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Edson Belito Mário Semente


Fridrita Frederico Machaieie
Germias Paulo Samuel
Nelcia Flora Daniel Matine
Silénio Elves Mainga

Ritos de Nascimento
Licenciatura em Ciências da Educação
2°. Ano Laboral

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
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Edson Belito Semente


Fridrita Frederico Machaieie
Germias Paulo Samuel
Nelcia Flora Matine
Silénio Elves Mainga

Ritos de Nascimento

Trabalho de investigação elaborado pelo 1° grupo a ser


apresentado no curso de Ciências da Educação na disciplina
de Necessidades Educativas Especiais para efeito de
avaliação orientado pela docente:

Mestre Ana Zeca Nhamavure

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
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Índice

I. INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
1. Objectivos.............................................................................................................................. 4
2. Metodologia...........................................................................................................................4
II. RITOS DE NASCIMENTO................................................................................................5
1. Período antes de nascimento...............................................................................................5
2. Período de parto.................................................................................................................. 6
3. Período pós o parto............................................................................................................. 7
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................8
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................9
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I. INTRODUÇÃO

O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de Antropologia Cultural de Moçambique


com fins de avaliação e apresentação e tem como tema Ritos de Nascimento. Importa salientar
que os ritos de nascimento variam de cultura para cultura daí que não foi possível abordar todas
as culturas e as suas práticas naquilo que toca os ritos de nascimento.

A vida humana em qualquer sociedade é marcada por ritos de passagem, ou seja, aqueles
ritos em que uma pessoa abandona o seu status social atual para adquirir um novo. No casamento
uma pessoa passa de solteiro para casado; no Batismo um não-cristão entra na comunidade dos
cristãos; em cerimônias de graduação o aluno se torna um graduado, um doutor; através do
funeral o indivíduo entra na comunidade dos mortos; após o rito de iniciação uma criança passa a
fazer parte do mundo adulto.

1. Objectivos

1.1. Objectivo geral:

 Abordar os ritos de Nascimento

1.2. Objectivos específicos:

 Indentificar ritos de algumas regiões durante a gravidez( Sul e Norte)


 Indentificar ritos de algumas regiões durante o parto ( Sul e Norte)
 Indentificar os ritos de algumas regiões durante o pôs parto ( Sul e Norte)

2. Metodologia

Para a realização da presente pesquisa o grupo recorreu a revisão bibliográfica de algumas


monografias e também de artigos científicos relacionados ao tema em si, o grupo também buscou
tendo em conta a diversidade cultural, selecionar regiões específicas do país para falar dos ritos
de Nascimento.
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II. RITOS DE NASCIMENTO

1. Período antes de nascimento

Portanto, a mulher ao sentir-se grávida apresenta-se a comunicá-la a todos os seus parentes


do sexo feminino com quem mais convívio tem tido, e troca de expressões sobre o seu estado. Só
depois de adquirir a certeza de que de facto se encontra grávida é que comunica o assunto ao seu
marido. Por vezes, o assunto, é festejado na povoação/no grupo entre as mulheres. (CIPIRI, 1996
apud PATIA, 2009).

Segundo Kanabadjo apud Patia (2009) a mulher grávida na fase avançada, portanto entre os
seis (6) e sete (7) meses, passa a ser guarnecida pela mãe e pela sogra ou pelos familiares mais
próximos.

Entre as informantes do estudo ou pesquisa realizada foi notória a recorrência à práticas


como orações, invocações aos Antepassados da família para protecção da gravidez e do parto. As
orações segundo apurou o Estudo, são feitos em casa da mulher grávida, onde um grupo de
crentes do núcleo ou grupo de Oração logo pela manhã ou pela tarde faz orações a Deus pela
protecção da mulher e seu bebé.(André;2014) Um estudo realizado por André (2014) apurou
que por vezes as mulheres recorrem aos curandeiros que oferecem amuletos e Outros
medicamentos para purificar a casa todas as noites expulsando assim os maus espíritos e, Para a
protecção contra feitiços externos. Esses medicamentos podem ser raízes e folhas para Banho ou
para queimar, espécie de incenso para fumegar a casa nas noites e afugentar os Feiticeiros e
espíritos maus que provocam maus sonhos. A Save de Children (2007), apurou que no norte de
Moçambique as mulheres grávidas não Devem consumir o peixe salgado e o sexo é aconselhado
sua prática até ao nono mês de gravidez, Como forma de atenuar as dores do parto com a
lubrificação do orifício; no centro aconselham o Sexo até ao sétimo mês, caso contrário o bebé
pode nascer repleto de espermatozoides nos olhos, Ouvidos, narinas; enquanto no sul, não houve
indicações de limite, possivelmente varia de Família para família e pode ser que nos centros
urbanos, a tradição esteja menos arraigada.

Gravidez Macua
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Segundo Gaspari (2015) durante a gravidez a mulher é tratada como se estivesse doente,
porque o que carrega no ventre é considerado delicado e frágil. Durante este período o casal deve
continuar a ter relações sexuais, porque considera-se que as relações sexuais fortalecem a criança
e servem para completar o seu crescimento.

A mulher mostra a todos que ela está grávida vestindo-se e se penteando de modo diferente,
menos cuidada. Também recebe uma série de ensinamentos por parte das mulheres conselheiras
da aldeia, aquelas que normalmente conduzem as cerimônias e os ritos. Esta educação pode ter
lugar na casa da rainha ou na casa de uma das conselheiras, e são ensinamentos sobre a gravidez,
sobre o comportamento sexual a manter com seus maridos, higiene íntima e sobre os rituais e
requisitos que devem ser seguidos.

2. Período de parto

Sul de Moçambique

Em Moçambique no Sul, segundo o estudo realizado por André (2014) neste período as
mulheres estão envolvidas em um conjunto de práticas que Visam facilitar o trabalho de parto e
proteger a mulher e o bebé. Entre estas práticas, o estudo Identificou: a invocação aos
antepassados da família; orações; confissão da parturiente no parto Mencionando o nome do
verdadeiro dono da gravidez(Esta exigência é feita quando o parto for demorado e complicado,
que segundo as interlocutoras torna-se um segredo de confissão que não será divulgado;
reboliços, gritos, lamentações que Culminam com a saída do bebé, corte do cordão umbilical e
saída da placenta.

Segundo a Save the Children (2007), no sul de Moçambique, o momento do parto é


Acompanhado pelo ritual kuphatha(Culto aos antepassados, feito através da invocação dos
mortos), que visa interceder aos antepassados para proteger e libertar a criança e a mãe. Esta
cerimónia é feita por curandeiros e por vezes pelos anciãos da família. Em outros contextos
como o centro do país, esta acção é reservada aos designados profetas29 , enquanto no norte,
estes rituais são feitos pelos anciãos da família com a finalidade de proteger a mulher e o bebé
no parto, enquanto a madrinha, apwiamuene, mãe ou outras mulheres escolhidas e confiadas
estão no hospital com a parturiente. Ateando-se nesta visão de práticas antes e durante o parto,
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umas admitiram ter rezado antes do início do parto; colocar incenso na casa, não informar gente
estranha que está com contrações de parto, como forma de amainar a incerteza e medo que tinha
do parto.

Parto Macua

O parto é um momento de segregação absoluta ao qual apenas as mulheres podem


participar, normalmente, as conselheiras / anciãs da aldeia. Acontece em um lugar longe das
crianças e homens, um lugar tranquilo

Se ocorrer complicações durante o parto, o marido deverá adotar uma série de


comportamentos (esvaziar a casa, vestir-se mal, mostrar-se triste) e a mulher deverá confessar
para as anciãs que frequentam o parto, todo o seu mau comportamento e suas traições, podem
desafogar todos os problemas que tem com seu marido, pode insultá-lo e injuria-lo, e deverá
confessar o nome do verdadeiro pai da criança (se não for o marido). Também as anciãs poderão
se juntar neste momento e confessar-se. Tudo o que é dito neste momento é um segredo absoluto
e nunca será divulgado a ninguém que não estava presente.

3. Período pós o parto

Pôs Nascimento Bantú

Segundo LAÍSSE (2020) as culturas bantu do sul de Moçambique, especificamente na


xironga e na xitswa, após o nascimento de um bebé, a mãe e a sua criança ficam, por algum
tempo, interditados do convívio com a família alargada, por se considerar que os seus corpos não
se encontram fortes o suficiente para conviver com agentes impuros, sejam do ambiente poluído
de for a de casa, sejam os que com eles habitam, pelo facto de viverem entre o resguardo do lar e
outras actividades que realizam for a de casa..

Pôs Nascimento Macua

Segundo Gaspari (2015) após o Parto segue o corte do cordão umbilical, um primeiro banho
com água preparada de um modo particular, o soterramento da placenta, e uma série de pequenos
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rituais. Se nasce uma menina as mulheres emitem um grito alegre muito longo, porque as fêmeas
garantem a linhagem e, consequentemente, o crescimento da família, enquanto se nasce um
menino, o grito será de menor duração. O pai ouvindo de longe os gritos de alegria, bate os pés
na-terra ou derrama água

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Após a conclusão do trabalho importa aqui deixar algumas considerações finais:

Na gravidez, os ritos preliminares estão mais virados a protecção contra prováveis males,
maus Sonhos e feitiços, razão pela qual as práticas se manifestam em proibições e deveres,
limitações De espaços, comidas, sexo, vestuário que desvinculam a mulher do estado anterior à
gravidez. Estas limitações, proibições e deveres variam de contexto para contexto, e por vezes
por família E também variam em significado e o propósito que se deseja alcançar com uma
determinada Prática.

Importa referir que o medo e a incerteza fazem parte do estado do espírito das mães durante
a Preparação do parto, pois segundo elas não sabem o que pode acontecer. Por isso um número
Restrito de pessoas é que é informado sobre o parto, pois pensa-se que nem toda a gente da
Família está feliz em receber mais um membro, o que em termos gerais pode propiciar um parto
Complicado. Esta questão de não avisar muita gente, tem a ver com a crença na feitiçaria intra ou
Extra familiar que pode causar complicações ou morte do bebé ou da mãe durante o parto.

Segundo Gaspari (2015) a escolha do nome da criança em Macua é feita por um dos
parentes mais próximos: seu tio materno, pai, avós ou alguém muito importante para o casal. O
nome pode ser inspirado por muitas coisas: um desejo realizado, um evento na vida da família, o
nome de um antepassado, qualquer coisa que tenha um significado especial para a família. Os
nomes para os Macuas designam a natureza da pessoa
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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OSÓRIO, Conceição & MACUÁCUA, Ernesto. OS RITOS DE INICIAÇÃO NO CONTEXTO


ACTUAL: ajustamentos, rupturas e confrontos. Construindo identidades. Maputo. Arthur. 2013.

PATIA, Nelson. (2009). NASCIMENTO DA CRIANÇA NA SOCIEDADE MOÇAMBICANA:


CASO CHUABO. Moçambique.

LAÍSSE. S.j(2020): Rituais pós-nascimento: “Ku xlomula mamani ni ku humisa mwana”. In:
https://setemargens.com/rituais-pos-nascimento-ku-xlomula-mamani-ni-ku-humisa-mwana/.
Acesso em : 18/10/23

SAVE THE CHILDREN. (2007), Crenças, Atitudes e práticas Sócio-Culturais relacionadas Com
cuidados ao recém-nascido: estudo em Chibuto, Búzi e Angoche. Maputo: KULA.

ANDRÉ, h.j.(2014):Mães de primeira viagem: Gravidez, parto e pós-parto como tríade do ritual
de passagem Para a maternidade inicial entre mulheres na cidade de Maputo. Trabalho de
Conclusão do Curso de Antropologia. Faculdade de Letras e Ciências Sociais. Departamento de
Arqueologia e Antropologia. Universidade Eduardo Mondlane

GASPARI, t. (2015): Os Macua – Ritos de passagem – O nascimento. In :


http://mz.ilteatrofabene.it/il-territorio/macua-ritos-de-passagem-nascimento/. Acesso em :
17/10/23
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