Você está na página 1de 5

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Biociências
Departamento de Botânica e Zoologia
Disciplina de Botânica aplicada ao Paisagismo - BEZ 0061

Exercício 1: Discussão do Capítulo 1 do livro Criando Paisagens - Benedito Abbud e de


aspectos legais da regulamentação da profissão do paisagista.

1. De que forma um jardim pode cumprir melhor o seu papel?

Segundo ABBUD, quando um jardim consegue aguçar todos os sentidos,


proporcionando uma rica vivência sensorial, ao somar as mais diversas e completas
experiências perceptivas.

2. Qual a importância dos planos de visão em um projeto paisagístico?

Por ser um sentido complexo para o ser humano, a visão não é um recurso estático,
mas sim, ágil e móvel que capta uma sequência de planos, que vão perdendo a nitidez
à medida que se afastam. Os olhos capturam com clareza elementos que estão em
primeiro plano e com menos definição o que está em segundo ou terceiro planos. Ao
final, a visão atinge o fundo e percebe apenas uma mancha desfocada.

3. De que forma você imagina que os diferentes planos de visão podem ser explorados?

Os planos de visão devem ser explorados seguido a disposição da vegetação a ser


utilizada no projeto paisagístico, como por exemplo, as árvores de mesma altura
devem ficar em terceiro plano, devido as suas copas que serviram como coberturas,
os arbustos dispostos em segundo plano e as gramíneas para delimitar os pisos em
primeiro plano.

4. “O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser


humano”. Você concorda com essa afirmativa? Explique-a.

Não posso concordar com a afirmativa acima, pois não tenho conhecimentos nas
demais expressões artísticas citadas por ABBUD em seu livro. Para explicar essa
afirmação, recorro a criação dos jardins sensoriais que permitem ao ser humano
conecta-se com a natureza, promover equilíbrio emocional através do estímulo dos
cinco sentidos: visão, audição, gustação, olfato e tato. Esse exemplo de paisagismo
pode ser realizado em quintais, varandas, interiores de apartamentos e/ou casas com
espaços pequenos devido a variedade de espécies cultivadas, com suas texturas
variadas, folhagens e flores diversas, pelos aromas, pelo uso de ervas aromáticas e/ou
comestíveis, além das cascatas, aquários e repuxos de água que podem ser usadas na
criação desse tipo de projeto artístico.

5. Dê sugestões de como trabalhar cada um dos sentidos em um projeto imaginário.


Imagino que sou proprietária de um apartamento cercado por uma varanda e que
criei um lindo jardim sensorial: para o estimulo da visão, plantei espécies com
tamanhos e formatos diferentes, folhagens e cores variadas, do tipo camélias,
gerânios, crisântemos, flores-de-cera, violetas, calêndulas, cavalinhas e hibiscos.
Para o olfato, plantei em pequenas jardineiras próximo a entrada, ervas aromáticas
como camomila, tomilho, alecrim, orégano, manjericão, hortelã, erva doce que me
servem como temperos e para fazer chás. Em outra parte da varanda fiz um canteiro
de espécies com flores perfumadas como gardênias, jasmins, orquídeas, lavandas e
capim-limão, aproveitando a brisa do vento e intensificando os odores das espécies
cultivadas; para explorar o tato e a audição juntos, coloquei uma fonte pequena
cercada por espécies de suculentas, crassuláceas e pequenos cactos que recebe
energia luminosa além de pequenos polinizadores e para a gustação, além das ervas
aromáticas, cultivo espécies frutíferas tais como tomate, morango e outras.

6. Podemos afirmar que o espaço no paisagismo é equivalente ao espaço da


arquitetura?

Segundo ABBUD, não podemos afirmar que o espaço no paisagismo equivale ao


espaço na arquitetura, pois a arquitetura limita e subdivide os espaços físicos
preexistentes sobre o terreno que irá sofrer intervenções e que se estendem pela
paisagem do entorno. Quanto ao espaço no paisagismo, o importante é pensar não
apenas no papel isolado das superfícies e do volume definitivos que as plantas irão
ocupar mais também deve-se pensar nas interações entre elas, nos espaços vazios
que serão transformados a partir dos elementos naturais, pois estes são dinâmicos e
mudam ao longo das estações e decorrer dos anos.

7. Quais são os planos principais do espaço paisagístico? Você concorda com a


delimitação proposta pelo autor ou sente falta de alguma coisa?

São descritos três planos principais para o espaço paisagístico: o plano de teto, o
plano vertical de vedação e o plano de piso. Concordo com delimitação proposta pelo
autor quando ele diz que cada espaço paisagístico deve transmitir diferentes e
contrastantes percepções as pessoas, trazendo aconchego, bem-estar, paz interior,
surpresas e embelezamento que componha tal ambiente.

8. Qual é o conceito de espaço psicológico apresentado no texto?

Podemos definir espaço psicológico como espaços que reduzem as sensações de


distância entre as reais dimensões do ambiente devido à falta de referências
verticais, as paredes, que fazem com que a visão do proprietário do ambiente em
construção perceba tudo reduzido e apertado. O espaço psicológico é algo percebido
apenas pelas sensações e que em certas situações, conseguimos apreender
parcialmente, pois prolonga-se ao redor ou pela paisagem afora.

9. Quais alternativas o paisagismo oferece para minimizar a aridez e aumentar a sensação


de espaço livre?

O paisagismo permite o uso de arbustos altos ao longo de muros para reduzir


fisicamente o espaço, tornando o menos árido e psicologicamente maior, além da
vegetação alta que ultrapasse as divisas da vizinhança, os jardins ficam maiores
devido ao efeito da continuidade das massas verdes.
Os jardins também podem ser ampliados virtualmente graças aos prolongamentos
para os arredores pela união visual com os entornos, mesmo que estes não estejam
em nossa propriedade, capturando-se as paisagens adjacentes: somando as vistas
aos espaços projetados por meio de aberturas na massa de vegetação ou
enquadramentos, de modo que resultem em ambientes sensorialmente mais amplos.
Outra opção, pode-se pintar os muros e as paredes com cores claras e não colocar
nenhum elemento vegetal sobre eles, o piso não se deve encontrar diretamente com
o muro, deve-se haver canteiros entre os dois planos independentes.

10. Diferencie lugar de não lugar. Pense em 3 exemplos de não lugares pelos quais você
passa diariamente.

Lugar é todo aquele espaço agradável que convida ao encontro das pessoas ou ao
nosso próprio encontro, que propiciar conforto e estimula a permanecer e a praticar
alguma atividade, tal como descansar, meditar, ler, conversar em grupo ou
simplesmente a admirar o entorno e os elementos da paisagem. Já o não lugar é um
espaço que une dois lugares, sinônimo de passagem, algo feito para ligar e não
permanecer, mas que é importante na medida em que articula os momentos
marcantes do projeto e prepara as surpresas.
Um exemplo de não-lugar que passo diariamente é a entrada do CB onde tem
variadas espécies vegetais cultivadas, principalmente hibiscos; outro exemplo é a
calçada entre o setor IV e prédio de CeT e outro exemplo são as paradas entre o
IMD e o Setor II.

11. O paisagismo oferece alternativas para diminuir a sensação claustrofóbica de muitas


das nossas cidades? De que forma?

A vegetação deve ser bem mais utilizada para corrigir e melhorar as proporções e
escalas dos espaços urbanos, em geral formados por massas de construções
descontinuas. O paisagismo oferece procedimentos e ferramentas que auxiliam na
elaboração dos projetos e na avaliação das proporções.

12. Quais são as principais formas exploradas, indicadas no texto, para enriquecer e bem
conduzir um projeto paisagístico? Explique cada uma delas.

Um jardim ou paisagem projetado pode empregar pontos focais que são elementos
dispostos nos espaços ou no final de caminhos para arrematá-los. Estes devem ser
iluminados artificialmente para ficar visível também à noite. Explorar o passar
entre certos elementos é um recurso interessante para criar situações e sensações
diferentes das experimentadas nas demais partes do jardim, sendo que o efeito é
mais forte se os caminhos forem relativamente estreitos, pois faz ressaltar o que há
no entorno. Na criação dos espaços e suas hierarquias, é importante ter em mente o
significado do aqui e do ali, o próximo e o pouco distante, o que há ao redor do
observador e o que ele vê em segundo e demais planos. Pode-se sugerir maior
profundidade espacial se houver um adequado jogo entre o aqui e o ali, com bases
nas seguintes estratégias: barreiras abaixo da linha visual do observador; pilares
espaçados regularmente; renques de árvores verticais; enquadramento e/ou
emolduramento de belas paisagens ou pontos de vista por meio de aberturas
estratégicas nos maciços de vegetação; pontuar espaços em áreas vastas; fazer uso
do humor na paisagem.

13. “Como as demais artes, o paisagismo busca criar beleza, pois todo espaço nasce
fundamentado em intenções estéticas”. Você concorda com a afirmativa? Quais são as
possibilidades de se explorar a beleza com o uso das plantas? De que forma se relacionam
aos sentidos?

Concordo com a afirmação, porque no paisagismo pode se brincar com a


composição das formas, das cores e texturas, da luz e da sombra, dos aromas e
sabores, devido à variedade das espécies vegetais cultivadas, usufruindo da
liberdade de ação que um paisagista tem em vantagem em relação ao arquiteto. O
paisagismo nas cidades faz com que as pessoas recuperarem o contato com a
natureza, afinal, nas áreas tratadas paisagisticamente, as crianças e adolescentes
podem crescer, brincar, correr e os adultos e idosos podem relaxar e recarregar suas
energias para enfrentar suas rotinas diárias.

14. Na concepção do autor, um jardim possui “alma”? Justifique.

Todo jardim possui corpo e alma. A alma do projeto paisagístico (jardim) é


representada pelo universo dos símbolos, significados e valores, que fazem parte da
história e da cultura de determinado povo, lugar, região ou país. A alma pode ser
explicada por textos escritos em placas estrategicamente colocadas no jardim.

15. Pense em um projeto cuja “alma” afetaria alguma das suas vivências pessoais.

Gostaria de um espaço para ouvir música, ler um bom livro e conversar com as
amigas e familiares. Em meu apartamento, criaria uma praça de estar ao ar livre
com pergolados e/ou caramanchões e espécies vegetais como trepadeiras, ervas
aromáticas e espécies com flores perfumadas. Colocaria várias placas com citações
inspiradoras para aumentar a sensação de bem-estar e aconchego.

16. Quais cuidados o paisagista deve ter ao projetar um jardim de função coletiva e um
de função privativa?

Ao criar um jardim de função coletiva deve-se perseguir a definição de bons lugares,


de modo que as pessoas se sintam valorizadas por meio do paisagismo. O sucesso do
projeto de paisagismo está diretamente relacionado ao atendimento dos desejos e
necessidades das pessoas, especialmente no que se refere aos equipamentos e locais
para atividades.

17. Faça uma busca rápida na internet por cursos de paisagismo (inclusive de pós-
graduação lato senso) e sobre a regulamentação da profissão hoje. Quais profissionais
(i.e., formados em quais cursos de graduação) estariam habilitados a exercê-la? Existe
alguma polêmica em torno dessa regulamentação frente ao mercado?

De acordo com o projeto de Lei 2.043/11, a profissão pode ser exercida por
diplomados em cursos superiores de paisagismo ou arquitetura da paisagem,
expedidos por instituições brasileiras e estrangeiras. O projeto libera o exercício da
profissão para os pós-graduados em paisagismo ou arquitetura da paisagem, desde
que estes possuam graduação em arquitetura, agronomia, engenharia florestal,
biologia ou artes plásticas. Este projeto de Lei inclui os biólogos como habilitados a
exercer a profissão de paisagista.
Em 2013, antes da aprovação do projeto de Lei 2.043/11 que regulamenta a profissão
de paisagista, no Brasil a profissão ainda não se encontrava regulamentada e o
paisagismo era considerado como campo acadêmico e profissional apenas para
arquitetos, agrônomos e engenheiros florestais, havia um embate entre as
instituições representativas de agrônomos e engenheiros florestais, pois estes ainda
não se posicionavam de forma definitiva quanto à regulamentação da profissão de
paisagista. Já as instituições representativas dos arquitetos, se colocavam
firmemente contra o PL 2043/2011 com o argumento de que o paisagismo era um
campo de conhecimento exclusivo dos arquitetos urbanistas.

Referência: ABBUD, B. Espaço em paisagismo. In: ABBUD, B. Criando paisagens:


guia de trabalho em arquitetura paisagística. 1. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo,
2006. Cap.1, p. 15-43. Disponível na Biblioteca Central.

Você também pode gostar