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Lurdes Serrazina
Resumo. Neste capítulo discute-se o tema da planificação da atividade letiva pelo professor,
assumindo que se trata de um aspeto fundamental no processo de ensino e aprendizagem.
Nele se aborda, com base na literatura, os tipos de planificação que os professores realizam e
as razões porque o fazem. Os modelos de planificação são discutidos a partir do modelo linear
proposto por Tyler nos anos 50 do século passado. Grande parte do capítulo analisa o processo
de planificar em Matemática quando o professor pretende realizar um ensino da matemática
com compreensão, discutindo as vantagens em incluir nessa planificação a antecipação da
atividade dos alunos e da correspondente atividade do professor. O capítulo termina com o
enunciado de um conjunto de orientações para o professor quando planifica.
Palavras chave: tipos de planificação, modelos de planificação, antecipação, atividade dos
alunos, atividade do professor.
Introdução
Planificação é um aspeto importante e muitas vezes pouco apreciado da prática
de ensino, sendo o momento em que os professores tomam decisões que, em
última análise, têm um forte impacto nas oportunidades que os alunos têm para
aprender (Clark & Peterson, 1986, Superfine, 2008). Do ponto de vista das
teorias e métodos da psicologia cognitiva, planificação é entendida como um
conjunto de processos psicológicos básicos nos quais uma pessoa imagina o fu-
turo, considera os meios e os fins, e elabora um quadro para orientar a sua ação
futura. Numa abordagem fenomenológica ou descritiva à investigação sobre
planificação do professor, em que este desempenha um papel importante como
informante ou mesmo como colaborador na pesquisa, a planificação é definida
como “as coisas que os professores fazem quando dizem que estão a planificar”
(Clark & Peterson, 1986, p. 260). Para estes autores, estas duas perspetivas estão
presentes na literatura constituindo o estudo da planificação um desafio, por se
tratar de um processo psicológico e de uma atividade prática.
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(Kilpatrick, Swafford & Findell, 2001). Nesta perspetiva, planificar quer seja
para uma aula, para um ano ou para outro período tem de ser mais que uma
simples rotina. As planificações devem corresponder a um elaborar sobre os tó-
picos que os alunos têm de aprender, desenvolvendo bons percursos para atingir
os objetivos de aprendizagem (Kilpatrick et al., 2001). Uma boa planificação
implica que haja uma cuidadosa investigação sobre o que e o como ensinar
antes que a aula tenha lugar (Smith & Stein, 2011). Assim, é “durante a fase
da planificação que os professores tomam decisões que afetam dramaticamente
o ensino. Decidem o que ensinar, como o vão ensinar, como vão organizar a
sala de aula, que rotinas vão usar, e como vão adaptar o ensino aos seus alunos”
(Fennema & Franke,1992, p. 156).
Como já referido, conceções e crenças dos professores estão presentes nas
suas planificações. Hofman e Brahier (2008), numa análise aos resultados do
TIMSS no Japão e nos Estados Unidos da América (EUA), concluem que os
professores daqueles dois países têm diferentes conceções e crenças e essas estão
espelhadas nas planificações que apresentam. Enquanto os professores japoneses
“veem a matemática como uma relação entre conceitos, factos e procedimentos e
querem que os seus alunos pensem sobre as relações numa diversidade de manei-
ras” (p. 413), os professores americanos “tendem a ver a matemática como um
conjunto de procedimentos e querem que os seus alunos dominem esses proce-
dimentos” (p. 413). Esta diferença nas crenças pode explicar, segundo aqueles
autores, as diferenças encontradas na planificação das aulas, no comportamento
dos professores e nos resultados em matemática. A estrutura da aula nos EUA e
no Japão é diferente (ver Anexo 1) e embora nas duas apareça a apresentação da
informação pelo professor aos alunos, esse conteúdo é muitas vezes apresentado
de modo diferente – nos EUA é muito centrado nas definições e procedimentos
e na sua memorização, no Japão os professores focam-se mais no pensar sobre
as relações entre conceitos, factos e procedimentos, colocando maior ênfase no
pensar sobre os problemas e métodos de resolução do que na solução (Hofman
& Brahier, 2008).
Assim, planificar em educação matemática deve refletir uma completa e
profunda consideração do conteúdo matemático de uma aula e do pensamento
e aprendizagem dos alunos, de modo que o ensino seja usado para desenvolver
a proficiência matemática dos alunos (Kilpatrick et al., 2001). Estes autores
consideram a proficiência matemática composta por cinco vertentes interligadas
e interdependentes relativas a: (i) Compreensão conceptual – compreensão dos
conceitos matemáticos, operações e relações; (ii) Fluência processual – capaci-
dade de usar procedimentos de modo flexível, correto, eficiente e adequado;
(iii) Competência estratégica – capacidade para formular, representar e resolver
problemas matemáticos; (iv) Raciocínio adaptativo – capacidade para pensar
de forma lógica, refletir, explicar e justificar; e (v) Disposição positiva perante a
Planificação do ensino e aprendizagem da Matemática 15
ção não significa encontrar uma forma de resolução, mas identificar e resolver o
máximo de resoluções possível. Acresce que se os professores se colocam no lugar
dos seus alunos enquanto estão a resolver a tarefa, podem antecipar algumas das
estratégias que provavelmente os alunos com diferentes níveis de conhecimento
matemático obterão, ou como alguns alunos interpretarão de modo errado a
situação ou farão algumas confusões.
O’Donnell e Taylor (2007) concluem ainda que a dificuldade sentida, quer
pelos futuros professores quer pelos professores experientes, em antecipar as
respostas dos alunos pode ser devida a vários fatores. No caso dos professores
que fazem ensino direto porque confiam no âmbito e na sequência do que de-
linearam, estão focados na aula e nas suas ações e não se questionam sobre o
sentido que os alunos fazem dela. Outros professores podem ter problemas com
o conteúdo a ensinar e terem dificuldade em compreender as conexões dentro
da disciplina, ou em analisar em detalhe o conteúdo e antecipar as conceções
erradas ou as perguntas dos alunos. Este é um aspeto também abordado por
Shulman (1987) quando refere que os bons professores compreendem “como
uma dada ideia se relaciona com outros ideias dentro do mesmo tema e com
ideias de outros temas” (p. 14).
(2) Planificar tendo em conta as possíveis conceções erradas e problemas, os
quais levam a um alargar do pensamento matemático. Após a seleção das
tarefas, identificar possíveis falhas na sua abordagem ou interpretações
erradas dos alunos é um passo fundamental no alavancar de potenciais
erros. É também importante antecipar como usar esses possíveis erros no
desenrolar da aula, propondo, por exemplo, aos alunos a análise de soluções
incorretas ou erradas, questionando-os se uma dada resolução é correta e
pedindo-lhes posteriormente para analisarem como corrigi-la (Bray, 2013).
Uma vez antecipados na planificação os possíveis erros dos alunos e as for-
mas de lhes responderem, os professores participantes no estudos de O’Donnel
e Taylor (2007) foram capazes de ampliar a aula com ideias matemáticas mais
complexas. Especificamente, a sua predição de possíveis conceções erradas dos
alunos e o planificar para lhes responder levou a modificações e adaptações.
O’Donnell e Taylor (2007) consideram que o modelo por elas proposto não
pode ser usado para todas as aulas, mas deve ser usado em aulas importantes ou
problemáticas, dependendo do professor estar sozinho ou inserido num grupo
de trabalho. Consideram ainda que pode ser um bom instrumento para usar em
programas de formação contínua orientados numa perspetiva de desenvolvimento
profissional dos professores envolvidos. Estes organizados em grupos de trabalho,
podem ter um ambiente propício à partilha de conhecimento sobre o ensino e
o pensamento matemático dos alunos, permitindo a construção de um suporte
social e emocional para lidar com a incerteza (Serrazina & Oliveira, 2010).
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organização prévia que favorecia a ação docente no que diz respeito aos
objetivos, intenções, dificuldades e posterior reflexão sobre a prática
(Souza, 2014, p. 413).
Souza afirma ainda que o seu “estudo evidencia o valor de uma forte atenção
por parte da formação contínua ao planejamento prévio das aulas” (p. 416),
concluindo que quando não é feita esta planificação a dinâmica do dia-a-dia da
escola prejudica as reflexões pós aulas e a possibilidade de uma discussão ampla
e profícua do que se passou na sala de aula.
A concluir
Os problemas que o professor tem de resolver quando planifica dependem de
múltiplos fatores, muitos deles inerentes a cada um, dependendo das suas expe-
riências, ideias e conceções sobre ensinar e aprender Matemática, mas também
da leitura que o professor faz do currículo a implementar e dos conhecimentos
que possui.
Planificar é uma tarefa necessária, mas não é uma tarefa fácil. Este capítulo
tem uma grande incidência na planificação de aulas pois é aí que se colocam
ao professor os grandes desafios. Como se afirma no programa do PFCM a
planificação tem de ter presente as várias componentes curriculares – objetivo
ou objetivos das aulas estritamente ligados aos conteúdos a ensinar, tarefas a
propor aos alunos e papel a desempenhar pelo professor em cada fase da aula,
métodos de trabalho e formas de avaliar as aprendizagens desenvolvidas. Por
outro lado, a planificação de uma aula tem de estar inserida numa planificação
mais geral de modo que esta esteja relacionada com o realizado na aula anterior
e com o que se prevê vir a realizar na aula seguinte.
A ênfase dada neste capítulo à planificação de uma aula prende-se com o
facto que existem aspetos dessa planificação que podem ser novos para alguns
professores e merecem uma reflexão de todos, nomeadamente, a antecipação
que o professor deve fazer das possíveis resoluções dos alunos, das suas possíveis
deficientes interpretações das tarefas e das conceções erradas que pode originar.
Com uma planificação adequada, o professor será capaz de responder de modo
eficiente à grande maioria das questões dos alunos e enfrentar os desafios que
se colocam. Como referem O’Donnell e Taylor (2007) fazer uma planificação
antecipando possíveis situações não é uma tarefa fácil para um professor realizar
de modo individual e sistemático, mas é uma tarefa possível para realizar em
colaboração com os colegas periodicamente.
A terminar, enuncio um conjunto de orientações que, na minha perspetiva,
devem ser tidas em consideração, não necessariamente pela ordem indicada,
quando se planifica, em especial se o objetivo é desenvolver uma aula de ensino
exploratório:
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Esta antecipação é importante não apenas para assegurar que as tarefas são
acessíveis aos alunos, mas também porque ajudam o professor a desenvolver
um plano (ou vários planos) para orquestrar o discurso na sala de aula;
(7) Utilizar os recursos necessários (materiais manipuláveis, instrumentos
de medida, papéis, calculadoras ou computadores) de modo a assegurar que
todos os alunos compreendem o que se pretende com as tarefas. Incluir
também o pensar como esses materiais vão ser disponibilizados aos alunos,
tendo em consideração como eles irão influenciar o seu pensamento, tendo
em conta os objetivos da aula;
(8) Utilizar o questionamento como apoio à aprendizagem dos alunos.
Incluir na planificação o inventário de questões-chave tendo em conta a
aprendizagem esperada. Por exemplo, questões que relacionem o conteúdo
a trabalhar com aprendizagens anteriores. O desafio que se coloca ao pro-
fessor na planificação para o ensino exploratório é o de facilitar e apoiar
a compreensão dos alunos de modo a não restringir as oportunidades de
aprendizagem dos alunos nem condicionar o seu pensamento. Por exemplo,
aquando da planificação os professores devem inventariar perguntas que
orientem os alunos no desenrolar da tarefa, mas sem lhes dar demasiada in-
formação, mantendo o nível cognitivo da tarefa e encorajando-os a explicar
as suas ideias (Maher & Martino, 1992; Moyer & Milewickz, 2002);
(9) Prever que os alunos trabalhem em grupo de modo a poderem discutir
e trocar ideias, mas não esquecer que, de acordo com os objetivos que se
pretendam, deve haver espaço para trabalho individual e em grande grupo;
(10) Identificar tarefas adicionais quer para aprofundar e sistematizar a
aprendizagem dos alunos (no caso dos alunos com mais dificuldades) quer
para a sua extensão (para aqueles alunos que resolvem as tarefas mais rapida-
mente). O professor tem de prever tarefas suplementares que ajudem quer a
consolidar conhecimentos quer a ampliá-los;
(11) Avaliar as aprendizagens dos alunos ao longo da aula. A planificação
deve prever como vai ser feita a avaliação das aprendizagens no final da
aula, normalmente através de uma ou mais questões (orais ou escritas). As
respostas a estas perguntas condicionarão a aula seguinte, influenciando
assim a sua planificação.
Este capítulo foca-se na planificação da atividade letiva e não na sua implemen-
tação nem na posterior reflexão sobre ela. Mas, realizar a planificação da atividade
letiva de acordo com o aqui proposto, implica que, após a sua implementação o
professor realize uma reflexão tendo por base o que estava planificado, inventa-
riando o que correu bem e menos bem e possíveis razões para isso. Esta reflexão
deve acontecer em termos individuais, mas, é desejável que se realize também no
grupo dos professores que pensaram de modo colaborativo a planificação.
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Planificação do ensino e aprendizagem da Matemática 29
Anexo 1
Uma aula típica nos USA (Hofman & Brahier, 2008, p. 413)
1. Revisão do trabalho anterior (muitas vezes verificando o trabalho de casa ou
conduzindo uma “atividade de aquecimento”).
2. Introdução de novo conteúdo (apresentando alguns exemplos de problemas e
demonstrando como resolvê-los).
3. Atribuição de trabalho para os alunos resolverem individualmente de modo
a que pratiquem problemas semelhantes aos resolvidos usando os mesmos
métodos.
4. Verificação das respostas e atribuição de mais problemas para trabalho de casa.
5. Apresentação de outro tipo de problemas ou utilização do resto da aula para
fazer o trabalho de casa.
Aula típica no Japão
6. Revisão da aula anterior (normalmente ligando-a com a presente).
7. Apresentação de um novo problema do dia que os alunos trabalham indivi-
dualmente.
8. Disposição dos alunos em grupos para aprofundar a discussão do problema
enquanto o professor observa os métodos que os alunos utilizaram.
9. Escolha de um ou dois alunos para apresentar as suas resoluções à turma.
10. Condução de uma discussão na turma sobre os métodos, enquanto o professor
sumaria e elabora no que os alunos apresentaram.
11. O professor enfatiza e resume os pontos principais da aula e apresenta um
novo problema para que os alunos pratiquem os métodos discutidos para
resolver o primeiro problema.
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Anexo 2
Componentes do formato de aula em quatro colunas com sugestões de planificação
de perguntas para reflexão do professor (O’Donnell & Taylor, 2007)
Descrição de partes da Atividade do professor Antecipação do pensa- Intervenção: Ações e
tarefa com alocação do mento e da atividade questões antecipadas
tempo do aluno para manter a tarefa
num nível elevado em
termos cognitivos
• Quem é o partici- •Trabalhei eu próprio • Antecipei as con- • Estão as minhas in-
pante principal em a matemática envol- ceções erradas dos tervenções a ajudar os
cada segmento? vida neste problema? alunos bem como as alunos a adquirir os
suas compreensões? conceitos matemáti-
• Têm os alunos seg- • As perguntas que fiz
cos da tarefa?
mentos amplos onde e as afirmações que • Antecipei pelos
são os investigadores formulei ajudam os menos três maneiras • Como as minhas
principais? alunos a compreen- diferentes dos alunos intervenções mantêm
der os conceitos? compreenderem as ou aumentam as
• Estou eu, como
ideias matemáticas exigências de alto
professor, dominan- • Estou a utilizar a
como resposta às nível cognitivo da
do a aula e dirigindo terminologia e a for-
minhas indicações? aula para alguns ou
a maior parte dela? mulação adequada
para todos os alunos?
para ajudar os alunos
• Estou a atribuir
a fazer as conexões
tempo suficiente
necessárias?
aos alunos para
compreenderem e • Estou a dar aos
se envolverem na alunos a informação
atividade em cada necessária e
segmento? suficiente para se
envolverem nesta
atividade?
Uma porção de plano de aula de quatro colunas desenvolvido por um professor
experiente e apresentado no trabalho de O’Donnell & Taylor (2007, p. 276).
O professor introduziu o problema desta maneira: Quantos vocês já organizaram
um local para vender limonada? Hoje vamos ver o que Maria e João fizeram com a
sua venda de limonada. Vamos ler o problema juntos. O professor e os alunos leram o
seguinte problema:
“Maria e João colocaram um stand de limonada no jardim público. Os seus pais
deram-lhe todos os ingredientes para a limonada. Eles vão vender cada copo de limona-
da por 25 cêntimos. Quanto dinheiro farão se venderem 100 copos de limonada? 250
copos? Quantos copos têm de vender para fazerem 100 €? Que regularidade conseguem
descobrir nos dados das vendas?”
Depois de responder a algumas perguntas, o professor propõe que os seus alunos
trabalhem individualmente, primeiro pensem sobre o problema globalmente e depois
tentem diferentes estratégias. Aqui está o segmento seguinte da aula.
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