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Algumas Considerações sobre o tema Família - Pe.

Mário José Filho

1. Quadro com os autores com a evolução histórica/características referente a


família no decorrer dos tempos.

O quadro a seguir busca elencar de forma sucinta as características da constituição da


instituição “Familia”, tendo como referência a literatura indicada para a elaboração desse
estudo.

QUADRO 1 - CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS SOBRE A ÓTICA DOS


AUTORES
AUTORES CARACTERÍSTICAS
Elaborou os primeiros estudos sobre as formas de família; Não havia restrição sexual entre
os membros, sendo assim, não havia a possibilidade de estabelecer vínculos paternos,
Bachofen filiação reconhecida pela linha feminina - Direito Materno - onde se cria um grande respeito
pela figura da mulher; passagem do heterismo à monogamia, do direito materno ao direito
paterno
Forma de matrimonio era realizada por uma encenação de sequestro a noiva; relações
exogamicas,onde era difícil encontrar a filiação materna, dando aporte ao Direito Materno;
Mc Lennan tradição de matar os bebes do sexo feminino, atitude esta que provocou um desequilibrio
entre o número de homens e mulheres; vinculo sanguíneo reconhecido apenas pelo lado
materno.
Família estabelece laços profundos entre macho e fêmea; convívio e ajuda mútua; forma de
Morgan
sobrevivência; elemento ativo e não estágionario
Fonte: Organizado pelo autor, 2022

Morgan foi um dos principais estudiosos sobre a família, com seus estudos, ele formulou a
tipologia de cada estágio das famílias. Sendo assim, o quadro 2 busca apresentar as tipologias destas
famílias, assim como, suas características centrais.

QUADRO 2 - TIPOLOGIA DAS FAMÍLIAS SEGUNDO MORGAN


(continua)
TIPO DE
DESCRIÇÃO
FAMÍLIA
Família
Intercasamento entre irmãos, carnais e colaterais no interior do seu grupo;
Consanguínea
Família Diferenciação de seus filhos uterinos, com essa diferenciação ocorreu um progresso na
Punaluana reprodução, formando a gens.
Casais formados por apenas dois indivíduos, sendo um homem e uma mulher. O direito a
Família infedilidade e a poligamia é direcionada apenas aos homens, não sendo permitido o adultério
Sindiásmica feminino. Relações que se dissolvem facilmente, os filhos ficavam com a mãe - Direito
Materno.
Família Nasceu da família sindiásmica ; baseia-se no domínio do homem, matrimônio só pode ser
Monogâmica rompido conforme a vontade do homem; o homem exerce o direito à infidelidade conjugal.
Fonte: Organizado pelo autor, 2022

2. No Brasil Colônia e Imperial predominava a Família Patriarcal. Quais suas


principais características?
A família patriarcal tinha como figura detentora de todo poder o homem, onde a
esposa, os filhos, escravos e servos estavam sujeitos a autoridade do homem. A família
começou a ser considerada como um espaço privado. O estabelecimento do casamento era
ligado com as condições econômicas, como um mecanismo de manutenção da riqueza das
famílias, como também, manter a pureza consanguínea, não possuindo um caráter de
afetividade ou de procriação.

3. .Como se configuram os estágios da família proletária?


Segundo Filho, os estágios de desenvolvimento da família proletária se deram em três
níveis:
O primeiro estágio se iniciou no início do século XIX, onde havia a valorização das
formas comunitárias de dependência e apoio mútuo, onde os filhos eram cuidados de maneira
informal, não sendo um objeto especial de atenção e fiscalização por parte dos pais.
Na segunda metade do século XIX, houve um aumento na preocupação com os
funcionários explorados pelo processo de industrialização. Como resultado, ocorreu um
movimento de ação filantrópica pautada na qualidade das condições de vida dos
trabalhadores. Neste processo, as mulheres foram deixadas para ficar em casa cuidando dos
filhos e dos afazeres domésticos, criando vínculos com uma rede social feminina, enquanto
os homens foram restabelecidos nas fábricas. Sendo esses movimentos, o segundo estágio.
No início do século XX, a família proletária se encontrava no seu terceiro estágio de
desenvolvimento. Com a mudança das famílias operárias para os subúrbios das cidades,
ocorreu um rompimento dos vínculos com as comunidades, retirando a mulher das suas redes
sociais femininas, onde essas ficavam isoladas em seus lares. Como desdobramento, cria-se
uma visão valorizada pelos homens sobre a domesticidade da mulher e o conceito de
privacidade do lar. A família é responsabilizada pela educação dos seus filhos.

4. A família burguesa rompe com modelos familiares vigentes e cria novos padrões
de relações familiares?
Pode-se afirmar que sim, a família burguesa criou novos modelos de relações
familiares. Impondo uma lógica de família nuclear - pai, mãe e filhos- para o restante da
sociedade, sendo um reflexo cultural, econômico e hegemônico para as novas relações
familiares. Essa em questão está centrada em si, onde cria-se a percepção de residência e
trabalho, ou seja, a noção de vida pública e vida privada. Há o estabelecimento da noção de
monogamia e heteronormatividade, excluindo as outras formas de arranjos familiares. Neste
modelo imposto, o homem (marido) é colocado como o provedor material das condições de
vida dos seus familiares, sendo ele o responsável pela manutenção de quaisquer questões. A
mulher é colocada como a responsável pela manutenção da casa e dos seus afazeres
domésticos. Ademais, é delegada a função de educar os filhos, sendo todos dependentes do
marido, tirando a autonomia da mulher.
Este modelo de arranjo familiar, juntamente com a igreja cristã, define novos padrões
para a sexualidade, colocando a figura homem e mulher como a única forma aceitável de
família, impondo padrões heteronormativos para todos. Sendo assim, o modelo burguês
estabelece novos padrões de arranjos familiares.

5. Qual o papel do Estado na atenção à família?


O Estado precisa estar atento às diversas formas de arranjos familiares, não apenas em
seu modelo nuclear burguês, sempre visando a formulação de ações contínuas que atendam as
características de todas as formas de família. Realizar de maneira contínua ações efetivas com
as famílias, investindo recursos financeiros para as demais políticas públicas que atendem a
família. Outro ponto seria o fortalecimento da convivência familiar e comunitária dos
membros que compõem estes grupos. No entanto, apesar dos itens citados acima, o Estado
não cumpre o seu papel, eximindo-se da sua responsabilidade social frente às formações
familiares.

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