espaço é primordial para o bom funcio-
namento do mesmo.

A seguir, serão apresentados alguns exemplos de projetos de paisagismo com dife-


rentes funções.

Paisagismo Residencial
O Paisagismo Residencial pode ser definido pelo prolongamento da casa, um espaço
ao ar livre que funcionará como área de lazer e espaço de convivência e contemplação.
Atualmente, aproveitar qualquer espaço, mesmo que pequeno, passou a ser um objeto
de desejo dos moradores.

A vida moderna também tem imposto a necessidade de jardins com bai-


xa manutenção, e que sirvam para proporcionar à família momentos de
intimidade e privacidade, buscando compensar o estresse do dia a dia.
(BELLÉ, 2013, p. 2)

Figura 9 – Exemplos de jardins residenciais – Casas unifamiliares


Fonte: Divulgação

Figura 10 – Exemplos de jardins residenciais – Casas unifamiliares


Fonte: Adaptada de Getty Images

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Figura 11 – Exemplos de paisagismo residencial


Fonte: Reprodução

Figura 12 – Exemplos de paisagismo residencial – Edifício vertical


Fonte: Getty Images

Parte superior diretamente acima, vista para os telhados modernos com


jardins em Brooklyn Heights, na zona ribeirinha Esplanade, e Brooklyn
Bridge Park, nas proximidades.

Figura 13 – Exemplos de paisagismo em espaços coletivos


Fonte: Getty Images

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Paisagismo de Espaços Públicos
A forma exterior dos espaços públicos é uma expressão da sociedade, o
que faz inviável e indesejável seguir modelos preestabelecidos. A indepen-
dência de outras soluções anteriores como modelos a serem imitados per-
mitirá chegar a soluções que serão o reflexo de uma arquitetura situada em
nosso tempo, empregando materiais e tecnologias simples, tradicionais ou
avançadas. (ROMERO, 2001 apud BERGAMINI, 2009, p. 110)

Os espaços livres públicos são locais onde acontecem as relações sociais; nos par-
ques e praças, as pessoas se encontram para lazer e entretenimento. Segundo Macedo
(1995), os espaços livres são todas as ruas, praças, pátios, parques, jardins, corredores
externos, etc., onde as pessoas fluem seu dia a dia, tanto para trabalho, como para lazer.

“Os espaços livres relacionados com as áreas verdes urbanas desempenham um im-
portante papel na cidade. A manutenção dos espaços existentes e a criação de novos
espaços possibilitam a conservação de valores da comunidade” (MACEDO, 2003). Ve-
remos a seguir alguns exemplos de projetos de paisagismo em espaços públicos.

Figura 14 – Calçadão da Avenida Atlântica – Rio de Janeiro


Fonte: Reprodução

Figura 15 – Orla da Praia de Santos – Litoral de São Paulo Saturnino de Brito


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Parque Linear Córrego das Corujas – São Paulo. Disponível em: https://bit.ly/3edpdof
High Line – New York. Disponível em: https://bit.ly/3rmh44C

Figura 16 – Praça Victor Civita | Levisky Arquitetos e Anna Julia Dietzsch


Fonte: Reprodução

“A utilização de parques e praças pode ser considerada como um índice positivo na qualidade de
vida urbana, desde que esses espaços sejam adequados para sua compatibilização com os aspectos
cruciais da vida contemporânea e, principalmente, com os lazeres” (SANTINI, 1993, p. 44).

Em Síntese
Enfim, os projetos de paisagismo deverão contribuir para a valorização dos espaços,
tanto públicos como privados. Além disso, o paisagismo público representa referências
importantes para as cidades, enquanto o paisagismo residencial responderá às questões
culturais e sociais dos seus usuários.

Na próxima unidade, veremos um pouco da história do Paisagismo, viajando pelos


estilos das principais épocas da história, o que permitirá entender os conceitos e traça-
dos utilizados e relacioná-los com as questões de cada período estudado.

O jardim nasceu com o homem. A primeira residência do primeiro casal


foi um jardim... A cidade é sempre o homem do primeiro jardim, mas não
há meio de achar um jardim em si mesma e vai tecendo o século com
outros... (Machado de Assis, 1895 apud SEGAWA, 1996, p. 11)

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
ABAP– Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas
https://bit.ly/30MJzgu
ANP– Associação Nacional de Paisagismo
https://bit.ly/30LOK08
Jardineiro.net
https://bit.ly/3qIhUaY
Paisagismo Brasil
https://bit.ly/3eNNnpE

Vídeos
TV BRASIL. Burle Max. Parte 1 de 3
https://youtu.be/ISV8VbLu1AU
TV BRASIL. Burle Max. Parte 2 de 3
https://youtu.be/bFX3UjOwHPE
TV BRASIL. Burle Max. Parte 3 de 3
https://youtu.be/JJ95cHQ5q2U

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UNIDADE Introdução ao Paisagismo

Referências
BELLÉ, S. Apostila de paisagismo. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnolo-
gia do Rio Grande do Sul – IFRS. Campus Bento Gonçalves, 2013.

BERGAMINI, C. E. Paisagismo contemporâneo: estratégias para o projeto de pra-


ças. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Márcio Toledo. Dissertação (mestrado em Arqui-
tetura e Urbanismo: Dinâmicas do Espaço Habitado). Universidade Federal de Alagoas.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Maceió, 2009. Disponível em: <http://www.
repositorio.ufal.br/handle/riufal/691>. Acesso em: 09/09/2020.

DORNELES, V.G. Apostila de paisagismo. Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).


Torres, RS.

MACEDO, S. S. Espaços livres. In: Paisagem ambiente: ensaios. Volume 7. São Paulo:
FAUUSP, 1995.

QUEIROZ, T. N. Paisagismo. Revista Especialize On-line IPOG – Goiânia – 5ª Edição


nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013. ISSN 2179-5568.

ROMERO, M. A. B. Arquitetura Bioclimática do Espaço Público, Brasília: Editora Uni-


versidade de Brasília, 2001. 1. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. 226p.

SEGAWA, H. Ao amor do público: jardins no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 1996.

ZEIN, R. V. Rosa Kliass: desenhando paisagens, moldando uma profissão. São Paulo:
Senac, 2011.

Sites Visitados
BARATTO, R. O que o arquiteto e urbanista pode fazer (segundo a legislação). ArchDaily
Brasil, 13 out. 2019. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/801494/o-que-
-o-arquiteto-e-urbanista-pode-fazer-segundo-a-legislacao>. Acesso em: 09/07/2020.

BRASIL. Lei nº. 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício


da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil
– CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Fe-
deral – CAUs; e dá outras providências. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12378.htm>. Acesso em: 28/09/2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação


Superior. Resolução n.º 2, de 17 de junho de 2010. Portal MEC. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=30192&alias=5651-rces002-10&category_
slug=junho-2010-pdf&option=com_docman&utm_medium=website&utm_source=
archdaily.com.br&view=download>. Acesso em: 09/11/2020.

MANUAL de paisagismo. Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urba-


no do Estado de São Paulo (CDHU). Disponível em: <http://www.cdhu.sp.gov.br/
documents/20143/37009/manual-de-paisagismo.pdf/d491a326-1880-52ce-6ea0-
-d17673c1ef7e>. Acesso em: 10/07/2020.

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CONCEITO ARQUITETURA E PAISAGISMO. Manutenção paisagística. Disponível
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