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A cartilha é composta por ilustrações coloridas

que contextualizam e acompanham o conteúdo.


Cada ilustração vem acompanhada com descrição
de imagem estática, posicionada na parte inferior da página, em
caixa retangular horizontal com fundo amarelo claro. A cartilha
contém também tradução em Libras, disponível através de links
inseridos em ícones com desenho de duas mãos, com palma
da mão esquerda para frente e dedos para cima, a frente de
mão direita, com dorso para frente e dedos para baixo.
DOCILIDADE AMBIENTAL EM CAMPUS:
CARTILHA PARA SENSIBILIZAÇÃO

AUTORES

Cynthia Lima
Júlio Azevêdo
Luciana Medeiros
Renato Medeiros
Gleice Azambuja Elali

SEDIS – UFRN
NATAL
2021
Reitor
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
Henio Ferreira de Miranda

Diretoria Administrativa da EDUFRN


Maria da Penha Casado Alves (Diretora)
Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto)
Bruno Francisco Xavier (Secretário)

Conselho Editorial
Maria da Penha Casado Alves (Presidente) Lucélio Dantas de Aquino
Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária) Luciene da Silva Santos
Adriana Rosa Carvalho Marcelo da Silva Amorim
Anna Cecília Queiroz de Medeiros Marcelo de Sousa da Silva
Cândida de Souza Márcia Maria de Cruz Castro
Fabrício Germano Alves Marta Maria de Araújo
Francisco Dutra de Macedo Filho Martin Pablo Cammarota
Gilberto Corso Roberval Edson Pinheiro de Lima
Grinaura Medeiros de Morais Sibele Berenice Castella Pergher
José Flávio Vidal Coutinho Tercia Maria Souza de Moura Marques
Josenildo Soares Bezerra Tiago de Quadros Maia Carvalho
Kamyla Álvares Pinto
Leandro Ibiapina Bevilaqua

Secretária de Educação a Distância Coordenadora de Revisão


Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Aline Pinho Dias
Secretária Adjunta de Educação a Distância Coordenador Editorial
Ione Rodrigues Diniz Morais José Correia Torres Neto
Coordenadora de Produção de Materiais Gestão do Fluxo de Revisão
Didáticos Edineide Marques
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Gestão do Fluxo de Editoração
Rosilene Paiva
Conselho Técnico-Científico – SEDIS
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo – SEDIS José Querginaldo Bezerra – CCET
(Presidente) Lilian Giotto Zaros – CB
Aline de Pinho Dias – SEDIS Marcos Aurélio Felipe – SEDIS
André Morais Gurgel – CCSA Maria Cristina Leandro de Paiva – CE
Antônio de Pádua dos Santos – CS Maria da Penha Casado Alves – SEDIS
Célia Maria de Araújo – SEDIS Nedja Suely Fernandes – CCET
Eugênia Maria Dantas – CCHLA Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim – SEDIS
Ione Rodrigues Diniz Morais – SEDIS Sulemi Fabiano Campos – CCHLA
Isabel Dillmann Nunes – IMD Wicliffe de Andrade Costa – CCHLA
Ivan Max Freire de Lacerda – EAJ
Jefferson Fernandes Alves – SEDIS

Revisão de ABNT Roteiro de Audiodescrição


Nouraide Fernandes Rocha de Queiroz Katyuscia Maria da Silva
Rafael Marques Garcia
Design Instrucional
e Revisão de Português Consultoria em Audiodescrição
Nouraide Fernandes Rocha de Queiroz Thiago de Lima Torreão Cerejeira
Sidney Trindade
Roteiro
Cynthia Lima Tradução do Português para
Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo Língua Brasileira de Sinais
Gleice Elali Amom Evangelista dos Anjos Paiva
Juliana Pinheiro Magro Laura Costa de Sant’Anna
Luciana Medeiros Isaack Saymon Alves Feitoza Silva
Renato Medeiros
Consultoria Técnica de Libras
Diagramação Laralis Nunes de Sousa Oliveira
Cynthia Lima
Edição de LIBRAS
Ilustração Elizabeth da Silva Ferreira Garcia
Júlio Azevêdo Suerllen Marinho
Projeto Gráfico Operador de Câmera
Cynthia Lima SEDIS/UFRN
Gleice Elali
Acessibilidade Digital
Luciana Medeiros
Elizabeth da Silva Ferreira Garcia
Renato Medeiros
Catalogação da publicação na fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Secretaria de Educação a Distância

Docilidade ambiental em campus : cartilha para sensibilização [recurso


eletrônico] / Cynthia Lima, Júlio Azevêdo, Luciana Medeiros, Renato
Medeiros e Gleice Azambuja Elali. – 1. ed. – Natal: SEDIS-UFRN,
2021.
13000 KB.; 1 PDF

ISBN nº 978-65-5569-145-0

1. Inclusão. 2. Inclusão - Acessibilidade. 3. Inclusão -


Sensibilização. I. Lima, Cynthia. II. Azevêdo, Júlio. III. Medeiros,
Luciana. IV. Medeiros, Renato. V. Elali, Gleice Azambuja.

CDU 37.015
D637

Elaborada por Edineide da Silva Marques CRB-15/488.


SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO  9

1 COMEÇO DE CONVERSA 11

2 O QUE É DOCILIDADE AMBIENTAL? 13

3 ESTA É A TATI 15

4 ROTINA DA TATI 16

4.1 CHEGADA AO CAMPUS 17

4.2 SALAS DE AULA 19

4.3 RESTAURANTE 25

4.4 LABORATÓRIO 33

4.5 CAMPUS À NOITE 37

4.6 BIBLIOTECA 39

4.7 A VOLTA PARA CASA 42


5 REFLEXÕES FINAIS 46

REFERÊNCIAS 49
APRESENTAÇÃO
Sustentabilidade é palavra de ordem para um mundo melhor, um caminho a
ser trilhado por todos nós para garantir uma vida digna. No entanto, em várias
situações ela tem sido traduzida apenas como um atributo técnico, omitindo-
se o elemento humano essencial ao seu fomento e a sua manutenção. É sob
essa perspectiva que lhes apresento “Docilidade ambiental em campus: cartilha
para sensibilização”, que considero uma importante estratégia para despertar a
consciência da comunidade universitária, ilustrando o papel que cada pessoa pode
assumir a fim de contribuir com o bem-estar e a qualidade de vida de todos.

A cartilha, uma iniciativa de docentes e discentes integrantes dos Grupos de


Pesquisa Projetar1 e Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente (GEPA)2,
ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), revela uma ação
inovadora em seu campo de estudos e, em consonância com a responsabilidade
social da universidade, alinha-se ao seu Plano de Desenvolvimento Institucional.
Ela liga-se ao contexto de políticas de inclusão da UFRN, em especial ao processo
de formação das Comissões Permanentes de Inclusão e Acessibilidade em
nossas unidades acadêmicas e administrativas. Ao acentuar a necessidade de
se compreender o ambiente sob o ponto de vista sociofísico (entendendo que
o ambiente físico e as pessoas que nele se encontram formam um conjunto
indissociável), ela indica, claramente, que cuidar dos lugares onde nossa vida
cotidiana acontece e sensibilizar os segmentos da comunidade universitária para o
avanço desse debate, são imprescindíveis para obtenção da sustentabilidade que
almejamos.

Nesse sentido, o texto apresenta-nos o conceito de docilidade ambiental e nos


conduz a perceber que o pleno exercício da cidadania pressupõe a existência
de um ambiente físico inclusivo que assegure a todos o direito de ir e vir com
segurança e autonomia e, também, de um ambiente social que nos acolha e apoie
nas mais diversas circunstancias.

9
O zelo e o compromisso dos autores em transmitir as informações necessárias
sobre o tema em tela é evidente página a página. A estratégia de agregar uma
escrita objetiva e clara a ilustrações, complementadas por audiodescrição,
aproxima o conhecimento técnico e a compreensão intuitiva do assunto,
tornando a leitura leve e prazerosa. Somos, assim, gradativamente convidados
a refletir sobre nossa maneira de interagir com o ambiente sócio físico de campi
universitários, condição que pode ser extrapolada para inúmeras outras situações
que vivenciamos.

Finalizo parabenizando aos autores pelo esforço de traduzir temas acadêmicos


em linguagem acessível a outros campos de conhecimento, e a todos aqueles que,
de alguma forma, contribuíram para a transmissão da importante mensagem
conduzida por essa cartilha.

Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo


Secretário da Secretaria de Inclusão
e Acessibilidade da UFRN
Natal, agosto/2020

10
1
COMEÇO DE CONVERSA
Um campus universitário é uma parte da cidade que congrega
praticamente todas as funções urbanas: trabalho, estudo, moradia,
alimentação, serviços, prática de exercícios, lazer. Como estudantes
e servidores (professores e funcionários), passam grande parte do
seu tempo no campus, a qualidade de vida de todos é diretamente
influenciada pela docilidade ambiental existente, sobretudo quando
partilhamos o ideal de uma universidade democrática e inclusiva.

Nesta cartilha trabalhamos alguns aspectos do ambiente sociofísico


que, em nossas pesquisas, têm se evidenciado como elementos
importantes para a qualidade de vida em campi. Começamos com
uma breve introdução à ideia de docilidade ambiental, em seguida,
ilustramos nossa experiência com a ajuda da Tati, personagem
especialmente criada para nos ajudar nesse percurso. Ao final, fazemos
algumas reflexões sobre o material apresentado.

Tati é uma estudante que passa quase todo o seu dia na universidade.
Além de ser usuária de muitos dos ambientes disponíveis, ela está em
permanente contato com diferentes tipos humanos que ali convivem,
o que nos dá oportunidade para comentar várias situações da vida
cotidiana no local.

11
A cada tema tratado, além de imagens e textos que mostram as
atividades de Tati, apresentamos quadros que sintetizam condições
para garantir maior docilidade e tornar as situações relatadas mais
adequadas àquela pessoa e, em consequência, à comunidade.

Ressaltamos, antecipadamente, três aspectos importantes a


considerar:

(1) as situações relatadas são hipotéticas, embora tenham sido


criadas a partir da observação da realidade;

(2) apenas quando todos puderem participar e se sentir acolhidos


teremos atingido condições mínimas de bem-estar coletivo;

(3) a docilidade ambiental não é uma condição isolada, ela depende


da ação de todos.

Estamos disponíveis para continuar a discutir essas ideias. Mas, para


começo de conversa: você sabe o que é docilidade ambiental?

12
2
O QUE É DOCILIDADE AMBIENTAL?
Cada pessoa tem um nível de demanda ambiental que é associado
ao desempenho de suas atividades e às condições de conforto. A
congruência entre tais demandas e as habilidades da pessoa para
lidar com diferentes situações interfere diretamente em sua qualidade
de vida (GUNTHER, 2011; MOORE, 2005). Logo, segundo Lawton e
Nahemow (1973, s/p) “quanto menos competente for a pessoa, maior é
impacto dos fatores ambientais sobre ela”.

O ambiente ‘dócil’ maximiza o uso das capacidades individuais,


permitindo que cada pessoa atue em sua melhor zona de desempenho
(LAWTON; DEVOE; PARMELEE, 1995). Para a docilidade ambiental
contribuem tanto as características do ambiente (possibilidades
para deslocamento, usabilidade e orientação) quanto as condições
psicossociais (aceitação pelo grupo e existência de redes de apoio).

Embora inicialmente a docilidade ambiental tenha sido definida


no contexto da gerontologia, gradativamente o conceito tem sido
ampliado para outras fases do ciclo de vida (GUNTHER; ELALI, 2011).
Nosso grupo de pesquisa tem trabalhado com ele em vários contextos,
incluindo campi universitários.

13
Nesse sentido, tanto quanto as condições do ambiente físico, o
ambiente social é fundamental para o bem-estar de cada um. Assim, é
preciso estarmos atentos às características de conforto e acessibilidade
dos ambientes que utilizamos, mas também ao modo de nos
relacionarmos com as outras pessoas e conosco mesmos.

Nesta cartilha chamamos a atenção para algumas questões de


docilidade ambiental em campi, indicando a importância de entendê-
las com base nas necessidades de cada indivíduo, e enfrentá-las a
partir de três pontos de vista: o ambiente, a atitude do grupo e a
postura/comportamento da pessoa envolvida.

14
3
ESTA É A TATI
Quem vai nos ajudar nessa
conversa é a Tati. Ela é uma
estudante universitária, usa
óculos, é organizada, bastante
prestativa e atenta a tudo ao seu
redor.

Está sempre atarefada, pois


divide seu dia entre aulas pela
manhã, estágio à tarde e estudos
à noite.

Devido ao tempo que passa na


universidade, ela conhece muita
gente no campus: servidores e
estudantes do seu curso e de
outros.

Descrição: na lateral direita da página, Tati, uma jovem branca, de


cabelos castanhos lisos curtos com franja, olhos pretos arredondados,
nariz e orelhas pequenos. Ela usa óculos de grau, está sorridente,
segurando um livro azul aberto, à frente do seu corpo, na altura do
peito. Acima e à direita de sua cabeça, um balão de fala, no qual ela
diz: "Oi, gente!" [Fim da descrição]

15
4
ROTINA DA TATI Tati mora com duas
colegas, cada uma com
horários e atividades
próprias.

Geralmente, ela acorda


às 5h:30min da manhã,
arruma-se, prepara seu
café e corre para pegar o
transporte público para a
universidade.

Tati demora cerca de


uma hora para chegar ao
seu destino.

OBSERVAÇÃO: seria muito importante que Tati verificasse os horários em que o trajeto pode ser feito
em menos tempo. Às vezes dá até para dormir um pouco mais e chegar na mesma hora. Também
pode ser interessante verificar se existem outras rotas para o campus, ou mesmo se há algum
sistema de ‘transporte compartilhado’ ou “caronas” na região do entorno.

Descrição: à esquerda, no meio da página, Tati, deitada em uma cama de madeira


marrom, debaixo de um cobertor lilás, com os olhos fechados. Algumas letras "Z"
partem, diagonalmente, de sua cabeça, que repousa em um travesseiro azul. Ao
lado da cama, uma mesa de cabeceira com três gavetas. Sobre ela, os óculos de
grau. [Fim da descrição]

16
4.1 CHEGADA AO CAMPUS
Chegando ao campus, Tati desce do ônibus e faz um longo percurso
a pé, que começa com uma escada bastante íngreme, mas sem
corrimão, nem apoio para as mãos. Nesse caminho, é comum
encontrar uma professora que tem visível dificuldade para subir a
tal escada.

OBSERVAÇÃO: de acordo com as normas de acessibilidade (ABNT, 2015) e as recomendações


de desenho universal (PREISER, W.; OSTROFF, 2001), a altura e largura dos degraus das escadas
devem possuir dimensões específicas para se tornarem mais acessíveis, e seu revestimento precisa
ser antiderrapante. Elas também devem ter corrimão com dimensões, desenho e material que
possibilitem seu uso com segurança e autonomia. Da mesma forma, rampas, circulações e acessos
aos edifícios necessitam de dimensões, inclinação, materiais e acessórios específicos, além de
sinalização adequada para diferentes tipos de usuários.

Descrição: em primeiro plano, no meio da página, em posição frontal, um carro vermelho com para-brisa preto que percorre
uma rua asfaltada. Ao fundo, céu azul. À esquerda, Tati, de perfil, usando calça azul, camiseta e sapatilhas amarelas, caminha
sobre uma calçada com plantas, em direção à rua, onde passa o carro. À sua frente, na altura do rosto, um ponto de
exclamação. À direita, na calçada do outro lado, uma professora, também de perfil, com cabelos grisalhos, penteados em um
coque, de vestido rosa e sapatilhas pretas, sobe uma escada com degraus de altura irregular. [Fim da descrição]

17
Tati se oferece para ajudar a
professora e acompanhá-la até
seu setor de aulas, situado no
mesmo trajeto. Ambas gostam
muito desses momentos, pois são
oportunidades para uma conversa
animada.

OBSERVAÇÃO: se o espaço ou ambiente não estiver totalmente adequado ao uso, não permita que
isso impeça a participação do outro. Torne-o mais dócil: seja solidário e apoie quem está com
dificuldades!

Descrição: agora, Tati e a professora, de perfil, caminham juntas lado a lado para
a direita, na direção da entrada, com algumas plantas, de um edifício com fachada
retangular laranja e uma grande porta de vidro. Sobre a porta, uma placa amarela com a
inscrição "Universidade", em letras pretas. Ao fundo, o céu azul. [Fim de descrição]

18
4.2 SALAS DE AULA

Já na sala de aula, Tati observa que seu colega Lucas está piscando
muito e apertando os olhos em direção ao quadro, esforçando-se para
compreender o conteúdo.

Descrição: plano geral de uma sala de aula com três alunos sentados em cadeiras escolares. Em primeiro plano, Tati, de perfil,
entre dois colegas. Ela tem um ponto de exclamação à frente do rosto e olha para Lucas, um jovem branco, de cabelos lisos
e pretos, à sua esquerda. Ele aperta os olhos na direção dela e tem à frente do rosto três pontos de interrogação. À direita
de Tati, outro aluno aparece parcialmente. Ele é branco e tem cabelos pretos encaracolados. Ao fundo, de costas para os
alunos, uma professora escreve no quadro verde, com letras bem pequenas. Ela é morena, magra e têm cabelos pretos
encaracolados. [Fim da descrição]
19
OBSERVAÇÃO: para melhor visualização das informações escritas no quadro ou expostas na tela de
projeção de slides, é necessário atentar para:
(1) tamanho da letra escrita ou projetada;
(2) contraste das cores utilizadas nos slides;
(3) material do quadro (se não for dado o tratamento adequado, o vidro reflete a luz proveniente
do ambiente externo ou da iluminação artificial da sala);
(4) local onde os alunos estão sentados (principalmente os que possuem baixa visão/outros tipos
de dificuldades);
(5) quando possível, inserir elementos de proteção nas janelas para combater a claridade
excessiva, ou luminárias com artifícios antirreflexos.

Descrição: em primeiro plano, Tati e Lucas conversam. Ela olha para ele, que está com um semblante triste e os olhos
fechados. Balões de fala estão posicionados ao lado de suas cabeças. Tati pergunta: "Tá tudo bem, Lucas?". Ele responde:
"Não! Não consigo enxergar nada que está escrito!" [Fim da descrição]

20
Ao ouvir o alerta de Tati, a professora aumenta o tamanho da letra e aproveita a
discussão para falar sobre a dificuldade de ouvir claramente o que é falado durante
as aulas. São problemas de conforto acústico, gerados pela reverberação do local!

OBSERVAÇÃO: existem normas relacionadas ao conforto acústico e às estratégias arquitetônicas


específicas para ambientes educacionais (ABNT, 1987, 2000). Quando não há previsão desses
aspectos durante o projeto e a construção do edifício, ou quando há alterações de uso ou reformas
ao longo do tempo, é possível inserir elementos capazes de amenizar problemas acústicos.

Descrição: um grupo de cerca de seis alunos em sala de aula, sentados e olhando para o quadro. A mesma professora de
cabelos encaracolados está de pé, parada ao lado do quadro. Olha para os alunos enquanto aponta o giz para a palavra
“Universidade”, escrita em tamanho ampliado. [Fim da descrição]

21
Na aula seguinte, os
alunos deslocaram-
se para outra sala,
que comporta maior
quantidade de pessoas.
Tati gostou da presença
de um intérprete de
libras durante a aula, já
que havia alunos surdos
no local. No entanto,
a situação estava
muito desconfortável,
pois havia muito mais
cadeiras do que o
recomendado e pouco
espaço para circular.

OBSERVAÇÃO: todos os ambientes devem ter layout compatível com tipo/quantidade de usuários
e atividades a serem realizadas no local. Além disso, devem possuir sinalização em Braile na porta
de entrada, bem como circulação de acesso e largura da porta adequados com as normas de
acessibilidade.

Layout: tipo e dimensões do mobiliário, distâncias entre os mesmos e espaços para circulação.

Descrição: em plano geral, uma sala de aula com um grupo de cerca de dezesseis alunos
sentados e olhando para um professor e um intérprete de Libras, à frente do quadro. Ambos,
de pé e em posição frontal, vestem calça azul e camisa de mangas curtas. À direita está o
professor. Ele é branco, um pouco calvo, com cabelo e bigode pretos. À esquerda do professor
está o intérprete. Ele também é branco, tem cabelos curtos pretos, usa óculos de grau, e faz
um sinal em Libras com a mão direita. [Fim da descrição]

22
Tati assiste aos outros
horários de aula das
demais disciplinas,
mas, entre eles, dá
uma saidinha para
beber água. Na área
do bebedouro, vê uma
pessoa com baixa
estatura tentando utilizar
uma das saídas de água
sem sucesso. Tati enche
a garrafinha da colega
e percebe que o local
também não permitiria o
uso por um cadeirante.

OBSERVAÇÃO: equipamentos, peças e acessórios (como os dos banheiros, por exemplo) devem
ser acessíveis e/ou adaptados aos seus usuários. Na ausência dessas condições, lembre-se de
ajudar quem está com dificuldade! Também existem métodos da ergonomia que preveem a altura
média ideal de cada móvel ou equipamento para cada pessoa, provendo, assim, o conforto na
realização das atividades exigidas, que pode ser inclusive beber água.

Ergonomia: Ciência que estuda a relação entre o Homem, móveis, equipamentos, etc. gerando
métodos e medidas ideais para cada atividade.

Descrição: acima e à esquerda, quatro círculos coloridos com desenhos de pessoas usando bebedouros. No canto superior
à esquerda, o primeiro círculo é rosa com um “X” vermelho. Nele, um rapaz alto está com uma garrafa na mão, inclinando-se
para a frente, aproximando-a do bebedouro. Das costas do rapaz partem linhas vermelhas quebradas. Ao lado do círculo rosa
está o segundo círculo, na cor amarela, com um “X” vermelho. Ele contém uma jovem baixa, que tenta alcançar a torneira de
um bebedouro. Ela está na ponta dos pés e tem um dos braços estendidos diagonalmente para o alto. Abaixo do círculo rosa
está o terceiro, na cor laranja, com um “V” verde. Nele, uma mulher de pé, com as costas levemente inclinadas para a frente,
aproxima a boca da água que sai da torneira de um bebedouro. Ao lado deste terceiro círculo amarelo, está o quarto, na cor
vermelho-claro, com um “X” vermelho, onde um jovem, usuário de cadeira de rodas, está de frente para um bebedouro alto.
[Fim da descrição]
23
Ao término do último horário, Tati
despede-se dos colegas e sai toda
faceira para almoçar no restaurante
universitário.

Descrição: um grupo de sete alunos em sala de aula. Seis deles estão ao redor de uma mesa retangular contendo livros, sendo
que quatro alunos estão de pé e dois sentados. Tati, à direita, caminha em direção à porta da sala e acena para o grupo de
alunos na mesa. Um balão de fala está acima de sua cabeça. Ela diz: “Tchau, pessoal. Até amanhã!!”. Um dos alunos que está de
pé, acena para ela em resposta. Ele tem um balão de fala sobre sua cabeça e diz: “Tchau, Taaaati!” [Fim da descrição]

24
4.3 RESTAURANTE

Tati segue seu caminho a pé, pensando nas


condições desagradáveis desse e de outros
deslocamentos: sol de meio dia, falta de árvores
ou locais para descanso e ainda algumas subidas
na rota até o restaurante. Tati sempre chega muito
cansada para almoçar.

Descrição: Tati, de mochila azul nas costas, percorre um caminho


sinuoso, em aclive, contendo piso tátil direcional e ladeado por
um campo verde, de onde partem linhas vermelhas, levemente
onduladas, em direção ao céu azul com nuvens brancas e um
grande sol amarelo. [Fim da descrição]

25
OBSERVAÇÃO: além de acessíveis (e sinalizados), os trajetos entre os principais edifícios dos campi
devem ter árvores que ofereçam sombreamento e mobiliário para descanso, sobretudo em climas
mais quentes. É importante transformar caminhadas em experiências agradáveis e relaxantes para
os usuários.

Descrição: plano geral do caminho sinuoso, em aclive, ladeado pelo campo verde, em dia claro, agora com quatro árvores
frondosas. Ele dá acesso a um edifício de fachada retangular laranja com uma grande porta de vidro. Sobre a porta, em letras
pretas, "Restaurante Universitário". Próximo a duas das árvores, dois bancos de madeira. Em um deles, um jovem está sentado,
usando o celular. Mais adiante, à direita, um grupo de três jovens sentados no chão com os pés descalços. [Fim da descrição]

26
Descrição: plano geral de seis jovens de pele clara enfileirados, frente a uma
bancada cinza. Da esquerda para a direita, a última da fila é uma jovem com
as pernas amputadas, que faz uso de cadeira de rodas. A seguir, uma jovem
de cabelos cor de rosa. Ela tem a perna esquerda amputada e usa muletas. O
próximo é um rapaz que usa óculos de grau. A seguir, os três primeiros da fila. No
chão, de cor branca, piso tátil direcional amarelo. [Fim da descrição]

27
OBSERVAÇÃO: em situações como essas, o próprio restaurante deve possuir um funcionário que
auxilie aqueles que têm alguma dificuldade para se servir, como cadeirantes, idosos, pessoas com
deficiência visual, entre outros.

Descrição: plano geral de três jovens enfileirados frente à bancada cinza. Da esquerda para a direita, Tati, que é a terceira da fila
e está com as mãos nos bolsos. À sua frente, uma jovem de pele clara e cabelos longos pretos. O primeiro da fila é um homem
moreno, que usa bengala e óculos escuros. Por trás da bancada, em posição frontal, um jovem de pele clara usando uniforme
e chapéu de cozinheiro. No chão, de cor branca, piso tátil direcional amarelo. [Fim da descrição]

28
Quanto
ao espaço
físico, todos
comentam
sobre os
problemas do
layout (grande
número de
mesas e
cadeiras e
pouco espaço
para circulação)
e o excesso de
barulho.

Descrição: à direita, dentro de um preenchimento laranja com forma circular ondulada, quinze silhuetas humanas
na cor preta, sentadas em cadeiras azuis distribuídas ao redor de cinco mesas retangulares marrons. Acima e à
direita, em letras pretas, as inscrições: BLAH, BLAH, BLAH, BLAH, BLAH. A jovem que faz uso de cadeira de rodas
está posicionada à esquerda, no meio da borda do preenchimento. A disposição das mesas, muito próximas umas
das outras, impossibilita que esta jovem se aproxime de uma delas. Na borda superior, à esquerda, um círculo azul
e dentro dele a cabeça de Tati. Acima e à direita dela, um balão de fala, no qual Tati diz: "Nossa! Quanto barulho!!
Imagina se tem algum autista aqui?!" [Fim da descrição]

29
OBSERVAÇÃO: os ambientes tanto de uso coletivo quanto individual precisam de uma atenção especial quando se trata do
ruído: um tratamento acústico faz-se necessário, mas, também existem providências que dependem do comportamento de
seus ocupantes. Sempre que estiver em locais públicos, onde muita gente está presente, tente conversar com o tom de voz
mais contido e não arrastar cadeiras para não contribuir para o aumento da poluição sonora existente no local.

Descrição: acima e no centro da página, dentro de um preenchimento verde com forma circular ondulada, oito silhuetas
humanas na cor preta, sentadas em cadeiras azuis ao redor de três mesas retangulares marrons. As silhuetas estão
subdivididas em três grupos e a disposição das mesas, distantes umas das outras, possibilita a livre circulação entre elas. A
primeira mesa, no topo do círculo, contém três ocupantes. Mais abaixo e próximo à extremidade esquerda, na segunda mesa,
existem mais três. A terceira mesa está à direita desta, contendo duas silhuetas e a jovem que faz uso de cadeira de rodas. Na
borda superior do preenchimento, à esquerda, um círculo azul e dentro dele a cabeça de Tati. Acima e à direita dela, um balão
de fala, no qual Tati diz: "Aaaah! Bem melhor agora!" [Fim da descrição]

30
Depois do almoço, ela faz o
mesmo percurso de volta,
comendo sua sobremesa.
Quando os amigos chamam para
conversar um pouquinho, Tati diz
que não tem tempo, pois precisa
organizar algumas coisas antes do
horário da sua bolsa de pesquisa.

Descrição: Tati agora percorre o caminho sinuoso ladeado pelo campo verde, em um
trecho mais plano, com arbustos e uma árvore. Ao fundo, céu azul com sol amarelo
entre nuvens brancas. Ela segura uma sobremesa marrom. [Fim da descrição]

31
OBSERVAÇÃO: tente gerir seu tempo para reservar pequenos intervalos de relaxamento, seja sozinho
ou com amigos. Dessa forma, seu dia ficará mais leve física e mentalmente. Espaços institucionais
e de uso coletivo necessitam de áreas para pausa, descanso e lazer, além do cuidado constante por
parte de seus usuários. Valorize o que é de todos e não suje seu local de estudo e trabalho.

Descrição: Tati percorrendo o caminho sinuoso,


em declive, ladeado por campo verde e
arbustos, com duas árvores ao fundo, em dia
claro. [Fim da descrição]

32
4.4 LABORATÓRIO
Tati finalmente chega ao laboratório onde
estagia e cumprimenta todos.
Lá, Tati precisou adaptar o mobiliário
para ajustá-lo de acordo com as suas
necessidades (devido à sua altura,
ela utiliza um apoio para que
seus pés não fiquem suspensos).
Além disso, assim como seus
demais colegas de trabalho,
personalizou o seu espaço
com objetos e outros
pequenos detalhes
que fazem com que
ela se sinta
mais acolhida,
como fotos e
objetos do seu OBSERVAÇÃO:
torne DÓCIL,
interesse. transforme os
espaços que
você frequenta
em locais mais
confortáveis,
receptivos e gentis.

Descrição: a página está bipartida por uma diagonal. A parte direita é preenchida na cor amarela e contém duas pessoas
sentadas em cadeiras, tendo à frente mesas com computadores brancos. No canto superior, a mesa é ocupada por uma
mulher que está de perfil. Ela é branca, tem cabelos pretos lisos à altura dos ombros com franja e usa vestido comprido azul.
Sobre a mesa, à esquerda, à frente do monitor do computador, um porta-retrato com a foto de um gato amarelo. Na parede,
quadro vermelho com um gato preto. A outra mesa, no canto inferior, é ocupada por um homem moreno de cabelos pretos
lisos e curtos, em posição frontal, que olha para o monitor do computador. Sobre a mesa, há, em cada extremidade, um jarro
com plantas. [Fim da descrição]
33
Pouco depois, Tati percebeu que, na pressa
ao sair de casa, esqueceu-se do seu casaco. 
Diariamente, ela e os seus colegas enfrentam
um frio nórdico, pois o seu coordenador
sempre reclama do calor e aciona o aparelho
na potência máxima.

O ar condicionado marcava 18° e contrastava


bastante com a temperatura externa, o que
também era incômodo. Foi preciso negociar
com o chefe. Sem precisar fazer um motim, foi
possível ajustar a temperatura de modo a tornar
o ambiente mais agradável.

OBSERVAÇÃO: os sistemas de refrigeração devem estar a uma temperatura confortável, porém, não
tão distante da temperatura externa, pois isso causa um choque térmico não benéfico a saúde. Em
salas ocupadas por várias pessoas, é importante que elas negociem entre si a temperatura adequada
ou ajustem o layout para ocuparem locais compatíveis com suas necessidades.

Descrição: à esquerda, no meio da página, Tati, vista da cintura para cima, usando camiseta amarela. Ela tem os braços
cruzados à frente do corpo e a cabeça levemente curvada para a frente, com boca e olhos semicerrados. No canto superior
esquerdo, um aparelho de ar condicionado com o termostato mostrando 18 graus Celsius, de onde saem linhas onduladas e
34
flocos azuis, que se espalham pelo ar, aproximando-se das costas de Tati. [Fim da descrição]
OBSERVAÇÃO: o laboratório no qual Tati estagia é apenas para computadores, bem mais simples
do que outros que existem dentro da universidade. Laboratórios de Química, Biologia, Física, por
exemplo, exigem ferramentas muito específicas, e, consequentemente, a adaptação do local também
exige a mesma minúcia. Recentemente, o laboratório da Faculdade de Ciências da Saúde (FACISA)
recebeu várias adaptações em seu espaço, algumas delas foram:
(1) alteração da cor da bancada, para, assim, aumentar o contraste entre o objeto acima da
bancada e a própria bancada, facilitando a visualização dos reagentes pelas pessoas que possuem
baixa visão;
(2) alteração da altura de bancadas e dos armários de armazenamento para que um cadeirante
possa utilizar o local;
(3) adaptação das torneiras, inserindo duchas para facilitar o manuseio e a praticidade do uso a
uma distância maior;
(4) kits de proteção para queimaduras com ácido e outros elementos químicos.

Descrição: na parte superior da página, Tati, em posição frontal, vista da cintura para cima, usando camiseta amarela. À sua
frente, quatro vidros de laboratório: um balão de ensaio e três tubos de ensaio com substâncias coloridas. Tati aponta o dedo
para quatro placas verdes em formato de setas, fixadas em uma haste posicionada à sua esquerda, nas quais há inscrições
em letras brancas. Na primeira seta, de cima para baixo, está escrito “Laboratório de Física”; na segunda seta, “Laboratório de
Química”; na terceira, “Laboratório de Biologia”; e na quarta e última seta, “Laboratório de Geologia”. Acima e à direita da cabeça
de Tati, um balão de fala, no qual ela diz: "Sempre precisamos atentar que cada laboratório tem suas especificidades. Aaah! E
sempre que entrar em um, lembre-se de utilizar o equipamento de segurança”. Ao fundo, uma cobertura marrom e o céu azul.
[Fim da descrição] 35
Ao anoitecer, Tati novamente se dirige para o restaurante universitário
onde vai jantar. Só depois dessa refeição, poderá estudar um pouco na
biblioteca.

Descrição: no centro da página, Tati está sentada de


perfil em uma cadeira preta giratória, tendo uma mesa
de madeira marrom à sua frente, sobre a qual há um
computador branco e um jarro com planta. Ela digita
no teclado e tem os pés sobre um apoiador, também
de madeira. À direita, posicionado à sua frente, na
altura do rosto, um balão de fala em que ela diz:
36 “Nossa! Já está na hora do jantar!”[Fim da descrição]
4.5 CAMPUS À NOITE
Em seu caminho habitual para a biblioteca,
percebe que algumas lâmpadas queimadas
deixaram o ambiente escuro e até mesmo um
pouco sombrio. A solução que Tati encontra é
buscar um caminho alternativo, mais iluminado
e com maior circulação de pessoas.

Descrição: Tati, em pé e em posição frontal, usando


camiseta amarela e calça azul. Ela está sem os óculos,
com olhar assustado, braços flexionados à frente do
corpo e mãos no queixo. O fundo da página é todo
preto, evidenciando a silhueta azul de arbustos e de
duas árvores secas, em noite com estrelas e lua cheia.
[Fim da descrição]

37
OBSERVAÇÃO: sempre que for possível, opte por caminhos com mais iluminação e maior fluxo de
pessoas. E, quando perceber que alguma luz está queimada no ambiente, tente relatar o problema
aos responsáveis, pois nem sempre estes estão cientes do problema em questão. Procure verificar
se existe em sua universidade algum sistema de segurança alternativo, por exemplo, aplicativos que
identificam caminhos mais seguros ou que alertam rapidamente para algum tipo de ajuda, como a
polícia.

Descrição: em primeiro plano, Tati, à esquerda, de


perfil, caminha sobre uma calçada iluminada com
um grande foco de luz. Do outro lado da via, um
homem, seguido por uma mulher, também de perfil,
caminham para a esquerda, em sentido contrário ao
de Tati, na calçada ladeada por árvores e arbustos.
38 Ao fundo, céu escuro. [Fim da descrição]
4.6 BIBLIOTECA
Ao chegar à biblioteca, Tati percebe que um colega
está tentando usar a plataforma elevatória, que
parece não funcionar.

Que bom que o ambiente está adaptado. Mas, com


essa situação, ela se dá conta de que é preciso que
o acesso seja sempre garantido para que as pessoas
não dependam apenas de equipamentos, que
podem quebrar, caso não haja manutenção nem o
devido cuidado na sua utilização. Também é preciso
lembrar de outras “formas de acessibilidade”, como
sinalização adequada para pessoa
com deficiência visual e
pessoas com baixa visão.

Descrição: abaixo, em primeiro plano, Tati, de perfil, caminha na direção de um homem, usuário de cadeira de rodas. Ele está
triste, em frente à uma plataforma elevatória à direita. Sobre a porta, um cartaz amarelo retangular com a palavra "interditado",
em letras pretas. Ao fundo, o homem usando bengala e óculos escuros, caminha em direção oposta e direciona a cabeça para
ambos. Há um balão de pensamento à esquerda com as inscrições: "Minha nossa! Onde é que eu estou?" [Fim da descrição]
39
Tati, vai até a administração do local ver o que pode fazer para ajudar.
Ao chegar lá, a responsável pelo setor explica que a plataforma está
quebrada e que estão fazendo o possível para reativá-la.

Tati volta ao local e explica a situação para o colega. Ao


perceber seu semblante triste, pergunta de quais livros
ele precisa e se oferece para buscá-los.

Descrição: abaixo, Tati, à esquerda, de perfil, conversando com o homem, usuário de cadeira de rodas, à sua frente. Sobre a
cabeça de Tati há uma lâmpada amarela e à direita, um balão de fala, no qual ela diz: "Já sei! Eu posso buscar os livros que você
precisa e trazer para você!". À frente do rosto do homem, um balão de fala, no qual ele responde: "Sério?! Nossa, não sei como
te agradecer."[Fim da descrição]

40
Tati volta com os livros solicitados pelo colega e, com um sorriso no rosto, este
agradece a sua ajuda. Agora sim, muito satisfeita, ela segue com sua rotina e
dirige-se à sala de estudo individual da biblioteca, onde escolhe uma das mesas
para exercitar e aprimorar seus conhecimentos. Normalmente, Tati permanece
nessa atividade por duas horas, mas, em certos dias, ela acaba perdendo a
noção de tempo, e hoje foi um deles.

OBSERVAÇÃO: sempre que for possível, ajude um colega que está precisando; nem sempre ele/ela
irá lhe pedir diretamente, mas mantenha-se sensível para situações nas quais você pode tornar o
ambiente mais dócil para outras pessoas. É importante, em espaços como uma biblioteca, que os
funcionários estejam preparados para atender com qualidade seus usuários, principalmente aqueles
com deficiência, mobilidade reduzida ou com outras condições específicas, quando solicitarem apoio
ou necessitarem.

Descrição: No meio da página, Tati, à esquerda, segurando três livros com a mão direita, de frente para o homem, usuário de
cadeira de rodas. Ele olha para ela e, à frente de seu rosto há um balão de fala, no qual ele diz: “muitíssimo obrigado!!!” [Fim da
descrição].
41
4.7 A VOLTA PARA CASA
Tati finalmente se direciona para a parada de ônibus, está na hora
de voltar para casa. Mas está chovendo e o abrigo está muito cheio
de gente. Felizmente, a cobertura é grande e protege dos respingos.
Porém, ninguém consegue sentar por que os bancos estão quebrados,
devido ao vandalismo.

OBSERVAÇÃO: infelizmente, muitas pessoas cometem vandalismo, mas você pode fazer sua parte,
seja alertando alguém sobre cuidar dos bens públicos, seja você mesmo utilizando-o corretamente.
Também esteja atento para pessoas com deficiência visual nas paradas de ônibus, é difícil saberem
qual ônibus está chegando; existem aplicativos de celular, conhecidos como APPS, que os auxiliam a
obter tal informação, porém, isso ainda é algo novo, portanto, se você puder ajudar, estará tornando
a situação mais dócil para seu colega.

Descrição: acima, Tati, sob a cobertura de uma parada de ônibus com um grupo de pessoas, todas em pé. Entre elas, o homem
usando bengala e óculos escuros. À esquerda, na altura do rosto dele, há um balão de pensamento, no qual está escrito: “Qual
será o ônibus que acabou de passar?”. É noite e chove muito. À esquerda, outro homem corre em direção à parada, com uma
peça de roupa sobre a cabeça. [Fim da descrição]

42
No ônibus, oferecem ajuda a
Tati. Desse modo, enquanto não
houver  assento disponível, ao
menos ela não precisará carregar
a sua mochila, sempre muito
pesada, inclusive.

OBSERVAÇÃO: sempre que puder seja gentil e ajude alguém, seja segurando uma mochila ou
oferecendo seu lugar a uma pessoa mais debilitada. Não pense duas vezes. Para as pessoas
com deficiência, principalmente usuários de cadeira de rodas, existem ônibus adaptados para
oferecer o suporte necessário, esses possuem o símbolo da acessibilidade ( ), porém,
infelizmente, muitos estão quebrados ou não passam, regularmente.

Descrição: acima, Tati e outra jovem em um ônibus. Tati está à esquerda, em pé e de perfil, com o braço esquerdo estendido
para o alto, apoiando-se em uma barra horizontal enquanto segura sua mochila com a mão direita. A jovem, branca, de cabelos
pretos lisos na altura dos ombros e vestindo camiseta azul está sentada à frente de Tati. Do rosto da jovem sai um balão de
fala, no qual ela diz, olhando para Tati: "moça, gostaria que eu segurasse sua bolsa?". Noutro balão de fala, posicionado à frente
de Tati, que responde: "sim, claro! Fico muito agradecida." [Fim da descrição]

43
Depois de mais de uma hora em pé dentro do transporte público, Tati
finalmente chega em casa. A única coisa que ela consegue pensar é em
descansar para se preparar para o dia seguinte.

Descrição: plano geral de uma área urbana.


Um ônibus percorre uma avenida com casas e
edifícios coloridos, tendo ao fundo céu escuro e
uma lua cheia amarela. [Fim da descrição]

44
Seja dócil consigo mesmo
Esse é nosso último lembrete e, talvez, um dos mais importantes.
Organize-se, divida melhor as tarefas, não se sobrecarregue. Evite ao
máximo privar seu corpo de uma boa noite de sono. Seu corpo e sua
mente agradecem!

Descrição: Tati, de camiseta azul, em posição frontal, sentada na cama e recostada no travesseiro.
Sobre as pernas, o cobertor lilás. Ela se espreguiça com os braços estendidos diagonalmente
enquanto semicerra os olhos. À esquerda da cama, a mesa de cabeceira e sobre ela, um jarro
quadriculado azul e branco contendo duas flores vermelhas. [Fim da descrição]

45
5
REFLEXÕES FINAIS
Como esses recortes do cotidiano da Tati mostram, nossos estudos
têm indicado a necessidade de todos nos envolvermos com a
docilidade ambiental do campus.

Certamente, parte das questões a enfrentar corresponde a problemas


no espaço físico (salubridade, acessibilidade, dimensionamento,
ergonomia do mobiliário); nesses casos, as soluções passam por
identificar os problemas e reivindicar melhores condições de
usabilidade.

No entanto, outra parte dos problemas diz respeito ao nosso modo


de entender e tratar os outros, sobretudo aqueles com maiores
dificuldade para enfrentar situações adversas; nesses casos, a
construção de redes de apoio é essencial, e todos podemos fazer
parte da solução – carregar livros, ceder uma carteira em local mais
favorável, preparar material didático visualizável com mais facilidade
são ações simples, que melhoram o dia a dia de todos, ou seja, não são
úteis apenas às pessoas com necessidades especiais.

E, ainda, cada um pode ser mais compreensível e dócil consigo mesmo,


tentando manter horários coerentes para descanso e alimentação,
garantir tempos para relaxamento e lazer entre jornadas. Com mente e
corpo em forma e descansados, é possível enfrentar mais facilmente as
dificuldades que surgem.

46
Portanto, a docilidade ambiental é um ideal a ser atingido
coletivamente. Além disso, essa não é uma qualidade a ser atingida
apenas nos campi, ela precisa ser procurada em todos os lugares
que frequentamos: em casa, no trabalho, no lazer... Cabe a cada um
contribuir para tornar o ambiente mais dócil a si mesmo e aos outros.

Convidamos você a pensar nisso.

47
EXERCÍCIO
Faça um check-list (pequena lista) de estratégias que
você pode adotar para tornar o ambiente mais dócil
para você e seus colegas.
Por exemplo:

• Rede social de apoio,

• Local de trabalho adaptado,...

48
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS (ABNT). NBR 9050/2015 -
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151. Acústica: avaliação


do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade - procedimento.
Rio de Janeiro: ABNT, 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152. Avaliação do ruído


ambiente em recintos e edificações visando ao conforto dos usuários. Rio de
Janeiro: ABNT, 1987.

DUARTE, C. R.; COHEN, R. A acessibilidade como fator de construção do lugar. In: A.


R. A. PRADO; M. E. LOPES; S. W. ORNSTEIN (orgs.), Desenho universal: os caminhos
da acessibilidade no Brasil. São Paulo: Anna Blume, 2010. p. 81-94.

ELALI, G. V. M. A.; ARAUJO, R. G. ; PINHEIRO, J. Q. . Acessibilidade Psicológica:


eliminar barreiras ‘físicas’ não é suficiente. In: A. A. R. PRADO; M. E. LOPES; S. W.
ORNSTEIN. (org.). Desenho Universal: caminhos da acessibilidade no Brasil. São
Paulo: AnnaBlume, 2010. p. 117-127.

GUNTHER, I. Pressão ambiental (environmental press). In: S. CAVALCANTE; G. A.


ELALI (orgs.). Temas básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis: Vozes, 2011. p.
290-295

GUNTHER, I.; ELALI, G. A Docilidade ambiental. In: S. CAVALCANTE; G. A. ELALI


(orgs.). Psicologia Ambiental: conceitos para compreensão das relações pessoa-
ambiente. Petrópolis: Vozes, 2018. p. 47-59.
LAWTON, M. P.; DEVOE, M. R.; PARMELEE, P. Relationship of events and affect in the
daily life of an elderly population. Psychology and Aging, 10, 1995. p. 469-477.

LAWTON, M. P.; NAHEMOW, L. Ecology and the aging process. In C. EISDORFER; M.


P. LAWTON (eds.), The psychology of adult development and aging. Washington,
DC: American Psychological Association, 1973.

MOORE, K. D. Using place rules and affect to understand environmental fit: A


theoretical exploration. Environment and Behavior 37, 2005. p. 330-363.

PREISER, W.; OSTROFF, E. Universal Design Handbook. New York: McGraw-Hill,


2001.
SOBRE OS AUTORES

Cynthia Lima
Estudante do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, bolsista
de iniciação científica. E-mail: cynthia.arqurb17@gmail.com

Descrição da foto à esquerda:Cynthia Lima é morena, com cabelos castanhos


levemente cacheados na altura dos ombros. Ela tem olhos amendoados,
sobrancelhas grossas, arqueadas, nariz pequeno e boca grande com lábios
carnudos.

Júlio Azevêdo (ilustrador)


Estudante do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, bolsista
de iniciação científica. E-mail: iamjulioazevedo@gmail.com

Descrição da foto à esquerda: Júlio Azevêdo é branco, com cabelos castanhos lisos
e curtos. Ele tem olhos puxados, sobrancelhas espessas, nariz largo e boca grande
com um bigode ralo. Usa óculos de grau azul e camiseta amarela com gola azul.

Luciana Medeiros
Arquiteta e urbanista, Profa. Dra. na área de Projeto de
Arquitetura, pesquisadora do grupo Projetar/UFRN. Currículo
Lattes: link do lattes. E-mail: medeiros.luciana@outlook.com

Descrição da foto à esquerda: Luciana Medeiros é branca, com cabelos castanhos


lisos na altura dos ombros. Tem olhos pequenos, sobrancelhas finas, nariz
arrebitado e boca pequena. Usa camisa branca.
Renato Medeiros
Arquiteto e urbanista, Prof. Dr. na área de Projeto de Arquitetura,
pesquisador do grupo Projetar/UFRN. Currículo Lattes: link do
lattes. E-mail: renatomedeirosarquitetura@gmail.com

Descrição da foto à esquerda: Renato Medeiros é branco, com cabelo preto e


alguns fios grisalhos. Tem olhos, nariz e boca pequenos, uma barba e bigode ralos,
também com fios grisalhos. Usa óculos de grau preto e veste uma camisa azul
com blazer bege sobre ela.

Gleice Azambuja Elali (coordenadora do projeto)


Arquiteta e urbanista e psicóloga, Profa. Dra. na área de Projeto
de Arquitetura e Psicologia Ambiental, pesquisadora do Grupo
Projetar e do Grupo de Estudos Pessoa-Ambiente/UFRN. Currículo
Lattes: link do lattes. E-mail: gleiceae@gmail.com

Descrição da foto à esquerda: Gleice Azambuja Elali, é branca, com cabelos lisos
castanhos e compridos. Tem olhos e boca pequenos e nariz largo. Usa óculos de
grau e uma blusa em preto e branco.
NOTAS

Nota 1, página 9: Grupos de Pesquisa Projetar - coordenado pela Profa. Dra. Maísa
Veloso, o Grupo ‘Projetar – Projeto e Percepção do Ambiente’ está vinculado ao Curso
de Graduação em Arquitetura e Urbanismo (CAU) do Departamento de Arquitetura,
e aos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) e em Ar-
quitetura Projeto e Meio Ambiente (PPAPMA).
RETORNO NOTA 1, PÁGINA 5

Nota 2, página 9: Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente (GEPA) - coordena-


do pelo Prof. Dr. José Q. Pinheiro, o ‘Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente’
(GEPA) está vinculado ao Curso de Graduação em Psicologia do Departamento de
Psicologia da UFRN, e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
RETORNO NOTA 2, PÁGINA 5

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