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DISCIPLINA: PSICOLOGIA DAS RELAÇÕES FAMILIARES

PROF. MS. MANOEL


DE CHRISTO ALVES
NETO
Unidade I: PERCURSO HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO FAMÍLIA

1.1. Histórico Social da Família;


1.2. Conceitos de Família;
1.3. A família na atualidade, configurações e conflitos;
1.4. Definições, função, e modelos teóricos para compreensão
de família
2
UNIDADE I: PERCURSO HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
FAMÍLIA

Habilidades: Conhecer e analisar criticamente o percurso histórico da


instituição família, suas limitações conceituais e suas funções
3
QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA FAMÍLIA?

• Centralidade da família em várias políticas públicas e


intervenções profissionais
• Família como ponto de interseção e articulação: indivíduo-
sociedade

4
Processo de construção e reconstrução permanente

Indivíduo Família

Sociedade
O QUE VOCÊ ENTENDE POR FAMÍLIA?

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1.1. HISTÓRICO SOCIAL DA FAMÍLIA
• ORIGENS DA ORGANIZAÇÃO FAMILIAR: Esta, é encontrada em outras espécies,
além da humana. Ex. Peixes, aves, abelhas, macacos, leões.
• Caráter universal dos agrupamentos familiares: Murdock (apud Osorio,
1996, p. 26) enfatizou a família nuclear: “Nenhuma cultura ou sociedade pode
encontrar um substituto adequado para a família nuclear”, tendo esta, as
funções: sexual, reprodutiva, econômica e educativa
• Existem críticas à universalidade da família nuclear. Ex. Kibbutz (Israel):
Comunidade inteira cuida das crianças
7
L. H. Morgan (1818-1881):
pesquisas com aborígenes,
1) Consanguínea criou a seguinte tipologia
familiar:
2) Punaluana 8

3) Sindiásmica, sindesmática ou de
casal
4) Patriarcal

5) Monogâmica
1) FAMÍLIA CONSANGUÍNEA

Acasalamentos dentro de um mesmo grupo, sem interdição entre


pais e filhos, irmãos e irmãs. “Promiscuidade absoluta”
9
É considerada a primeira etapa de organização familiar, onde os grupos
conjugais classificam-se por gerações:
1º círculo: todos os avós, nos limites da família, são maridos e mulheres
entre si;
2º círculo: todos os seus filhos (pais e mães) também são maridos e
mulheres entre si;
3º círculo: os filhos destes (netos) também tem cônjuges comuns;
4º círculo: seus filhos (bisnetos dos primeiros) seguem o mesmo padrão
10
Nessa forma de família, os ascendentes e descendentes, ou seja,
os pais e filhos, são os únicos excluídos dos direitos e deveres do
matrimônio, enquanto que irmãos e irmãs, primos e primas, em
primeiro, segundo e restantes graus, são todos irmãos e irmãs
entre si, e portanto, maridos e mulheres uns dos outros. Sendo
assim, nesse período, o vínculo de irmão e irmã pressupõe a
relação carnal mútua 11
2) PUNALUANA OU FAMÍLIA POR GRUPO

Irmãs com os maridos das outras irmãs e irmãos com as esposas dos
irmãos. Ou seja, membros de um casal com os de outro grupo, mas não com
os do seu grupo. Grupos inteiros casam entre si. “Família por grupo”
12
O casamento de várias irmãs, carnais e colaterais, com os
maridos de cada uma das outras; e, os irmãos também se
casavam com as esposas de cada um dos irmãos. O grupo de
homens era conjuntamente casado com o grupo de mulheres;
Surgimento da interdição do relacionamento sexual entre pais e
filhos e posteriormente entre irmãos através do tabu do incesto.
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 Excluído o matrimônio entre irmãos e irmãs (uterinos),
posteriormente entre irmãos colaterais (primos filhos das tias), e
por fim entre os primos legítimos filhos dos tios;
 Matriarcado, casamento por classes;
 Surgem as gens – um círculo de parentes consangüíneos por
linha feminina (direito materno) que não podem casar-se entre si.

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3) SINDIÁSMICA, SINDESMÁTICA OU DE CASAL

Casamento entre casais, respeitando o tabu do incesto; sem


obrigatoriedade do casamento intergrupos. Coabitação de vários
casais sob autoridade matriarcal
15
 Casamento entre pares de fácil dissolução: ambos os cônjuges
podem dissolver a união;
 Permitia a poligamia e a infidelidade ocasional masculina,
entretanto exigia-se a mais rigorosa fidelidade feminina;
 Filhos pertencem à mãe e as terras ao pai;
 O matrimônio entre as gens não consangüíneos engendra uma
raça mais forte.
16
4) FAMÍLIA PATRIARCAL

17
Autoridade centrada no homem que geralmente era polígamo, com
mulheres isoladas ou confinadas em determinados locais (gineceus,
haréns)

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5) FAMÍLIA MONOGÂMICA
Pessoa tem apenas um parceiro amoroso ou sexual. Duas pessoas
com obrigação de exclusividade sexual

19
OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA MONOGÂMICA
(OSORIO & VALLE, 2000)
▪ CÔNJUGE: Com + jugo, domínio
▪ Sentimento de posse: Relação de poder entre parceiros (homem x
mulher)
▪ Poder masculino sobre os filhos
▪ Esposa abdica do prazer e amante usufrui das fantasias sexuais

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OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA MONOGÂMICA
(OSORIO & VALLE, 2000)
▪ Paternidade inconteste (não existência do exame de DNA).
▪ Hereditariedade da propriedade privada: garantia de descendência
por consanguinidade, ou seja, de herança aos filhos legítimos
(primogênito). É necessário ter certeza da paternidade e que o
patrimônio se manterá na família.

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5) FAMÍLIA MONOGÂMICA (ENGELS, 1995)

▪ 1ª família fundada sobre condições sociais e não naturais. Não é uma


forma evoluída de estrutura familiar, mas a submissão de um sexo ao
outro a serviço do poder econômico

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MONOGAMIA MATRIMONIAL
▪ Começa a ser adotada na Idade Média (apoio da Igreja Católica).
▪ Ganhou impulso quando o casamento foi elevado à condição de
sacramento, (século XII).
▪ Historiadores: Tentativa de disciplinar o comportamento sexual.
▪ A monogamia não é um princípio do direito estatal de família, mas uma
regra à proibição de múltiplas relações matrimonializadas.
▪ É um imperativo cultural.
MONOGAMIA MATRIMONIAL
▪ “A monogamia sempre foi considerada função ordenadora da família.
Não foi instituída em favor do amor. Trata-se de mera convenção
decorrente do triunfo da propriedade privada sobre o estado
condominial primitivo. Serve muito mais a questões patrimoniais,
sucessórias e econômicas. Embora a uniconjugalidade disponha de
valor jurídico, não passa de um sistema de regras morais” (DIAS,
2021, P.61).
▪ O Estado considera crime a bigamia (CP 235). Pessoas casadas são impedidas de
casar (CC 1.521 VI) e a bigamia torna nulo o 2º casamento (CC 1.548 II e 1.521 VI) e
é anulável a doação feita (CC 550).
▪ STF (Set/2020) proibiu a pensão por morte para amantes, porque, segundo
ele, a lei brasileira não admite bigamia (dois casamentos ou uniões estáveis ao
mesmo tempo). O CASO: um homem de Sergipe que queria ter direito à pensão por
morte por manter uma relação homoafetiva com outro homem, que, ao mesmo
tempo, tinha uma união estável reconhecida juridicamente com uma mulher.
▪ POLIAMOR: CNJ recomenda que
os tabeliões não registrem as
uniões poliafetivas (escritura
pública). Os integrantes (poliamor)
assumem deveres pessoais e de
natureza patrimonial via
documento particular.
RELAÇÕES NÃO MONOGÂMICAS
▪ Atualmente, muito se fala em relações não monogâmicas
▪ Brigitte Vasallo: O desafio poliamoroso: por uma nova política dos afetos.
▪ (2013) discute o discurso da monogamia. Investiga como migrar desse
regime sem reproduzir a mesma violência em nome do amor romântico,
quais são os desafios e medos que surgem ao se trata de desmantelar as
relações a dois, e que formas estão adquirindo relações não monogâmicas
como poliamor, amor livre, vínculos múltiplos.
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RELAÇÕE S NÃO MONOGÂMICAS
Vasallo: Concebe o amor ou amores como “redes afetivas” com base em
três princípios básicos:
INCLUSÃO, CONVIVÊNCIA E COOPERAÇÃO, e também o cuidado
mútuo, a coletivização dos afetos, desejos e dores, sem competições ou
hierarquias.
A chave é perguntar a nós mesmos: como podemos fazer isso?
Exemplo das comunidades na pandemia M
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TIPOS DE ORGANIZAÇÃO DA FAMÍLIA

1) ORGANIZAÇÃO MATRIARCAL:
▪ Desconhecimento do papel do pai na reprodução. Ex. Melanésios
(Malinovsky): Tio Materno – avúnculo - exerce a autoridade paterna,
concedendo a mão das sobrinhas aos pretendentes.
▪ Decorrente da vida nômade dos povos primitivos: Homens
desconheciam técnicas de cultivo da terra: caça
29
2) ORGANIZAÇÃO PATRIARCAL

▪ Decorrente do desenvolvimento da agricultura e do


sedentarismo

OBS: Atualmente vivemos uma sociedade FILIARCAL?

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RELAÇÕES DE PARENTESCO

1) CONSAGUINIDADE EM LINHA DIRETA: descendência direta uma da


outra
2) CONSAGUINIDADE EM LINHA COLATERAL: descendem de
antepassados comuns, mas não uma da outra
• Ambas as relações são determinadas pela natureza

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RELAÇÕES DE PARENTESCO
1) CASAMENTO: Relações determinadas pelas convenções sociais.
Marido e Mulher “parentes” por contrato social
Relações de Parentesco tidas como Primárias ou Fundantes: Marido e
Mulher, Pais e Filhos e Irmãos.

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ESTRUTURAS ELEMENTARES DE PARENTESCO (LÉVI-STRAUSS)
• Estudou quais as relações constantes na estrutura familiar que
determinam sua aparência e as modificações ao longo do tempo

• BASEOU-SE NA TEORIA DA “TROCA RITUAL DO DOM” DE MAUSS:


cada elemento doado implica a obrigação de restituição pelo receptor.

33
• INTERDIÇÃO/TABU DO INCESTO: Surge com o papel avuncular, em que
o tio materno doava as sobrinhas à geração seguinte, desde que não
pertencessem ao círculo endogâmico (pai e irmãos).
• É a regra da reciprocidade, pois assegura a circulação das esposas e
filhas do grupo.
• Marca a passagem do fato natural da consanguinidade ao fato
cultural da afinidade

34
• TABU DO INCESTO E EXOGAMIA: Estão nas raízes da sociedade
humana.
• EXOGAMIA: Casamento fora do grupo familiar, funda-se na troca, que é
a base de toda instituição matrimonial.
• “A afinidade com uma família diferente assegura o domínio do social
sobre o biológico, do cultural sobre o natural” (Osorio, 1996, p. 29).
• Para Lévi-Strauss: o tabu do incesto marca a passagem da natureza
à cultura
35
• EXOGAMIA: Dá origem à instituição matrimonial. Possibilita a
comunicação com os outros.
• Idéia de TRANSAÇÃO OU TROCA se faz presente com o advento da noção
de propriedade privada (capitalismo): COMPRA DA NOIVA (mercadoria),
principalmente nas organizações patriarcais.
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• PAÍSES DE LÍNGUA ESPANHOLA: partícula DE entre o nome próprio da
mulher (seguido ou não do sobrenome de solteira) e o sobrenome do
marido, indicando a quem ela pertence.
• Atualmente, qualquer nubente pode adotar o sobrenome do outro (CC
1.565 parágrafo 1º)
• DOTE para ressarcir o noivo dos gastos futuros com a manutenção da
esposa
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DIFERENTES ESTRUTURAS E MODELOS AO LONGO DOS TEMPOS
• Povos da Mesopotâmia
• Antigos Egípcios
• Primitivos Hindus
• Grécia arcaica e clássica
• Esparta e Atenas
• Romanos
• Chineses/China medieval
• Japoneses
• América pré-colombiana: Astecas, Maias e Incas
• Europa Pré-Feudal (Celtas, Germânicos)
• Feudalismo
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OSORIO (1996)
• Família Aristocrática
• Família Camponesa
• Família Burguesa
• Família Operária
• Família da Aldeia Global do limiar do século XXI

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FAMÍLIA ARISTOCRÁTICA
Casamento: Acordos interclãs = manutenção da herança
Valores individuais buscados: astúcia
Papéis Sexuais:
H: promover alianças latifundiárias
M: servir às alianças latifundiárias
Estruturação do grupo:
Preservação do patrimônio herdado

Autoridade preceptorial Relação com crescimento Demográfico: Vida sexual pré-matrimonial:


Punição: castigo físico Baixa natalidade Masturbação consentida
Alta mortalidade Crianças: pequenos animais domésticos
Objetivos educacionais:
Respeito a hierarquia social Função Lar: proteção contra ameaça externa
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FAMÍLIA CAMPONESA
Função Lar: lugar de produção dos bens
essenciais e proteção contra ameaça externa
Papéis Sexuais:
H: função nutrícia Valores individuais buscados: fertilidade
Objetivos educacionais: M: agasalho e proteção
Renúncia a individualidade Modelo de autoridade
Matriarcal/Deus e o pároco como
Vida sexual pré-matrimonial: representantes da autoridade.
sodomia Castigos físicos como punição

Casamento: seleção natural

Estruturação do grupo: Necessidades de prover as condições básicas de sobrevivência


41
FAMÍLIA BURGUESA
Papéis Sexuais:
H: manutenção da casa
M: criação dos filhos
Estruturação do grupo: necessidade de transmissão dos interesses da classe dominante emergente
Função Lar: lugar de lazer, refúgio e intimidade. Microcosmo privado
Casamento: imposição ou
Pais como modelo de identificação. Pressão dos pais. Preservação
Autoridade parental. ou acumulação de bens patrimoniais
Punição pela retirada do amor
ou incremento da culpa Valores individuais buscados:
Eficiência/competência
Vida sexual pré-matrimonial: masturbação reprimida,
Separação entre sexo e amor. Moralidade machista
Relação com Crescimento demográfico: Baixa natalidade e mortalidade 42
FAMÍLIA OPERÁRIA
Papéis Sexuais:
Casamento: escolha Individual mais ou
H: manutenção da casa
menos aleatória
M: manutenção da casa
Estruturação do grupo: preservação do mito da prosperidade a alcançar
Objetivos educacionais: Função Lar: lugar de satisfação das
Renúncia à posse das fontes de produção em favor da necessidades primárias de alimentação e
obtenção dos bens de consumo agasalho

Modelo de autoridade patriarcal: Relação com crescimento


O patrão como ponto de referência demográfico: Alta natalidade e
Castigos físicos e abandono como punição mortalidade

Vida sexual pré-matrimonial: incesto


Valores individuais buscados: obediência
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FAMÍLIA DA “ALDE IA GLOBAL” DO LIMIAR DO SÉCULO XXI
Casamento:
substituição do
contrato por livre
união consensual

Papéis sexuais: equivalentes,


Estruturação do grupo: necessidade
ressalvadas as diferenças quanto ao
de conviver e do desejo de procriar
papel reprodutor da espécie
Filhos como depositários das expectativas Vida sexual pré-matrimonial:
parentais. Autoridade paterna e materna experimentação de distintas formas de
compartidas prazer erótico consonante inclinações
Crescimento demográfico: baixa natalidade e mortalidade pessoais
Valores individuais buscados: capacidade
Competitiva + superação de limitações
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1.2. CONCEITOS DE FAMÍLIA
• FAMILIA. no latim ia é plural.

• FAMULUS (SINGULAR) SIGNIFICA ESCRAVO;

• LOGO: família é conjunto de escravos


• “famulus” – escravo doméstico – introduzido em Roma pelas
tribos latinas, com o começo da agricultura e da escravidão
• O próprio conceito já traz a noção de poder envolvida nessas
relações.
45
MINIDICIONÁRIO LUFT. (P.321)
Família:
1. núcleo parental, formado por pai, mãe e filhos;
2. pessoa do mesmo sangue, parentela;
3. linhagem, estirpe;
4. grupo de gêneros de animais ou plantas com caracteres comuns;
5. conjunto de tipos com as mesmas características básicas.
46
DICIONÁRIO MICHAELIS
1 Conjunto de pessoas, em geral ligadas por laços de parentesco, que
vivem sob o mesmo teto, particularmente o pai, a mãe e os filhos.
2 Conjunto de ascendentes, descendentes, colaterais e afins de uma
linhagem ou provenientes de um mesmo tronco; estirpe.
3 Pessoas do mesmo sangue ou não, ligadas entre si por casamento,
filiação, ou mesmo adoção, que vivem ou não em comum; parentes,
parentela.
4 fig Grupo de pessoas unidas por convicções, interesses ou origem
comuns.
47
DICIONÁRIO MICHAELIS
5 Conjunto de coisas que apresentam características ou
propriedades comuns.
6 Biol Categoria sistemática, divisão principal de uma ordem,
constituída por um ou mais gêneros ou tribos vegetais ou
animais com características filogenéticas comuns e que se
diferenciam de outros gêneros ou tribos por caracteres
marcantes. [Na sistemática taxonômica, a família situa-se abaixo
da ordem e acima da tribo ou do gênero.]
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7 Tip Conjunto dos tipos cujo desenho, independentemente do corpo, apresenta as mesmas
características fundamentais, podendo apenas variar na forma e na inclinação dos
traços e na largura relativa das letras.
8 Mat Conjunto de curvas e superfícies indexadas por um ou mais parâmetros.
9 Quím V grupo. F. conjugal, Sociol: grupo constituído por marido, mulher e filhos
menores ou solteiros. F. de palavras: grupo de palavras cognatas, isto é, que tem a
mesma raiz. F. humana: a humanidade. F. miúda: os filhos pequenos. F. paternal,
Sociol: grupo constituído por um casal, todos os descendentes masculinos e seus
filhos menores. F. patriarcal, Sociol: tipo da família governada pelo pai, ou, na antiga
Roma, pelo chefe varão mais velho: o patriarca. F. tronco, Sociol: grupo constituído
por marido, mulher e um filho casado, com sua prole, vivendo todos sob o mesmo teto.
F. seráfica: ordem seráfica. Sagrada f.: representação do Menino Jesus com a
Virgem Maria e São José. Em família: familiarmente, sem cerimônia.
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FAMÍLIA
• “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” (C.F.
1988. Capítulo VII, Art.226).
• PRADO (1982, p.13):
FAMÍLIA DE ORIGEM: “é aquela de nossos pais”;
FAMÍLIA DE REPRODUÇÃO: “é aquela formada pelo indivíduo com
outro adulto e os filhos decorrentes”.
50
O QUE É FAMÍLIA AFINAL?
“Não é um conceito unívoco. [...] não é uma expressão passível de
conceituação, mas tão somente de descrições; ou seja, é possível
descrever as várias estruturas ou modalidades assumidas pela
família através dos tempos, mas não defini-la ou encontrar algum
elemento comum a todas as formas com que se apresenta este
agrupamento humano” (OSORIO, 1996, p. 14).
51
“A família é a unidade básica da interação social [...]” (OSORIO, 1996, p.
15).
“a palavra família não designa uma instituição padrão, fixa e invariável.
Através dos tempos a família adota formas e mecanismos sumamente
diversos e na atualidade coexistem no gênero humano tipos de família
constituídos sobre princípios morais e psicológicos diferentes e ainda
contraditórios e inconciliáveis” (ESCARDÓ apud OSORIO, 1996, p. 15).
52
Os fatores sócio-políticos, econômicos ou religiosos prevalentes num dado
momento de evolução de determinada cultura, influenciam a estrutura e a
dinâmica familiar.
“A família proporciona o marco adequado para a definição e conservação
das diferenças humanas, dando forma objetiva aos papéis distintos, mas
mutuamente vinculados, do pai, da mãe e dos filhos, que constituem os
papéis básicos em todas as culturas” (PICHON-RIVIÈRE apud OSORIO, 1996,
p. 15).
53
Para Lévi-Strauss (apud OSORIO, 1996, p. 15) “são três os tipos de
relações pessoais que configuram a família:
ALIANÇA (casal)
FILIAÇÃO (pais e filhos)
CONSANGUINIDADE (irmãos)”.
PARENTESCO: referencial intimamente vinculado à noção de família

54
“O parentesco consiste numa relação entre pessoas que se vinculam
pelo casamento ou cujas uniões sexuais geram filhos ou ainda que
possuam ancestrais comuns” (OSORIO, 1996, p. 15).
Segundo Osório (1996) a condição neotênica da espécie humana, ou
seja, a impossibilidade de sua descendência sobreviver sem cuidados
ao longo dos primeiros anos de vida, foi responsável pelo surgimento
do núcleo familiar como agente da perpetuação da vida humana.
55
“A família torna-se o modelo natural para assegurar a
sobrevivência biológica da espécie; a par desta função básica,
propicia simultaneamente a matriz para o desenvolvimento
psíquico dos descendentes e a aprendizagem da interação
social” (OSÓRIO, 1996, p. 16).

56
Assim a família pode ser definida como:
“uma unidade grupal onde se desenvolvem três tipos de relações
pessoais – aliança (casal), filiação (pais/filhos) e consanguinidade
(irmãos) – e que a partir dos objetivos genéricos de preservar a espécie,
nutrir e proteger a descendência e fornecer-lhe condições para a
aquisição de suas identidades pessoais, desenvolveu através dos tempos
funções diversificadas de transmissão de valores éticos, estéticos,
religiosos e culturais” (OSORIO, 1996, p. 16).
57
DIFERENÇA DE ENFOQUES COMPREENSÃO DA FAMÍLIA

1) LINE AR:

• Ambiente familiar: tipo de evolução do indivíduo

• Pais (papéis parentais) são responsáveis pela dinâmica


familiar e pela descendência
58
DIFERENÇA DE ENFOQUES COMPREENSÃO DA FAMÍLIA

2) CIRCULAR: Feedback

• Os efeitos não são meros produtos das causas, mas também


as alteram.

• Mútua influência Pais e Filhos; Filhos e Pais

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FORMATOS DE FAMÍLIA OSORIO(1995):

1. NUCLEAR (Conjugal): Pai-Mãe-Filhos

2. EXTENSA (Consangüínea): Inclui outros membros com laços de


parentesco

3. ABRANGENTE: Inclusão dos não-parentes que coabitam

60
FORMATOS DE FAMÍLIA CERVENY(1994)
1. DE ORIGEM: Ascendência e descendência (laços sangüíneos). Pais, avós.
2. EXTENSA: Vertical (Com 3 ou + gerações) ou Lateral (adoção de outras
unidades nucleares). Parentesco sangüíneo ou afinidade no tempo e no
espaço
3. NUCLEAR: Pais e filhos (biológico). Desconsidera o espaço físico
(Bell,1975)
3.1 NUCLEAR INTACTA: Cônjuges em 1º casamento com seus filhos
biológicos (McGoldrick e Gerson, 1985)
4. SUBSTITUTA: Assume a criação de 1 ou + pessoas sem laços de
parentesco 61
FORMATOS DE FAMÍLIA
OSORIO(1995) CERVENY(1994)

1. NUCLEAR
1. DE ORIGEM: Ascendência e descendência (laços sangüíneos). Pais, avós.
(Conjugal): Pai, Mãe, Filhos

2. EXTENSA
2. EXTENSA: Vertical (Com 3 ou + gerações) ou Lateral (adoção de
(Consangüínea): Inclui
outras unidades nucleares). Parentesco sangüíneo ou afinidade no tempo
outros membros com laços
e no espaço
de parentesco

3. NUCLEAR: Pais e filhos (biológico). Desconsidera o espaço físico


3. ABRANGENTE: Inclusão
(Bell,1975)
dos não-parentes que
3.1 NUCLEAR INTACTA: Cônjuges em 1º casamento com seus filhos
coabitam
biológicos (McGoldrick e Gerson, 1985)
4. SUBSTITUTA: Assume a criação de 1 ou + pessoas sem laços de
------
parentesco
62
PAPÉIS FAMILIARES
Foram pensados a partir da família nuclear, burguesa,
heterossexual, patriarcal. O que não quer dizer que alguns
deles não possam existir e serem desempenhados em
outras configurações familiares.

Limitação dos conceitos atuais e necessidade da criação de


novos conceitos
63
P APÉIS FAM ILIARES

• CONJUGAL • MADRASTA
• PARENTAL • PADRASTO
• FRATERNAL • ENTEADO
• FILIAL • ...???
PAPÉIS FAMILIARES
• Nem sempre são desenvolvidos pelos que nele são depositadas as
expectativas. Não são de competência exclusiva dos indivíduos a
quem se atribui nominalmente
• Exemplos: papel da materno: avó; papel fraterno: avô confidente;
papel filial: cônjuge infantil, etc.
• Sofrem influências culturais. Ex. Tio materno (papel avuncular)
• Um membro pode assumir papéis diferentes simultaneamente ou
em tempos alternados
65
1) PAPEL CONJUGAL:

Atualmente, os papéis sociais de homem e de mulher são


vivenciados de maneira diferente de algumas décadas atrás.
Não estão vinculados à identidade sexual, e sim à condição
humana e suas circunstâncias. Exemplo: Revolução de
costumes. Casais homoafetivos

66
1) PAPEL CONJUGAL:

A identidade sexual não define a prontidão para o exercício dos


papéis conjugais

Pressupõe: Interdependência do casal, compartilhamento de


tarefas com satisfação de desejos e necessidades de cada um.

Como pensar os papeis conjugais nos casais homoafetivos?


67
1) PAPEL CONJUGAL (CONJUGALIDADE):

De que maneira o padrão heteronormativo, cisgênero produz


subjetividades e as normatiza, estabelecendo uma única
possibilidade de papel conjugal, o do casal heterossexual,
gerando preconceito e sofrimento psíquico em casais
homoafetivos?

68
2) PAPEL PARENTAL: Inicialmente, eram decorrentes da função
reprodutora. Atualmente, relativizou-se.

Necessário distinguir entre Mãe e Função Materna; Pai e Função


Paterna.

MÃE e PAI: dimensão biológica.

Função Materna e Função Paterna: dimensão psíquica.


69
2) PAPEL PARENTAL (PARENTALIDADE)

FUNÇÃO MATERNA: Função nutrição emocional, protetora, de


agasalho, de continente das angústias existenciais.

FUNÇÃO PATERNA: Lei. Interdição da relação Mãe-Filho para


dessinbiotização, aquisição da identidade e individuação.

FUNÇÃO DE CUIDADO: Independente do gênero


70
PAPEL CONJUGAL e PARENTAL

Passagem da CONJUGALIDADE à PARENTALIDADE.

Momentos distintos da vivência dos papéis familiares e que


muitas vezes gera crise entre o casal

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3) PAPEL FRATERNAL

ANTAGONISMO: Rivalidade x Solidariedade


• As vezes desloca-se para relação marido x mulher; filho e um
dos pais.
• Ciúme.
• Fora da família: Relação entre sócios, colegas e amigos
• Fratricídio
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4) PAPEL FILIAL

Centrado na Dependência: Prematuridade do recém nascido


Pode deslocar-se para outros membros que não os filhos devido
circunstâncias de sobrecarga emocional.
Exemplo: Ameaça à integridade física, perdas afetivas, fracassos
profissionais, crises econômicas, dentre outras.

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FUNÇÕE S DA FAMÍLIA

1) BIOLÓGICAS:
• Garantir a sobrevivência da Espécie: Cuidados ao recém-
nascido
• Não é a reprodução. Pois esta pode ser feita fora da família e
até prescindir da relação sexual (fertilização “in vitro”,
clonagem, etc.)

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FUNÇÕE S DA FAMÍLIA

2) PSICOLÓGICAS:
• Nutrição Afetiva para sobrevivência emocional e dos
demais membros da família (Spitz, 1935: estudos sobre privação
afetiva)
• Continência às ansiedades existenciais. Ex. Crises vitais.

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FUNÇÕE S DA FAMÍLIA
3) PEDAGÓGICA:
• Proporcionar o ambiente adequado para aprendizagem
vivencial
4) SOCIAL:
• Transmissão da cultura
• Preparação para o exercício da cidadania
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NOVAS CONFIGURAÇÕE S FAMILIARE S

• Crise no modelo de família, no Conceito de família


• FAMÍLIA não é rígida. É construída juntamente com a relação, pois as formas
são plurais, dinâmicas e heterogêneas na atualidade
• Os grupos humanos possuem diferentes modelos relacionais em diferentes
momentos históricos. As formas relacionais da família, naturalizadas na
atualidade, não necessariamente eram assim em outras épocas
• A vida familiar e conjugal se reconstrói continuamente com a evolução
histórica
• A diversidade ocorre frentes às necessidades materiais e históricas de cada
período e seus respectivos contextos
PLURALIDADE NAS CONFIGURAÇÕE S FAMILIARE S

• União heterossexual exclusiva com ou sem filhos(as)


• União homossexual exclusiva com ou sem filhos(as)
• Famílias reconstituídas
• Casamentos abertos
• Poliamor
• “Namoridos”
• Casais praticantes de swing
PLURALIDADE NAS CONFIGURAÇÕE S FAMILIARE S

• Implicações nas relações = Implicam os diversos sistemas:


• Conjugalidade / Parentalidade
• Relações com a família de origem
• Relações sociais / Relações de trabalho
• Relações com o poder público
• Relações com as religiões
• ...
FAMÍLIA: articulação entre o DIREITO e a PSICOLOGIA
• “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” (C.F.
1988. Capítulo VII, Art.226).
• O artigo 226 da Constituição: rol exemplificativo, e não restritivo, de
família. Existem inúmeras formas de constituí-la.
• Tendência da Justiça: acampar essas novas definições. Hoje não existe
mais a base somente na relação sexual. Busca-se uma família que vai
além da consanguinidade e da conjugalidade (DIAS).
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• Tradicionalmente, a família é constituída por pais e filhos unidos pelo


casamento regulado e regulamentado pelo Estado.
• Projeto do Estatuto das Famílias (nº 2.285/2007)

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• CONSTITUIÇÃO DE 1988: três modelos de família:
1) Casamento civil ou religioso com efeitos civis (até 1988 era o único vínculo familiar
reconhecido no Brasil);
2) União estável: relação entre homem e mulher que não tenham impedimento para o
casamento. Principal característica: informalidade. Em regra, ser não-registrada, embora
possa obter registro.
Código Civil Art. 1.723: “É reconhecida como entidade familiar a união estável
entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família”. 83
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3) União monoparental: é a relação protegida pelo vínculo de parentesco de
ascendência e descendência. É a família constituída por um dos pais e seus
descendentes.
CF (1988. Artigo 226, §4º): “Entende-se, também, como entidade familiar a
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Projeto do Estatuto
das Famílias (artigo 69, §1º): “é a entidade formada por um ascendente e
seus descendentes, qualquer que seja a natureza da filiação ou do parentesco”.

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Em maio/2013, Superior Tribunal Federal (STF) – jurisprudência, 4ª


espécie de família: 4) Homoafetiva: casais de lésbicas, gays, bissexuais,
transexuais e transgêneros (LGBTs) = direitos dos casais heterossexuais.

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5) ANAPARENTAL: é a relação que possui vínculo de parentesco, mas não
possui vínculo de ascendência e descendência. “A convivência entre parentes ou
entre pessoas, ainda que não parentes, dentro de uma estruturação com
identidade de propósito, impõe o reconhecimento da existência de entidade
familiar batizada com o nome de família anaparental” (DIAS, 2007, p. 46).
Exemplos: a) dois irmãos que residem juntos; b) dois irmãos, residindo com seu
primo; c) tio (pato) Donald e seus sobrinhos (Huguinho, Zezinho e Luizinho).
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6) PLURIPARENTAL: é a entidade familiar que surge com o desfazimento


de anteriores vínculos familiares e criação de novos vínculos.
“A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído
por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões
anteriores. Eles trazem para a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm
filhos em comum. É a clássica expressão: os meus, os teus, os nossos...”
(DIAS, 2007, p.46).
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FAMÍLIA: articulação entre o DIREITO e a PSICOLOGIA

7) UNIPESSOAL: composta por apenas uma pessoa.


STJ lhe conferiu à proteção do bem de família, na Súmula 364: “O conceito
de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas” (03/11/2008)

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FAMÍLIA: articulação entre o DIREITO e a PSICOLOGIA
• Composições familiares: apenas por dois irmãos; ter vários pais ou várias
mães; não ter pai nem mãe; ser formada por uma única pessoa; ter enteado que
pode ser adotado por padrasto e assim por diante.
01 homem e 02 mulheres (viviam em Tupã), registraram em cartório uma
escritura de união estável poliafetiva, em agosto/2013. A lei não diz que a
monogamia é obrigatória. Se uma família poliafetiva é reconhecida pela Justiça:
mudanças no Direito das Sucessões. Isso não é fácil, implica mudança de cultura.
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FAMÍLIA: articulação entre o DIREITO e a PSICOLOGIA
O Direito de Família passa por uma reformulação que envolve:
patrimônio, o que é ser pai, o que é ser mãe, entre outras questões.
A FAMÍLIA está inserida na base material da sociedade.

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• “As condições históricas e as mudanças sociais determinam a forma como
a família irá se organizar para cumprir sua função social, ou seja, garantir a
manutenção da propriedade e do status quo das classes superiores e a
reprodução da força de trabalho - a procriação e a educação do futuro
trabalhador - das classes subalternas” (BOCK, 2002, p. 248).
• Transmissora de valores ideológicos que encobrem a realidade:
culpabilizar crianças pelo seu fracasso escolar

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▪ Família e Casamento não são a mesma coisa
▪ NÃO EXISTE UMA FAMÍLIA IDEAL OU UM MODELO PRÉ-DETERMINADO DE
FAMÍLIA, EXISTEM FAMÍLIAS REAIS.
▪ Independente de sua configuração, a família continua sendo a instituição
social responsável pelos cuidados, proteção, afeto e educação das
crianças pequenas, ou seja, é o primeiro e importante canal de iniciação
dos afetos, da socialização, das relações de aprendizagem.

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REFERÊNCIAS
 BOCK, Ana Maria (et alii). Psicologias. Uma introdução ao estudo da psicologia. 13.Ed. Reform. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2002.
 CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira. A família como modelo – desconstruindo a patologia. São Paulo:
Editorial Psy II, 1994 (Cap 1, p. 19-24).
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo: Revista dos Tribunais, 4ª ed., 2007.
 ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. 13. ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1995.
 OSORIO, Luiz Carlos. Família Hoje. Porto Alegre Artes Médicas, 1996 (Cap. 1,2,3 e 4).

 OSORIO, Luiz Carlos & Valle, Elizabeth P. Terapia de Família: Tendências Atuais. Porto Alegre Artmed, 2000
(Cap. 1 e 2).
 CORRÊA DE SOUZA, Daniel Barbosa Lima Faria. FAMÍLIAS PLURAIS OU ESPÉCIES DE FAMÍLIAS. Disponível em
http://www.faimi.edu.br/v8/RevistaJuridica/Edicao8/esp%C3%A9cies%20de%20fam%C3%ADlias%20-
%20daniel.pdf
 https://elefanteeditora.com.br/quais-os-desafios-da-nao-monogamia/

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