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Aliança entre grupos

Com o casamento, entre os ovimbundu, a mulher e o homem formam um novo agregado,


reforçam a amizade e a aliança entre famílias, tribos, reinos e amigos. Esta aliança, que se
forma entre os dois grupos familiares, constitui o núcleo das relações profundas das famílias.

Nesta aliança, todos os membros da família colaboram na preservação dos valores culturais e
na garantia da fecundidade e prolongamento do casamento. Os cônjuges ficam valorizados e
são compensados economicamente pelas duas famílias.

O matrimónio dos ovimbundu é uma aliança legítima entre as duas famílias, que une linhagens
sem a intervenção das autoridades. Ambas baseiam-se na união, firmam um contrato.

O acto não diz só respeito a uma pessoa, ao rapaz ou à rapariga, compromete as duas famílias
a que pertencem. Os jovens casam-se, juntam-se numa única família, resultante dos dois clãs e
nasce a dimensão comunitária e social.

Na tradição umbundu, a esposa nunca perde a identidade de membro do seu grupo. Mesmo
que o casamento termine, volta à sua família, à qual pertencem também os filhos.

Dentro do grupo do marido, ela conserva e simboliza a presença do seu agregado e certifica a
união de famílias.

Apresentação aos familiares

Depois do jovem manifestar interesse e amor por uma rapariga, a primeira coisa a fazer é levar
isso ao conhecimento dos tios, anunciando o sentimento. Nessa altura não é permitido ter
relações sexuais.

Os tios do rapaz avaliam o comportamento da moça e a sua linhagem familiar.

Depois de chegarem a um acordo familiar, os tios do rapaz dirigem-se aos pais da rapariga,
“batem à porta”, alegando que o seu filho gostou da filha deles e levam um valor monetário,
símbolo de união dos dois.

A partir daquele momento, os pais da jovem levam ao conhecimento da comunidade que a


filha “está ocupada” e aumentam o controlo sobre ela.

Alguns dias depois, os tios da menina enviam uma carta a discriminar os artigos que devem
apresentar como dote (alambamento).

A família do rapaz prepara-se, marca a data do encontro com a contraparte, munidos, é claro,
dos artigos e do valor monetário exigidos pela família da moça, como dote, que na língua
nacional umbundu se chama “ovilombo”.
Entre estes artigos, há um fato para o pai, outro para a mãe, panos e roupas para as tias, um
litro de aguardente, owalende (caporroto), bebida tradicional, um garrafão de vinho tinto,
quatro ou mais grades de gasosa, igual número de grades de cerveja e tabaco em rama ou
volume de cigarros, com respectiva remessa de fósforos.

À chegada com o dote, salientou Feste Sapalo, a família do pretendente é recebida e acolhida,
com toda dignidade, numa sala, onde estão presentes os familiares da pretendida para
testemunharem a recepção dos artigos entregues pela família do rapaz. No acto da entrega, os
emissários do pretendente, tio e tia, apresentam os parentes que os acompanham, antes de se
proceder à entrega dos artigos, que são conferidos e confirmados pela família da jovem.

Vista a encomenda, o tio indicado da parte da noiva retribui o gesto com parte da bebida
trazida pela família do pretendente a noivo, o que em umbundu significa “okutiula ovolu” (pôr
de volta os pés). Depois disso, seguem-se conversações entre as famílias, pormenorizando os
hábitos e costumes da jovem para, no caso de ocorrer alguma desinteligência, o marido ter
forma de repreender a mulher. Só após ocorre a festa, que dura dois dias, depois da festa, os
casados não dormem juntos, dorme uma noite em casas separadas, e so´na segunda noite,
podem se encontrar, onde o homem deve dar um valor á mulher, bater 3 vezes as palmas e
esperar que a corte de sua mulher o dê permissão de a saudar e daí podem dormir juntos e
viver na mesma casa.

Os casados ficam com duas meninas, que vão ajudar nas lides caseiras, até que a esposa tenha o
primeiro filho.
Já depois de ter dois ou três filhos, os familiares da mulher agradecem a dádiva, com uma junta
de cabritos, fuba e galinha. Ao atribuir os nomes aos filhos, ao homem, segundo o direito
costumeiro, cabe dar o nome do primeiro ao quarto, só depois disso é que a mulher dá aos
demais.
Sempre que falta de um artigo no novo lar, aos tios do noivo é exigido a reposição que está em
falta com dinheiro.
No primeiro ano de casados, os noivos abrem a sua lavra com o apoio dos familiares.
O casamento tradicional na cultura umbundu é constituído por ritos de passagem e um acto
jurídico, que exige diversas formalidades: alembamento, intermediários, testemunhas, contrato,
cortejo, cerimónia de apresentação e festas.

A afeição é um dos pontos principais para um casamento feliz, muitos depois de casados já não
mostram o devido carinho como antes. , O importante no casamento não é a festa que se realiza,
mas o tempo de partilha no casamento.

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