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Índice

1. Introdução .................................................................................................... 1
2. Fundamentação Teórica .............................................................................. 2
3. CASAMENTO TRADICIONAL, CIVIL E RELIGIOSO EM ANGOLA ............ 3
4. Conclusão .................................................................................................. 10
5. Referências Bibliográficas ......................................................................... 11
CASAMENTO TRADICIONAL, CIVIL E RELIGIOSO

1. Introdução

Neste presente trabalho irei abordar sobre o casamento no tradicional,


civil e religioso podemos afirmar que Cada povo tem a sua história este é
elemento integrante da sua existência; todo povo necessita de ter consciência
e conhecimento das suas imagens. Elas são importantes, pois sem raízes não
há vida.

No direito romano distinguia-se o casamento do simples concubinato


pela afetivo maritais, elemento subjetivo que evidenciava o propósito comum
de convivência duradoura entre o homem e a mulher.

Era pois um ato voluntário que começou com vontade dos 2 e poderia
terminar com o repúdio universal ou bilateral é muito parecido com a figura da
união de facto.

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CASAMENTO TRADICIONAL, CIVIL E RELIGIOSO

2. Fundamentação Teórica

Evolução Histórica do Casamento

Podemos definir o casamento, seja ele religioso, civil ou costumeiro


(tradicional;

alembamento), como uma das instituições mais antigas oriundas do costume.


Esta prática é por norma incentivada por um direito ou dever moral, religioso ou
por dignidade. Para alguns cidadãos, o casamento é uma das condições para
obter alguns direitos dentro de uma comunidade, de um estado ou de país.

Segundo a definição de Santos, 12 “a palavra casamento derivou da


palavra casa, que em latim significa: cabana tenda, prédio rústico, pequena
quinta. É a união de duas pessoas de sexos diferentes, que vão viver juntos
numa casa”.

Outros vocábulos empregues como sinônimo de casamento ou


matrimônio são os termos núpcias e consórcio. Núpcias é a tradução literal de
nuptiae, do verbo nubere, que significa cobrir-se, tapar-se. Consórcio é a
conjugação de cum (com) mais sors (sorte), ao casarem partilham de uma
sorte comum. “O termo casamento designa também, a situação jurídica
resultante do ato”.

Para o prof. Doutor Diogo Leite Campos14, “o casamento é uma


parceria para toda a vida, uma comunidade conjugal de vida, plena, completa,
total, exclusiva, indissolúvel, que transforma os cônjuges numa só carne, em
todos os aspetos do seu ser e da sua vida”.

As pessoas que casam entre si são comumente chamadas de cônjuges


passando a ser identificados por marido e mulher ou, esposo e esposa. O
casamento é um processo jurídico e, descontínuo que tira por si mesmo, em
cada caso individual os seus limites e possibilidades.

relações de caráter familiar ou para familiar, como a adoção ou a filiação


natural (arts. 1847.º,1910.º nova red), ilegítima ou extramatrimonial, à margem
do casamento. Mas não há família ou sociedade familiar fora do matrimônio.

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3. CASAMENTO TRADICIONAL, CIVIL E RELIGIOSO EM ANGOLA

O Alambamento

A forma de celebração este evento depende muito da tradição dos pais


da noiva, logo depende também da regiam de Angola de que são oriundos,
pois cada regiam tem a sua cultura e maneira de realizar estas cerimonias.

O mesmo consiste num conjunto de mercadorias e de presentes que o


noivo dá por contrato, sendo visto como símbolo de casamento, prêmio aos
familiares da noiva como indenização pelos gastos feitos com ela desde o seu
nascimento até ao dia do casamento, uma vez que foi essa família que a
gestou e criou.

O alambamento se traduz num estímulo às virtudes no seio das famílias


angolanas, estando em jogo não apenas a formação de uma nova família, mas
acima de tudo o estabelecimento de uma aliança pública entre as duas
famílias.

Bens ofertados são constituídos basicamente por:

 Dois panos, um para a mãe da noiva e outro para a tia (trata-se da tia
paterna);
 Um terno completo (calça, camisa, colete, gravata, paletó, sapato) para
o pai da noiva, alguns engradados de refrigerante e/ou cerveja (que
variam de 7 a 14 engradados),
 Dois lenços de cabeça para cada uma das avós, um “petromax” (tipo de
lamparina), um sobretudo (chamado “Casacão”) para o tio materno.
 Uma garrafa de maruvo (vinho de palma),

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CASAMENTO TRADICIONAL, CIVIL E RELIGIOSO

 Vinho comum, galinhas, algumas garrafas de whisky, uma esteira,


um cobertor, lenço de bolso, uma agulha de cozer roupa um litro
de petróleo, dequeso.

É entregue ainda uma soma em dinheiro que é definida em função do


estatuto social, das famílias dentro da comunidade.

A lista dos bens é entregue aos emissários, que a fazem chegar aos
restantes membros da família, sendo esses bens levados na altura
da cerimonia, se salientado que o não cumprimento pode acarretar no
rompimento do acordo firmado.

O dia do Pedido

O noivo vai até à casa da noiva. À entrada do quintal, as tias da rapariga


espalham panos, que o noivo terá de pisar até chegar ao local designado para
a leitura da carta. Na verdade, nem todas são tias. Há algumas vizinhas que
aproveitam a boleia. Em cada pano tem de deixar notas de dólar ou kwanzas.
Quanto maior o valor, melhor, mas não é proibido usar notas pequenas.
Depende apenas das posses do noivo e da vontade que tem de impressionar a
família da noiva.

Durante este tempo, a noiva está escondida. As tias negoceiam com o


noivo o valor que ele terá de pagar para elas trazerem a rapariga às costas.
Depois de tudo acertado, trazem a noiva e lê-se o pedido. Tudo é conferido,
não vá o noivo ter faltado à palavra e ter-se esquecido de trazer um ou outro
lenço. Se faltar alguma coisa ao acordado, o pedido é rejeitado.

O Casamento Civil

O casamento civil é um contrato entre o estado e duas pessoas


tradicionalmente com o objectivo de constituir família. A definição exata varia
historicamente e entre asculturas, mas na maioria dos países é uma união
socialmente sancionada entre um homem e uma mulher (com ou sem filhos)
mediante comunhão de vida e bens.

As pessoas que se casaram entre si são comumente chamadas de cônjuges


sendo identificados por marido e mulher ou esposo e esposa. Juridicamente, a

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principal consequência do casamento é a situação dos bens passados,


presentes e futuros dos cônjuges, que receberão tratamento diferenciado a
partir do Regime de Bens adotado pelo casal. Independentemente do regime
de bens o casamento civil tem também impacto em outras áreas como a
herança, obrigação de apoio e responsabilidades perante filhos. Temos as
seguintes situações de bens:

 Comunhão total de bens - todos os bens, passados e futuros, pertencem


igualmente a marido e esposa.
 Comunhão parcial de bens - todos os bens adquiridos após o casamento
pertencem igualmente a marido e esposa, mantendo-se os bens
adquiridos antes do casamento (ou então recebidos como herança, a
qualquer tempo) como pertencentes somente ao seu proprietário
original.
 Separação total de bens - não há compartilhamento de bens passados e
futuros, sendo cada um dos nubentes titular único dos bens colocados
em seu nome.
 Participação final dos aqüestos - é um sistema misto, pois enquanto
durar o casamento, cada cônjuge tem a exclusiva administração de seu
patrimônio pessoal. Após a dissolução da sociedade conjugal, apuram-
se os bens de cada cônjuge cabendo a cada um metade dos adquiridos
na constância do casamento

O Casamento Religioso

O terceiro casamento a ser celebrado, o mesmo é realizado numa Igreja


ou num outro local perante um padre. Quando se refere à celebração
de cerimônia em igreja e ao reconhecimento da união pela comunidade
religiosa, é chamado de casamento religioso ou matrimónio.

Um "casamento religioso” é uma celebração em que se estabelece


o vínculo matrimonial segundo as regras de uma determinada religião ou
confissão religiosa.

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O casamento religioso submete-se tão somente às regras da respectiva


religião e não depende, segundo a religião em que se celebra, do seu
reconhecimento pelo Estado ou pela lei civil para ser válido.

A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e estruturada


segundo leis próprias pelo Criador, segundo a Igreja, está ordenada para a
comunhão e o bem dos cônjuges e à geração e educação da prole. Assim, a
finalidade do matrimônio é, em primeiro lugar, a procriação e a educação dos
filhos; em segundo lugar, a ajuda mútua entre os esposos e o remédio da
concupiscência. O Gênesis (1,28) depois de narrar a criação do homem e da
mulher, manifesta a finalidade da criação dos dois sexos: "Crescei e multiplicai-
vos, e enchei a Terra".

Tipos de matrimônios legais em algumas sociedades


Existem vários tipos de matrimônios legalmente existentes em algumas
sociedades e, proibidos por outras.

Monogamia
“Monogamia [do grego monos (um só) e gamos (casamento)] permite
uma só união de uma pessoa com outra de sexo diferente. Trata-se da forma
de união conjugal mais comum no mundo” .
O Estado angolano, salvaguardou o casamento monógamo e aprovou o
casamento em assembleia geral, não só na Constituição da República, no seu
art. 35.º, n.º 1. (família, casamento e filiação) como também na Resolução nº
25/07, de 16 de julho, onde consta no art. 6.º “Casamento”.

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Homossexualidade
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é até aos dias de hoje, o
casamento que mais controversa gera em alguns países africanos. Isto porque
nesses países, a homossexualidade não é bem aceite.

Em Angola, a homossexualidade é um assunto tabu em comparação


com outros países mais desenvolvidos como Portugal, no qual foi aprovado a
Lei Nº 9/2010, de 31 de maio, a lei que permite o casamento entre pessoas do
mesmo sexo conforme art. 1.º “objeto” da presente lei.

Esta visão foi bem patente nas declarações da Ministra da Família de


Angola, que defendeu que “o fenômeno pode meter em risco a matriz africana,
sobretudo no que se refere aos hábitos e costumes das populações.” Por ser
um assunto ainda tabu, a ministra optou por um recuo estratégico na sua
decisão em abordar com profundidade este fenómeno.
Se olharmos para o CFA, nos termos do art. 20.º, “o casamento é a
união voluntária entre um homem e uma mulher excluindo a possibilidade do
casamento entre duas pessoas do mesmo sexo”. Em Angola, o casamento
entre pessoas do mesmo sexo, ainda é um assunto fortemente debatido34. Na
cultura bantu, o casamento tem como maior objetivo a procriação.

Poliandria
Na poliandria existe um matrimônio de uma mulher com vários homens.
Esta é uma forma de celebrar o casamento controversa e pouco aceite em
algumas sociedades.

É um fenómeno que é muito comum nas castas indianas36. “O maior


motivo deste tipo de casamento é o simples facto de que uma família (por parte
da mulher) não conseguecumprir o sistema dotal do matrimônio existente na
cultura indiana”.
Neste país, e ao contrário de muitos outros países e culturas entre elas a
angolana, a família da mulher é que entrega o dote à família do homem.

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Poligamia
A poligamia é definida como “a multiplicidade simultânea de mulheres
para um”.Santos refere que “a poligamia [do grego poli (muitos)] é a união de
uma pessoa com várias pessoas do sexo oposto”. “A poligamia não contradiz,
portanto, a exigência da distribuição equitativa das mulheres, mas apenas
sobrepõe uma regra de distribuição a outra”.
A própria bíblia sagrada diz que o Rei Davi tinha várias mulheres. No
livro de Samuel, capitulo 5, versículo 13, a bíblia diz o seguinte: “Davi tomou
ainda para si concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de
Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas”.

Exogamia

Trata-se de um matrimônio com uma pessoa oriunda de um grupo étnico


diferente, social, ou religioso que um dos nubentes. Este ato é muito comum
em Angola.
Porem, em etnias mais conservadoras como a etnia bacongo, e a etnia
tchoke, contrair o matrimônio com alguém de uma outra etnia pode ser motivo
de desonra familiar.

Segundo Strauss41, “a exogamia possibilita o único meio de manter o grupo


como
grupo, de evitar o fracionamento e a divisão indefinidos que seriam o resultado
da prática dos casamentos consanguíneo”.

Endogâmia
Trata-se de um matrimônio entre pessoas do mesmo grupo étnico. Um
grande exemplo deste tipo de matrimônio são as castas indianas. O casamento
endogâmico, no qual as esposas são consideradas propriedade comum dos
homens do grupo como acontece em algumas castas na Índia.

Incesto
Trata-se de um casamento entre pessoas com o mesmo grau de
parentesco na linha reta e afinidade. Este tipo de matrimônio é bem comum no

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mundo islâmico, e tem como motivo, a preservação das terras e riquezas


familiares.
Strauss ensina-nos que “o incesto nasceu como consequência direta da
troca de

irmãos, não tendo outra explicação”. O casamento por troca é dado em


conexão com o

casamento dos primos cruzados em numerosas sociedades”.

Casamentos Arranjados

Os casamentos arranjados são casamentos no qual os nubentes não


têm livre escolha.Normalmente, os pais, tios, ou avós dos noivos são quem
decide e faz os arranjos doscasamentos. Este tipo de casamento é muito
comum em Angola sendo ele o objecto em estudo (alembamento).

Casamento por Compensação

Entre povos como os africanos, o casamento não é uma simples união


de um homem e uma mulher. É uma aliança entre dois grupos familiares. “Pelo
casamento, a mulher sai do seu grupo de origem e entra no grupo do marido”.

A família da mulher sai prejudicada porque perde uma filha para a


família do homem.

Por este motivo, a família do homem tem que compensar a família da mulher
pela perda de uma filha.

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4. Conclusão

Depois das minhas pesquisas feitas, pude concluir que. que casamento
é um acto que deve ser lidado com muito respeito e responsabilidade visto que
nós iremos escolher aquele que supostamente viverá connosco para o sempre
mas muitas das vezes não é isso que acontece.

Embora com algumas adaptações, próprias do mundo dinâmico em que


vivemos, aconselha-se os jovens a seguirem “a tradição e os bons costumes
de cada região”. “Sigam o procedimento de fazer o alambamento (o pedido) até
o dia do casamento e cumprir com todos rituais de cada etnia, seja umbundu,
kikongo, kimbundu, cokwe e outros, que dignificam a nossa tradição e cultura”.

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5. Referências Bibliográficas

 ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. Rio: Forense, 1977.


 A Família e as situações difíceis. Secretariado Geral do Episcopado. Rei
dos Livros, Lisboa, s/d.
 CAPPARELLI, Júlio César. Manual sobre o Matrimônio no Direito
Canônico. Paulinas, São Paulo, 1999.

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