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Pastor Antônio Júnior

O QUE A IGREJA
NÃO TE CONTA
SOBRE DIVÓRCIO
E NOVO CASAMENTO

Uma visão sincera e humana


baseada na palavra de Deus
Editor
Antônio Vicente da Silva Júnior

Assistente de Edição e Revisão


Ralph Diniz

Projeto Gráfico
Marilia Freitas Firmino

Ilustrações
Designed by pch.vector / Freepik

Todas as citações bíblicas foram retiradas da Nova Versão Internacional (NVI).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Antônio Junior
O que a igreja não te conta sobre divórcio e
novo casamento : uma visão sincera e humana baseada
na palavra de Deus / Pastor Antonio Junior. --
1. ed. -- São Sebastião do Paraíso, MG :
Ed. do Autor, 2022.

ISBN 978-65-00-54587-6

1. Bíblia - Ensinamentos 2. Casamento


3. Casamento - Aspectos religiosos 4. Casais -
Conduta de vida 5. Divórcio - Aspectos religiosos -
Cristianismo 6. Relacionamento familiar I. Título.

22-132426 CDD-241.63
Índices para catálogo sistemático:

1. Divórcio : Ensino bíblico : Cristianismo 241.63

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Pastor Antônio Júnior


www.pastorantoniojunior.com.br
www.presentecristão.com.br
@pastorantoniojunior

Obra com registro de direito autoral. Este livro encontra-se registrado pela Câmara Brasileira do
Livro nos termos e normas legais da Lei nº 9.610/1998 dos Direitos Autorais do Brasil. Conforme
determinação legal, uma obra registrada não pode ser plagiada, utilizada, reproduzida ou divulgada
sem a autorização de seu(s) autor(es).
Dedico este livro à minha linda esposa

Thaís
Mulher virtuosa, que me faz ser
um homem melhor a cada dia,
e também uma mãe exemplar,
que ensina os nossos filhos a
seguirem o caminho do Senhor.

Amor, sem você nada disso seria


possível, pois o seu apoio é muito
importante para que eu cumpra o
chamado de Deus. Eu louvo a Ele por
ter unido os nossos propósitos e
nos tornado uma só carne.

Te amo!
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

sumário

PREFÁCIO 6

1. O QUE É UM CASAMENTO DE VERDADE? 10

2. POR QUE DEUS ODEIA O DIVÓRCIO? 26

3. ESTOU PENSANDO EM ME DIVORCIAR. E AGORA? 36

4. ATÉ QUANDO VOCÊ DEVE LUTAR PELO SEU CASAMENTO? 43

5. COMO LIDAR COM O FIM DO CASAMENTO 49

6. COMO CURAR A DOR NA ALMA CAUSADA PELO DIVÓRCIO 53

7. EM QUAIS SITUAÇÕES DEUS PERMITE O DIVÓRCIO? 62

8. O QUE DEUS TEM A DIZER SOBRE O SEU DIVÓRCIO

E O NOVO CASAMENTO 66
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Prefácio

“D
eus odeia o divórcio”. Se você é cristão, com certeza já ouviu
essa frase algumas vezes na vida, não é mesmo? E real-
mente, o Senhor não criou o casamento para que ele fosse
desfeito antes que um dos cônjuges deixasse este mundo e partisse
para a glória. Porém, infelizmente, o que temos visto nos últimos
tempos é um aumento considerável no número de separações. Na
verdade, segundo diversas pesquisas realizadas por universidades
mundo à fora, os casais nunca se divorciaram tanto quanto agora -
inclusive casais cristãos, que conhecem a Palavra de Deus e todos
os Seus propósitos para o matrimônio. Segundo esses dados, cerca
de 50% dos casais se divorciam antes do décimo ano de casamento.

Que o divórcio é um pecado todos nós sabemos. Porém, o que


incomoda e acaba afastando cristãos divorciados da presença de
Deus é a postura da Igreja (e quando digo “Igreja”, falo do corpo
de Cristo, ou seja, liderança e membros) diante da separação de um
casal. Isso porque a quebra da aliança matrimonial é encarada como
algo muito mais grave do que as outras transgressões que um ser
humano possa cometer.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Os pecados da fofoca, da inveja, da fornicação, da pornografia,


da avareza, por exemplo, são tão destrutivos quanto o divórcio e
estão mais presentes na Igreja do que ele, porém, a impressão que dá
é que o fim do casamento não tem perdão e leva ao inferno, enquanto
os outros erros cometidos pelo cristão são encarados como “lutas”,
“dificuldades”, “espinhos na carne” e são perdoáveis por Deus, afinal,
“todos somos falhos e dependemos da misericórdia do Senhor”.

A grande verdade é que o tema divórcio é discriminado pela Igreja


e, por isso, acaba se tornando um tema quase que proibido de ser
discutido entre os cristãos. Não importa se é o diácono que espanca a
esposa dentro de casa, ou se é a líder do ministério de louvor que usa
suas redes sociais para alimentar um relacionamento extraconjugal.
Não se pode falar sobre separação e ponto! Afinal, “o que Deus uniu o
homem não separe”, não é mesmo?

Mas este é um assunto que Deus quer que Seus filhos reflitam, sim!
E esse é o objetivo deste livro. Não tenho a pretensão de normalizar a
separação entre homem e mulher pois, como já disse, isso desagrada
ao Senhor. Porém, é preciso tratar desse assunto de forma madura e
consciente da mesma forma que tratamos outros dilemas da vida.

O que leva um marido ou uma esposa a pensar no divórcio? Que


razões podem ser mais fortes do que a promessa de amar e respeitar
ao outro até que a morte os separe? Será que o casal fez tudo o que
estava ao seu alcance para salvar o relacionamento? E mais: o que
Deus pensa sobre essa quebra de aliança? O Senhor é realmente in-
capaz de perdoar a pessoa que decidiu deixar o cônjuge e condená-la
à eternidade no inferno? E o novo casamento? Será amaldiçoado por
Aquele que é a personificação do que é o amor perfeito? Enfim, essas
e outras questões serão tratadas neste livro como nunca foram tra-
tadas antes.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Como pastor, eu não posso e nem vou te incentivar a renunciar ao


seu casamento. Esse não é o meu papel. Se divorciar é uma decisão
que só cabe a quem vive o relacionamento. Neste livro, eu vou te aju-
dar a identificar os erros você está cometendo no seu casamento e te
apontar caminhos que vão te mostrar a como resolver suas questões
com seu cônjuge e a salvar a sua família. Aqui, vou usar os meus anos
de experiência como conselheiro de casais para te levar a reflexões
importantes que dificilmente a Igreja te levaria.

Mas eu também tenho a obrigação de te mostrar como é a vida


de um cristão divorciado, falar de suas dores, suas angústias e seus
medos. Infelizmente, nem todos os casamentos serão restaurados.
E não é necessariamente a questão de ter ou não ter fé, e sim uma
questão de conduta das pessoas envolvidas. Deus tudo pode, mas
é o homem que nem sempre quer viver conforme a vontade dEle.

Deus também me instruiu a te provar que, apesar de tudo o que a


Igreja prega, existe, sim, vida após o divórcio, desde que seja ao lado
dEle. E mais: nós veremos o que o Senhor pensa sobre um novo ca-
samento e o que é preciso fazer que para esse relacionamento seja
aprovado e abençoado por Ele. Além dos ensinamentos trazidos à
luz da Bíblia, você também encontrará histórias de casais que vence-
ram ou não os problemas conjugais. Todos os casos são reais, porém,
os nomes das pessoas envolvidas foram trocados para não as expor.

Este livro foi escrito pensando nos casais que querem evitar o
divórcio, nas pessoas que estão em dúvida se vale a pena continuar
ou não no relacionamento e, também, nos homens e mulheres que
já colocaram um ponto final no casamento e precisam da ajuda de
Deus para seguir adiante, sem se afastar da presença dEle. Para to-
dos vocês, a mensagem é a seguinte: todos temos direito ao perdão!

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Certa vez, o apóstolo Pedro se aproximou de Jesus e perguntou:


“Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar
contra mim? Até sete vezes?’. E Cristo lhe respondeu assim: ‘Eu lhe digo:
não até sete, mas até setenta vezes sete.” (Mateus 18:21,22)

Por mais que a nossa mente não aceite que alguém possa ser
perdoado “490 vezes” em um dia, o Senhor nos mostra que isso é
possível. Pode até parecer escandaloso aos olhos dos fariseus mo-
dernos, mas isso se chama GRAÇA.

Boa leitura!

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

1.
O que é um casamento
de verdade?

“E
viveram felizes para sempre”. Essa é a frase final de todos os
contos de fadas que são apresentados a nós em nosso tem-
po de criança. O príncipe e a princesa conseguem superar
todos os desafios que impediam o seu romance para, enfim, viverem
a felicidade plena do casamento.

E é por causa de toda essa fantasia dos livros e dos filmes que
garotos e garotas crescem acreditando que o romantismo é a base e
a garantia para um casamento feliz e harmonioso. E se houver uma
casa nova, bem arrumadinha, um carro bonito e duas crianças obe-
dientes e estudiosas, melhor ainda. E no nosso caso, como cristãos,
não podemos nos esquecer de frequentar uma igreja animada aos
domingos, fazer parte de algum ministério e mandar os filhos para a
Escola Bíblica. Aí tudo será lindo de verdade, não é mesmo!?

Tudo isso seria perfeito se não houvesse um único “porém”: esse


tipo de vida não existe! Não passa de fantasia, de uma grande men-
tira contada na nossa infância pelo universo Disney e que hoje é
reforçada pelas revistas, novelas e programas de TV que se dedicam
a mostrar como é (ou finge ser) a vida dos casais famosos. E olha que

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

eu ainda deixei de fora as redes sociais. Basta acessar o perfil de uma


celebridade qualquer que seremos convencidos que ela tem a vida
perfeita, filhos maravilhosos e um cônjuge fabuloso.

Nesses anos como líder espiritual, não foram poucas as vezes em


que ouvi a seguinte frase de jovens apaixonados que estavam apres-
sados em se casar: “Mas a gente se ama e isso basta, pastor!”. E a
minha reposta começa sempre do mesmo jeito: “Não. Só isso não
basta!”. E é impressionante a transformação no semblante da pessoa
que ouve isso de mim. Toda a euforia e expectativa pela minha apro-
vação vão embora em segundos e um silêncio desanimador toma
conta do ambiente.

O romantismo é, sim, algo muito importante no relacionamento


entre um homem e uma mulher. Ele é o ponto de partida para algo que
pode chegar ao matrimônio. Eu não conheço uma pessoa sequer que
tenha pedido alguém em namoro simplesmente porque aquela pessoa
era inteligente, por exemplo. Nenhum rapaz chega em uma moça e
diz “gostei do seu intelecto. Vamos namorar?”. Claro que isso pode ser
uma das razões que atraiam o sexo oposto, mas não é só isso.

Se não houver o ingrediente “paixão” não há casamento. O inte-


resse de um pelo outro pode surgir simplesmente pela forma do ou-
tro ser. Pode nascer através de uma troca de olhares, de um sorriso,
de um toque. E, conforme o casal vai convivendo, vai se envolvendo
emocionalmente e cresce dentro deles o desejo de estar cada vez
mais próximos. E esses sentimentos vão amadurecendo até o ponto
em que eles não conseguem mais enxergar suas vidas sem o outro...
Daí vem o casamento.

E seria muito bom se maridos e esposas conseguissem manter


essa chama acesa após o “sim” diante de Deus por muitos anos,
porque esse clima romântico alimentaria a intimidade e o compa-

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

nheirismo entre os dois de forma com que qualquer problema se


resolvesse sem grandes dificuldades ou embates.

Mas acreditar que a paixão vai manter o casamento vivo por anos
e anos é pura ingenuidade. E quem se casa com essa mentalidade
acaba logo percebendo que nem os desejos mais nobres, as melho-
res circunstâncias, a família perfeita iguais às que os famosos tanto
querem mostrar nas redes sociais, são capazes de garantir um bom
matrimônio.

Em vez do céu na terra, o que vem é frustração diária ou, em


casos mais graves como eu já presenciei diversas vezes, o inferno na
terra. Com isso, muitos maridos se desiludem, caem na real e passam
a viver uma vida de irritação diária. Não são poucos que, por puro
desespero, se jogam no trabalho, buscam refúgio em algum passa-
tempo que não inclua a mulher e os filhos ou buscam consolar suas
dores nos bares e até mesmo prostíbulos.

Ao mesmo tempo, as mulheres se entregam ao desânimo, à de-


pressão e, antes do que possam imaginar, já perderam toda a auto-
estima. Muitas deixam de se cuidar, de se amar, de se enxergar, e
acreditam que seu destino seja cuidar da casa, dos filhos e do ma-
rido. E é nesse momento que ela cai em si e percebe que todas as
histórias de princesas encantadas e castelos que ouviu durante a
infância, não passavam de uma grande mentira.

E assim, tomados pela desilusão, é que o casal vai se suportando


até que a morte (física, espiritual ou emocional) os separe.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Os planos de Deus para o casamento


Deus não criou o casamento para que o ser humano levasse
uma vida frustrada e sem graça. Ele planejava algo muito maior! Na
verdade, o Senhor fez do casamento entre homem e mulher uma
representação do relacionamento que Ele queria ter com os seres
humanos através de Seu Filho Jesus.

Assim como Ele criou uma esposa para Adão, Deus procurou para
Seu Filho uma noiva apropriada: a Igreja. E o Senhor quer que o re-
lacionamento entre homem e mulher dentro de um casamento seja
harmonioso e feliz como deve ser a relação entre Cristo e Sua Igreja.
Foi por isso que o apóstolo Paulo comparou esses dois relaciona-
mentos em sua Carta aos Efésios. Ele disse assim:

“Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o ma-


rido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que
é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita
a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.
Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e en-
tregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo
lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja
gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e incul-
pável. Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como
a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além
do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e
dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros
do seu corpo. ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’. Este é um mistério pro-
fundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja. Portanto, cada um de vocês
também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido
com todo o respeito.” (Efésios 5:22-33)

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Ou seja, Deus criou o casamento com o objetivo de que nós, se-


res humanos, vivamos, experimentemos e pratiquemos em nossos
relacionamentos o mesmo amor, fidelidade, compromisso e intimi-
dade que Cristo tem com a Igreja.

Além do mais, Deus criou o casamento para que os Seus pro-


pósitos pudessem ser cumpridos na vida do ser humano. E isso
fica muito claro quando analisamos o texto de Gênesis 2, que trata
exatamente do momento em que o Senhor criou Eva para ser a
companheira de Adão e definiu como deveria ser a união entre ho-
mem e mulher:

“O Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este


dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a
costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a
trouxe a ele. Disse então o homem: ‘Esta, sim, é osso dos meus ossos e
carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi
tirada’. Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mu-
lher, e eles se tornarão uma só carne.” (Gênesis 2:21-24)

Esse é o verdadeiro DNA do casamento! E é nesta passagem bí-


blica que também vemos os três passos necessários para que um
casamento exista de fato:

1 - O HOMEM DEIXA SEU PAI E SUA MÃE


Para que uma nova família seja estabelecida através do matrimô-
nio, o homem deve deixar o lar onde nasceu e cresceu para cons-
truir o seu, ao lado da esposa. Acontece que a palavra “deixar” nesse
contexto assusta ou confunde muitas pessoas, porque parece que
Deus está ordenando que o homem abandone seus pais e não tenha
mais contato com eles. Mas é claro que isso não é verdade, afinal de
contas, um dos mandamentos que o Senhor deixou foi que todos
deveriam honrar pai e mãe.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Mas então, o que significa deixar pai e mãe e se unir à mulher?


Significa que o marido precisa constituir o seu lar junto com a esposa
para que, assim, possam tomar as próprias decisões e seguir os pró-
prios caminhos sem a interferência de ninguém.

Isso não significa que, aos nos casar, devamos virar as costas para
aqueles que dedicaram boa parte da vida para que pudéssemos ser
quem somos hoje. Não tem a ver com abandonar ou se esquecer das
origens. Nós podemos, sim, recorrer aos sábios conselhos de nossos
pais, porém, não podemos entregar a eles uma responsabilidade que
é só nossa.

Certa vez, eu conheci dois jovens (João Pedro tinha 22 anos e


Alice 20) que tinham acabado de se casar. Eles alugaram um apar-
tamento ao lado da casa dos pais do rapaz, mobiliaram a casa nova
e foram viver a vida deles. Porém, as coisas não caminharam como
deveriam - não porque eles não se amavam mais ou porque perce-
beram que tomaram uma decisão precipitada, mas sim porque o ma-
rido não fez o que está escrito em Gênesis 2 e permitiu que os pais
atrapalhassem o filho na construção daquela nova família.

Me lembro que a mãe do rapaz criticava tudo o que a esposa fazia


para o seu filho. Se a moça tentava fazer um prato diferente para o
jantar, a sogra não aprovava, dizendo que o “menino dela” preferia a
comida A em vez da comida B. Se a nora achava melhor ir ao super-
mercado junto com o marido, a mãe dele a criticava, dizendo que o
filho não gostava de sair para fazer compras e que ela teria que fazer
aquilo sozinha, afinal “ele trabalhava o dia inteiro fora e merecia um
tempo de descanso em casa”. Além disso, toda vez que o casal tinha
uma discussão, a mãe e o pai se intrometiam e, em vez de oferecer
ajuda, queriam resolver as coisas por eles mesmos, do jeito que eles
achavam ser o correto - e é claro que a moça sempre estava errada
e o filho sempre certo.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Três anos se passaram e pouca coisa mudou. Alice tentava con-


versar com o marido, pedia para que ele colocasse um limite nos
pais, porém, João Pedro não a levava a sério. Até que em uma tarde,
cansada de tanta humilhação por parte dos sogros e de falta de um
posicionamento mais firme do marido, a moça decidiu sair de casa e
colocar um ponto final no casamento.

2 - O HOMEM SE UNE À ESPOSA


O casamento simboliza a união de dois indivíduos. E Deus não
quer que essa ligação seja temporária ou superficial, Ele a criou
para que ela durasse para sempre. No hebraico, a palavra que me-
lhor se encaixa nessa união entre marido e mulher significa “gru-
dar-se” ou “colar-se a algo”. E não por acaso, essa mesma palavra
foi usada em 1 Reis 22 para se referir ao ponto que unia as partes
de uma armadura de guerra.

Você já viu como ficam duas peças de ferro depois que a solda
que as ligava é quebrada? Elas jamais voltam a ser as mesmas. E com
o casamento é do mesmo jeito. Quando um homem se une a uma
mulher em matrimônio, Deus os solda de tal maneira que essas duas
peças não se desprendem mais, porém, se forças externas as desco-
lam, elas jamais conseguirão ser o que foram um dia.

Um casal de amigos meus se divorciou depois de 10 anos de ca-


sados. Eles se amavam, mas tinham muitos problemas, sendo que o
maior deles era a dificuldade na comunicação. Não foram poucas as
vezes em que eu fui chamado para tentar ajudar, porém, a separação
foi inevitável. O marido deixou a casa, a esposa e um filho de 5 anos
para trás. E por mais que ele me dissesse que estava mais feliz vivendo
sozinho, sem ninguém para ofendê-lo ou magoá-lo, eu sabia que lá no
fundo ele estava ferido por causa daquela separação. E a esposa, en-
tão, nem se fala. Foi vivenciando a situação pós-divórcio desses amigos

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

que eu pude ver nitidamente a questão da “solda desfeita” e enxerguei


o quanto aquilo machuca as duas partes que foram desunidas.

Poucos meses depois, graças à misericórdia de Deus, eles reata-


ram o casamento, o divórcio foi anulado pela justiça e a família foi
refeita. E Deus, como um soldador experiente, precisou remover os
restos daquela solda antiga que foi destruída. Então, Ele as lixou,
tratou as peças para só depois uni-las novamente com perfeição.

E esse processo também doeu no casal, porque retirar os restos da


solda significa abandonar tudo aquilo que não deu certo, que fez com
que o matrimônio terminasse daquela vez. Restaurar também ma-
chuca, por isso é preciso estar muito certo das consequências quando
se pensa em romper um relacionamento que foi unido por Deus.

3 - ELE E ELA SE TORNAM UMA SÓ CARNE


Esse é o passo mais fácil de entender, porque ele se refere à união
sexual do casal. O que para o mundo é apenas prazer momentâneo,
para Deus é o elo que liga as almas de marido e mulher. O Senhor
criou o sexo para que o casal pudesse encontrar prazer um no outro.
Mas não é só isso. Essa relação faz com que marido e mulher tenham
unidade espiritual e emocional, que fazem com que eles se sintam
mais próximos. A tendência é que, quanto mais sexo um casal pra-
tica, mais unido e mais forte ele fica.

Marta e Jonas tinham 45 anos de idade e 20 de casamento, e


estavam passando pela maior crise matrimonial de suas vidas. De-
pois de algum tempo conversando com eles, procurando saber o que
poderia estar causando todo aquele desentendimento entre os dois,
chegamos à conclusão de que as coisas começaram a piorar quando
a intimidade sexual que tinham começou a enfraquecer.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Não que eles tivessem que resolver todos os problemas que ti-
nham na cama. Não era isso. Só que a distância das almas começou
a interferir em todas as áreas do casamento. Eles já não se enten-
diam mais, não conseguiam manter uma conversa sadia por mais de
10 minutos e nem orar juntos eles oravam mais. Então, eu sugeri
que eles se programassem financeiramente e fizessem uma viagem
romântica, sem os filhos. Eles relutaram um pouco no começo, mas
depois viram que a ideia não era tão ruim assim.

O casal passou uma semana em uma cidade na serra gaúcha e,


quando voltou, parecia que tinham deixado os problemas todos para
trás. E isso não foi mágica. Foi Deus agindo no casamento de Seus fi-
lhos. O Senhor permitiu que eles tivessem um tempo a sós para que
suas almas se unissem de novo. E hoje eles continuam muito bem.

O que um casamento precisa ter para ser


como Deus deseja
Como vimos neste capítulo, Deus criou o casamento para que
ele durasse até o fim da vida de um dos cônjuges. Apesar de todas
as lutas e dificuldades que enfrentamos quando nos unimos à outra
pessoa, a frase “o que Deus uniu, o homem não separe” deve, sim, ser
interpretada literalmente. Porém, muitos matrimônios fracassaram
e continuam fracassando pelo simples motivo de o casal ter deixado
de viver a essência desse relacionamento.

Uma das passagens bíblicas mais conhecidas no mundo inteiro


é a de 1 Coríntios 13, onde o apóstolo Paulo fala sobre as caracte-
rísticas do amor - não exclusivamente sobre o amor entre marido e
mulher, mas também a respeito desse tipo de amor. Ele disse que “o
amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não
se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facil-

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

mente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se
alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
(1 Coríntios 13:4-7)

Ou seja, para sobreviver, um casamento precisa ser leve, pa-


ciente, bem-humorado, compreensivo, perdoador, ter provisão,
fé e bondade. Sem essas condições, o relacionamento adoece e
morre. E não só o casamento, como também todo e qualquer tipo
de relacionamento.

Pense no casamento como se fosse uma dança. Para dar certo,


as duas pessoas precisam treinar e trabalhar juntas. Às vezes, um
dos dois pode tropeçar e pisar no pé do companheiro, mas é neces-
sário perdoar o passo em falso e seguir em frente para que a dança
siga refletindo o amor de um pelo outro. E para que essa “dança”
flua bem e fique cada vez melhor, é necessário que o par abandone
algumas ideias sobre o casamento que são pregadas pela sociedade
como se fossem verdades absolutas. Existem 5 coisas que um casal
precisa ignorar para seguir em frente em seu relacionamento.

1 - A IDEIA DO COMPANHEIRO PERFEITO


Você realmente acha que existe alguém perfeito esperando por
você? Você acha que o príncipe ou a princesa da Disney está a sua
espera no castelo encantado? E se existisse, o que faz você pensar
que ele ou ela queira ficar com você? A vida e os relacionamentos
não são feitos de pessoas perfeitas, e sim de pessoas reais. Deixe de
lado a ideia de “ajeitar” ou “mudar” seu cônjuge e gaste a sua energia
focando naquilo que você ama nele.

2 - A COMPARAÇÃO COM OUTROS CASAIS


As redes sociais são, na minha opinião, as maiores vilãs do ca-
samento quando o assunto é comparação. Sempre tem uma perso-
nalidade famosa ou uma “influencer” que posta fotos e vídeos com

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

o cônjuge perfeito, que sempre dá presentes, anda de mãos dadas


pela rua, leva para jantar em restaurantes finos, faz serenata sob
a luz da lua... Também vemos aqueles que adoram ostentar seus
ótimos empregos, suas viagens maravilhosas, suas manhãs diverti-
das no parque ou na academia. Porém, tudo isso não passa de uma
grande mentira.

Eu conheci uma moça que sonhava em viver uma história de


amor como dos atores Angelina Jolie e Brad Pitt. E ela recusou mui-
tos bons pretendentes porque, aos seus olhos, nenhum deles seria
capaz de dar a ela a vida que o casal de Hollywood tinha. Porém, o
tempo passou, Brad Pitt e Angelina Jolie se divorciaram e a moça
continua sozinha. Por quê? Porque não existe perfeição em casa-
mento nenhum, nem naqueles que parecem ter saído dos livros de
contos de fadas.

Eu sei que é difícil não compararmos nossa relação com a dos ou-
tros. Mas é um exercício necessário para termos um casamento feliz.
E não se trata de se fazer de cego. Pelo contrário, o que precisamos
entender é que por trás do que vemos em outros casais, existe o que
não vemos: eles também se desentendem, discutem, se endividam e
se cobram. Então, foque no seu cônjuge: vocês são únicos e nenhum
relacionamento é igual ao de vocês.

3 - A NECESSIDADE DE SEMPRE TER RAZÃO


Ana e Pedro haviam se casado a pouco mais de um ano quando eu
os conheci. E eles sempre tiveram opiniões diferentes sobre ter ou não
uma televisão no quarto e vivam brigando por causa disso. Ele gostava
de assistir a uma série ou até mesmo uma partida de futebol antes de
dormir, porque isso o relaxava. Já ela não aceitava isso porque acre-
ditava que o quarto do casal deveria ser um ambiente sem esse tipo
de distração. Ela acreditava que aquele local deveria ser usado apenas
para os momentos íntimos dos dois e, é claro, para dormir.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Quem estava certo nessa história? Os dois e nenhum dos dois.


Esse tipo de problema não tem uma resposta certa. E isso é mais
comum do que se imagina dentro dos casamentos. Coisas simples,
que poderiam ser resolvidas com um acordo entre as partes acabam
gerando brigas intermináveis. Em vez de defender a sua opinião com
unhas e dentes, cada um poderia ceder um pouco, como definir um
ou dois dias específicos para a TV e outros dois para o casal, por
exemplo. Afinal, o que é mais importante: ter razão ou ser feliz?

4 - A DIFICULDADE EM DEIXAR O PASSADO NO PASSADO


Não adianta. Se um dos dois se apega aos erros que o outro co-
meteu no passado, o casamento não consegue ir para frente de jeito
nenhum. Em 2012, Vinícius fez uma compra no cartão de crédito
da esposa Aline. Acontece que pouco depois o rapaz ficou desem-
pregado e a mulher teve que assumir a fatura. Contrariada, ela pa-
gou. Três meses depois, ele conseguiu um novo emprego e quitou
a dívida que tinha com a mulher. Acontece que ela nunca superou
aquele episódio e até hoje, 10 anos depois, ela continua trazendo
aquela situação de volta sempre que o casal precisa conversar sobre
a vida financeira.

Entenda uma coisa: se você não consegue perdoar algo que o seu
cônjuge fez no passado, é importante buscar conselho e ajuda para
superar isso. O conflito não significa que você escolheu a pessoa
errada. Ele é uma oportunidade de crescimento. É um convite para
você se tornar um marido ou esposa melhor.

5 - A ILUSÃO DE QUE TER FILHOS VAI MELHORAR O RELACIONAMENTO


Infelizmente, tenho visto muitos casais que têm colocado nos fi-
lhos a esperança de que o relacionamento entre os dois melhore.
Além de jogar na criança uma responsabilidade que não é dela, essa
ideia desvaloriza o filho, fazendo dele um mero instrumento para
melhorar a relação. E mais: é bem provável que a chegada de uma

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

criança “atrapalhe” o casamento, principalmente nos primeiros anos.


Serão noites de sono a menos, contas a mais para pagar, etc. Toda a
atenção que um poderia dar ao outro antes de os dois se tornarem
três, terá que ser dividida com o novo integrante da família. Ou seja,
tire a ilusão de que ter filhos vai melhorar o relacionamento!

Me entenda bem: filhos são uma bênção de Deus em nossas vi-


das, mas eles não podem assumir uma responsabilidade que é so-
mente do homem e da mulher. Quer melhorar o seu relacionamento?
Simplifique a sua agenda e dedique um tempo para vocês dois, nem
que seja uma ida ao mercado ou assistir o episódio de uma série que
os dois gostem. O importante é estar juntos.

O seu casamento precisa depender


totalmente de Deus
Se você deseja ter um casamento feliz, saudável e, acima de tudo,
abençoado, ele precisa ser guiado pelo Espírito Santo, como Jesus
também foi. “Mas como assim, pastor? Jesus foi guiado? Logo Ele, o
Deus que se fez homem e viveu na Terra sem nunca ter cometido
uma falha sequer?” Sim. E a Bíblia mostra que isso aconteceu pouco
antes de Ele seguir para o deserto, onde jejuou por 40 dias e enfren-
tou Satanás. Veja o que a Bíblia diz:

“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espí-
rito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo diabo. Não
comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome.” (Lucas 4:1,2)

A vida de Jesus foi moldada e guiada pelo Espírito Santo, mos-


trando que Ele não tinha nada que fosse de Sua iniciativa. Por mais
poderoso que fosse, Cristo viveu obediente do Pai o tempo todo.
Pra quê? Para nos mostrar que a vida do cristão, em todas as áreas,

23
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

precisa ser baseada na humildade e na dependência de Deus - inclu-


sive no casamento.

E se Cristo precisou se submeter à orientação do Espírito, com


certeza nós também precisamos. Há ocasiões em que eu luto para
saber o que minha esposa necessita. A Thaís é muito diferente de
mim e, em algumas situações, o meu medo de fazer algo que a de-
sagrade me impede de oferecer o que ela precisa. E nesses anos de
casados, não foram poucas as vezes em que eu fiquei sem saber o
que fazer. É aí que eu preciso pedir a direção de Deus. Eu preciso
ser guiado pelo Espírito Santo. Necessito dEle dia após dia para me
conceder sabedoria e graça, a fim de que eu viva de acordo com Seu
plano de amar minha esposa como Cristo amou a Igreja.

O problema é que, às vezes, eu costumo me esquecer da orienta-


ção de Deus e tento resolver as coisas do meu próprio jeito. Eu faço
de tudo para evitar conflitos com a Thaís, aposto minhas fichas na mi-
nha “sabedoria” e acabo agindo sozinho em vez de pedir ajuda ao Cria-
dor do casamento. E quando faço isso, acabo provocando uma grande
confusão. Mas Deus, porém, tem sido muito misericordioso e quando
O busco de todo o meu coração, Ele me responde e me mostra o que
eu deveria ter feito desde o início e, aos poucos, tudo se resolve.

E eu não estou te dizendo tudo isso para mostrar que o meu


casamento é melhor que o seu ou de qualquer outra pessoa. Nós
enfrentamos muitos problemas, temos muitas lutas. Somos pessoas
completamente diferentes e sozinhos ficaria praticamente impossí-
vel esse relacionamento dar certo. Mas tanto eu quanto ela decidi-
mos, todos os dias, viver debaixo da dependência do Senhor e Ele
tem nos ajudados a nos tornar companheiros melhores um para o
outro. Eu costumo uma frase muito verdadeira: “Um casamento per-
feito é feito de duas pessoas imperfeitas que se recusam a desistir
uma da outra”.

24
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

2.
Por que Deus odeia
o divórcio?

O
divórcio é o rompimento definitivo do vínculo do casamento,
ou seja, a quebra da aliança que o casal firmou entre si e com o
Senhor. Deus espera que o homem e a mulher que decidiram se
casar permaneçam assim até que a morte separe um do outro. Por
meio do profeta Malaquias, Ele nos faz a seguinte afirmação:

“O Senhor é testemunha entre você e a mulher da sua mocidade, pois


você não cumpriu a sua promessa de fidelidade, embora ela fosse a sua
companheira, a mulher do seu acordo matrimonial. Não foi o Senhor
que os fez um só? Em corpo e em espírito eles lhe pertencem. E por que
um só? Porque ele desejava uma descendência consagrada. Portanto, te-
nham cuidado: Ninguém seja infiel à mulher da sua mocidade. ‘Eu odeio
o divórcio’, diz o Senhor, o Deus de Israel.” (Malaquias 2:14-16)

Muitos acreditam que os textos bíblicos como esse de Malaquias


2 que falam sobre o divórcio não podem ser aplicados nos dias de
hoje, uma vez que a sociedade “evoluiu” nos últimos séculos e per-
manecer em um casamento ou não, cabe apenas às pessoas que
estão envolvidas nele, afinal, “todos têm a liberdade de escolha e
direito à felicidade”.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Porém, isso está muito longe de ser verdade. Quando Deus falou
com Moisés sobre quem Ele era de fato, usou a seguinte expressão:
“Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3:14). Ali, naquele momento, o Senhor não
apenas estava dizendo que era o Deus Todo Poderoso, como também
estava afirmando a sua imutabilidade, ou seja, Ele É quem Ele É e isso
jamais vai mudar. O Seu Ser, Seus atributos, Seus propósitos e Suas pro-
messas jamais sofrem qualquer tipo de mudança, passe o tempo que
passar. Em Malaquias 3:6 está escrito: “De fato, Eu, o Senhor, não mudo.”

Então, não é porque a sociedade se modernizou e “evoluiu” que


os pensamentos do Senhor têm que se adequar à nova realidade
do ser humano. Ele é o Criador, não nós. Ele faz as regras; nós as
cumprimos. Então, o texto de Malaquias 2 ainda define e sempre vai
definir muito bem o que Deus pensa sobre o divórcio e não há nada
nem ninguém que possa mudar isso.

E você pode estar se perguntando agora do porquê de Deus


odiar o divórcio. E a resposta vai além da questão que já tratamos a
respeito da quebra da aliança: o fim de um casamento demonstra a
incapacidade que um tem de amar o outro, mesmo depois de terem
jurado perante o Senhor que eles permaneceriam juntos na alegria
e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, se
amando, se respeitando e sendo fiel em todos os dias de suas vidas,
até que a morte os separasse.

E por que isso acontece? Por que a aliança que deveria durar até
o nosso último suspirar se rompe? Basicamente porque não compre-
endemos o propósito de Deus no casamento, que é amar ao outro
apesar de quem ele é, da mesma forma que Cristo ama a Igreja ape-
sar de quem ela é - falha, fraca e pecadora.

Vamos a um exemplo prático do que isso quer dizer. Marcos e


Cláudia chegaram até mim em um momento muito delicado no ca-

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

samento. Assim como qualquer outro casal apaixonado que está co-
meçando um relacionamento, eles acreditaram (de modo imaturo,
talvez) que tudo o que sentiam de bom um pelo outro seria capaz de
superar as pequenas diferenças entre eles.

Porém, conforme o tempo foi passando e a rotina passou a fazer


parte da vida dos dois, o casal começou a perceber que a coisa não
era tão simples quanto parecia no começo do namoro. E as diferen-
ças passaram a parecer maiores a cada dia: o humor, a criação, o es-
tilo de vida, os gostos, os projetos, a forma com que cada um lidava
com as finanças, etc.

Até aí, tudo bem. Todos nós passamos por esse “choque de re-
alidade” que o casamento nos dá. O grande problema do casal foi
investir todos os seus esforços em mudar o outro, “não mudar pelo
outro”. Cláudia queria que Marcos fizesse as coisas do jeito dela, e
Marcos achava que a esposa tinha que se tornar a sua imagem e se-
melhança. Por quê? Porque ambos achavam que o relacionamento
fluiria melhor se as coisas acontecessem do jeito que cada um jul-
gava ser melhor.

Em vez de serem parceiros, eles se tornaram educadores um do


outro. Porém, nenhum dos dois estava disposto a “aprender” o que
o cônjuge tinha a “ensinar”. A teimosia do casal foi se transformando
em uma grande rivalidade e toda aquela paixão do início do relacio-
namento foi perdendo a intensidade, as juras de amor deram lugar
às ofensas e as palavras ao pé do ouvido deixaram de existir diante
de tantos gritos. Enfim, a situação ficou tão ruim a ponto de eles
pensarem na separação.

Em um encontro que tive com Marcos, ele chegou a afirmar que


seria melhor que cada um seguisse o seu caminho e encontrasse
alguém mais “compatível”, que fosse capaz de fazer o outro feliz de

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

verdade. E sabe qual foi a minha reação depois dessa fala? Eu come-
cei a rir. Mas não um riso de deboche e deixei isso bem claro para
aquele rapaz. Eu ri porque as pessoas acham que precisam ser 100%
compatíveis para terem um casamento feliz.

A verdade é que, se o ser humano precisasse ser perfeito para


manter um casamento, todos nós estaríamos divorciados. O grande
segredo que Deus quer nos ensinar é que nós não temos que ser a
imagem e semelhança do nosso cônjuge, mas, sim, buscarmos ser
cada dia mais parecidos com Cristo, porque somente assim conse-
guiremos amar ao outro como Ele amou a Igreja.

Depois dessa primeira conversa a sós com Marcos, eu me reuni


com o casal e expliquei toda essa dinâmica do casamento segundo
a vontade de Deus. Eles ouviram, buscaram melhorar e, hoje, graças
à bondade do nosso Pai, estão vivendo um novo tempo na relação,
cheio de bênçãos e alegria. Marcos e Cláudia acabaram compreen-
dendo a essência de Deus no casamento. Assim como o Senhor nos
ama e não desiste de nós e não muda quando viramos as costas para
Ele, marido e mulher devem amar um ao outro e não desistir do ca-
samento apesar de todas as dificuldades (que não são poucas).

O casamento é uma escola onde devemos aprender a nos rela-


cionar e nos amar. Mas, quando abandonamos a caminhada e nos
recusamos a fazer dar certo, estamos virando as costas não somente
para o cônjuge, mas para Deus - e é isso que Ele odeia. E, além de
interromper o plano do Senhor, o divórcio gera muito sofrimento a
todos os envolvidos e isso entristece muito o coração de Deus.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Deus não passa por cima de nossas decisões


Deus deseja que todos aqueles que estão casados permaneçam as-
sim pelo resto de suas vidas, mas isso não significa que todo casamento
terá um final feliz. Muitos casamentos chegam ao fim, mesmo tendo
começado debaixo da bênção de Deus. E por que isso acontece? É por-
que esta é uma aliança que não depende apenas do Senhor; cabe ao
casal fazer tudo o que está ao seu alcance para resgatar o casamento.
Deus é soberano e poderoso, mas, ao mesmo tempo, é um Ser muito
educado que respeita a vontade das pessoas. Se o casal não quer se
reconciliar, Ele vai se entristecer, mas respeitará aquela decisão.

Se uma pessoa não quer ser transformada, ela não será. Deus não
vai forçar ninguém a permanecer casado e nem exigir que a aliança
que foi firmada com o cônjuge e com Ele no dia do casamento seja
respeitada. A vontade do Senhor é que todos os casais vivam felizes e
que, por mais que haja lutas e dificuldades, que eles trabalhem juntos
e vençam juntos. Mas nem sempre é assim. Nem todos estão dispos-
tos a renunciar ao seu ego, ao seu orgulho e às suas individualidades
para resgatar o matrimônio. E, nesses casos, não lhes resta mais nada
a não ser duas saídas: uma vida infeliz e amargurada ou a separação.

Isso é muito parecido com a questão que envolve a nossa salvação.


Deus deseja que todos nós recebamos Jesus como Senhor e Salvador
de nossas vidas, mas nós sabemos que nem todo mundo quer fazer
isso e, por consequência, não será salvo. Cristo disse assim:

“Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor darei o direito
de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sen-
tei-me com meu Pai em seu trono.” (Apocalipse 3:20,21)

Jesus poderia simplesmente empurrar a porta e entrar, mas Ele só


bate nela e espera, porque a decisão de abrir e O convidar para a entrar

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

deve ser de cada pessoa. No casamento é assim também: o Senhor


está com as bênçãos prontas para entregar ao casal, mas se um deles
não estende a mão para receber aquele presente, Deus não o dá.

A misericórdia de Deus está acima


de qualquer pecado
À luz da Palavra de Deus, se divorciar é pecado e ponto final. E
nós já conversamos sobre os motivos disso. Mas tem uma coisa que
precisa ficar muito clara: Deus odeia o divórcio, não o divorciado!
Alguns religiosos são tão radicais e incompreensíveis em relação ao
assunto que nem parecem que conhecem a Cristo e o Seu manda-
mento de “amar ao próximo como a ti mesmo”. É como se eles nunca
tivessem lido a passagem bíblica em que Jesus salva uma prostituta
que estava prestes a ser apedrejada por causa de seus pecados.
Qual é a diferença entre os pecados daquela mulher para os peca-
dos daqueles fariseus? Qual é a diferença do pecado de quem se
divorciou ou está se divorciando para o pecado de quem aponta o
dedo para essas pessoas?

É triste, mas eu conheci uma mulher de mais ou menos 50 anos


que foi praticamente obrigada pelo seu líder espiritual a permane-
cer casada mesmo sendo agredida fisicamente em casa todos os
dias. Onde estava o amor daquele pastor por aquela ovelha que
tanto sofria? Essas lideranças agem como se Deus fosse um Pai
insensível, que se preocupa mais com as Suas leis do que com os
Seus filhos. Pouco importa se a mulher está morrendo emocional
e fisicamente, o importante é que o mandamento bíblico seja cum-
prido. Mas Deus não é assim. Ele está longe de ter essa impiedade
toda. Como eu disse, Ele é amor e deseja que todos os Seus filhos
amem e sejam amados.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Esse tipo de pensamento, de julgamento, esconde a misericórdia


de Deus e só vem de pessoas que têm alguma teoria bíblica, mas
não conhecem ao Senhor de fato. Entenda uma coisa: é somente
por causa da misericórdia de Deus que não somos consumidos.
O apóstolo Paulo disse em sua Carta aos Romanos que TODOS
pecamos e estamos destituídos da glória de Deus, porém, fomos
justificados gratuitamente por Ele, por meio da redenção que há
em Jesus Cristo. (Romanos 3:23,26).

Você não vai encontrar aqui neste livro nenhuma linha sequer
que apoie o divórcio. Como cristão e líder espiritual de milhões de
pessoas que me acompanham através da internet, eu não tenho esse
direito. Porém, também como cristão e líder espiritual, é meu dever
deixar claro para você que o fato de você querer se separar, estar se
separando ou já ter se separado do seu cônjuge não irá te levar para
o inferno, porque não vai!

E por falar a respeito de se apoiar ou não um divórcio, o que


tenho visto ultimamente são cristãos (inclusive líderes espirituais)
se baseando, sim, na Bíblia para condenar o divórcio, mas, também,
misturando a Palavra do Senhor com sua opinião pessoal que, na
grande maioria das vezes, vem disfarçada de uma falsa doutrina
cristã para apontar o dedo para quem está passando pelo processo
de separação.

Pessoas como aquele pastor que preferia ver sua ovelha apanhar
e ser humilhada pelo marido todos os dias do que estar separada,
vivem debaixo da justificativa de que “estão apenas cumprindo os
mandamentos de Deus”. Alguns, inclusive, chegam a deixar a pes-
soa sob disciplina na igreja, a afastando de seus ministérios. Ou seja,
além de estar passando por um momento doloroso e traumático,
esse irmão ou irmã que está em processo de separação não pode
mais servir na obra de Deus.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Mas reflita um pouco comigo: se a Bíblia diz em Romanos 12:8


que o dom da liderança deve ser exercido com zelo (e zelo significa
cuidado e amor), por que essas pessoas insistem em ser tão duras
em seus julgamentos? Será que só porque elas não se divorciaram,
são melhores ou mais santas do que quem está se separando ou já
se separou? Claro que não! Aos olhos do Senhor, somos todos iguais
- cheios de falhas e defeitos, mas igualmente merecedores do per-
dão e da misericórdia do Pai, graças ao sacrifício de Cristo na cruz.

É meu papel te alertar que o divórcio é terrível e traz consequên-


cias que as pessoas não estão prontas para enfrentar. São problemas
emocionais, financeiros e espirituais que podem deixar feridas por
muitos anos. Porém, essa decisão não pode ser de outra pessoa a
não ser das duas que estão casadas.

No ano passado, Carlos Eduardo veio até mim, dizendo que não
suportava mais a esposa, a frieza dela e as coisas que ela fazia e
que, por isso, iria pedir o divórcio. Eu o ouvi com toda a paciência,
compreendi quais eram os seus motivos e, sinceramente, entendi
um pouco do seu desespero. Qualquer pessoa no lugar dele também
pensaria em se separar. Depois, fui sincero e mostrei que havia duas
opções: a primeira seria a separação, que traria um alívio imediato
a ele, mas teria consequências ruins que todo o divórcio tem; e a
segunda seria a luta pela restauração, que não ia ser nada fácil, mas
que poderia gerar frutos extraordinários no futuro. Depois pergun-
tei o seguinte: “Você ama a sua esposa?”. Ele pensou um pouco e
meio sem graça disse que sim, que a amava. Então, eu o desafiei a
usar o princípio do amor de Deus, que foi resumido pelo apóstolo
Paulo assim:

“Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor
quando ainda éramos pecadores.” (Romanos 5:8)

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Resumindo: o amor de Deus é um amor que não espera ser cor-


respondido. Deus simplesmente ama porque Ele é amor. Carlos,
então, aceitou o desafio, mas oito meses depois, ele chegou à con-
clusão de que não estava dando certo e decidiu pela separação. Eu
lamentei pelo casal, mas respeitei o término.

Se eu não fosse cristão e não conhecesse a Palavra de Deus, eu


provavelmente diria para o Carlos deixar aquela mulher imediata-
mente e ir reconstruir a vida sozinho, longe de alguém que estava
fazendo tão mal a ele. Porém, eu estava ali como servo do Senhor,
falei sobre as consequências de cada decisão e apontei ao rapaz qual
seria o melhor caminho para tentar resolver a situação. A decisão
foi dele. Tentar ajudar a manter aquele casamento a qualquer custo
poderia ser mais prejudicial ainda ao casal.

Hoje, Carlos e a ex-mulher estão tentando seguir suas vidas, con-


tinuam frequentando a igreja (ele em uma, ela em outra) e sabem
que podem contar com Deus para ajudá-los a juntar os cacos do
casamento desfeito. E o fato de saberem que Deus já os perdoou
pelo pecado do divórcio é que faz com que eles consigam ir adiante,
mesmo feridos.

Meu querido irmão e irmã, só Deus sabe quais são os motivos


que estão te levando ou já te levaram ao divórcio. O Senhor sabe
o que aconteceu porque estava lá ao lado de vocês. E Ele lamenta
muito que as coisas tenham chegado ao ponto que chegaram. Não
foi isso que Ele sonhou. Mas tenha calma, porque diferente de mui-
tos religiosos que podem ter surgido em suas vidas, o Senhor não vai
virar as costas para vocês. Os frutos amargos do divórcio terão que
ser colhidos, mas Ele estará lá para lhes ajudar a colher um por um,
se vocês aceitarem a ajuda dEle.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Sabe por quê? Porque Deus está mais preocupado com a sua
vida, com o seu futuro e quer garantir que você não O deixe de fora
das decisões que vai tomar a partir de agora. Por mais que você se
sinta envergonhado ou tenha medo de colocar Jesus no meio do seu
divórcio, é exatamente ali que Ele quer estar. O Senhor pode até não
aprovar a decisão que você está tomando ou já tomou sobre colocar
um ponto final no seu casamento, mas Ele nunca vai deixar de te
amar porque, como nós vimos há pouco, Ele é o amor.

35
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

3.
Estou pensando em me
divorciar. E agora?

“S
erá que Deus ainda tem algum plano pro meu casamento?”.
Eu posso garantir que a grande maioria das pessoas que
tem esse pensamento está passando por problemas no re-
lacionamento e está cogitando (ou vai cogitar) a possibilidade de se
divorciar. E essa voz interior não vai ser calada até que a situação se
resolva - para o bem ou para o mal.

Nos primeiros capítulos deste livro, nós já tratamos sobre o ponto


de vista de Deus a respeito do fim do casamento. Mas, se depois de
tudo isso você continua pensando no divórcio, é hora de começar
a analisar algumas questões muito importantes que vão te ajudar
a definir quais serão os rumos que você vai querer dar a sua união.

E a primeira coisa que você precisa compreender é que toda vez


que você perguntar a Deus a respeito do futuro do seu casamento,
espere pela resposta. Mantenha a calma, porque a Bíblia diz que
“aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam bem alto
como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam”.
(Isaías 40:31)

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Tome muito cuidado com os conselhos que você vai receber


achando que essas pessoas estão sendo usadas por Deus para te
falar alguma coisa, te dar algum sinal - principalmente aquelas que já
passaram pelo divórcio, porque você vai escutar coisas do tipo: “me
divorciar foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida”; “não sei por
que eu não tomei essa decisão antes”, e por aí vai.

E sabendo tudo o que você já sabe a respeito do que Deus pensa


sobre o divórcio, você realmente acha que Ele falaria algo assim para
você? Claro que não! Então, foque no seu problema e evite tomar
para si o que aconteceu na vida do outro, porque as razões que ele
teve para se separar não são as suas razões.

Outra coisa importante a se refletir é: por que você está pen-


sando em se divorciar? Eu já fiz essa pergunta para várias pessoas
que me procuraram dizendo que queriam deixar o marido ou a es-
posa. E em 90% dos casos a resposta sempre tem a ver com o côn-
juge, ou seja, a culpa de tudo o que está acontecendo para que a
pessoa queira deixar a casa e a família nunca é dela.

Em 2020, eu recebi um e-mail de um homem de 40 e poucos anos


com os seguintes dizeres:

“Olá, Pastor Antonio Junior, meu nome é ‘César’ e estou casado


com a ‘Marli’ a 18 anos. Temos dois filhos adolescentes e, de uns
6 meses para cá, tenho pensado muito em me divorciar. Eu amo
a minha mulher, mas algumas atitudes dela estão me tirando do
sério e me desanimando muito. Ela não cuida mais de mim como
cuidava nos primeiros anos de casamento. Ela não se preocupa
mais com a imagem como antigamente. Ela não se arruma, passa
um batom, coloca uma roupa nova. Ela não toma a iniciativa de
nada em relação a nossa vida como casal. A vida dela se resume
à casa e aos filhos, nada mais. Ela vive reclamando que está can-

37
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

sada, desanimada e sem forças. E mais: ela não trabalha fora e,


por isso, eu preciso ser o único responsável por todas as contas
da família. Não aguento mais ela, Pastor, e quero me separar. Me
ajuda, por favor. Deus te abençoe”.

Confesso que eu me assustei um pouco com o teor do e-mail da-


quele marido. Então, eu pedi direção a Deus e lhe enviei a seguinte
resposta:

“Paz do Senhor, ‘César’. Tudo bem? Eu lamento muito que o seu


casamento tenha chegado a esse ponto, meu irmão. Eu entendo
as suas frustrações, mas eu preciso ser muito sincero com você em
um ponto: você acha que tudo o que está acontecendo de ruim na
sua vida conjugal é culpa única e exclusiva da sua esposa? Porque
foi isso que me pareceu lendo o seu e-mail. Das 160 palavras que
você me escreveu, 10 são “ELA”. “Ela não se importa”, “ela não se
cuida”, “ela reclama”, “ela não ajuda a pagar as contas”. Ela, ela e
ela! Mas, e você? Que tipo de marido tem sido para sua mulher?
Você tem a tratado bem? Você tem a ajudado no cuidado com
os filhos e com a casa? Lavou uma louça para que ela pudesse se
sentar um pouco e descansar? Preparou um almoço ou um jantar
especial para ela este ano? A levou para um passeio no cinema,
no shopping ou na praça do seu bairro? Quantas vezes você fez
um elogio a sua companheira? Quantas vezes a agradeceu pelo
fato de sua roupa estar limpa e passada, sua comida estar pronta
na mesa, seus filhos estarem bem na escola? Meu objetivo não
é te diminuir e nem ofender com meus questionamentos. Quero
apenas te mostrar que você está sendo egoísta ao não se colocar
no lugar de sua mulher pelo menos um pouco. Como ela poderia
trabalhar fora se você mesmo disse que a vida dela se resume a
cuidar da sua casa e dos seus filhos? Quer trabalho mais difícil que
esse, meu irmão? Quero te dizer que eu respeito a sua vontade
de se separar, porém, antes de tomar essa decisão, gostaria que

38
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

você refletisse um pouco nas palavras que eu te escrevo neste mo-


mento. Elas podem parecer um pouco duras agora, mas abrirão os
seus olhos para algo que o Senhor quer que você enxergue. Que
Deus te abençoe. Antonio Junior”.

Sinceramente, eu acreditei que esse homem nunca mais me es-


creveria de volta, afinal de contas, eu não disse uma palavra sequer
que ele gostaria de ouvir. Ele queria que eu concordasse com ele a
respeito da sua decisão de se divorciar, mas eu não fiz isso. E, para
a minha surpresa, algumas semanas depois, ele retornou o contato
dizendo que, num primeiro momento havia ficado muito chateado
com a minha resposta, mas que, depois, refletiu sobre todas aquelas
coisas e percebeu que ele tinha uma grande parcela de culpa em
tudo o que estava acontecendo. As últimas notícias que eu tive do
casal é que eles tiraram férias sem os filhos e foram fazer uma se-
gunda lua de mel em Bariloche, na Argentina.

Agora, se tudo realmente parece estar perdido, se você já espe-


rou pela resposta de Deus, filtrou bem os conselhos que recebeu das
pessoas e entendeu que a culpa do seu casamento estar beirando
o fracasso é de vocês dois e, mesmo assim, quer se divorciar, eu te
convido a fazer um exercício mental onde você vai responder 5 per-
guntas a si mesmo antes de tomar qualquer decisão:

1 - EU FIZ TUDO O QUE PUDE PARA SALVAR O MEU CASAMENTO?


Eu sei que você não pode controlar as atitudes do seu cônjuge
ou os seus desejos, mas você fez realmente tudo o que estava ao
seu alcance para trazer cura e esperança? Se não, faça uma lista de
coisas que você poderia fazer e comece a praticá-las. Sempre vale
a pena lutar pelo casamento, mesmo que seus sentimentos digam
que não. Talvez você não saiba, mas um divórcio quase sempre
pode ser impedido se você colocar sua esperança em Deus e ir em
busca de soluções.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

2 - ESTOU SEGUINDO OS MEUS SENTIMENTOS OU MINHA FÉ?


Os sentimentos enganam e, em muitos casos de divórcio, as pes-
soas estão indo atrás da ilusão da “felicidade” em vez de acreditarem
no plano que Deus tem para elas. Por isso, tenha cuidado com as
emoções, pois elas nem sempre nos apontam o melhor caminho. É
por isso que o profeta Jeremias disse que “enganoso é o coração, mais
do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jeremias 17:9).

3 - O DIVÓRCIO É A MELHOR OPÇÃO QUE EU TENHO?


Em casos em que se perde a confiança no cônjuge por causa de
um adultério ou devido a uma agressão física, a única opção lógica
que enxergamos é o divórcio. Porém, na maioria dos casos, o casa-
mento termina por coisas muito menores, que poderiam ser resol-
vidas sem que o casal se separe. Meus pais estão casados a mais de
40 anos e eles não estão juntos até hoje porque tiveram uma vida
perfeita, sem problemas. Eles continuam juntos porque decidiram
batalhar juntos para resolver as situações adversas que surgiam du-
rante a caminhada. Motivos para deixar o outro sempre vão surgir,
mas será que essa é a melhor opção mesmo?

4 - QUEM SÃO AS MINHAS MAIORES INFLUÊNCIAS HOJE?


Lembra de quando eu falei a respeito das pessoas que estão nos
aconselhando sobre terminar ou não o casamento? Quando você
está em um estado delicado assim, as pessoas que te apoiam são
muito importantes e elas terão uma grande influência nas suas de-
cisões. Os melhores conselhos que você receberá virão das pessoas
que te amam, que amam o seu cônjuge e amam a Deus. Ouça o seu
pastor, aquele padrinho ou aquela madrinha de casamento que faz
tanta questão de vocês dois. Você também pode buscar apoio de um
psicólogo especializado em relacionamentos entre marido e mulher.
A terapia pode, sim, salvar o seu casamento. Não tenha preconceito,
porque Deus tem levantado muitos profissionais na área da psicolo-
gia para ajudar Seus filhos a lidar com problemas graves como esse.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

5 - ESTOU DISPOSTO A FICAR SOZINHO PELO RESTO DA VIDA?


Muitas pessoas se divorciam com a ideia de que, no futuro, en-
contrarão o grande amor da vida, alguém que será e fará tudo aquilo
que o ex-cônjuge nunca foi capaz de ser e fazer. Mas essa é uma
grande ilusão. É claro que existem aquelas pessoas que têm um se-
gundo casamento muito melhor do que o primeiro. Porém, isso não é
regra; é exceção. O estudo de uma universidade dos Estados Unidos
apontou que o número de divórcios no segundo casamento é 70%
maior se comparado ao do primeiro casamento. E isso acontece por-
que as pessoas acabam se decepcionando quando se deparam com a
realidade de que todo relacionamento passa por crises e lutas.

Então, se você não está disposto a terminar a vida sem alguém ao


seu lado, pense um pouco mais sobre qual é a sua motivação para se
divorciar. Se você encarar o divórcio como uma oportunidade para
achar alguém que irá gostar de você e fazer todas as coisas que seu
cônjuge não está fazendo, então acho melhor você ficar e corrigir
seu próprio casamento. Se a grama do vizinho parece ser mais verde,
você não precisa ir até lá experimentá-la, você só precisa ficar em
casa e regar a sua própria grama.

Entenda uma coisa muito importante: o divórcio é uma das deci-


sões mais difíceis e tristes que um casal pode tomar. Não é algo que
deva ser decidido da noite para o dia.

Infelizmente muitas pessoas estão em crise no casamento e isso


as deixam desesperadas, exaustas, se sentindo sozinhas. Eu posso
imaginar o quanto deve ser difícil saber que o sonho do “felizes
para sempre” está cada vez mais distante, e sei que no meio de
toda essa dor e confusão fica quase impossível pensar em quais
são os próximos passos a dar.

41
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

As pessoas que escolhem se divorciar, muitas vezes já vem su-


portando anos de frustração e desgaste. Mas o problema é que jus-
tamente quando estamos dessa maneira que fazemos nossas piores
escolhas. Por isso, eu espero que estas perguntas possam ajudá-lo a
tomar sua decisão com mais clareza.

Deus pode mudar os pensamentos, palavras e atitudes de qual-


quer pessoa que se coloca em Suas mãos. Este é o maior milagre do
Senhor, portanto, confie nEle, pois Ele pode fazer infinitamente mais
em vocês e por vocês! Em Efésios 3, está escrito assim:

“Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que


pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele
seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo
o sempre! Amém!” (Efésios 3:20,21)

42
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

4.
Até quando você deve
lutar pelo seu
casamento?

“L
imite”. Uma pequena palavra que possui um significado
enorme. Limite é o ponto de capacidade máxima que algo ou
alguém pode suportar. Uma garrafa de dois litros não supor-
ta mais que dois litros de um líquido, caso contrário, ela transborda.
Do mesmo modo, um elevador cujo limite de peso é desrespeitado
pode se desprender de seus cabos de aço e causar um acidente fatal.

E assim como as garrafas, os elevadores e quase tudo nessa vida,


nós também temos os nossos limites - inclusive no casamento. Um
dos desabafos mais comuns que eu recebo de homens e mulheres
que estão insatisfeitos com o seu relacionamento é: “Eu não aguento
mais esse casamento!”.

E ninguém, por mais exagerado que possa ser, diz algo assim por
nada. Quando um cônjuge fala que não aguenta mais o seu casamento
é porque existe algo errado e que permanece errado há muito tempo.
Porém, o que eu costumo dizer a essas pessoas é que nem tudo está
perdido, se elas se apegarem à Palavra de Deus, que nos diz assim:

43
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

“Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens.
E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que
podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um
escape, para que o possam suportar.” (1 Coríntios 10:13)

Eu sei que existem coisas dentro do casamento que nos derrubam


e nos deixam com a cara no pó, mas Deus conhece os nossos limites
e deixa muito claro que estará lá ao nosso lado quando não supor-
tarmos mais. Veja a promessa que Ele fez por meio do profeta Isaías:

“Não tema, pois eu o resgatei; eu o chamei pelo nome; você é meu.


Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; e, quando você
atravessar os rios, eles não o encobrirão. Quando você andar através
do fogo, você não se queimará; as chamas não o deixarão em brasas.”
(Isaías 43:1,2)

Meu objetivo com este livro não é te convencer a permanecer


casado - se é que você já não se divorciou. Eu apenas quero te ajudar
a fazer tudo o que é possível para tentar resgatar o seu relaciona-
mento antes que ele tenha um fim. Como disse no capítulo anterior,
a decisão sobre permanecer casado ou não é única e exclusiva do
casal, porém, o Senhor me levantou para te ajudar a entender até
quando você deve lutar pelo seu relacionamento.

Antes de desistir, se desfaça do que é “velho”


E, para começar, eu gostaria de te propor um exercício mental.
Imagine que o seu guarda-roupas está uma bagunça e você precisa
arrumá-lo, porque não consegue encontrar mais nada lá dentro. En-
tão, qual é a primeira coisa que você faz? Tira tudo de lá de dentro
e dá uma boa olhada nas coisas. Depois, separa o que pode ser re-
aproveitado e, também, aquilo que não cabe mais em você ou está

44
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

tão velho que precisa ser jogado fora imediatamente.

Mas não para por aí. Antes de voltar as coisas ao lugar, é necessá-
rio que você faça uma limpeza dentro do guarda-roupas. Você passa
um pano com algum produto que evite o mofo e o acúmulo de po-
eira. Algumas roupas vão precisar ser lavadas e outras remendadas.
Só depois, com tudo limpo e organizado, as coisas voltam ao seu
devido lugar e você terá um guarda-roupas arrumado.

Eu não sei você, mas eu fico muito indeciso quando vou arrumar
as minhas coisas e acabo tendo muita dificuldade na hora de separar
as coisas que vou ficar e aquelas que vou me desfazer. Nem sempre
é porque uma coisa está velha que nós conseguimos nos desapegar
com facilidade, não é mesmo? Sempre tem aquela camiseta surrada,
mas confortável; aquela meia sem elástico, mas quentinha. Porém,
se você quer ter um guarda-roupas organizado e funcional, você
precisa fazer esse esforço, senão a bagunça vai continuar e, com o
tempo, piorar ainda mais.

Agora vamos trazer essa lógica para o casamento. Quando ele


está bagunçado, não há outra saída a não ser “tirar” tudo o que há
dentro dele e fazer uma verdadeira faxina. O casal terá que aceitar
que algumas coisas precisam ser limpas, lavadas. A sujeira vai pre-
cisar ir embora. Já outras, terão que ser descartadas para sempre,
caso contrário, a situação só vai piorar com o passar do tempo.

E é essa “arrumação” que Deus espera que os cristãos façam em


suas vidas, inclusive no casamento. Em Colossenses 3, a Palavra do
Senhor diz o seguinte:

“Abandonem todas estas coisas: ira, indignação, maldade, maledi-


cência e linguagem indecente no falar. Não mintam uns aos outros, visto

45
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se reves-


tiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem
do seu Criador.” (Colossenses 3:8-10)

Se seu casamento está por um fio, é porque chegou a hora de


você e seu cônjuge jogarem fora tudo aquilo que pertence ao velho
homem. Limpem o “guarda-roupas” de vocês, abandonem os hábitos
ruins, o orgulho, a desconfiança, a indiferença, a irritação, a falta de
sensibilidade e o rancor. Eu sei que as coisas não melhoram do dia
para a noite; eu acompanho alguns casais que estão nesse processo
de “arrumação” a meses. Existem momentos em que eles pensam
em desistir, mas acabam se lembrando dos planos de Deus para o
casamento e para a família e, apesar das lutas e da dificuldade de
se desapegar de uma “peça de roupa velha”, eles continuam traba-
lhando juntos.

Eu não sei o que aconteceu ou está acontecendo com o seu ca-


samento. Também não sei se foi um dos dois que cometeu um erro
grave ou se o relacionamento foi se perdendo aos poucos por pe-
quenos problemas do dia a dia. Porém, uma coisa é certa: a crise no
casamento não se resolve se os dois não estiverem dispostos a tirar
tudo o que precisa ser retirado do guarda-roupas e se desfazerem
das roupas velhas e mofadas, como está escrito em Colossenses 3. É
preciso se despir do que é velho e vestir o que é novo. Mesmo que
o causador de toda a bagunça seja o seu cônjuge, você faz parte do
problema e, por isso, também pode fazer parte da solução.

46
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Antes de desistir, entregue tudo nas mãos de Deus


A Bíblia nos diz que o mundo está nas mãos do Senhor (Salmos
96:10) e que não há absolutamente nada que Ele não possa fazer
(Lucas 1:37). Então, se você acha que não há mais solução para o seu
casamento e está se perguntando até quando você deve lutar por
ele, siga só mais esse passo antes de tomar a sua decisão.

Pare um pouco de lutar com as suas forças e entregue tudo a


Deus. Coloque nas mãos dEle o futuro do seu casamento e Ele
guiará os seus passos. Não tenha vergonha de entregar de volta ao
Pai tudo aquilo que Ele lhes deu e que vocês estragaram. E enquanto
faz isso, tente deixar a mágoa que você sente do seu cônjuge de
lado, pare um pouco de olhar para as feridas que ele te causou até
que o Senhor dê uma definição para essa história, e você poderá se
surpreender! Veja o que o Senhor prometeu:

“Agora vou fazer uma coisa nova, que logo vai acontecer, e, de re-
pente, vocês a verão. Prepararei um caminho no deserto e farei com que
estradas passem em terras secas.” (Isaías 43:19, NTLH)

Tem uma música muito bonita que o Elvis Presley gravou que se
chama “Bridge Over Troubled Water”, que é, na verdade, um louvor
norte-americano onde Deus diz assim: “Estou ao seu lado quando
os tempos ficarem difíceis e os amigos desaparecerem. Como uma
ponte sobre águas turbulentas, Eu me estenderei. Como uma ponte
sobre águas turbulentas, Eu me estenderei”.

Deus pode abrir novos caminhos onde não há caminho nenhum.


Ele pode ser a ponte que vai te levar a um lugar seguro quando você
precisar passar por uma correnteza violenta. Então, sabe até quando
você deve lutar pelo seu casamento? Até quando Deus fizer tudo o
que Ele tiver que fazer para transformar a sua história.

47
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

5.
Como lidar com o fim
do casamento

S
e você não conseguir manter o seu matrimônio mesmo depois
de tentar limpar o “guarda-roupas” do seu casamento e de achar
que não valeu a pena entregar o seu relacionamento nas mãos
de Deus, eu sinto muito. Como vimos desde o início deste livro, essa
não era a vontade do Senhor, mas Ele não vai passar por cima de
uma decisão sua.

Se você e/ou seu cônjuge não estão conseguindo cumprir a Pala-


vra de Deus para o casamento, que diz que o marido deve amar à es-
posa como Cristo ama a Igreja e que a mulher deve honrar o esposo
e ser a sua auxiliadora, é preferível que cada um siga o seu caminho,
com a certeza de que estão cometendo um pecado. Lembrem-se
ainda que, por mais que Jesus ame vocês, os frutos amargos dessa
decisão precisarão ser colhidos no futuro. E mais uma coisa impor-
tante: saia do relacionamento sem ameaças, sem ressentimentos e
sem desejos de vingança no processo de separação e divórcio.

Jeferson decidiu vasculhar um aplicativo de mensagens da Mar-


cela enquanto ela estava no banho e, para sua infelicidade, ele des-

49
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

cobriu que a esposa estava trocando mensagens com teor bastante


íntimo com um rapaz que ela havia conhecido na faculdade. Naquele
momento, o mundo pareceu cair sobre a cabeça daquele marido,
que decidiu se separar da mulher.

Transtornado com tudo o que viu no celular da esposa, Jeferson


passou a contar a história para conhecidos e, em pouco tempo, toda
a igreja já tinha conhecimento do que havia acontecido com aquele
casal. Envergonhada, Marcela parou de frequentar os cultos e ele
acabou se mudando de cidade.

O rapaz quis se vingar da ex-mulher ao tentar sujar a imagem


dela, porém, todo aquele ódio fez com que Jeferson se esquecesse
de um detalhe: a filha adolescente, que acabou sabendo de tudo
da pior forma possível, ou seja, pela boca de terceiros. Hoje a moça
tem 19 anos e precisa de apoio pastoral e psicológico para tratar os
traumas emocionais e espirituais que a sede de vingança do pai para
com a sua mãe lhe causou.

Por mais decepcionado que aquele homem estivesse (nós tam-


bém ficaríamos, não é mesmo!?), ele cometeu um erro muito grave e
acabou ferindo a pessoa mais importante de sua vida: a filha. Se ele
tivesse pensado um pouco mais antes de sair falando das atitudes
da ex-mulher para as pessoas, aquela jovem não teria sofrido tanto
como sofreu e ainda está sofrendo. Ele quis atingir a mulher, mas
atingiu a menina. É por causa de situações como essas que o após-
tolo Paulo nos deixou a seguinte recomendação:

“Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é cor-
reto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com
todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira,
pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor.” (Ro-
manos 12:17-19)

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Portanto, não cabe a você se vingar do seu ex-cônjuge por algo


que ele possa ter feito contra você. Deixe que Deus se encarregue
de exercer o juízo dEle. A natureza da nossa vingança é diferente
da natureza da vingança do Senhor, assim como a nossa ira não tem
nada a ver com a ira dEle.

Em Tiago 1:20, a Bíblia explica que a ira do homem não produz


a justiça de Deus. Isso porque a vingança humana é motivada pelo
ódio, pelo rancor e pela mágoa, enquanto a do Senhor é movida pelo
amor. E essa história do Jefferson me lembra muito a de Sansão, que
depois de ser engando por alguns homens filisteus no dia de seu ca-
samento, decidiu se vingar, destruindo plantações e matando muita
gente (Juízes 15).

Se prestarmos atenção na passagem bíblica, veremos que o de-


sejo de vingança de Sansão acabou prejudicando pessoas inocentes.
Veja o que aconteceu:

“Os filisteus perguntaram: ‘Quem fez isso?’, responderam-lhes: ‘Foi


Sansão, o genro do timnita, porque a sua mulher foi dada ao seu amigo’.
Então os filisteus foram e queimaram a mulher e seu pai.” (Juízes 15:6)

Como cristão, você não tem autorizaçãopara se vingar de nin-


guém, por mais que essa pessoa tenha te traído, te abandonado e
te machucado. Decida agir com amor, deixe o resto com Deus e siga
adiante. Quando a raiva ou o rancor tomar conta do seu coração,
busque ajuda; procure alguém para conversar e para orar por você.
Em Provérbios 15 está escrito que “a resposta calma desvia a fúria”,
então, esteja cercado de pessoas que te estendam a mão e te auxi-
liem durante esse momento difícil.

51
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

6.
Como curar a dor
na alma causada
pelo divórcio

O
primeiro fruto amargo que um casal que se separa costuma co-
lher é a dor da alma, que também pode ser chamada de depres-
são. Dor na alma é uma forma simbólica de expressar problemas
emocionais causados por situações traumáticas, como o divórcio,
por exemplo, e que estão acima de outros tipos de dor.

A dor na alma causa impactos físicos e psicológicos, interferindo


em todas as áreas da vida de uma pessoa. E, diferente de uma dor
em alguma parte do corpo, não há um remédio da farmácia que
possa ser receitado para curá-la. Um médico, por mais competente
que possa ser, não pode curar as feridas causadas pela traição, pela
mentira, pelo abandono e pelo rancor.

Diego, que é recém-divorciado, me contou que sente “uma pro-


funda dor na alma” todas as vezes que fica sabendo que a ex-esposa
está fazendo algo no novo relacionamento que não fazia com ele.
Essa dor é fruto da mágoa que ele carrega dentro de si pelo fato de a
ex-mulher ter seguido a vida e estar feliz com outra pessoa.

53
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Sem querer ferir o pai, o filho do casal acabou comentando sobre


os passeios que faz com a mãe e seu namorado, os presentes que
eles trocam e o tratamento que um tem com o outro nesse novo rela-
cionamento. E todas essas informações abrem ainda mais a ferida na
alma de Diego. Sempre que conversamos sobre o assunto, ele chora
de tristeza ao pensar que, em quase dez anos de casamento, ela nunca
havia se comportado daquela maneira que se comporta agora.

E como consequência dessa dor na alma, Diego é tomado pelo sen-


timento de culpa e tristeza, sofre com baixa autoestima, dorme pouco,
vive cansado, tem dificuldade de pensar e raciocinar, não consegue
prestar atenção em coisas importantes e tem falhas de memória.

O rei Davi não passou por um divórcio, porém, ele também en-
trou em depressão depois de ter sofrido um duro golpe que abalou
profundamente o seu emocional. E toda essa dor na alma foi rela-
tada por ele no Salmo 42, onde ele fez o seguinte questionamento:

“Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim
tão perturbada dentro de mim?” (Salmos 42:5)

Ao ser traído e perseguido pelo próprio filho Absalão, Davi sofreu


tanto que a dor extrapolou o campo dos sentimentos e foi para o seu
físico. Não foi por acaso que ele disse que até os seus ossos sofriam
“agonia mortal” (Salmo 42:10). Mas, Davi sabia qual era o remédio
que precisava para ser curado: a esperança em Deus. No final do
Salmo, ele afirmou:

“Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim
tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois
ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus.” (Salmos 42:11)

54
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Perceba que o rei de Israel sabia o que precisava para se reerguer,


mas ainda não estava curado. Foi por isso que ele disse “pois ainda o
louvarei”, ou seja, no tempo futuro. Isso porque uma ferida na alma
leva tempo para cicatrizar e a dor não vai embora da noite para o dia.
E foi exatamente isso que eu respondi para aquele irmão que foi dei-
xado pela ex-mulher quando ele me perguntou qual era o remédio
para tanta dor: fé em Deus e perseverança.

E mais: é preciso superar a realidade, identificar os erros cometi-


dos, buscar uma mudança de atitude e encontrar um novo sentido
para a vida. E há 7 passos muito importantes que você precisa dar
para ser curado da dor na alma que o divórcio está te causando:

1 - CONVERSE COM ALGUÉM SOBRE OS SEUS SENTIMENTOS


Uma das melhores maneiras de aliviar a sua dor emocional é falar
a respeito do que está sentindo. Seja com um amigo de confiança,
um pastor ou com um psicólogo, expressar o seu sofrimento através
de palavras irá te ajudar a enxergá-lo com maior clareza e, também,
diminuir o peso do fardo que está carregando. Evite sofrer calado e
guardar tudo para si, mesmo que seja uma pessoa reservada, faça
esse esforço pelo seu próprio bem, pois a fala é um dos caminhos
para se chegar à cura.

Mas lembre-se do que falamos anteriormente sobre buscar con-


selhos com alguém que também passou por algo semelhante e que
está com o coração cheio de mágoa e ressentimento. Isso pode pio-
rar ainda mais a sua dor.

2 - ASSUMA A SUA RESPONSABILIDADE, MAS PARE DE SE CULPAR


Assumir sua responsabilidade pela dor que está sentindo é uma
atitude que vai te permitir entender melhor seus sentimentos, as-
sumir o controle e buscar soluções para o seu sofrimento. Porém,
você precisa saber diferenciar responsabilidade de culpa. Enquanto

55
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

a primeira te dá a oportunidade de fazer o que é preciso para sair


dessa situação, a segunda faz com que se mantenha preso ao pas-
sado, sem fazer nada.

Então, escolha enxergar a sua dor na alma como uma consequên-


cia de algo mau, mas que pode se transformar em aprendizado para
um recomeço feliz. Nem sempre precisamos manter a razão; às vezes
é melhor perdê-la para, no futuro, reencontrá-la em outro momento.

3 - ENTENDA O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ


Uma ferida aberta na alma dói muito, eu sei disso. Mas se você
quer ser curado, precisa buscar respostas a respeito dessa dor. O
que está dificultando o fechamento da ferida? É uma mágoa? Um
arrependimento? Um desejo de vingança? Quando consegue iden-
tificar a origem dessa dor, você conquista o direito de encontrar a
cura. Com a ajuda de Deus, você pode trabalhar esse sentimento
ruim, liberar o perdão ao seu ex-cônjuge e ser liberto desse sofri-
mento que está te aprisionando. Sem o perdão, não há paz genuína
e, tampouco, cura interior.

4 - CUIDE DA SUA AUTOESTIMA


Por mais que você possa contar com a ajuda de Deus, de irmãos
em Cristo e de profissionais da área da Psicologia para se curar da
dor na alma, existe algo que apenas você pode fazer por si mesmo: se
amar. E quando eu digo isso, eu não estou te incentivando a ser uma
pessoa egocêntrica, mas sim que reconheça que você tem o seu valor
porque foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-28).

E Davi sabia da importância de se valorizar. Mesmo depois de ter


sofrido com a traição e perseguição pelo próprio filho, ele conseguiu
enxergar quem ele era: um filho de Deus que tinha seus valores e
virtudes. No Salmo 139, o rei de Israel fez a seguinte declaração:

56
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

“Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe.


Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras
são maravilhosas! Disso tenho plena certeza.” (Salmos 139:13,14)

Apenas quando você se ama e se trata com carinho e respeito é


que você consegue ter forças para tirar o rosto do pó, se levantar,
olhar para cima e seguir a diante. Somente assim você conseguirá
superar a dor da alma.

Mas, muito cuidado para não confundir “cuidar da autoestima”


como “exibicionismo”, que nada mais é do que querer provar a si
mesmo e, principalmente aos outros, que está bem melhor sozinho
e está aproveitando a vida como nunca aproveitou antes. Essa é uma
armadilha de Satanás para afastar a pessoa dos caminhos de Deus e,
também, humilhá-la diante dos outros.

Regina saiu arrasada de um casamento de 12 anos. Porém, ela


não teve sabedoria nem apoio para lidar com aquele momento. Na
tentativa de provar para ela mesma, para o ex-marido e para as
demais pessoas que estava feliz, começou a ir para bares e festas,
passou a usar roupas curtas, justas e decotadas e se relacionava ca-
sualmente com qualquer homem que se aproximasse dela - tudo isso
devidamente registrado em suas redes sociais, para que o mundo
inteiro visse que, de acordo com ela mesma, o divórcio foi a melhor
coisa que poderia ter acontecido em sua vida.

Mas a realidade não era aquela. Sempre depois das noites de cur-
tição, vinham as manhãs de solidão, culpa, arrependimento e medo.
E adivinhe: a dor na alma de Regina aumentava cada vez mais, e foi
aí que ela veio até mim em busca de ajuda. E o Senhor me usou para
mostrar a ela que nenhuma maquiagem bem-feita, nenhum acessó-
rio bonito, salto alto ou vestido curto e decotado seriam capazes de
esconder uma alma infeliz. Graças a Deus, ela compreendeu tudo

57
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

aquilo, voltou para a presença do Pai e começou a cuidar do seu


interior. O tempo passou, essa irmã se casou novamente com um
homem muito bom e, juntos, eles servem a Deus em Sua obra.

5| MUDE O QUE PRECISA SER MUDADO


Lilian decidiu deixar Luiz Fernando depois de cinco anos de ca-
samento e o rapaz ficou muito abalado e acabou entrando em de-
pressão profunda. Nas primeiras conversas que tivemos, ele sempre
culpava a ex-mulher pelo fim do relacionamento e, com o passar do
tempo, eu consegui fazer com que ele olhasse para os erros que ele
havia cometido.

Ele era o mantenedor da casa, um pai exemplar, não tinha vícios


e não se envolveu em nenhum tipo de caso extraconjugal, porém,
Luiz era um homem muito ríspido com a mulher e até com o filho
pequeno; ele não tinha paciência com os dois e sempre deixava o
ambiente da casa pesado. Nos últimos meses antes do divórcio, o
casal chegava a brigar três vezes por semana.

Quem aguenta viver em um lar assim, sem paz? E foi por causa
dessa falta de empatia, de amor e de respeito que Lilian decidiu ter-
minar o casamento. E, com muita conversa e paciência, eu ajudei
aquele rapaz a entender quais foram os seus erros e o que ele pre-
cisava mudar em sua personalidade para poder curar sua alma e, no
futuro, tentar recomeçar a sua vida amorosa ao lado de outra mulher
sem aqueles fardos tão pesados que ele levou para o seu casamento
e que acabaram contribuindo para o seu divórcio.

Jesus falou algo interessante sobre a importância de mudar o que


precisa ser mudado:

“Ninguém tira remendo de roupa nova e o costura em roupa velha;


se o fizer, estragará a roupa nova, além do que o remendo da nova não

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

se ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em vasilhas de couro


velhas; se o fizer, o vinho novo rebentará as vasilhas, se derramará,
e as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto
em vasilhas de couro novas. E ninguém, depois de beber o vinho velho,
prefere o novo, pois diz: ‘O vinho velho é melhor’” (Lucas 5:36-39)

Lembre-se: se quiser vencer a dor na alma causada pelo divór-


cio, você precisa refletir sobre a sua vida e identificar o que precisa
ser mudado dentro de você, caso contrário, não conseguirá evoluir
e, mais cedo ou mais tarde, infelizmente, acabará cometendo os
mesmos erros que cometeu no passado.

6 - ENCONTRE UM NOVO SIGNIFICADO PARA A SUA VIDA


Depois de conseguir identificar o que precisa mudar dentro de
si, é hora de encontrar um novo significado para a sua vida, porque
só assim você vai ter motivos para reagir e superar essa dor na
alma. Não é porque você se separou que Deus deixou de ter pla-
nos e sonhos para a sua vida; Ele não te abandonou, apesar do seu
pecado. Então, se apegue ao Senhor, se aproxime dEle e peça para
que o Pai revele ao seu coração tudo aquilo que Ele quer e espera
de você daqui para frente. Eis a promessa de Deus para você:

“Sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor,
‘planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-
-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, virão orar
a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão quando me
procurarem de todo o coração.’” (Jeremias 29:11-13)

Cada um de nós tem um propósito, uma missão aqui na Terra


e, com a ajuda de Deus, você pode descobrir qual é a sua. Tenha a
certeza de que se conscientizar a respeito disso irá te proporcionar
ânimo e motivação para continuar sua caminhada.

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PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

7 - TIRE LIÇÕES DO QUE VOCÊ ESTÁ VIVENDO


Todas as experiências que vivemos têm algum tipo de lição a nos
ensinar e, geralmente, os maiores aprendizados são aqueles que vêm
através da dor. Então, em algum momento, você poderá encontrar
pontos positivos de tudo isso - se não for agora será no futuro. Por
isso, em vez dede se culpar e se perguntar por que isso tinha que
acontecer em sua vida, analise a situação como um todo e, com a
ajuda de Deus, busque aprender com tudo isso como o rei Davi tam-
bém aprendeu. Ele disse:

“O Senhor firma os passos de um homem, quando a conduta deste o


agrada; ainda que tropece, não cairá, pois o Senhor o toma pela mão.”
(Salmos 37:23,24)

Deus está atento a cada passo que damos! Isso significa que nunca
estamos sós. Quando caímos Ele nos ajuda a levantar e nos encoraja
a seguir em frente outra vez. Nenhuma pessoa aprenderá a ser guiada
por Deus sem cometer alguns erros, mas lembre-se de que Deus sabia
deles antes que ocorressem. Deus não se surpreende com os nos-
sos deslizes e falhas. Na verdade, Deus tem todos os dias da nossa
vida escritos no Seu livro antes que cada um deles existisse (Salmos
139:16). Lembre-se de que Deus tem prazer em você e está atento a
cada passo que você dá. Se você cair, Ele te levantará.

Todos os grandes homens e mulheres que admiramos na Bíblia


cometeram erros. Deus não nos escolhe porque somos perfeitos,
mas para que Ele possa se mostrar perfeito através de nós. Ele es-
colhe as coisas fracas e loucas do mundo para impressionar a todos
e mostrar a Sua grandeza (1 Coríntios 1:28,29). Por isso, não aceite
a pressão do inimigo para ser perfeito e nunca cometer erros. To-
dos os dias, faça o seu melhor e confie em Deus para fazer o resto!
Nunca tenha medo dos seus erros, mas em vez disso tenha uma ati-
tude de aprender com eles.

60
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

O fim de um ciclo, por mais doloroso que seja, é uma oportuni-


dade para renascer, recomeçar e fazer diferente. Permita-se ressig-
nificar o que está sentindo e você verá como é possível encontrar
uma luz no final do túnel. Tenha fé e confie no amor e na misericórdia
de Deus, pois, assim como várias outras situações em sua vida, essa
dor irá passar. Acredite, procure ajuda, trate suas dores e permita-se
recomeçar de forma mais plena, positiva e feliz.

61
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

7.
Em quais situações Deus
permite o divórcio?

A
grande maioria dos líderes religiosos que conhecemos declara
que existe apenas uma situação em que o divórcio e um novo
casamento são permitidos por Deus: o adultério. Em Mateus
19, Jesus afirmou que se um dos cônjuges tem relações sexuais fora
do seu matrimônio, o outro tem o direito de se separar e seguir a
vida. Diz assim a Palavra do Senhor:

“Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus para pô-lo à prova. E per-


guntaram-lhe: ‘É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por
qualquer motivo?’ Ele respondeu: ‘Vocês não leram que, no princípio, o
Criador os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem dei-
xará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só
carne? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o
que Deus uniu, ninguém o separe’. Perguntaram eles: ‘Então, por que
Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la em-
bora?’ Jesus respondeu: ‘Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mu-
lheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde
o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher,
exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará co-
metendo adultério’.” (Mateus 19:1-9)

62
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Eu digo que quem aponta a imoralidade sexual como razão jus-


tificável para o divórcio está parcialmente certo, mas esse não é o
único motivo que a Palavra de Deus abre exceção para o fim do
casamento. Existem mais duas razões bíblicas que justificam a sepa-
ração de um casal.

A primeira tem a ver com o abandono do lar. Em 1 Coríntios 7, o


apóstolo Paulo diz que “o marido deve cumprir os seus deveres conju-
gais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu
marido” (1 Coríntios 7:3), porém, se um dos dois decidir abandonar o
outro, aquele que foi abandonado não fica debaixo da servidão, ou
seja, não terá cometido pecado. Se a pessoa decidiu ir embora, você
não pode obrigá-la a ficar. Paulo disse ainda:

“Se o descrente separar-se, que se separe. Em tais casos, o irmão ou a


irmã não fica debaixo de servidão; Deus nos chamou para vivermos em
paz. Você, mulher, como sabe se salvará seu marido? Ou você, marido,
como sabe se salvará sua mulher? Entretanto, cada um continue vivendo
na condição que o Senhor lhe designou e de acordo com o chamado de
Deus. Esta é a minha ordem para todas as igrejas.” (1 Coríntios 7:15-17)

A segunda possibilidade para um divórcio está relacionada com


a passagem de 1 Samuel 21. Neste capítulo, a Bíblia relata que o rei
Davi estava em uma situação muito difícil e, com fome, comeu os
pães consagrados que haviam sido retirados da presença da Arca
da Aliança e haviam sido substituídos por pães quentes. Somente o
sacerdote poderia comer aqueles pães, porém, o Senhor livrou Davi
de um castigo pela desobediência por entender que aquela era uma
situação de vida ou morte.

E você pode estar se perguntando agora: “o que isso tem a ver


com divórcio?”.

63
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Bem, da mesma forma que Deus preferiu ver Davi transgredir


uma regra a vê-lo morrer, o Senhor prefere que o cônjuge deixe o
outro que o agride psicológica e fisicamente do que permanecer
em um casamento abusivo e violento, que pode lhe custar a própria
vida. Deus odeia o divórcio, mas ama a vida de Seus filhos.

Bernadete se casou com um homem que não era cristão. Apai-


xonada, ela achou que conseguiria converter o esposo com o pas-
sar do tempo. Mas isso não aconteceu. E pior: ele começou a se
incomodar com o fato de ela ir à igreja e passou a confrontá-la.
Mais tarde, ele começou a ir para o bar com colegas de trabalho
e se envolver com o álcool. E todas as vezes que chegava em casa
bêbado, ele a agredia - primeiro com palavras, depois fisicamente.

Não foram poucas as vezes em que ela apareceu na igreja com


o olho roxo, o rosto inchado, os braços marcados pela violência
doméstica. Envergonhada, ela sempre inventava uma história para
esconder o que realmente estava acontecendo dentro de sua casa:
perdemos as contas de quantas vezes ela “caiu da escada”, “escor-
regou no banheiro”, “foi atacada por um cachorro na rua” e “caiu
de bicicleta”.

Nós sabíamos o que estava acontecendo com aquela irmã e,


certo dia, com muito cuidado, conversamos sobre tudo aquilo e
ela acabou contando que sofria violência doméstica, mas que não
tinha coragem de deixar o marido por medo da ira de Senhor. Ber-
nadete nasceu em berço cristão, mas cresceu conhecendo apenas
o Deus da justiça, não o Deus do amor. Seus anos em uma igreja
conservadora, que prega mais sobre a tirania do que sobre a mise-
ricórdia, fizeram com que ela acreditasse que deveria manter o seu
casamento a qualquer preço, mesmo que custasse a própria vida.

64
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

Bernadete não precisou se divorciar porque, poucos meses de-


pois o marido morreu de cirrose alcoólica. Ela perdoou o cônjuge por
todas as agressões sofridas, liberou a mágoa em seu coração e hoje
vive feliz, cuidando dos netos e servindo a Deus com alegria.

Porém, se você passa pelo mesmo problema que essa irmã so-
freu, não espere a morte os separar. Saia de casa, procure ajuda da
sua família e da igreja e, se preciso for, vá até a polícia e denuncie o
seu agressor. Lembre-se do quanto a sua vida é preciosa para Deus
e que ninguém tem o direito de te ferir. Veja a declaração de amor
que o Senhor fez para você:

“Diz o Senhor, aquele que o criou, ó Jacó, aquele que o formou, ó Is-
rael: ‘Não tema, pois eu o resgatei; eu o chamei pelo nome; você é meu.
Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; e, quando você
atravessar os rios, eles não o encobrirão. Quando você andar através
do fogo, você não se queimará; as chamas não o deixarão em brasas.
Pois eu sou o Senhor, o seu Deus, o Santo de Israel, o seu Salvador; dou
o Egito como resgate por você, a Etiópia e Sebá em troca de você. Visto
que você é precioso e honrado à minha vista, e porque eu o amo, darei
homens em seu lugar, e nações em troca de sua vida.” (Isaías 43:1-4)

65
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

8.
O que Deus tem a dizer
sobre o seu divórcio e o
novo casamento

Q
uando um cristão se divorcia, uma das primeiras coisas que ele
se pergunta é se aquela decisão foi permitida por Deus e se foi
aprovada por Ele. E é nesse momento que vem a grande ques-
tão, porque “permitir” é bem diferente de “aprovar”.

A permissão de Deus não significa que Ele está aprovando a sua


conduta. Sim, o Senhor permite o divórcio, senão isso não acontece-
ria com ninguém. Certa vez, Jesus disse:

“Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum


deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos
da cabeça de vocês estão todos contados.” (Mateus 10:29,30)

O Senhor tem o poder sobre tudo e sobre todos. Absolutamente


nada acontece sem a permissão dEle. Ele é soberano! Mas existe
algo em Sua personalidade que se chama “vontade permissiva”. Ou
seja, por mais que Ele não concorde com algo que façamos, Ele per-
mite que façamos.

66
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

E uma das maiores ilustrações bíblicas do que é a vontade per-


missiva de Deus está em 1 Samuel, capítulo 8, onde o povo de Is-
rael foi até o profeta e pediu um rei para si. A passagem conta que
Samuel já tinha idade avançada e, por isso, nomeou seus dois filhos
como líderes daquela nação. Porém, os sucessores de Samuel não
eram homens fiéis ao Senhor como o pai, por isso as autoridades
fizeram o seguinte pedido:

“Tu já estás idoso, e teus filhos não andam em teus caminhos; escolhe
agora um rei para que nos lidere, à semelhança das outras nações”. (1
Samuel 8:5)

Samuel ficou muito triste com o pedido, e orou ao Senhor, que


respondeu o seguinte:

“Atenda a tudo o que o povo está lhe pedindo; não foi a você que re-
jeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei. Assim como fizeram comigo
desde o dia em que os tirei do Egito, até hoje, abandonando-me e pres-
tando culto a outros deuses, também estão fazendo com você. Agora
atenda-os; mas advirta-os solenemente e diga-lhes que direitos reivindi-
cará o rei que os governará.” (1 Samuel 8:7-9)

Se fosse apenas pela soberana vontade de Deus, Ele rejeitaria o


pedido dos israelitas e manteria a nação sob o controle do profeta
que havia escolhido. Porém, o Senhor é tão bom e deseja tanto que
as pessoas caminhem com Ele, que criou o livre-arbítrio, que nada
mais é do que a liberdade para o homem escolher o caminho que
deseja seguir.

Foi por isso que, mesmo não sendo da vontade do Senhor, Ele
decidiu atender o pedido do seu povo e escolheu Saul para ser o rei
da nação. Veja o que está escrito:

67
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

“No dia anterior à chegada de Saul, o Senhor havia revelado isto a


Samuel: ‘Amanhã, por volta desta hora, enviarei a você um homem da
terra de Benjamim. Unja-o como líder sobre meu povo Israel; ele libertará
o meu povo das mãos dos filisteus. Atentei para o meu povo, pois seu cla-
mor chegou a mim’. Quando Samuel viu Saul, o Senhor lhe disse: ‘Este é o
homem de quem lhe falei; ele governará o meu povo”. (1 Samuel 9:15-17)

Além de Deus permitir a escolha do Seu povo, Ele ainda prome-


teu abençoar aquele novo sistema de governo, caso os Seus filhos
obedecessem a Sua Palavra.

E quando falamos em divórcio e novo casamento, o princípio é o


mesmo. Deus se entristece com a quebra da aliança entre o casal,
no entanto, Ele não vira as costas para os Seus filhos. Por mais que
essa situação tenha saído dos planos originais dEle, Deus concorda
com o desejo do homem e da mulher, respeita o seu livre-arbítrio e
promete abençoar a sua nova jornada, desde que eles permaneçam
na Sua presença.

Desde a criação do mundo, Deus deseja se relacionar com Seus


filhos como um amigo íntimo, mesmo sabendo que eles continu-
ariam pecadores e cheios de falhas. Foi por isso que Jesus disse:

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos
seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.
Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor
faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi
de meu Pai eu lhes tornei conhecido. Vocês não me escolheram, mas
eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de
que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome.” (João 15:13-16)

Deus deu o rei que o povo de Israel pediu. Ele respeitou a decisão
daquelas pessoas, mas deixou um alerta de que, se eles quisessem ser

68
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

abençoados, deveriam viver em santidade e obediência, caso contrá-


rio, colheriam os frutos amargos da sua decisão. Está escrito assim:

“Aqui está o rei que vocês escolheram, aquele que vocês pediram; o
Senhor deu um rei a vocês. Se vocês temerem, servirem e obedecerem
ao Senhor, e não se rebelarem contra suas ordens, e, se vocês e o rei que
reinar sobre vocês seguirem o Senhor, o seu Deus, tudo lhes irá bem!
Todavia, se vocês desobedecerem ao Senhor e se rebelarem contra o seu
mandamento, sua mão se oporá a vocês da mesma forma como se opôs
aos seus antepassados.” (1 Samuel 12:13-15)

Se continuarmos acompanhando a vida do Saul, veremos que ele


foi próspero por um tempo, mas, depois, viu a sua vida ser arruinada.
E o que o derrubou não foi o regime político de Israel, mas o pe-
cado de não confiar em Deus. Tanto é verdade que Davi foi ungido
e assumiu a coroa depois de Saul, para continuar liderando a nação
de Israel. E o interessante é que Deus manteve aquela forma de go-
verno, mesmo sabendo que não seria perfeita e traria problemas
para a nação. A prova disso é que a maioria dos sucessores de Davi
não caminharam com o Senhor e o povo de Israel pagou um alto
preço por isso.

E o mesmo acontece com a sua vida. Se você se divorciou e pre-


tende se casar novamente, Deus vai te abençoar, vai cuidar da sua
nova casa, da sua nova família. Mas você precisa ser fiel a Ele, obe-
decê-Lo e não querer viver de acordo com a sua vontade. Não é
porque o Senhor te perdoou pela separação e te deu uma segunda
chance que você poderá fazer o que quiser, pecar como e quando
quiser. Tanto é que o apóstolo Paulo disse que “de Deus não se zomba.
Pois o que o homem plantar, isso também colherá.” (Gálatas 6:7).

A graça de Deus é tão grandiosa que nós não conseguiremos


entendê-la enquanto estivermos vivendo neste mundo. Ela é muito

69
maior que a teologia e que as religiões, e muito mais impactante que
aquele “favor imerecido” que ouvimos falar na igreja.

Eu não estou dizendo que devemos ignorar os mandamentos de


Deus, mas o que quero deixar bem claro é que nenhum de nós, por
mais correto que seja, consegue alcançar a salvação por conta própria.
Nós somos salvos não por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer,
mas unicamente pela fé na morte e ressurreição de Jesus (Romanos
10:9-11), por isso, nenhuma pessoa irá para o inferno porque se divor-
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

ciou ou até mesmo se casou novamente, pois o único pecado imper-


doável é a blasfêmia contra o Espírito Santo, que significa rejeitar
continuamente a Jesus como o Messias, ou seja, o Enviado de Deus
para a nossa salvação.

Então, se você já se divorciou e pensa em um novo casamento, ou


já se casou novamente, fique em paz e não se preocupe com o jul-
gamento dos que dizem ser cristãos, mas são incapazes de amar ao
próximo como Jesus ordenou. Continue servindo a Deus e vivendo
de acordo com o que Cristo espera de você. A Bíblia diz:

“Assim como por meio da desobediência de um só homem muitos


foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um
único homem muitos serão feitos justos. A lei foi introduzida para que
a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado, trans-
bordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte,
também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante
Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Romanos 5:19-21)

Como eu disse no ínicio deste livro: sim, Deus odeia o divórcio


(Malaquias 2:16). Mas Ele também é misericordioso e perdoador.
Cada divórcio é resultado de pecado, tanto da parte de um côn-
juge ou dos dois. E será que Deus perdoa o divórcio? Claro que sim!
O divórcio não é menos perdoável do que qualquer outro pecado.
Conforme vimos, o perdão de todos os pecados está disponível por
meio da fé em Jesus Cristo (Mateus 26:28; Efésios 1:7).

E talvez você esteja se perguntando: “Se Deus perdoa o pecado


do divórcio, então significa que estou livre para me casar nova-
mente?” Sim, mas não significa que você tenha que fazer isso. Às
vezes Deus chama as pessoas para que continuem solteiras (1 Co-
ríntios 7:7,8). Estar solteiro é algo que não deve ser visto como uma
maldição ou punição, mas ao invés disso, como uma oportunidade

71
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR

de servir a Deus de forma mais comprometida e incondicional (1


Coríntios 7:32-36). Mas a Palavra de Deus nos diz que se alguém
vive “abrasado” e não consegue controlar os impulsos da carne (1
Coríntios 7:9), é melhor casar, e talvez isto se aplique a um segundo
casamento após o divórcio.

Eu não posso dizer se você deve ou não se casar novamente, pois


esta é uma decisão entre você, seu/sua novo(a) companheiro(a) e
Deus. O único conselho que posso dar é que você ore ao Senhor pe-
dindo sabedoria a respeito do que Ele quer que você faça (Tiago 1:5)
e siga a Sua orientação. Além disso, busque orientação de pessoas
maduras e nunca aja por impulso ou por carência. Eu desejo que a
vontade do Senhor se cumpra na sua vida!

72
Conheça outras obras do pastor antônio júnior

MOMENTO COM DEUS


As mensagens contidas neste livro são
de fácil leitura e irão te dar ânimo, espe-
rança e direção para lidar com a vida de
forma sábia e tranquila.

São 365 mensagens que abordam


temas como: aprenda a perdoar e seja
feliz; como vencer a batalha espiritual;
como vencer os desafios da vida cristã;
como se relacionar com as pessoas; o
que fazer quando a vida estiver difícil;
como fazer escolhas de acordo com a
vontade de Deus; descubra o chamado
de Deus para sua vida.

PAR OU ÍMPAR
Existe amor à primeira vista? Será que
estou me iludindo? Por que ainda es-
tou solteiro? Estar solteira é o fim do
mundo? Se você já fez uma dessas
perguntas, este livro é para você!

“Par ou ímpar” é para todos que têm


dúvidas sobre relacionamento, não
importa se estão solteiros ou namo-
rando, em busca de um amor ou não.
São 100 perguntas com respostas
sobre tudo que envolve a vida senti-
mental, incluindo temas como bagagem emocional, como fazer a escolha
certa, como saber a vontade de Deus, sexualidade e muito mais.
VIDA DE ORAÇÃO | LIVRO DE BOLSO
Todo cristão reconhece a importância
da oração. No entanto, a grande maioria
acha que não sabe orar. Por isso muitos
se frustram e chegam à conclusão de que
jamais terão um relacionamento íntimo
com Deus. Diante disso, o Senhor tocou
o coração do Pastor Antônio Júnior para
escrever este livro de bolso com 365
orações, uma para cada dia do ano.

Assim como os Salmos da Bíblia até


hoje nos inspiram a ter fé e esperança nos diversos momentos da nossa
vida, estas simples orações te fortaleçam e te aproximem da presença do
Senhor. Experimente ter uma vida de oração e a sua vida nunca mais será
a mesma!

MINUTOS DE PAZ | LIVRO DE BOLSO


A Palavra de Deus possui um valor
inestimável. Ela é viva e eficaz, sendo
capaz de suprir cada uma de nossas
necessidades. Por isso, é fundamental
conhecê-la e aplicá-la ao nosso dia-a-
dia. E foi pensando nisso que nasceu
a ideia do Pastor Antonio Junior
escrever o livro “Minutos de Paz”.
São 100 mensagens práticas que te
ajudarão a viver os ensinamentos da
Bíblia no seu cotidiano e te tornarão
uma pessoa melhor.

Todas as obras estão disponíveis em:


www.presentecristao.com.br

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