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~j ALBERTO EIGUER

UMDIVA
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PARA A
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FAMÍLIA
Do modelo grupal à terapia
E34d Eiguer, Alberto
Um divã para a família. Trad. de Leda Mariza Vieira Fis- familiar psicanalítica
cher. Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.
180p. 23cm.

1. Família - Psicoterapia.2. Psicanálise de Grupo. 3. Famí-


lia - Psicologia. I. Fischer, Leda Mariza Vieira, trad. !I. Tí-
Tradução:
tulo.
LEOA MARIZA VI EI RA FISCHER
C.D. D. 616.8915 Psicóloga. Formada em Psicologia CI ínica pela
155.924 Université Paul Valéry, Montpellier, França

C.D.U. 615.851:173
159.9 :173

lndices Alfabéticos para o Catálogo Sistemático


\
Psicoterapia: Família 615.851 :173
Fam ília: Psicoterapia 173:615.851
Psicologia: Família 159.9:173
Família: Psicologia 173:159.9

(Bibliotecária responsável: Sonia H. Vieira - CRB - 10/526)


ARTES PORTO ALEGRE 11989
M:DICAS
R. Kaés (1976) e D. Anzieu (1975), por sua vez, aplicaram a idéia de organi- uma mesma atividade fantasmática, grupo dominado pelo sentimento fraterno, sem
zador ao processo evolutivo dos grupos informais (não familiares, como a terapia distinção clara entre funções, papéis e tarefas: neqacão de diferenças de gerações e
de grupo, o grupo de forrnaçãol. Quando o organizador do grupo domina a dinarni- de sexos. Segundo A. Ruffiot, uma vez a farru'lia engajada na terapia, o processo tra-
ca. os participantes "propõem" simultaneamente ao grupo uma produção grupal de ça uma evolução onde outros organizadores podem se instalar, permitindo que a fa-
~eu psiquismo individual. Como S. Freud (1921) descobriu, em todo agrupamento rrutia adquira modos de funcionamento menos dominadores e mais ricos em deva-
humano o objeto de investimento libidinal é tomado, neste preciso momento, co- neios conscientes. Atribuir ao pai e à mãe um estatuto mais aproximado ao deles,
mo um objeto de identificação ("imita-se" quem se ama). Assim, enquanto se ins- tal como masculinidade e feminilidade, encaixa-se totalmente nos papéis familiares
tala o organizador de grupo, um surpreendente movimento "Cõnvergente faz apare- e é imprescindivel para a introdução do pai - introdução tanto asseguradora do de-
cer o analógico: espelhos múltiplos se põem a refletir. Absorvido por este movimen- sejo quanto necessária para a autonomização dos filhos. A proibição do incesto se
to, o grupo vai consagrar ao organizador muito de seu tempo e de sua energia; atra- opõe, assim, à restrição paradoxal causada pela dupla mensagem, modelo completa-
vés de seus efeitos, o grupo constrói "barreiras" entre o dentro e o fora; o orqani- mente limitado e parcial de socialização; ela oferece ao individuo muito mais opor-
zador melhora o contato entre os participantes, torna o diálogo mais fluido, mas tunidades de realização e de desenvolvimento do pensamento do que o faz a ditadu-
centraliza excessivamente o conteúdo da discussão. Entretanto, o~onceito de or- ra do espú ito (como gosta de dizer P. Watzlawick, 1969), presente na interação fa-
ganização não deriva de um conteúdo fantasmático particular, cujos temas serão mi liar do sujeito psicótico.
citados nos parágrafos seguintes, mas da aparição de uma mesma sensibilidade, de Tentamos, por nossa vez, utilizar a idéia de organizador levando em conta o
uma mesma predisposição para com este conteúdo. modo como R. Spitz , D. Anzieu e A. Ruffiot trataram este conceito. Neste texto,
D. Anzieu, verdadeiramente preocupado com a idéia de estabelecer a passa- vamos apl icar a noção de organizador inconsciente ao estudo da coesão inconscien-
gem da dispersão de investimentos à aparição da coesão grupal (1), descobriu que te da (ãmi'lia fora do contexto preciso da terapia familiar: tal qual ela se desenvolve
o primeiro momento em que o grupo já pode ser considerado como "um grupo" em seu funcionamento corrente. Portanto, diversamente de Anzieu e Ruffiot, tra-
é aquele da ilusão flrupal, designada como o primeiro organizador. tar-se-á aqui da farru'Iia em seu contexto natural. Em nossa psrspact iva. o orqaniza-
Mom";;'tode isomorfismo (R. Kaês, 1976) e d~ exaltação emocional, os mem- dor do grupo familiar se define como uma formação coletiva, para a qual contri-
bros do grupo ignoram as diferenças individuais e o espú ito dominante associa ai' buem os psiquismos pessoais, que concentra um jogo de representações psrquicas
o fantasma, a defesa e o agrupamento. Vista sob este ãnqulo, a etapa da ilusão gru- especificas do familiar e um denominador comum de emoções freqüentem ente exal-
pai pode ser compreendida - no sentido regressivo - como a manifestaçTo" de uma tadoras.
primeira relação com o objeto de amor materno, onde o sujeito se confunde narci- Fator de rnaturacão e apaziguamento, o organizador fam il iar impl ica um salto
sicamente com o objeto; mas - no sentido proqressivo - ela representa um "esfor- progressivo na consolidação dos vrnculos rec rpr ocos. Do ponto de vista econômico,
ço" de integração, real izado por cada participante, do coletivo e do trabalho gru- o organizador familiar reativa antigos investimentos, redistribuindo suas cargas pul-
paI. D. A-nzieu propõe outros organizadores, que aparecem ulteriormente na vida sionais. Do ponto de vista tópico, o organizador permite a aparição (freqüentemen·
grupal: a imago parental, o fantasma originário, o Édipo e o "próprio corpo". Em te, a reaparição) das instâncias coletivas como, por exemplo, o objeto-qrupo fami-
suma, a presença de cada orqanizador marca profundamente: 1) os lntercarnbios; liar. Em outras palavras, a farnj'lia tornar-se-é. por causa do organizador, um grupo
2) a atividade representacional; e 3) os afetos - trés elementos que se distinguem, constitu/do por individuos que possuem uma representação inconsciente deste gru-
de acordo com o organizador que está funcionando em cada perrodo preciso. po, no interior de seu próprio aparelho psrquico, "uma ficção eficaz e transicional"
Ma is recentemente, André R uffiot (1979) apl icou as descobertas de Anzieu (ver R. Kaés. 1976; A. Ruffiot, 1981; A. Eiguer e col., 1981). Mas o organizador
à terapia familiar. Ele apercebeu-se de que, justamente, o grupo familiar (grupo for- implica trabalho e passagem por crises: este grupo que é a farru'lia, deve sofrer inú-
mal) evolui de modo bastante próximo aos outros grupos colocados em situação meras metamorfoses, para encontrar uma coesão, um entendimento e uma solidar ie-
terapêutica. dade que lhe sejam especificos (ver também J.-P. Caillot e G. Decherf).
A idéia de organizador inconsciente permitiu-lhe apreciar até que ponto a fa-
mília do paciente muito perturbado (psicótico, toxicômano, anoréxico) inicia o
tratamento familiar por um movimento ilusório, a-conflitual e onipotente, que cor- TRÊS ORGAN IZADORES E TR!:S TIPOS DE FAMIUA
responde plausivelmente ao funcionamento especifico da famt'lia antes da terapia.
Todos os membros da família adotam a mesma posição, como que estimulados por Observamos três organizadores da vida familiar inconsciente:
1 - A escolha de objeto no momento de instalação da relação amorosa, e. no
1 - A dispersão própria ao fato de que, num grupo, as pessoas participantes não se conhecem, plano do inconsciente, a partilha dos objetos - constituição do mundo interior gru-
têm necessidade de um certo tempo para encontrar consonâncias afetivas e representacionais. paI. Em outros termos, é o Édipo de cada parceiro que intervém neste organizador e

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pio, aparece então como um novo valor. Uma tamrlia não mais poderá combater
são os objetos parentais interiorizados que constituem o núcleo do inconsciente
sua Iarrulia por afinidade, porque isto significaria agredir um dos seus (2), As in-
familiar.
tuições de S. Freud (Totem e Tabu) sobre o valor socializante do Édipo e da proibi-
2 - O Eu familiar: dividido nos trés suborganizadores seguintes: o habitat in-
ção do incesto puderam encontrar uma conf irrnaçáo nos estudos etnológicos.
terior, o sentimento de pertença e o ideal do ego familiar.
No plano individual, a escolha de um objeto sexual exogâmico permite uma
3 - Os fantasmas partilhados (interfantasmatização de Anzieul, notadamen-
sarda conveniente para o Complexo de Édipo e a proibição do incesto. Na Dissolu-
te o fantasma inconsciente da cena primitiva.
Tentaremos, ao m)'lsmo tempo, encontrar uma especificidade na constituição
çso do Complexo de Édipo Freud considera a angústia de castração como a primei-
ra capaz de apaziguar o desejo na criança.
do organizador, segundo o que pode ser observado, dependendo da farm'lia nos pa-
"Como telLoo_tujarás (escolherás uma mulher como tua mãe); mas como
recer: a) normal (ou neurótica); b) baseada no temor da perda objetal; ou c) pos-
teu pai tu não farás, isto é: não tomarás esta mulher que é tua mãe". Tal é a prescri-
suindo um membro psicótico (narcisista). Esta classificação se sobrepõe àquela que
ção do superego, que se tornou tanto a instância da proibição quanto da identifica-
distingue as tarmllas abertas de sig,emaltexI\l\!I (funcionais) das famt'lias fechadas
ção paterna, o que constitui o segundo aspecto resolutivo do Édipo infantil (ver
de sistema rt'gido (disfuncionais) proposta por D. Jackson ou Ph. Caillé. Estas últi-
O Ego e o Id)
mas poderiam ser inclurdas nos grupos b) e c) (perda objetal e presença de um mem-
bro psicótico). As famt'lias d isfunciona is são tão estruturadas pelos organizadores Embora a angústia de castração contribua grandemente para a resolução do
quanto as famt'lias funcionais: o organizador pode alimentar todo um segredo da vi- Édipo, someQ!.e a identificação ao pai lhe propõe uma sarda.
da psrquica do grupo permitindo que os membros da famt'lia se sintam próximos e Entretanto, o superego coloca novos problemas: a prescrição acima citada é
até unidos, sem que por isso os conflitos deixem de se manifestar (intra, p. 48-53). paradoxal. Por exemplo, ela prescreve, ao mesmo tempo,_fazer como o pai, e não
A mais conhecida dos tres tipos, a famt'lia normal: a) é estruturada pela castração: fazer como ele, com relação à escolha objetal sexual, A introdução, para a criança,
enquanto a famt'lia depressiva: bl o é pela ausência de objeto; e a famt'lia narcisista da diBinção de nt'vel entre a mulher e esta mulher, sua mãe, permite, em com-
c), pelo vazio e pela ilusão. pensação, ultrapassar o paradoxo! Para isso, apenas o trabalho de denegação do
ego-pensante, simbolicamente, pode ser útil. Assim, é gado livre curso a um desejo
que determina a autonomia e o investimento do exogrupo pela criança. Ela pe.rd~
sua mãe (como parceira) mas ganhou sua liberdade (condicional) de escolher uma
2 - O primeiro organizador inconsciente: a escolha do parceiro outra mulher, Coisa curiosa, esta liberdade nasce de um paradoxo (ver M.C. Gear e
E. Liendo, 1974). Liberdade condicional, porque ela procurará uma mulher como
sua mãe.
Para D. Anzieu (1975), a famt'l ia, diversamente dos grupos informais, tem Para encontrar uma solucão ao dilema colocado pelo superego, o ego da
como primeiro grupo organizador o Édipo e suas transformações. Este fato consti- criança vai, então, identificar-se a seu pai. Mais tarde, ela partirá em busca de um
tui justamente o peculiar da orqanizacão familiar, sua razão de ser social. Pelo jogo objeto de amor que se pareça com sua mãe, o que lhe vai permitir, por sua vez, con-
duplo do amor intenso e incestuoso e sua proibição, a famt'lia prepara o sujeito pa- ciliar desejo, angústia de castração e identificação.
ra investir num outro vrnculo. que dará origem a uma nova famt'lia. Neste capitulo, Por conseguinte, a escolha do parceiro não se faz completamente ao acaso, O
evocaremos brevemente as conseqüências da regra social da proibição, para nos de- inconsciente individual é, de algum modo, utilizado. Esta escolha terá um valor se-
morarmos, em seguida, na escolha do parceiro e nos aspectos organizadores incons- melhante ao das formações de compromisso inconscientes, como o sintoma ou o
cientes do casal e da tamrlia. lapso. Comportará um ai ívio econélmico e agirá freqüentemente como um mecanis-
Em geral, entre etnólogos, é admitido que a proibição do incesto é universal e mo defensivo. Podemos estimar, então, a importância desta escolha para a consoli-
que ela funda o pr incipio exoqarnico. que impulsiona os indivrduos de sexo oposto dação e a organizacão inconsciente do casal, os dois parceiros entrecruzam objetos
a se unirem sexualmente com um parceiro do exogrupo. Toda sociedade prescreve inconscientes; a relação sentimental se alimenta desta descoberta de um parceiro
leis relativas ao incesto, provavelmente para permitir a ampliação dos intercâmbios que, como escreve S. Freud (1905), é uma redescoberta e ao mesmo tempo um re-
sociais (econômicos, culturais) entre as famt'lias dos jovens namorados. Segundo a sultado do amor infantil.
fórmula de C. Lévi-Strauss, a famt'lia da moça oferece uma esposa à farni'lia do ra-
paz e reciprocamente. Taylor (citado por Lévi-Strauss, 1978) propõe como explica- 2 - Em nossas sociedades, se as l iqacões incestuosas aparecem em certos grupos sociais margi-
nais, isto é freqüentemente assinalado pelo exogrupo, numa exempl ificacao negativa, criando ao
ção para estes intercâmbios entre fam (I ias o fato de que eles permitem apazjguar a
redor do casal um halo mitico a propósito das conseqüências negativas de tal união (filhos
hostilidade inteiramente natural que pode ser desencadeada entre estas duas farm'- anormais, loucura, e te.I.
lias, tornand;-;;sslvel, assim, a convivéncia. E o sentido do social, do grupo arn-

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A escolha é organizadora porque, ao evitar o desprazer , o indivi'duo obtém aí A - ESCOLHA OBJETAL EDIPICA, ANACLlTICA E NARCISISTA
uma vantagem: um amor possível; não é sua mãe, mas parece-se com ela; não é o
amor total, mas é intenso ... e a ameaça da castração é, então, afastada. Consideran- Vár ias modal idades de escol ha de parceiro foram identif icadas por diferentes
do o valor altamente resolutivo, restitutivo e simbólico do encontro amoroso, a re- autores, em primeiro lugar por Freud (1914). Freud distingue primeiramentea esco-
lação herda todos estes aspectos e tende a se estabilizar, a se perpetuar. Estes rnúl- lha anacl/tica: o homem ou a mulher vão em busca de um parceiro que Ihes permita
tiplos sentidos Iigam fortemente os dois componentes do casal. encontrar um apoio (mãe ou pai da infância), ligado à pulsão de conservação. Dife-
O objeto inconsciente de um se entrecruza com o objeto inconsciente do ou- rentemente da escolha edrpica clássica há pouco evocada, não se trata, neste caso,
tro e os dois objetos acumulados inauguram um mundo objetal partilhado, "reu- de uma identificação ativa e adulta ao pai do mesmo sexo no processo amoroso,
nião" nova que adota, assim, uma dimensão organizadora. Mas o objeto sexual ex- mas de uma identificação parcial e narcisista à atitude infantil do próprio sujeito.
terior não pode ser inteiramente sobreposto ao objeto inconsciente, ele também Em seguida, Freud distingue a escolha narcisista: busca-se um objeto que se asseme-
não é uma realidade "desconhecida". Ele está entre os dois: nem real nem fantas- lhe:
mado, nem real idade nem f icçâo , estimulando, então, os esforços do sujeito para "a) ao que se é;
preencher este "espaço potencial" (Wi nnicott) entre o fantasma e sua real idade, b) ao que se foi;
por meio do "jogo transicional ", Este espaço torna-se o espaço do estado amoroso c) ao que se gostaria de ser;
e do amor familiar, do desenvolvimento da vida imaginativa, do humor, dos inter- d) à pessoa que foi uma parte de si próprio."
câmbios. (Ver René Kaés, 1979). Na realidade, a escolha anaclítica é uma escolha regressiva em relação à etapa
Se o primado do Édipo "domina" o grupo de cônjuges - e foi disto que, fun- de dissolução do complexo de Édipo. Ela propõe uma relação complementar infan-
damentalmente, tratamos aqui - trata-se de raprasentação de objetos inconscientes tilizante para um e acentua novamente o papel parental para o outro. J. Guillaumin
e também de representações dos vúiculos entre os objetos. Um rapaz "reencontra" (1979) chamou com justeza esta escolha de escolha objetal assimétrica. A escolha
sua mãe e adota, para com a moça, os comportamentos, as "atitudes" demonstrati- "edrpica". por sua vez, é uma escolha mais adulta, própria das estruturas neuróticas
vas de seu pai em relação à sua mãe, esperando igualmente, da moça, respostas se- e "norma is",
melhantes às de sua mãe para com seu pai. No caso da moça, as coisas ocorrem de A experiência com terapias de casais neuróticos autoriza-nos a dizer que a es-
modo mais ou menos análogo e precisamos que, nos dois casos, trata-se naturalmen- colha pode se realizar sobre alguém que é "o oposto", que não se assemelha em na-
te dos fantasmas' dos jovens, relativos às atitudes ou às expectativas de seus pais res- da (nem trsica nem psicologicamente) ao pai do outro sexo. É seu duplo oposto.
pectivos. Chamada também de escolha defensiva (defesa contra a escolha objetal heterosse-
A relação amorosa permite que o filho se identifique ao pai que deseja a xual), ela pode recair sobre a figura do pai do mesmo sexo que o sujeito, e isto na
mãe e que é seduzido pela mãe ... ; a um pa i que "age por amor" e que desperta medida em que "pai e mãe configuram o universo complementar dos objetos infan-
o amor (3). Em suma, são três os tipos de representações a considerar: 1 - repre- tis" (E. Liendo). No diálogo clínico mantido entre V. Satir e E. Liendo (1974), a
sentação da mãe, associada à parceira; 2 - representaça'o do pai, objeto de identifi- propósito da supervisão de um caso de terapia conjugal, os debatedores entraram
cação do filho; 3 - representação do VInculo pai-mãe - da interação amorosa, um em acordo para assinalar a freqüência da escolha de um parceiro que se assemelha
desejando o outro, um agindo em relação ao outro - associada e reproduzida no ao pai do mesmo sexo. Os autores propõem a seguinte fórmula: "O homem busca
vínculo rapaz-moça. Da parte da moça, dizemos por comodidade que tudo é seme- como objeto sexual o que sua mãe não era e a mulher o que seu pai não era." No
lhante, mas invertido (4). Estas representações atuam na relação e participam da primeiro caso seria "o pa i" e no segundo caso, "a mãe" (5). A defi nicão desta es-
constituição do mundo objeta! interior, como acabamos de dizer. colha de "natureza homossexual" abre muitas perspectivas teóricas: diremos que,
Junto com o mundo interno grupal, o primado do Édipo organiza-se progres- por exemplo, o que um dos pais não é, isto pode ser seu objeto inconsciente inte-
sivamente pela introdução (no interior da relação. e mais tarde no grupo familiar) rior (dos avós). A escolha objetal pode, assim, recobrir o Édipo parental inconscien-
da lei reguladora do desejo e da proibição. a lei da diferença sexual, todas as leis te (do pai) vivido pelo jovem em sua escolha, quer dizer, um parceiro fantasmático
criadoras da diversidade simbólica e do respeito ao outro, respeito sempre ameaçado muito investido pelo pai ou pela mãe (por exemplo, o avo materno para o rapaz, a
pela fusão total que é a "fatal idade" de todo grupo. avó paterna para a moça).

3 - Identificaça'o a um pai que, bem. entendido, fundou um lar com "esta mulher", que dese- 5 - Isto se aproxima da idéia de que as distorções quanto à diferença dos sexos são a base tanto
jou ter filhos com "esta mulher". da organização quanto dos conflitos do casal neurótico. Mais precisamente, a homossexualidade
4 - Não está em nossa proposta aqui aprofundar as diferenças, muito importantes, entre o de- psrquica. a rivalidade fálica, o ciúme de todo vi'nculo do parceiro com um terceiro de seu pró-
senvolvimento do rapaz e o desenvolvimento da moça. prio sexo são problemáticas freqüentes no casal.

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Analisando um caso de casal em conflito, E. Liendo (6) precisa que o conflito Voltando às origens do casal, podemos sintetizar três modos gerais de escolha
está ligado, neste caso, à defasagem entre a expectativa relativa ao objeto (o que é objeta I:
projetado sobre ele) e sua realidade, suas reações (papel esperado e papel cumpri- 1 - narcisista ou simétrica;
do). Em seguida, após o momento de decepção ou de reivindicação, observa-se uma 2 - anacl/ticaou assimétrica;
etapa em que os comportamentos de um dos sujeitos tendem a fazer com que o ou- 3 - edipica ou dissimétrica.
tro reaja, a fim de corresponder à expectativa de seu objeto interno. O outro pode J. Guillaumin (1979) dá a entender que um casel pode evoluir historicamente
experimentar sentimentos semelhantes em relação ao primeiro e, como este, tam-
de um modelo para outro, de modo a se permitir ruveis crescentes de integração
bém pode tentar, através de seus comportamentos (chantagens, atos, actings) fazer
(por exemplo: narcisista -+de apoio (de ligação) -+edipic,')).
com que o primeiro "transforme-se" em seu objeto parental inconsciente. Este ca-
sal sofre de reminiscência do passado; este passado está ligado à idealização e à es-
colha do outro como suporte exclusivo do objeto tantasmado. O presente, no con-
B - ESCOLHA OBJETA L ANACLlTICA E ANGÚSTIA DE PERDA
flito do casal, é o produto de uma interação inspirada neste passado.
O exemplo apresentado por Liendo e Satir nos parece muito interessante pa-
O grupo de escolha objeta I anachtica simétrica pode estar relacionado com
ra nos orientar sobre as implicações clínicas dos aspectos iniciais da constituição do
outras formas complementares (quadro 3).
casal. Neste sentido, ele pode ser bastante representativo do que se observa nos ou-
tros casais em conflito.
1 - O casode dois parceiros sofrendo de "perda" ou vivendo em estado de
A escolha de objeto sexual, lembremo-Io, ao mobilizar os inconscientes indi-
luto após abandono ou falecimento de um ser próximo. Um dos dois pode estar,
vidua is, dá nascimento ao inconsciente do casal e, em segu ida, ao da famíl ia. A res-
neste caso, mais propenso a querer ajudar seu semelhante, renunciando às suas pró-
sonância do objeto interior inconsciente do sujeito com o parceiro e a ressonância prias necessidades pessoais. O afeto que seduz é o da tristeza. Ama-se no outro sua
do objeto interior do parceiro com o sujeito fundaria uma dupla ligação Ego-objeto confusão e até mesmo sua dor, considerando-as como emoções sinceras, puras, no-
inconsciente (relações objetais entrecruzadas que fundam o mundo de objetos in-
bres, e ficando-se fascinado diante da sensibilidade exprimida; sensibilidade que é
conscientes partilhados). habitualmente aumentada pelo estado de luto. Ao mesmo tempo, pode-se amar o
Quando da vinda do filho, os objetos do mundo interno inconsciente da te- objeto que invade o enlutado, podendo-se falar, pois, de verdadeira tanatofilia laten-
m/lia são projetados nele. Os aspectos não resolvidos, através da relação marital, te.
dos complexos infantis do pai e da mãe, intervêm parcialmente na constitu ição do O estado amoroso, alimentando-se da dor psrquica. permite ultrapassar a per-
ser infantil e de seu mundo objetar e fantasmático. Assim, uma mãe que escolheu da por um encontro que deveria, então, "substituir" fantasmaticamente o objeto
um homem fantasmaticamente próximo da mãe dela, pode esperar de seu filhinho perdido. A este exemplo se aplica a descoberta de K. Abraham (1924): o luto refor-
uma resposta emocional ed ípica: reencontrar nele seu pai. Conseqüentemente, ela ça, às vezes, a excitação sexual (ver também C. Nachin, 1982). Enfim, pode-se falar
tentará adotar para com seu filho uma atitude erótica, e o desejo materno que a aqu i "de enamorados pela tristeza", assim como se podem encontrar "enamorados
criança pode ou não causar permitirá fundar um novo equilíbrio familiar.
pelo amor", estes últimos estando mais próximos de uma escolha neurótica ligada à
Estaríamos errados se acreditássemos que a constituição do psiquismo fami-
castração.
liar é uma questão simples. Vários fatores e várias regras intervêm. Apenas ao nível
do casal, por exemplo, devemos admitir que as variantes de escolha de objeto cita-
2 - Os casos apresentados por G. Teruel (1965), em que cada parceiro ideali-
das acima podem se associar: aspectos objetais e narcisistas intervêm simultanea-
zou um personagem tendo desempenhado um papel central em sua vida infantil. Is-
mente, enquanto que, ao nível das projeções de desejos sobre a criança, as regras
to desencadeia uma atração recíproca muito forte entre os parceiros, através de seu
podem ser muito complexas. Freqüentemente, o mundo interno da família, com
personagem idealizado respectivo; trata-se de pessoas que se assemelham ("objeto
estas múltiplas representações de objetos (parentais, dos avós), libera um ou dois
interno dominante"). O que é interessante, nos casos apresentados por G. Teruel, é
objetos fundamentais, imagos bem precisas de ancestrais; o pai superegóico, a mãe
que, no instante em que o opjetn interno dominante aparece no discurso da terapia,
arcaica ou fálica, o tio da América, o pai exterminador (ver capo 5), a criança Go-
o casal descobre uma serenidade certamente antiga, mas que tinha sido apagada pe-
lem-máqu ina.
lo desentendimento r elacional.
Para Teruel, em sua prática, o objeto interno dominante do grupo-casal seria
basta nte comum. Os exemplos de G. Teruel nos impressionam pelo fato de que o ob-
6 - V. SATIR e E. LlENDO, "A propos d'unethérapie de couple: convergences et divergences
jeto idealizado é um personagem bastante generoso, protetor e dominador, substitu-
de Ia théorie svstérnique et de Ia psychanalyse", Dialogue, 1980,67 (49-60).
to de uma carência afetiva como a de uma mãe ou dos pais. É um personagem que
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preenche o sentimento de abandono infantil(7), o casal acaba perpetuando, como C - VARIAÇÕES NA ESCOLHA OBJETAL NARCISISTA
numa dramatização, o duplo movimento da desolação e seu apaziguamento.
Em Considérations sur Ia famille du psychotique (A. Eiguer, 1982 a), avança-
3 - Neste grupo, poderemos eventualmente incluir o caso do casal em que a mos a idéia de que a estrutura interativa das famílias de psicóticos estava fundada
atuação de um dos parceiros é um tanto quanto perversa: a busca, sua "descoberta" num tipo de relação de objeto individual que estimávamos especifica: uma relação
do outro, seria baseada num conhecimento antecipado de suas falhas. O personagem objetal narcisista em espelho.
perverso exploraria as dificuldades do outro, com o objetivo de dominação. ;;.
No que concerne aos pais daquele que pode um dia vir a ser um paciente psl-
cotico, parece-nos que a escolha do parceiro estabelece-se através de um jogo espe-
4 - O caso dos caçadores de prestigio e de promoção social, através do casa- cular narcisista. M. Selvini-Palazzoli (e col., 1975) escreve: o casal parental se cons-
mento, pode ser associado a este segundo grupo de vínculo assimétrico. titui, desde a origem do vínculo, sobre uma idéia de poder (orgulho, onipotência e
Acreditamos que estes exemplos têm em comum uma intuição de falta ou de ambição desmedida): um busca, para parceiro, alguém que seja difícil, a fim de se
sentimentos de perda, que seriam a base da escolha. Este sentimento de falta seria comparar com ele em força e em capacidade manipuladora. O outro raramente é al-
diferente do sentimento de castração, que é central na escolha de objeto "edrpica". guém suscepnvel de conscientização, ou de fantasmatização: ele busca antes o com-
Tratar-se-ia, neste caso, dos problemas ligados à não superação da posição depressi- bate e gosta de ocultar seu próprio jogo e de "definir" a relação (isto é: explicar-se
va: a angústia pela perda, o temor da solidão e a impossibilidade de encontrar os com franqueza sobre seu modo de agir para com o outro, sobre seus desejos, seus
meios de chegar a um processo reparador (M. Klein, 1940). projetos, sobre o prazer que ele tem com a presença do outro). Pouco qratif icado-
res, incapazes de reconhecimento para com outrem, incapazes de aceitar que eles
possam se enganar, os dois parceiros se excitam numa luta sadornasoquista, a fim de
Caso n9 1: a aliança negar incessantemente seu valor pessoa r.
A onipotência é central no homem e na mulher. Sua escolha não se faz para
Durante a terapia familiar dos R., em que um dos dois rapazes gêmeos sofria resolver a incornpletude bissexual, mas porque o outro se ama fortemente e é isto
de uma anorexia mental, o marido falou da surpreendente impressão que ele teve de que o torna atraente.
sua mulher, no dia de seu primeiro encontro. "No baile, eu disse para comigo: que Isto no que concerne à escolha objetal dos casais de famílias psicóticas. Mas,
moça curiosa esta que usa uma aliança em torno do pescoço, presa a uma corren- outras escolhas podem ser feitas segundo um modelo narcisista (ver J. Willi). Entre-
te." Interessado por isto, ele a convidou para dançar. "Na realidade, eu acabara de tanto, este modelo seria menos acentuado: os casais narcisistas, os casais em que um
perder meu pai, diz a mulher. Cheia de tristeza, eu tirei a aliança do dedo dele, an- dos parceiros sofre de um problema psíquico grave. Pode parecer, nestes casos, que
tes que alguém a tirasse e prometi a mim mesma guardá-Ia comigo por toda a minha a relação é infiltrada não só por indiferença afetiva, mas também por uma arrogân-
vida (os pais dela eram divorciados). O dia do baile foi minha primeira saída desde cia afixada diante do outro a propósito das relações sociais. Por exemplo, alguém
a morte de papai." Como muitos casais anaclíticos, o encontro de amor coincide seria sempre sociável e capaz de fazer sucesso (sedução narcísica).
com um luto, causado por falecimento recente, em um dos parceiros: no presente Esta arrogância desperta uma forte atração no outro (o parceiro narcísico
caso, a aliança representa o investimento libidinal do morto. O casal estabelece co- complementar, ver Willi), que, então, fascinado, idealiza este parceiro, projetando
mo missão superar a tristeza, mas ele vai perpetuar o lugar do morto através de um sobre ele seu ego ideal narcisista "para poder, em seguida, identificar-se com ele e
luto interminável. Inúmeros sinais atestavam a organização depressivo-anaclítica dele emprestar um Ego aceitável".
desta família; ligada a "um luto" permanente, toda separação implicava uma gran- Entretanto, o primeiro - privado do outro - "não é mais funcional", justa-
de dor: no momento do nascimento dos gêmeos e de sua colocação na estufa, a mente por causa da modéstia do segundo e do modo como ele foi sustentado, valo-
mãe teve uma depressão. Um por um, eles expressavam tristeza e temor pelo futu- rizado e defendido diante dos estranhos por este segundo.
ro; a cada dificuldade, eles formulavam idéias de fracasso; sempre pessimistas, pa-
reciam igualmente desejar que os terapeutas declarassem o desentendimento fami-
liar como completamente insuperável; enfim, eles professavam um importante cul- Não podemos nos estender sobre as diferentes variantes da escolha narcisista.
to aos mortos. Em compensação, gostaríamos de centrar nossos esforços em nossa tese principal, a
saber, que a constituição desta escolha provavelmente dará forma à organização in-
consciente específica da família, à interação entre cônjuges e entre pais e filhos. O
7 - "O sentimento de desamparo por abandono", "die hilflosigkeit" (alemão), "the helplessness" modelo narcisista aparece como o menos nuançado e o menos aberto, pelo fato
(inglês).
de que a presença dos filhos não aparece como um enriquecimento funcional.

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Os objetos externos vêm freqüentemente "substituir" o vazio objetal inconsciente, Um dos aspectos mais interessantes deste sentimento é a impressão de que o
a fraqueza narcísica sempre ameaçadora. outro "me percebe como alguém que faz parte da fam (lia e isto não acontece com
aqueles que não são membros dela" (8).
Cada qual associa a pertença à sua situação na filiação, na escala das relações
intergeracionais e sexuais, ao seu lugar no fantasma do outro. Na pertença, a refe-
3 - O segundo organizador: o eu familiar rência ao passado também é constante, como as "sensações excepcionais" que
Proust evoca a propósito de sua casa natal: odores únicos e jamais encontrados algu-
res, olhares, impressões calorosas que marcaram o sujeito para sempre.
MEudigo eu fie) sabendo que nSo é a mim (moi) que me refiro"

ts. BECKETT, L 'innommebte),


Inquietante estranheza

~ interessante constatar, no caso da famltia do paciente psicótico, que o sen-


Como para as inter-relações objetais múltiplas que vão dar nascimento ao
timento de pertença é extremamente frágil ou mecânico, ao ponto de, durante as
mundo interior grupal, a famnia vai estrutura r seu narcisismo normal sobre uma
crises, acontecer-nos sentir em nossa contratransferência a rejeição, ou mesmo as
instância organizadora: o eu familiar. Enquanto o mundo interno grupal está
impressões de frieza que transmitem em eco uma distância espantosa, às vezes súbi-
diretamente relacionado com as pulsões individuais e seus derivados (como o
ta ou irnprevisfvel, entre os indivíduos. ~ o que D. Cooper descreve em termos de
objeto inconsciente), o eu familiar acaba constituindo, de modo permanente,
.clima.de estranhez.a...1amiliar. Devemos então opor heimlichkeit (familiaridade) a
uma zona neutra no psiquismo grupal - e isto muito embora ele seja sustenta-
unheimlichkeit ("inquietante estranheza"), esta última expressando, neste contexto
do por afetos muito intensos. !:
importante citar o que Bleger diz sobre este eu
da psicologia familiar, o retorno do recalcado dos fantasmas de despedaçamento
familiar, como uma zona neutra: ele é "mudo" até ser colocado em perigo, quan-
(Freud, 1919). Tudo isto introduz uma fissura no sentimento de continuum têmpo-
do então ele "fala". Ele não comporta conflito entre amor e ódio, mas uma cli-
ro-espacial do grupo familial.
vagem definindo o que é o mundo familiar e o que não o é. Esta clivagem po-
Algumas famltias de pacientes gravemente perturbados superinvestem o aspec-
de ser secundariamente conflitual, mas isto não depende da natureza do eu fa-
to sincrônico da pertença, de sua identidade grupal, em detrimento do aspecto dia-
miliar.
crônico. Elas se percebem, de algum modo, como separadas do passado ancestral do
Assim, o eu familiar pode ser definido como 9 investimento perceptual de
gual elas deSC'éndem;e[Q sem--ºorrente; o que se torna "anacrônico" fora de sua his-
cada membro da família, que lhe permite reconhecê-Ia como sua, numa continui-
!oricidade (ver também capo 3). Elas acreditam-se fantasmaticamente autogeradas: o
dade têmpora-espacial. Os três componentes do eu familiar seriam: o sentimento
fantasma organizador de sua origem, através de um pai genitor, faz falta. Isto às ve-
de pertença, o habitat interior e o ideal do ego coletivo.
zes as impulsiona - por ocasião da transferência em terapia familiar - a "procurar
um autor", um personagem que as funde, ao instaurar a Lei (A. Ruffiot, 1979), este
personagem podendo ser o terapeuta familiar (9).
A - AS ORIGENS DA "FAMILIARIDADE"

Um dos componentes do eu familiar, o sentimento de pertença familiar, reú- Mito/agia e pertença


ne os sentimentos que cada membro da família experimenta em relação ao conjun-
to do grupo: uma sensação de proximidade particular, de ser considerado e tratado o sentimento de pertença existe ou não existe, mas ele é raramente conflitual;
aí de modo diferente do que ocorre nos outros grupos que não a família; a recor- ele traduz o amor dedicado à famltia, o investimento narcisista (narcisismo ilimita-
dação de um passado comum, uma genealogia comum; um tipo de intercomunica- do posto a serviço dos andaimes do grupo). Em troca, ele integra o eu individual e
ção conhecida e identificada (por exemplo, "cada vez que eu volto para casa, sei o notada mente a identidade de cada membro, a marca tranqüilizadora que o remete
que cada um vai dizer"). Além d isso, este sentimento de pertença se alimenta de a uma certa origem. A mitologia familiar, com suas imaginárias e ~eus relatos alegó-
percepções inconscientes, causadas pelo reconhecimento das reações dos outros ricos relativos à história familiar, história representada, mais fantasmada do que
diante de tal dizer ou tal agir. Trata-se de um metaconhecimento da interação,
"sabe-se" de antemão em que se basear quando se fala, ou como fazer o outro
8- Ver I. BOSZORMENYI-NAGY, 1965, e H. SEARLES, 1965.
reagir. 9 - Ver também A. EIGUER, 1980 b, e 1982 c e capo 11.

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