Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
1. Algumas noções básicas para a elaboração do projeto paisagístico
Escala
Norte
Relevo
Hidrografia
Plano de Massas
Representação Gráfica
- Piso
- Rampas
- Escadas
- Bancos
- Luminárias
- Pedras
- Água
- Vegetação
Importância da perspectiva no projeto paisagístico
2. A concepção do projeto
3. Do projeto em si
4. O desenho, a imaginação e o projeto
5. Sobre os detalhamentos e os métodos de projeto
6. Elementos do projeto paisagístico
Conclusão
Referências Bibliográficas
Lugares para visitar (para analisar os projetos ou conhecer espécies vegetais)
Paisagistas brasileiros modernos e contemporâneos cuja obra merece ser conhecida
Paisagistas estrangeiros, cuja obra merece ser conhecida
Exemplos de espécies arbóreas que podem ser empregadas no projeto de praças
Plantas que atraem beija-flores
Introdução
Uma das primeiras questões que se colocam em pauta quando se pensa na concepção do
projeto paisagístico diz respeito ao próprio conceito de paisagem. Essa discussão deve
abranger desde as abordagens mais simples até as mais complexas, que estabelecem inter-
relações com as noções de ecossistema e de meio ambiente.
O conceito mais simplificado de paisagem é aquele segundo o qual a paisagem é tudo o que
se observa estando-se em determinado ponto da esfera terrestre1.
Dependendo do ponto onde se está, da direção da visada e do próprio indivíduo, a paisagem
será uma ou outra. Cada pessoa percebe a paisagem de um modo diferenciado (particular),
1
Em O Campo e a cidade, Raymond Williams afirma: “Raramente uma terra em que se trabalha é uma
paisagem. O próprio conceito de paisagem implica separação e observação”. (São Paulo: Companhia das
Letras, 1990, p.167)
de acordo com suas experiências, seu conhecimento, e com tudo que viu, ouviu e sentiu ao
longo de sua existência2.
Uma das características essenciais da paisagem é que ela está em contínuo processo de
transformação. A noite, o dia, as estações do ano, as mudanças climáticas, os processos
naturais e a sociedade alteram a paisagem constantemente3.
A paisagem pode ser entendida também como o conjunto dos elementos naturais e dos
elementos construídos pelo homem. A paisagem que não foi alterada pelo homem pode ser
denominada “Paisagem Natural” e a paisagem alterada corresponde à “Paisagem
Cultural”4.
2
Cintia Afonso, no capítulo inicial de seu texto Paisagem na Baixada Santista, apresenta diversos conceitos
de paisagem. (São Paulo: Edusp, 2005)
3
Milton Santos discute em vários textos essa característica da paisagem: a constante transformação. v.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5.ed. São Paulo: Edusp, 2004.
4
Esses conceitos de Paisagem Natural e Paisagem Cultural vêm desde Cícero (na Roma Antiga). Em fins do
século XIX o geógrafo Otto Schluter re-elabora esses conceitos, que são difundidos na Europa no século XX
por M. R. G. Conzen. v. CONZEN, M. R. G. Thinking about urban form. (Germany): Peter LangAG, 2004.
Gilberto Freyre, em Sobrados e mucambos, escreve sobre a “Paisagem Social” – aquela
resultante das modificações feitas pela sociedade5. Esse conceito se aproxima muito do
conceito de paisagem urbana – a paisagem resultante das características geofísicas (relevo,
hidrografia, clima), biológicas (flora e fauna) e antrópicas (as intervenções humanas sobre o
espaço)6.
5
v. FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos. 16.ed. São Paulo: Global, 2006.
6
v. LAURIE, Michael. An introduction to landscape architecture. New York: American Elsevier, 1975.
7
v. SPIRN, Anne Whiston. O jardim de granito. São Paulo: Edusp, 1995.
Assim, por exemplo, se o terreno amplo de uma antiga chácara arborizada situada em uma
área urbana é desmatado para a implantação de um conjunto residencial horizontal ou
vertical, esse processo irá alterar a flora e a fauna locais, a permeabilidade do solo
(podendo acentuar os problemas de drenagem urbana), a ventilação e a insolação, o grau de
compactação do solo e tudo isso pode repercutir em todo o sistema.
A criação e preservação de praças contribuem para o meio ambiente urbano não apenas
pela existência de vegetação, mas também pela reserva de áreas permeáveis.
Fonte: Fotografia da Autora.
Por outro lado, quando se dispõe de um terreno para a criação de uma praça ou parque
urbano, a reserva de áreas permeáveis, o plantio de novas árvores e o trabalho com as águas
podem favorecer o meio ambiente, com efeitos benéficos ao sistema como um todo.
Ao elaborar seus projetos paisagísticos ou ao planejar a paisagem, o arquiteto-paisagista
deve ter em mente esses conceitos, porque seu papel fundamental é melhorar e qualificar a
paisagem, amenizando os efeitos do processo construtivo, buscando sempre gerar um
equilíbrio entre os elementos naturais e construídos, entre os espaços livres de edificação e
os espaços edificados, entre a natureza e as áreas ocupadas pelo homem.
Outra questão importante diz respeito aos campos de atuação do arquiteto-paisagista e às
diferenças entre o Planejamento e a Arquitetura da Paisagem.
O arquiteto-paisagista pode trabalhar com o Planejamento da Paisagem, tanto junto aos
órgãos do governo ligados ao Planejamento Ambiental e Urbano, como em empresas que
oferecem serviços de planejamento para empreendedores que pretendem investir em
projetos que ocupam grandes áreas, ou com a Arquitetura da Paisagem, projetando espaços
livres públicos (parques, praças e jardins públicos) para entidades governamentais, ou
espaços livres privados (jardins em áreas comerciais, residenciais e de serviços e áreas de
uso comum), em escritórios particulares.
As principais diferenças entre o Planejamento e a Arquitetura da Paisagem referem-se à
escala e ao nível de detalhamento do projeto.
O arquiteto-paisagista que trabalha com o Planejamento da Paisagem estabelece normas e
diretrizes para a ocupação de determinadas áreas; delimita os locais onde devem se situar as
construções; determina a vegetação que deve ser preservada e o plantio de outras espécies
vegetais; dispõe o sistema viário principal e, em alguns casos, define a volumetria dos
edifícios. Para o Planejamento da Paisagem, o foco principal é o próprio desenho da
paisagem, considerando-se as questões estéticas, ambientais, culturais e sociais.
O projeto dos grandes parques e das Áreas de Conservação e Preservação Permanente
(nacionais, estaduais e municipais) fica na interface entre o Planejamento da Paisagem e a
Arquitetura da Paisagem. Esta última se refere a áreas relativamente menores, onde é
possível um maior detalhamento.
Na Arquitetura da Paisagem, para o projeto de uma praça, por exemplo, são definidas as
zonas sombreadas, as zonas iluminadas, as zonas de vegetação de grande porte, as zonas de
circulação, de estar e de lazer e as zonas onde se pretende distribuir outros elementos, como
a água em fontes ou espelhos d’água e equipamentos públicos. Mas além dessa definição
inicial, são projetados canteiros, pisos, fontes, espelhos d’água, equipamentos,
playgrounds, rampas, escadarias, caminhos e tudo o mais que constar no programa. A
vegetação a ser plantada é escolhida e distribuída segundo pontos específicos que
possibilitam o efeito plástico almejado. O mesmo pode ser dito em relação às áreas
ajardinadas elaboradas a partir de um programa de necessidades e às áreas de uso comum
em vilas, conjuntos residenciais e outros grupos de edifícios. No caso específico de praças,
parques e de outros logradouros de grande porte, a vegetação tem um papel estrutural na
configuração dos espaços livres.
Evidentemente, quando se fala em Paisagismo ou se pensa nas funções do arquiteto-
paisagista, a primeira imagem que nos vêm à mente é a imagem do jardim, dos arranjos
com a vegetação. Contudo, o trabalho do arquiteto-paisagista é muito mais abrangente,
envolvendo o projeto e a organização do espaço e uma indispensável preocupação com o
meio ambiente e com os ecossistemas, tanto quando se volta para o Planejamento da
Paisagem, como quando se detém em sua arquitetura, em sua construção.
Antes de dar início ao projeto, é preciso ter muito claras algumas noções básicas como
escala, norte, relevo e hidrografia, bem como saber representar alguns elementos
empregados em sua elaboração.
Escala
A escala é empregada com o objetivo de dar ao observador uma noção exata ou aproximada
da dimensão real dos elementos da composição paisagística. A noção exata torna-se
possível por meio da utilização da escala numérica. Uma noção bastante aproximada da
dimensão real dos componentes do projeto é possibilitada pela escala gráfica. E uma noção
aproximada é fornecida por meio do emprego da escala humana.
A escala numérica é aquela adotada para a elaboração dos desenhos técnicos (plantas,
cortes, vistas e perspectivas) e utilizada para sua leitura e interpretação. Estabelece uma
relação entre a dimensão real dos elementos compositivos e a sua medida no desenho.
Escala numérica:
Escala = Medida no Desenho
Medida Real
Ex:
Esc. 1: 100
Escala = 1cm (Medida no desenho)
100cm (Medida real)
Escala Gráfica:
0 10 20 30m
A escala gráfica é estabelecida pelo próprio desenhista.
A partir dela são elaboradas as plantas e cortes.
A escala humana aparece frequentemente nos cortes, nas vistas e perspectivas e dá uma
noção aproximada dos elementos compositivos sempre em relação à figura humana
(percebe-se a dimensão dos outros elementos da composição a partir da comparação com a
figura humana).
A escala humana (Três imagens comparativas)
Fonte: Imagens elaboradas pela autora.
Norte
Existem basicamente três tipos de norte: o norte magnético, o norte verdadeiro e o norte de
quadrícula. O norte magnético indica a direção e o sentido do norte nas bússolas (aponta
para o norte magnético); o norte verdadeiro indica a direção e o sentido do polo norte
(aponta para o polo norte); e o norte de quadrícula é paralelo ao eixo Norte-Sul e aponta
para o norte. Nos projetos paisagísticos adota-se normalmente o norte verdadeiro (o norte
de quadrícula é utilizado na leitura de mapas e plantas cadastrais).
Tipos de Norte
Fonte: Esquemas elaborados pela autora.
Se em determinado projeto a intenção for garantir áreas sombreadas durante várias horas do
dia, pode-se colocar árvores ou palmeiras para sombrear os caminhos ou áreas de estar ou
lazer.
Relevo
O relevo é representado em planta por meio das curvas de nível (linhas imaginárias do
terreno com todos os pontos na mesma altitude, considerando-se uma superfície de
referência, como o nível do mar). São curvas fechadas, relativamente paralelas, desenhadas
a partir de intervalos constantes (de 1 em 1 metro, a cada 5 metros, a cada 10 metros).
Curvas de Nível e Perfil Topográfico
Fonte: Esquema elaborado pela autora.
Por meio de sua leitura é possível saber se o terreno é praticamente plano (com as curvas de
nível bastante afastadas umas das outras), se possui uma declividade suave (com as curvas
de nível relativamente afastadas) ou acentuada (com as curvas de nível muito próximas
umas das outras).
Formas de trabalhar o relevo: criação de taludes, aterros, cortes e cortes e aterros (neste
último caso, a terra retirada no corte é aproveitada no aterro, diminuindo os gastos do
projeto).
Fonte: Esquemas elaborados pela autora.
Hidrografia
A rede de drenagem é composta pelos rios e seus afluentes, pelos córregos, canais e cursos
d’água. Junto a esses elementos, as curvas de nível normalmente formam um “V”, cujo
vértice (no caso dos cursos d’água) aponta para a nascente.
O nível do lençol freático é outra informação relevante nos projetos, principalmente quando
se pretende dispor áreas, equipamentos ou estruturas abaixo do nível do solo.
Plano de Massas
Representação Gráfica
Para dar início ao projeto paisagístico, é preciso também saber como representar cada um
de seus elementos compositivos, como o piso, as rampas e escadas, a água, as pedras e a
vegetação.
Piso
A representação dos pisos varia de acordo com a escala adotada. Na escala de 1:100 ou
1:200, por exemplo, só é possível diferenciar os pisos por meio de cores e texturas que
indicam seu desenho de modo geral, sem detalhes. A colocação de cotas de nível é
essencial.
Na escala de 1:25, o detalhamento evidencia melhor o tipo de piso e suas características.
Na representação das rampas em planta, deve-se indicar a cota inicial, a cota final,
eventuais cotas intermediárias (nos patamares), a inclinação, o sentido da subida (alguns
profissionais dispensam o sentido de subida da rampa, considerando-se que pode ser
deduzido pela observação das cotas de nível) e o corrimão. Tanto a inclinação como o
corrimão e a largura e quantidade dos patamares devem ser especificados de acordo com as
normas técnicas referentes à acessibilidade (NBR 9050). Em corte, a rampa aparece com a
laje inclinada, os patamares, os pilares de sustentação (quando for o caso) e o corrimão na
altura correta, determinada pela norma.
No caso das rampas curvilíneas, a distância percorrida para o cálculo da inclinação
corresponde ao comprimento da circunferência (2πr) no ponto médio da largura. Quando se
está trabalhando com um arco de circunferência, faz-se uso de uma regra de três, desde que
se conheça o ângulo formado pelo arco em questão e o raio da circunferência.
Em rampas com patamares, acrescentar o patamar à distância percorrida: 2πr + patamar.
Fonte: Esquemas elaborados pela autora.
Rampas Curvilíneas (Cálculo da inclinação)
Fonte: Esquema elaborado pela autora.
Escadas
Escadas
Fonte: Esquema elaborado pela autora.
Na representação de escadas, indica-se a cota inicial, a cota final, cotas intermediárias
(patamares) e o sentido da subida. A largura é determinada também pelo número de pessoas
que devem subir ou descer a escada simultaneamente (80 cm por pessoa).
O espelho ideal para os espaços livres é de 10cm, o que levaria a um piso de, no mínimo,
42cm, pela fórmula de Blondel (2e+p=62). Mas também se pode fazer uso de espelhos de
até 17cm e pisos de no mínimo 28cm.
A altura do espelho, a largura do piso e o desnível vencido aparecem claramente nos cortes
e vistas gerais.
Bancos
Luminárias
As luminárias aparecem nas plantas como pontos de luz. Seu desenho é evidenciado nos
cortes, vistas e perspectivas.
Luminárias (Representação em planta e em corte).
Fonte: Imagens elaboradas pela autora.
Pedras
As pedras podem ser utilizadas como elementos esculturais ou plásticos ou no piso.
Fonte: Imagens elaboradas pela autora.
Água
Vegetação
ϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒϒ
As herbáceas são representadas em planta por áreas delimitadas ou por desenhos mais
detalhados, respeitando-se a escala.
Nos cortes, representa-se o perfil da vegetação de pequeno porte segundo a escala,
dimensão e a área de ocupação.
Herbáceas (Representação em corte e em planta)
Fonte: Desenhos elaborados pela autora.
Diferentemente da maior parte das herbáceas, os arbustos apresentam caule lenhoso (como
o das árvores), podendo chegar a 3m de altura – alguns arbustos, mais raros, chegam a 4m.
Sua representação em planta pode ser feita por meio de uma textura por toda a área ocupada
pelo arbusto, ou apenas pelo seu limite. No corte aparece a altura.
As árvores são representadas em planta de acordo com a largura de suas copas e pela sua
localização no terreno (indicada por um ponto e não pelo diâmetro do tronco).
Somente no corte será possível visualizar os detalhes da espécie em questão. No corte,
aparecem a altura da árvore, a dimensão e o desenho da copa, características da folhagem e
da floração.
Árvores de Pequeno Porte: altura entre 4 e 6m; diâmetro da copa entre 4 e 6m.
Árvores de Médio Porte: altura entre 6 e 8m; diâmetro da copa entre 8 e 10m.
Árvores de Grande Porte: altura acima de 8m; diâmetro da copa acima de 10m.
Variações nas cores, nas texturas, nas formas empregadas facilitam a diferenciação da
espécie para o leigo e enriquecem a apresentação. A escolha de cada uma das espécies
empregadas e detalhamentos referentes ao número de exemplares, à distribuição precisa das
unidades de forrações e bulbosas, por exemplo, fazem parte do projeto executivo e exigem
conhecimentos técnicos referentes ao plantio, ao tipo de solo e às espécies adotadas.
Importância da perspectiva no projeto paisagístico
8
v. ABBUD, Benedito. Vegetação e projeto: estudos de caso em São Paulo, com as reflexões de um
arquiteto. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU-USP, 1986.
Com todos esses dados coletados, o primeiro passo é colocá-los em mapas temáticos, por
meio de esquemas, desenhos e anotações. Fotografias do local podem contribuir nesse
processo de análise.
Uma das primeiras etapas do processo de projeto é o chamado “Estudo Preliminar”, quando
o paisagista elabora uma proposta de zoneamento do espaço, com a indicação das áreas de
circulação, das áreas de estar e lazer, das áreas com vegetação a ser preservada e assim por
diante. Não corresponde ao projeto em si, mas serve de ponto de partida para este.
Para a elaboração desse estudo é necessário também conhecer o programa de necessidades,
ou seja, tudo o que o projeto deve conter em termos de áreas (estar, lazer, circulação,
esportes) e equipamentos. Esse programa pode ser determinado pelo paisagista, a partir da
observação das necessidades locais e da existência de uma demanda por certos
equipamentos, pelo empreendedor (como no caso de grandes áreas condominiais) ou pelo
proprietário (no projeto de fazendas, chácaras ou áreas junto às residências). Cabe ao
paisagista questioná-lo, implementá-lo e, se for o caso, fazer uma nova proposta.
A segunda etapa corresponde ao anteprojeto, que apresenta uma visão abrangente de toda
ação a ser implementada – desde a definição dos elementos da vegetação (suas massas,
planos e características ecológicas e formais) até a modelagem prévia do terreno, a
definição de águas, caminhos e construções, bem como a localização de equipamentos de
mobiliário urbano, como playgrounds e equipamentos de ginástica. Tudo isso por meio de
plantas, cortes, elevações e perspectivas, que possibilitam o entendimento do projeto como
um todo.
Os detalhamentos, a locação precisa das árvores, o desenho e as especificações do piso, dos
canteiros, das rampas, das escadas, das fontes e espelhos d’água só aparecem na fase
seguinte – nos projetos de pré-execução, no projeto executivo e no projeto de plantio.
3. Do projeto em si
No papel, o projeto começa sempre com o traço. É o traço que define espaços, larguras,
dimensões, a disposição dos elementos, os arranjos formais, a forma e o volume dos
elementos compositivos. O projetista tem de enfrentar as folhas em branco e transpor para a
superfície plana (em plantas, cortes e perspectivas) suas idéias principais. Esses desenhos
podem ainda não estar na escala correta, mas representam a passagem do lugar imaginado
para o papel. Eles mudam quando se começa a trabalhar com a escala correta e a dimensão
exata do espaço, ganhando mais força e mais expressão, sendo mais bem definidos com o
apoio de maquetes e perspectivas (digitais e manuais), que são fundamentais para o
entendimento e projetação do espaço desejado.
Mas além de desenvolver essa capacidade de sonhar e de imaginar lugares, o arquiteto-
paisagista deve estar sempre atento às possibilidades plásticas do projeto, como propõe
Garrett Eckbo.
Um ponto no projeto pode ser uma palmeira isolada ou uma figueira que se pretende
destacar da massa de vegetação. Pode ser um ponto luminoso ou uma fonte pontual, um
detalhe ou um elemento importante do projeto.
A linha está no desenho do piso, da rampa, dos canteiros, no limite entre a área ajardinada e
a área pavimentada. Ela pode criar movimento, continuidade e direcionar o olhar e os
passos do usuário9. Pode ser reta, com todos os pontos alinhados, ou curvilínea (sinuosa).
9
ECKBO, Garrett. The landscape we see. New York: Mc Graw-Hill Book Company, 1969, p.199.
A linha reta pode ser empregada no desenho de mirantes, pisos e canteiros ou na
delimitação de superfícies, da mesma forma que a linha curva.
Fonte: Fotografias da autora.
As formas dão o sentido de tridimensionalidade do espaço. As cores têm uma forte
influência na caracterização e na percepção do espaço criado, podendo torná-lo vívido e
festivo ou tranquilo e calmo. Os tons resultam da relação entre as cores e a luz (ou a
ausência de luz) e dos efeitos da incidência desta sobre diferentes superfícies e texturas. A
massa é a forma sólida tridimensional, como, por exemplo, a vegetação à distância
compondo um belo bosque ou construções compondo massas geométricas. O espaço é o
volume definido pelos elementos físicos (características do sítio) e pelos elementos
produzidos pelo homem nas mais diversas escalas10.
A proposta de Eckbo é que se trabalhe o ponto, a linha, as formas e volumes, criando ritmos
e balanços, proporções, ênfase, harmonia e variedade, como se o espaço projetado fosse
10
ECKBO, Op. cit., p.200-2.
uma forma de expressão artística, pois supõe não apenas o conhecimento das técnicas, dos
materiais e da vegetação, mas sensibilidade na mistura de cores e formas, de tonalidades e
texturas, no arranjo dos elementos compositivos – sensibilidade esta que pressupõe o ato
criador, a criatividade, a busca do belo e um sentido estético.
Para Eckbo, o bom projeto paisagístico é aquele que responde adequadamente a três
quesitos:
Mas além de possuir qualidade técnica, funcional e visual, o bom projeto paisagístico
apresenta unidade projetual. Ao observá-lo, fica claro desde o primeiro momento se possui
uma unidade (uma lógica, uma coerência, uma harmonia, uma linguagem única e própria
em todos os espaços projetados) ou se corresponde a uma colagem de várias idéias
desconexas em um mesmo projeto, sem uma linguagem comum e sem concatenação
alguma. Isto não significa dizer que não se possa trabalhar com elementos formais
contrastantes ou com elementos opostos, mas que mesmo quando se trabalha com opostos e
contrastes, o projeto deve apresentar a mesma linguagem.
11
v. ECKBO, Op. cit.
Exemplo de estudo preliminar para jardim residencial com linhas retas e curvas.
Fonte: Desenho elaborado pela autora.
O projeto de uma praça, por exemplo, pode apresentar um playground, uma área de estar e
uma fonte, elaborados separadamente, de modo isolado, sem relações entre si e com
linguagens projetuais diversas. Ou pode apresentar um traçado em que o desenho do piso
integra-se ao desenho da fonte, a área de estar integra-se à fonte e ao playground, que não
apresenta brinquedos padronizados, mas equipamentos desenhados com a mesma
linguagem projetual. Neste caso, o projeto apresenta uma unidade, um desenho único,
mesmo quando são empregadas retas e curvas ou outros elementos contrastantes. O projeto
pode apresentar ainda formas discrepantes unidas harmonicamente por um plano de piso
colorido ou uma centena de outras soluções que vão depender exclusivamente do paisagista
que está a propor o espaço.
Estudo preliminar para projeto de praça com unidade projetual e sem estilismos.
Fonte: Desenho elaborado pela autora.
A criação de espaços temáticos é um modismo que vez por outra surge no projeto
paisagístico. Foi muito comum em fins do século XIX e no início do século XX, tendo sido
praticamente abandonada durante todo o período modernista. Em princípios do século XXI,
ressurge nos mais diversos setores da sociedade, sendo constantemente demandada em
projetos paisagísticos, especialmente naqueles que remetem a ideais neoclássicos e
pitorescos, apesar de totalmente dissociados do contexto e do período histórico deste início
de século.
Sabendo-se da importância do ato criador, da criatividade e da inventividade para o projeto
paisagístico, e tendo-se consciência de que há inúmeras possibilidades plásticas e formais à
disposição do projetista (são incontáveis as possibilidades de arranjo da vegetação e
infinitas as possibilidades de desenho do piso, dos canteiros, das fontes e espelhos d’água),
não há por quê recorrer a estilismos, modismos ou colagens.
5. Sobre os detalhamentos e os métodos de projeto
Muitos são os elementos que integram um projeto paisagístico. Um dos mais importantes é
a vegetação. Mas além das espécies vegetais, as águas, o relevo e até mesmo algumas
edificações são importantes por seu papel estruturador no projeto. Pisos, rampas, escadas,
bancos, luminárias, pedras, fontes e pequenos espelhos d’água correspondem a elementos
complementares.
Geograficamente, a vegetação é classificada segundo formações vegetais ou tipos de
vegetação fixa: Florestas Equatoriais, Florestas Tropicais, Savanas ou Cerrados, Campos ou
Pradarias, Florestas Temperadas, Florestas de Coníferas, Tundra (musgos e liquens). Sua
constituição é definida por vários fatores, tais como clima, altitude, latitude, pressão
atmosférica, massas de ar e pela insolação da região em que se situa. Já do ponto de vista da
botânica, a vegetação é classificada segundo a família, o gênero e a espécie, de acordo com
suas características fundamentais (altura, folhagem, floração, sementes, etc.).
Para fins de projeto, as plantas podem ser divididas em herbáceas (com estrutura flexível e
caules verdes) ou lenhosas (com tecidos rígidos que formam o lenho), como as árvores.
Segundo o porte e forma, elas podem ser classificadas em:
No projeto paisagístico, a vegetação pode ser utilizada das mais variadas formas: como
elementos isolados, em pequenos agrupamentos da mesma espécie, em arranjos com
espécies variadas, em massas com espécies similares ou diferenciadas, formando manchas
de arbustos, bosques, touceiras, barreiras, paredes, etc. Suas dimensões, sua forma, seu
volume, as copas e os troncos das árvores, as cores da folhagem e da floração, os tipos de
folha e de flor podem ser explorados plasticamente em conjunto com outros elementos
(água, piso, pedras, etc.), compondo arranjos onde as linhas, cores, formas, volumes e
texturas podem resultar em tapeçarias multicores – como na obra de Burle Marx.
A floração amarela de uma árvore situada em uma praça paulistana.
Fonte: Fotografia da autora.
As escadas, como as rampas, são tipos de piso importantes no projeto paisagístico, embora
as regras para seu correto dimensionamento não sejam em geral seguidas por construtores,
engenheiros e arquitetos, que não levam em conta o fato de que ao ar livre os degraus não
devem ter mais de 15 cm de altura, empregando com frequência as dimensões próprias de
escadas situadas no interior das construções.
São inúmeras as possibilidades de formas para se vencer os desníveis com degraus. Estes
podem ser retangulares e alinhados ou apresentar os desenhos mais variados, sendo curvos,
poligonais ou com muitas outras variações na medida em que exista espaço e dimensão
para tal isto.
Os postes de iluminação, os marcadores de luz e os holofotes, assim como os totens
informativos e os painéis e tantos outros equipamentos, têm um papel importante no projeto
dos espaços livres. Além de garantir a claridade em locais de estar e de circulação, podem
ser empregados para enfatizar os tons da vegetação ou para dar destaque a elementos
arquitetônicos, fontes e espelhos d’água. Os efeitos resultantes dependem das
características das luminárias e demais elementos escolhidos no projeto e de sua disposição
nos espaços livres. Cabe ao arquiteto-paisagista decidir pelos efeitos pretendidos da
iluminação artificial e escolher o tipo de luminária mais adequada e mais de acordo com
sua linha projetual – ou eventualmente buscar novas propostas de desenho.
O emprego de pedras é um fato comum nos projetos de paisagismo, seja como esculturas,
como elementos plásticos junto às águas e à vegetação, como piso, como elementos de
composição de playgrounds ou simplesmente como assentos alternativos.
Em relação aos demais elementos (alguns dos quais comumente considerados estruturais
mas na realidade apenas complementares uma vez que o espaço existe estruturalmente
mesmo sem eles), como bancos e equipamentos de playground, estes podem ser
especialmente projetados ou adotados entre os tipos correntemente disponíveis no mercado
nacional de equipamentos paisagísticos ou, ainda, criados especificamente para cada
situação, com desenhos sofisticados e extremamente elaborados. Seu desenho pode
acompanhar o traçado de um percurso ou de um canteiro, ou estabelecer uma relação
geométrica com o desenho do piso.
O desenho do banco acompanha o traçado do caminho nesta praça paulistana.
Fonte: Fotografia da autora.
É a capacidade de articular o trabalho com a vegetação, com a água, com o relevo, com o
piso, com as rampas e escadas, com as pedras, com as fontes e luminárias, com os bancos e
outros equipamentos que garante um bom projeto de paisagismo, considerando-se também
as questões estéticas, ambientais e funcionais.
Conclusão
Do ponto de vista estético, o paisagismo tem como função criar ou conservar paisagens
belas e significativas, criar ou conservar parques e praças, criar ou conservar áreas
ajardinadas. Os espaços livres de edificação, quando bem projetados paisagisticamente,
conferem qualidade estética às áreas urbanizadas.
Afora os elementos construídos, o paisagismo tem como elementos principais a vegetação,
a água e o solo. A vegetação por si só é capaz de conferir qualidade estética ao espaço e à
paisagem – trata-se de um elemento natural, de considerável potencialidade plástica, que
pode ser organizado e distribuído pelo homem segundo os mais diversos arranjos; a água é
outro elemento natural frequente no projeto paisagístico; e o solo pode ser preservado em
seu estado natural, modificado segundo novas formas ou recoberto. O fato é que, no
paisagismo, trabalha-se praticamente o tempo todo com elementos naturais e construídos, e
a utilização desses elementos deve prever as restrições de uso e manutenção, o constante
processo de transformação da vegetação, e o envelhecimento dos materiais – tanto dos
pisos como do mobiliário e dos equipamentos que se deterioram com o tempo e com o uso
contínuo, devendo este fato ser considerado com atenção ao se pensar na elaboração de um
projeto paisagístico.
O paisagismo, como a arquitetura, apresenta um processo de concepção muito próximo
daquele da obra de arte, com a ressalva de que envolve o cotidiano humano, para o qual é
projetado o espaço. Essa diferença, explicitada por seu caráter social, aumenta a seriedade e
a importância com as quais deve ser concebido – não como um complemento da arquitetura
ou como um simples passo no embelezamento urbano, e sim como um procedimento
fundamental na geração de qualidade urbana.
Referências Bibliográficas
ABBUD, Benedito. Vegetação e projeto: estudos de caso em São Paulo, com as reflexões
de um arquiteto. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU-USP, 1986.
ALEX, Sun. Projeto de praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Senac,
2008.
ARAGÃO, Solange de. Ensaio sobre o jardim. São Paulo: Global, 2008.
CHING, Francis D. K. Desenho para arquitetos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
CZERNIAK, JULIA & HARGREAVES, GEORGE. Hargreaves: the alchemy of
Landscape Architecture. London: THAMES & HUDSON, 2009.
DOURADO, Guilherme Mazza (org.). Visões de paisagem: um panorama do paisagismo
contemporâneo no Brasil. São Paulo: ABAP, 1997.
ECKBO, Garrett. The landscape we see. New York: Mc Graw-Hill Book Company, 1969.
FRISCH, Johan Dalgas. Aves brasileiras e plantas que as atraem. 3.ed. São Paulo: Dalgas
Ecoltec, 2005.
___________________. Jardim dos beija-flores. São Paulo: Dalgas Ecoltec, 1996.
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
KLIASS, Rosa. Desenhando paisagens, moldando uma profissão. São Paulo: Senac, 2006.
LAURIE, Michael. An introduction to landscape architecture. New York: American
Elsevier, 1975.
LORENZI, Harri. Árvores brasileiras. vols. 1, 2 e 3. Nova Odessa: Plantarum, 1991-2009.
_____________. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras.
Nova Odessa: Plantarum, 1995.
____________. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Plantarum,
2004.
___________. Flora brasileira. Nova Odessa: Plantarum, 2010.
____________ & MELLO FILHO, LUIZ EMYGDIO. Palmeiras tropicais de Burle Marx.
Nova Odessa: Plantarum, 2001.
____________ et alii. Árvores exóticas no Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 2003.
MACEDO, Silvio & SAKATA, Francine Gramacho. Parques urbanos no Brasil. São
Paulo: Editora USP: Imprensa Oficial do Estado, 2002.
MACEDO, Silvio Soares. Quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo: FAUUSP: Itaú:
Abyara, 1999.
MONTENEGRO, Gildo A. Desenho arquitetônico. 2.ed. São Paulo: Edgar Blucher, 1978.
QUADRO DO PAISAGISMO NO BRASIL. História do Paisagismo Brasileiro (CD-
Rom). São Paulo: QUAPÁ, 2002.
QUADRO DO PAISAGISMO NO BRASIL. Paisagismo Brasileiro (CD-Rom). São Paulo:
QUAPÁ, 1999.
QUADRO DO PAISAGISMO NO BRASIL. Paisagismo Contemporâneo (CD-Rom). São
Paulo: QUAPÁ, 2005.
QUADRO DO PAISAGISMO NO BRASIL. Paisagismo Contemporâneo no Brasil (CD-
Rom). São Paulo: QUAPÁ, 2003.
REID, Grant W. From Concept to Form: in Landscape Design. New York: John Wiley
Professio, 1993.
_____________. Landscape Graphics. New York: Watson-guptill-id, 2002.
Revista Paisagem e Ambiente, n. 3. São Paulo: FAU-USP, 1989.
Revista Paisagem e Ambiente, n.4. São Paulo: FAU-USP, 1992.
ROBBA, Fabio & MACEDO, Silvio Soares. Praças brasileiras. São Paulo: Editora USP:
Imprensa Oficial do Estado, 2002.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5.ed. São Paulo: Edusp, 2005.
SEGAWA, Hugo. Ao amor do público: jardins do Brasil. São Paulo: FAPESP: Studio
Nobel, 1996.
SPIRN, Anne Whiston. O jardim de granito. São Paulo: Edusp, 1995.
TABACOW, José (org.). Roberto Burle Marx: arte & paisagem. São Paulo: Studio Nobel,
2004.
WALKER, Theodor & DAVIS, Davis A. Plan graphics. 4th ed. New York: Van Nostrand
Reinhold, 1990.
WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
Lugares para visitar (para analisar os projetos ou conhecer espécies vegetais):
Waldemar Cordeiro
Isabel Duprat
Luciano Fiaschi
Fernando Chacel
Garrett Eckbo
Dan Kiley
Peter Walker
Lawrence Halprin
Eritrina (Erythrina verna) pode atingir 5 metros de altura, possui diâmetro da copa com
cerca de 6 metros e tem pequenas flores vermelhas, com floração de setembro a novembro.
Flamboyant (Delonix regia): pode atingir 10 metros de altura, possui diâmetro da copa com
cerca de 7 metros e tem flores vermelho-alaranjadas, com floração de outubro a dezembro.
Ipê Branco (Tabebuia roseo-alba): pode atingir de 7 a 16 metros de altura, possui diâmetro
da copa com cerca de 6 metros e tem flores brancas, com floração de agosto a outubro.
Ipê Roxo (Tabebuia impetiginosa): pode atingir de 8 a 12 metros de altura, possui diâmetro
da copa com cerca de 6 metros e tem flores roxas, com floração de maio a agosto.
Paineira (Ceiba speciosa) pode atingir de 12 a 30 metros de altura, possui diâmetro da copa
com cerca de 8 metros e tem flores rosa com detalhes em branco e floração de dezembro a
maio.
Quaresmeira Rosa (Tibouchina granulosa) pode atingir 6 metros de altura, possui diâmetro
da copa com cerca de 4 metros e tem flores rosa, com floração de dezembro a julho.
Tipuana (Tipuana tipu): pode atingir 12 metros de altura, possui diâmetro da copa com
cerca de 8 metros e tem pequenas flores amarelas, com floração de setembro a dezembro.
No livro Jardim dos Beija-flores, Dalgas Frisch apresenta uma série de especificidades em
relação a essa pequena e delicada ave e destaca algumas árvores, flores e arbustos que a
atraem, como, por exemplo, o ipê (rosa, roxo, amarelo e branco), o jacarandá mimoso, a
paineira, a eritrina (Suinã-do-litoral), a sibipiruna, o flamboiã, o camarão-amarelo, a maria-
sem-vergonha, a helicônia (bananeira-do-mato), a fruta-do-sabiá, o jasmim-amarelo, a flor
do maracujá, a flor do mamoeiro e até mesmo o abacaxi – cada um atraindo uma espécie
diferente. A obra é de grande valor para os arquitetos-paisagistas preocupados não apenas
com a flora, mas também com a fauna urbana.