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Ritos de Iniciação Feminino

AGE ano 2

Joaquim Mateus Zambo


Antropologia Cultural

Universidade Licungo
Gurue, Novembro 2021
Índice
Introdução........................................................................................................................................4

Ritos de iniciação feminino.............................................................................................................5

Conclusão........................................................................................................................................7

Bibliografia......................................................................................................................................8
Introdução

O presente trabalho fala de ritos de iniciação feminina, pois os ritos de iniciação são instituições
culturais praticadas nas zonas centro e norte de Moçambique. Portanto, é comum afirmar-se que
são constituintes dos direitos culturais, que são uma das importantes dimensões dos direitos
humanos.

Os ritos de iniciação por vezes são também denominados de ritos de passagem. Segundo
Rodolpho (2004), os ritos de iniciação marcam a passagem de um status social para outro. A
autora caracteriza os ritos de iniciação como morte e renascimento, mas de uma forma simbólica,
pois a criança que está sendo iniciada “morre” e “renasce” uma pessoa adulta.

Embora os ritos de iniciação marquem socialmente a transição da vida infantil para a fase adulta,
Tvedten, Margarida etal (2009), consideram que o casamento pode aparecer como um indicador
dessa transição.
Ritos de iniciação feminino
Numa determinada cultura as pessoas aprendem a reconhecer-se e a reconhecerem os outros em
termos de partilha de representações e práticas, desde a forma como se cumprimentam, como
mostram hospitalidade, como partilham uma refeição e, para ir mais a fundo, como pensam
acerca da vida, do amor e da amizade.

Martinez (1999), em seu livro “O povo Macua e a sua Cultura”1, analisou a sociedade macua e
descreveu os ritos ali praticados. Segundo este autor, os ritos de iniciação na sociedade macua,
inicia na primeira menstruação e termina com o casamento.

Em Moçambique, assim como em muitos outros países, existem certos hábitos, praticas e crenças
que identificam a cultura do país.

Em Moçambique praticas variam nas regiões norte, centro e sul, isto e, há diferenças tradicionais
de região para região.

Grande parte das regiões realiza diversas cerimonias, como por exemplo, a abertura da época de
colheitas, do canto, pedidos de chuva, casamentos tradicionais entre outros. Uma das cerimonias
bastante praticadas na educação tradicional e a cerimonia que marca o inicio da puberdade tanto
das raparigas como dos rapazes. Essas cerimonias são orientadas e realizadas por certos anciões
de ambos os sexos, selecionados na comunidade e designados por mestres. Essas cerimonias tem
por objectivo a preparação dos adolescentes para a vida social e matrimonial segundo certos
costumes da região.

Nessas cerimonias existem importantes instruções para a vida futura na fase adulta para todos os
adolescentes. Os ritos de iniciação são instituições culturais praticadas nas zonas centro e norte
de Moçambique. Portanto, é comum afirmar-se que são constituintes dos direitos culturais, que
são uma das importantes dimensões dos direitos humanos.

Na dimensão seguinte (educação tradicional), os ritos de iniciação moldam as raparigas para uma
boa convivência em sociedade enfatizando, porém, o papel delas enquanto esposas e donas de
casa. Segundo Osório (2006), a vida conjugal é um ensinamento forte quando se olha para os
ritos na vertente educacional.
Ainda que na perspectiva de Osório (2008), o ensinamento chave para os ritos é como a mulher
deve servir o seu marido na cama - “o factor mais importante na celebração do corpo e da
sexualidade” (Ibdem,2008: p17). É importante acatar que em tais rituais as raparigas tem
recebido uma vasta gama de ensinamentos importantes no seu futuro papel de esposa, mãe, dona
de casa e membro adulto da sociedade.

Segundo Tvedten, Margarida et al (2009), as raparigas passavam por estes ritos logo que
atingissem a puberdade. Nestes ritos são transmitidos às raparigas os conhecimentos
relacionados com os seus papéis e noções de sexualidade, sempre realçando as suas obrigações
para com os homens.

Durante os ritos de iniciação, as meninas são aconselhadas acerca da sua condição da futura
esposa e mãe. As meninas recebem instruções sobre os deveres de uma dona de casa, os cuidados
com os filhos, o comportamento perante o marido e ensinamentos relacionados com a higiene
pessoal e cuidados durante o período menstrual.

A partir do momento que o adolescente passa pelos ritos de iniciação, é-lhe permitida a
integração na vida dos adultos, podendo dar opiniões, assim como tomar decisões com os adultos
e também casar.

Isto significa, em primeiro lugar, que os direitos culturais devem ser respeitados e protegidos, e,
em segundo lugar, devem ser vistos em articulação com os direitos universais que são uma
conquista de toda a humanidade. Todos os direitos culturais que contenham em si discriminação
subordinam-se aos direitos que consagram a igualdade entre todas as pessoas.

Ou seja, os ritos de iniciação têm uma primeira função que é de formar identidades, de nos dizer
o que está certo e errado no nosso comportamento. Neste sentido, os ritos são apresentados como
verdades que não podemos questionar sob pena de estarmos a violar “a nossa cultura”.

Refere a prática dos ritos de iniciação como umas das formas de preservação de hábitos e
costumes que distinguem uma cultura. (Silva 2009).

O interesse em observar o quotidiano das crianças na sua inteira naturalidade, nos seus bairros,
ou mesmo nas famílias em que estiveram inseridas foi acolhido tendo em consideração que o
ambiente social, a cultura etc, influenciam na maneira de ser e de estar das crianças.
Conclusão
Durante a elaboração deste trabalho de investigação pude aprender muita coisa relacionado a
ritos de iniciação no nosso país em particular nas zonas norte e centro. Contudo esta pratica
vinha sendo realizado desde do muito tempo e ate hoje em alguns pontos do país concretamente
na região norte e centro do país. Contudo essa pratica propicia o casamento prematuro nas
comunidades não só mais também muita desistência das alunas na escola, pois quando atingem a
puberdade logo correm em se casar ainda crianças porem quando isso acontece muita das vezes a
criança não se encontra preparada fisicamente para conceber, e quando isto acontece a criança
pode morrer ate, logo na minha humilde opinião tinha que existir um desencorajamento nesta
prática.
Bibliografia
BONNET, João Alberto de Sá. Ethos Local e Currículo Oficial: A Educação Autóctone

Tradicional Macua e o Ensino Básico em Moçambique. Tese de Doutoramento Em Educação,


Pontifícia Universidade Católica. São Paulo, 2002.

BRAÇO, A. Educação pelos Ritos de Iniciado: Contribuição da Tradição Cultural Ma-sena ao


Currículo Formal das Escolas em Moçambique. Dissertação de Mestrado em Educação, São
Paulo, 2008.

COCHO, Estevão, ROMBE, Maria. Eu e a natureza-6a classe. Longman. P 74-75.2012.

CORSARO, William A. A reprodução Interpretativa No Brincar Ao “ faz de Conta” das


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COLONNA, Elena. “Eu É Que Fico Com A minha Irmã”. Vida Quotidiana Das Crianças Na
Periferia De Maputo, tese de Doutoramento, Janeiro 2012.

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