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Cronograma

Aula Tema Data Visto


Aula 1. Abordagem familiar na Atenção Primária 25/10/2022
Aula 2. Cuidados pré-concepcionais 01/11/2022
Aula 3. Pré-natal de risco habitual 08/11/2022
Aula 4. Diabetes e Hipertensão gestacional 22/11/2022
Aula 5. Cuidados no puerpério 29/11/2022
Aula 6. Planejamento familiar e reprodutivo 06/12/2022
Aula 7. Patologias de vulva, vagina e mama 12/12/2022
Aula 8. Violência contra a mulher 10/01/2023
OSCE OSCE 17/01/2023
Aula 9. Atenção a Saúde da criança na APS – Puericultura 24/01/2023
Aula 10. Situações especias na puericultura 31/01/2023
Aula 11. Atenção a Saúde do pré-escolar e escolar na APS 07/02/2023
Aula 12. Atenção a Saúde da população LGBTQIA+ 14/02/2023

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Aula 1. Abordagem familiar na atenção primária:

Deve ser realizada em todas as consultas na Atenção Primária, com níveis de abordagem diferentes a
depender do problema e da sua relação com o contexto familiar.
Terapeuta familiar X Médico da família:

• Terapeuta familiar:
o Família que busca ajuda
o Família está autorizando a intervenção
o O grau de disfunção, em geral, é grande
• Médico da família:
o O médico que detecta o problema, pois o problema vem velado por uma outra causa
o O médico que oferece ajuda para iniciar o tratamento
A entrevista familiar deve ocorrer de uma forma lógica e estruturada:

• Apresentação social
• Aproximação
• Entendimento da situação
• Discussão
• Estabelecimento de um plano terapêuticos
Deve-se haver entendimento da família:
1. Anatomia da família
a. Por genograma

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b. Por ecomapa

2. Desenvolvimento familiar
a. Classificar pelo ciclo da vida familiar em população da classe média americana
i. Saindo de casa jovens solteiros
ii. O novo casal
iii. Família com filhos pequenos
iv. Família com adolescentes
v. Encaminhando os filhos e seguindo em frente
vi. Família no estágio tardio da vida

b. Entender que várias famílias não se enquadram nessa classificação, pois as diferentes
famílias passam de diferentes formas por essas fases e de forma não linear muitas vezes
3. Funcionamento familiar
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Aula 2. Cuidados pré-concepcionais:

Consulta pré-concepcional: é o processo de avaliação dos riscos sociais, comportamentais, ambientais e


biológicos associados ao casal em idade fértil que planeja uma futura gestação. O objetivo final é reduzir
esses riscos por meio de educação, aconselhamento e intervenções apropriadas, preferencialmente antes
da concepção.
Diminui riscos gestacionais – imunização e infecções:

• Rubéola – risco teórico de adoecer até 3 meses após a vacinação, por isso deve ser dada três meses
antes da gestação
• Toxoplasmose – ingesta de carnes bem cozidas, evitar contato com animais
• HIV, sífilis, hepatite B e C – testes rápidos na UBS da mulher e do parceiro
Avaliação de comorbidades:

• Questionar alguma doença que possa melhor ser controlada


• Questionar uso de medicações que prejudica a gestação
o Grupo A (não há risco), B (não há evidencia de risco), C (não se sabe), D (há risco) e X (alto
risco - contraindicado)

• É possível rastrear alguma doença nessa mulher


o Hemograma, glicemia em jejum, TSH e Papanicolau
Comportamentos de risco:

• Tabagismo
• Sedentarismo
• Etilismo
• Cafeína em excesso
Avaliar necessidade de aconselhamento genético:

• Aborto de repetição (3 ou mais abortos)


• Consanguinidade
• Histórico familiar de doenças genéticas
Suplementação vitamínica:

• Ácido fólico → 0,4 mg por dia até a décima segunda semana


o Maior dose para histórico de DTN ou pacientes com crise epiléptica
O momento de interromper o método anticoncepcional é individualizado para cada paciente.
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Aula 3. Pré-natal de risco habitual

Importante sempre avaliar DUM, hábitos sexuais e MAC na consulta de uma paciente.
Como diagnosticar uma gestação:

• Beta hCG sérico e urinário


o Preferível fazer o urinário que é mais rápido e faz na própria UBS
▪ Menos que tenha uma acurácia um pouco menos eficaz
▪ Também conhecido como teste imunológico de gravidez
• É mais eficaz que o de farmácia
• USG de abdômen
o BCF é audível a partir de 6 semanas
o Indicações:
▪ OMS: DUM incerta, discrepância entre altura uterina e idade gestacional e ciclos
menstruais irregulares
▪ ZUGAIB: USG precoce (para datar a idade gestacional), USG entre 11 e 13 semanas
(avalia transluscência nucal), USG entre 18 e 22 semanas (já identifica o sexo do
bebê) e USG após 34 semanas (avaliar apresentação/posição do bebê)
• Mais atual e mais utilizada
• Transluscência nucal: A transluscência nucal é o exame genético feito durante
a ultrassonografia. Nele, é analisado o acúmulo de líquido sob a pele atrás do
pescoço fetal, sendo possível identificar possíveis complicações, como
Síndrome de Down, Síndrome de Patau, Síndrome de Edwards, entre outras.

• Passo a passo:
o Calcular Idade Gestacional (IG) e Data Provável do Parto (DPP)
▪ IG: dias transcorridos até a consulta
▪ DP: soma 7 dias e subtrai 3 ao mês
• DUM: 22/05/2023
• DPP: 29/02/2024
o Avaliar história patológica pregressa, histórico gineco-obstétricos, medicações em uso e risco
gestacional
▪ Referenciar para o pré-natal de alto risco ou para o centro secundário quando
necessário
▪ Trocar medicações se necessário
o Avaliar queixas trazidas pelas pacientes e afastar sinais de gravidade
▪ Excesso de náuseas: fragmentar refeições, evitar odores fortes e antieméticos (ex.:
dramin)
o Realizar exames físicos conforme período gestacional
▪ PA, altura uterina (avaliar crescimento e IG a partir de 16 semanas), BCF e ganho de
peso da paciente, edema, apresentação fetal e movimentação fetal (observa a partir
de 18 semanas), toque apenas se indicado
▪ Altura uterina:
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• 12 semanas: Sínfise púbica (SP)


• 16 semanas: entre SP e umbigo
• 20 semanas: cicatriz umbilical
• >22 semanas: valor próximo a IG
▪ Realizar preventivo se necessário
o Solicitar os exames indicados para a IG
▪ 1º trimestre: hemograma, RH e ABO, coombs indireto (na primeira consulta e depois
mensal até o parto a partir da 24ª semana), EAS (avaliar proteinúria – ajuda a avaliar
pré-eclâmpsia) e urocultura, HIV e sífilis, TR hepatite B, TR hepatite C, toxoplasmose,
glicemia.
▪ 2º trimestre: toxoplasmose TTOG.
▪ 3º trimestre: hemograma, EAS e urocultura, HIV e sífilis e toxoplasmose.
o Reforçar hábitos de vida adequados e medidas gerais durante a gestação
▪ Vacinação: antitetânica (deve ter as três doses), hepatite B (caso não seja imunizada),
influenza (em período endêmico), dTpa (a partir de 20 semanas, para garantir
imunidade para a criança de difteria, tétano e coqueluche → serve como reforço da
antitetânica)
• Não pode de vírus atenuado
▪ Ácido fólico – 0,4-5 mg/dia até 12 semanas
▪ Sulfato ferroso 40 mg – 1 comprimido/dia em caso de anemia no diagnóstico de
anemia até 6 semanas depois do parto
• Na UBS: a partir do diagnóstico da gravidez semanas por profilaxia até
▪ Atividade física e consulta odontológica
▪ Envolver o parceiro com o pré-natal do parceiro:
• Pedir exames: ABO-RH, glicemia, ISTs, etc
O pré natal: é um conjunto de consultas ou visitas programadas da mulher gestante com o médico e sua
equipe de saúde, objetivando o nascimento de um bebê saudável com um risco mínimo para a mãe.

• Consultas mensais até a 28ª semana


• Consultas quinzenais entre a 28ª e 36ª semana
• Consultas semanais a partir da 36ª semana
• No mínimo 6 consultas uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro
trimestre

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Aula 5. Abordagem do Puerpério na APS

É o período que vai do final o terceiro estagio do trabalho de parto ao retorno do organismo feminino ao
estado pré-concepcional, o que leva em torno de 6 semanas.
Frequência de consulta na APS

• Primeira semana – consulta domiciliar


• 45 dias no pós parto – na unidade básica
• A transição dos estágios familiares costuma ser difícil, por isso é importante uma abordagem próxima
da família
Tópicos importantes para avaliar no subjetivo:

• Sentimentos e autocuidado
• Uso de drogas
• Violência doméstica
• Sangramento
• Diurese e evacuações
• Aleitamento materno
• Planejamento para o futuro
Alertas vermelhos no puerpério:

• Sangramento – lóquios
• Febre
• Dor em panturrilha e dispneia
Pontos a serem avaliados:

• Pressão arterial
• Altura uterina
• Avaliação do tipo de sangramento
• Avaliação de panturrilhas e mamas
Exames complementares:

• Hipotireoidismo – voltar à dose pré-gestacional e repetir TSH com 6 semanas


• Diabetes na gestação – repetir TOTG com 6 semanas
• Suspeita de anemia – hemograma
Necessidade de suplementação vitamínica

• Sulfato ferroso 40 mg de Fe elementar por 3 meses


Contracepção

• Pós parto
o Lactação associado a amenorreia
o Após 6 semanas do parto considerar MAC
o Métodos somente com progestágenos
o Evitar MAC combinamos, pois podem afetar a lactação e passar estrogênio para o lactante
o DIU pode ser colocado no pós parto imediato (maior risco de expulsão do DIU) ou 4 semanas
após o parto
Orientar que a volta das relações sexuais deve ocorrer depois de 2 a 4 semanas do parto.
Diagnósticos diferenciais de dor mamaria: fissura, ingurgitamento mamário, mastite e abcesso.

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Aula 6. Planejamento familiar – métodos contraceptivos

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Aula 7. Patologias da Vulva e Vagina – Rastreio de CA de colo uterino

Quais são as queixas mais comuns:

• Lesões anogenitais
• Corrimento vaginal
• Dor pélvica
• Dispaurenia - dor na relação sexual
• Alterações no ciclo menstrual

Lesões

Avaliação:

• Entrevista
o Determinar localização, tamanho e distribuição da lesão
o Caracterizar evolução: quanto tempo, se aumentou de
tamanho ou espalhou para outras áreas, se já teve no passado
lesões parecidas
o Avaliar sintomas associados: dor, prurido, sangramento,
secreção
• Exame físico
o Avaliar características: localização, tamanho, quantidade e
distribuição
o Avaliar sinais e sintomas associados: eritema, secreção,
sangramento, edema
Leões elementares do tipo Úlceras – ISTs:

• SÍFILIS PRIMÁRIA – Lesão única, indolor, base limpa e bordos endurecidos


• CANCRO MOLE – Úlcera não endurada, dolorosa, com base friável coberta por necrose ou exsudato
purulento. Geralmente linfadenopatia dolorosa inguinal unilateral acompanhando lesão
• DONOVANOSE – Úlcera persistente, indolor, aspecto avermelhado (altamente vascularizada). Sem
linfadenopatia. Pode haver granuloma subcutâneo e lesões simétricas em espelho
• LINFOGRANULOMA VENÉREO – Úlcera pequena, indolor, sem enduração. Linfadenopatia
unilateral inguinal ou femoral
• Tratamento;
o SÍFILIS OU CANCRO DURO - PENICILINA G BENZATINA, 2,4 milhões UI, intramuscular
(IM), em dose única (1,2 milhão UI em cada nádega)
o CANCRO MOLE - AZITROMICINA 1g DOSE ÚNICA
o DONOVANOSE - DOXICICLINA 100mg, VO, a cada 12h, por no mínimo 3 semanas (até que
as lesões estejam curadas)
o LINFOGRANULOMA VENÉREO - DOXICICLINA 100mg, VO, a cada 12h, por no mínimo 3
semanas
Lesões elementares do tipo Verruga anogenitais – ISTs:

• Também chamada de CONDILOMA ACUMINADO


• Causada pelo vírus HPV
• Pode estar presente em vulva, região perianal, períneo e vagina
• Podem ser lesões únicas ou múltiplas, de diferentes tamanhos, restritas ou difusas
• Tratamento:
o Exérese
▪ Via crioterapia
▪ Via cirúrgica
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▪ Por ácido tricoloacético 80 a 90%


o Uma opção terapêutica viável na Atenção Básica é aplicar nos condilomas ácido
tricloroacético a 80%- 90% em solução alcoólica, em pequena quantidade, com cotonete,
microbrush ou escova endocervical montada com algodão. Ao secar, a lesão ficará branca.
Se dor intensa, o ácido pode ser neutralizado com sabão ou bicarbonato de sódio ou talco.
Repetir semanalmente se necessário. Se refratário ao tratamento com ácido tricloroacético,
encaminhar para ginecologista.
o Referenciar em casos especiais: gestantes, crianças, imunossuprimidos, doença
disseminada ou verrugas de grande volume.
o Mais comum em pacientes jovens. Se diagnosticada após a menopausa, encaminhar para
biópsia para descartar neoplasia.
Lesões elementares do tipo vesículas, úlceras e crostas – ISTs:

• Herpes genital
o Vesículas múltiplas que se rompem, tornando-se úlceras rasas dolorosas. Aparecimento
geralmente precedido de aumento da sensibilidade cutânea, ardência, prurido ou sintomas
uretrais, especialmente se história de recorrência das lesões
o Tratamento:
▪ Primeira infecção pode se beneficiar de tratamento com aciclovir, 400 mg, 3x/dia (ou
200mg 5x/dia), por 7 dias. Em casos recorrentes, pode ser necessário tratamento com
aciclovir, 480 mg, 3x/dia, por 5 dias, a partir do início dos pródromos. Se seis ou mais
episódios por ano, considerar tratamento supressivo continuo, com aciclovir, 400 mg,
2x/dia (realizar controle laboratorial de funções renal e hepática).
▪ Gestantes: tratar o primeiro episódio, em qualquer idade gestacional, conforme o
tratamento das primoinfecções.
Outras lesões:

• Cisto de Bartholin e abcesso


o A glândula de Bartholin está localizada no terço interior dos grandes lábios. Quando seu ducto
é obstruído, forma-se um cisto, geralmente assintomático, podendo eventualmente se
manifestar com desconforto eu mesmo com dor ao sentar ou nas relações sexuais. O cisto
pode se complicar com abscesso, que se manifesta como massa quente, dolorida à palpação,
flutuante. A dor costuma ser intensa. podendo ser limitante para as atividades
o Se assintomático ou com sintonias leves, orientar quanto à benignidade do quadro e observar,
tratando os sintomas com banhos de assentos e analgésicos simples.
o Se cisto de Bartholin sintomático, encaminhar ao ginecologista para cirurgia de
marsupialização.
o Em caso de abscesso, está indicada a drenagens ou aspiração, que pode ser feita na APS.
Usar antibióticos apenas se suspeita IST, presença de abscesso ou em caso de recorrência
▪ Pode ser feito drenagem com seringa ou com abertura por bisturi, sendo a segunda
mais dolorosa, porém é mais eficaz
o Em casos de repetição de bartholinite, necessário fazer exérese.
• Dermatose eritematosa ou eritemato-descamativa
o Considerar candidíase, dermatite de contato, dermatite seborreica e psoriase. Na presença
de candidiase, frequentemente, há corrimento branco e grumoso e intenso prurido, e o
eritema é mais Intenso. Em caso de dermatite seborreica ou de psoríase, geralmente há
lesões em outras localizações. Na dermatite de contato, frequentemente, mas nem sempre,
o desencadeante é evidente.
o Para tratamento da candidase vulvovaginal tratar com antifúngicos. A dermatite de contato
responde ao uso de corticoide tópico, à remoção do agente causal e aos cuidados gerais.
• Máculas, manchas, pápulas e placas, de diferentes colorações, com ou sem atrofia

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o Descartadas verruga vulgar e as dermatoses eritematodescamativas listadas no item anterior,


o diagnóstico diferencial é extenso, destacando-se líquen plano, líquen escleroso e as
neoplasias intraepiteliais vulvares.
o Encaminhar ao dermatologista ou ao ginecologista para diagnóstico diferencial e considerar
biópsia. O líquen plano e o líquen escleroso se beneficiam de acompanhamento
especializado a longo prazo.
• CA vulvares
o Pode se confundir com varias outras, sendo necessário biópsias em muitas vezes.

Corrimentos

Avaliação:

• Entrevista
o Fluxo vaginal quantidade, coloração, aspecto, odor, fatores desencadeantes ou associados.
o Sintomas associados: prurido, irritação vulvar, sangramento ou exacerbação do odor após
relação sexual, presença de dispareunia e/ou sinusiorragia.
o Antecedentes clínicos/ginecológicos uso de antibiótico de amplo espectro, diabetes, gravidez.
o Fatores de risco para infecção cervical: uso irregular de preservativo, múltiplas parcerias,
nova parceria, parcerias com infecções sexualmente transmissíveis (IST).
o Expectativas: com relação às consequências, acredita ter se exposto a IST, medo de ter IST.
• Exame físico
o Exame do abdômen: sinais de peritonite, massa abdominal, dor à palpação de hipogástrio.
o Exame especular: observar características do colo/sinais de cervicite; observar
características da secreção
o Toque vaginal: dor à mobilização do colo (cervicite); dor à mobilização do útero e anexos (DIP
ou sinais de endometrite/pelveperitonite secundária a aborto/parto).
O que pode ser:

Causa Queixa Exame Tratamento Parceiro


Miconazol creme
Prurido vulvar e
vaginal a 2% por 5
vagina + secreção
a 7 dias
Prurido vaginal + branco e grumoso
Ou
Candidíase corrimento branco sem odor + edema Não precisa tratar
Fluconazol 150mg
e grumoso de vulva +
dose única
hiperemia de
Orientações de
mucosa
higiene e hábitos
Metronidazol 500
mg de 12/12h por
Secreção com
Secreção 7 dias
odor fétido, piora
Vaginose acinzentada e Ou
após a relação e Não precisa tratar
bacteriana cremosa + odor Metronidazol gel
durante a
fétido vaginal 100 mg/g,
menstruação
1 aplicador (5g)
noite por 5 dias
Secreção vaginal
Secreção vaginal Metronidazol 2g
amarelo-
+ amarelo dose única
esverdeado e Tratar com
esverdeado + odor Ou
Tricomoníase bolhoso com odor metronidazol 2g
fétido + prurido + Metronidazol 500
fétido + colo em em dose única
dispaurenia + mg de 12/12h por
framboesa +
disúria 7 dias
edema de vulva

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• A candidiase é muito associado com momentos difíceis e estressantes, por isso é importante
investigar, de modo a garantir um cuidado integral.
• Gardinerella no exame preventivo deve ser tratado mesmo assintomático

Cervicite

• São assintomáticas e 70-80% dos casos


• Quando sintomáticas as principais queixas são: corrimento vaginal, sangramento intermenstrual ou
pós coito, dispareunia e disúria
• Ao exame: sangramento ao toque da espátula ou swab, material mucopurulenta no orifício externo
do colo e dor à mobilização do colo uterino.
• Causada por Gonorreia e/ou Clamídia
• Tratamento:
o Gonorreia: ceftriaxona 500 mg IM dose única
o Clamídia: azitromicina 1 g dose única ou doxicilcina 100 mg de 12/12h por 7 dias
o Todos os parceiros devem ser tratados!
▪ No mesma esquema terapêutico
• A principal complicação é DIP – Doença Inflamatória Pélvica
o Diagnostico: 3 critérios maiores + 1 critério menor, ou 1 critério específico
▪ Maiores
• dor no abdômen inferior
• dor à palpação dos anexos
• dor à mobilização do colo uterino
▪ Menores
• febre (>38 ºC)
• secreção vaginal ou endocervical mucopurulenta
• massa pélvica
• leucocitose
• proteína C reativa ou VHS aumentados
• comprovação laboratorial de infecção por gonococo, clamídia ou micoplasma.
▪ Específicos
• evidência histopatológica de endometrite, presença abscesso tubo-ovariano
ou de fundo de saco em estudo de imagem, evidência laparoscópica de DIP
o Tratamento:
▪ Tratamento da paciente: ceftriaxona 500mg IM dose única + doxiciclina 100mg VO
12/12h por 14 dias + metronidazol 500mg VO 12/12h por 14 dias
▪ Tratamento do parceiro: ceftriaxona 500mg IM dose única + azitromicina 1g VO dose
única
o Diagnóstico diferencial: apendicite, endometriose, colite, diverticulite, gravidez ectópica,
torção de ovário
Suspeitar de DST deve se indicar os demais testes rápidos

Preventivo - Papanicolau

• Mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram a vida sexual ativa.


o Em casos assintomáticos, podendo variar a depender de sintomatologia
o Pacientes abaixo de 25 anos tem resolução espontânea
• A cada 3 anos, após 2 exames normais consecutivos com intervalo de 1 ano.
• Casos especiais: mulheres homossexuais, portadoras de HIV e imunossuprimidas
o Imunossupressão aumenta o risco
o Mulheres homossexuais tem menor risco
O CA é causado pela infecção pelo HPV, algumas cepas são mais patogênicas, como: 16, 18, 31, 33 e 45
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A passagem do HPV ocorre por fricção pele a pele. A infecção pelo HPV é uma infecção local e não
sistêmica, não passando via sanguínea. A lesão pode ocorrer até 10 anos após a infecção pelo HPV.

• Não é necessário lesão ativa para ser portador e transmitir o HPV


Resultado e conduta do exame preventivo:

É possível identificar o cisto de Naboth no exame


preventivo:

• Os cistos de Naboth, também chamados


de quistos de Naboth, ou folículo de Naboth, consiste em uma desordem uterina, que se caracteriza
pela presença de um ou mais nódulos na parede do útero
• Micro formações císticas desenvolvidas nas glândulas mucíparas da mucosa do colo do útero.
• Tratamento: Não é necessário nenhum tratamento. No entanto, os cistos não desaparecem
espontaneamente. Eles podem ser curados facilmente por meio de um procedimento chamado eletro
cauterização, que pode ser realizado no consultório médico.
• Esta é uma condição benigna. Complicações: Em raras ocasiões, os cistos podem se tornar tão
numerosos ou grandes que o colo uterino se torna clinicamente aumentado.

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Aula 7.1. Abordagem de queixas mamárias

MCCP – Método Clínico Centrado na Pessoa:

• Sinais e indicações
• Doença, saude e experiencia da doença
• Percepção e experiencia da saude, que é pessoal é única
Clinica:

• Dor mamaria
o Localização – uma ou ambas mamas
o Relacionada ou não ao período menstrual
▪ Relacionada ao período menstrual geralmente é benigno
• Nódulos palpáveis
o Tumores palpáveis em mulheres jovens costuma ser benigno – fibroadenoma
o Avaliar com exames de imagem
• Descarga papilar
o Cor – transparente ou sanguinolenta tem ruim prognostico
▪ Cor esbranquiçada – gravidez, medicações e avaliar prolactina
▪ Outras colorações costuma ser benigno
o Se é espontânea deve-se acender o alerta

• Principal localização é o quadrante superior externo


 A cor transparente ou sanguinolenta e a descarga papilar espontânea é algo preocupante e é
alarmante!
Exame físico da mama;

• Inspeção estática da mama


o Avaliar
• Inspeção dinâmica
o Levantar mãos acima dos ombros e em seguida colocar na cintura

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• Palpação
o Linfonodos axilares e supraclaviculares
o Da mama – técnicas de Valpeau e de Bloodgood
▪ Dentre as técnicas de palpação desenvolvidas, a
realizada com mão espalmada e movimentos
circulares (técnica de Velpeau) e com a ponta
dos dedos simulando tocar piano (técnica de
Bloodgood) são as mais citadas na literatura.
▪ Não há consenso sobre qual a melhor técnica
• Expressão papilar
Exames:

• Mamografia
o Para mulheres mais velhas, principalmente partir dos 50 anos
• USG de mama
o Mulheres mais jovens, uma vez que a mama é mais densa – sendo ideal
o A USG deve ser utilizar em pacientes jovens (<35 anos), em grávidas, para diferenciar lesões
sólidas de císticas e como método complementar à mamografia em mulheres de alto risco.
Mulheres de alto risco para desenvolvimento de câncer de mama ➔ iniciar rastreamento precoce
o Mulheres com história familiar de, pelo menos, um familiar de primeiro grau (mãe, irmã ou
filha) com diagnóstico de câncer da mama, abaixo dos 50 anos de idade
o Mulheres com história familiar de, pelo menos, um familiar de primeiro grau (mãe, irmã ou
filha) com diagnóstico de câncer da mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa
etária
o Mulheres com história familiar de câncer de mama masculino
o Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atípica ou
neoplasia lobular insitu
Rastreamento:

• Ministério da Saúde: Bianual, dos 50 aos 69 anos


• Sociedade de mastologia: Anual, dos 40 anos aos 70 anos
• Resultados – classificação Birads:

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Autoexame das mamas

• O MS recomenda contra o ensino do autoexame da mama como método de rastreamento de câncer


de mama
• O autoexame é feito para o autoconhecimento, mas não é método de rastreio e deve ser feito o
rastreamento por USG ou mamografia a depender de cada caso.

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Aula 8. Manejo de situações de violência doméstica na APS

Violência Contra Mulheres

• É um fenômeno complexo, com causas culturais, econômicas e sociais, aliado e pouca visibilidade,
à ilegalidade e à impunidade;
• É definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como todo ato baseado no gênero, que cause
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher tanto na esfera pública como
privada;
• Já pela Lei Maria da Penha configura violência doméstica qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral e
patrimonial.
• São exemplos de violência contra mulheres:
o VIOLÊNCIA FÍSICA: empurrões, toques indesejados, pegadas a força nos bracos ou outras
pastes do corpo, beliscões, puxões de cabelo, mordidas, queimaduras, chutes, tapas, socos,
tentativa de asfixia, ameaça com faca, e qualquer contato que produza dor, marcas, cortes,
hematomas, dentre outras situações que atinja o corpo da mulher.
o VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: conduta que cause prejuízo emocional e diminuição da
autoestima ou que prejudique e que vise controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões da mulher, por meio de ameaça, intimidação, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir.
o VIOLÊNCIA SEXUAL: relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação,
ou uso da força. Induzir ou a utilizar, de qualquer modo, a sexualidade. Impedir o uso de
método contraceptivo.
o VIOLÊNCIA PATRIMONIAL: posse, retirada, destruição parcial ou total de seus objetos, a
exemplo celular, roupas, objetos pessoais, de casa, computador, carro etc..., Instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens (imóveis, carros), valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazes suas necessidades.
o VIOLÊNCIA MORAL: comportamento que configure calúnia, difamação, ofensas/injúria.
Indicadores de Violência contra Mulher

• Como profissionais de saúde devemos ficar atentes para sinas e sintomas relatados pelas mulheres,
ou Identificados nos atendimentos que você realiza, que podem estar relacionados a violência
domestica.
• É comum que elas não reconheçam o parceiro como agressor
• MANIFESTAÇÕES FÍSICAS
o Agudas, como inflamações, contusões e hematomas;
o Crônicas, deixando sequelas para toda a vida, como as limitações no movimento motor,
traumatismos, instalação de deficiências físicas, etc.
• SINTOMAS PSICOLÓGICOS
o Insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite;
o Problemas mentais como depressão, ansiedade, síndrome de pânico, estresse pós-
traumático;
o Abuso de álcool e drogas, ou mesmo tentativas de suicídio
• SAUDE MENTAL
o Estresse, ansiedade, depressão, ideação suicida;
o Comportamentos autoprejudiciais: abuso de álcool e drogas;
o Problemas emocionais e comportamentais das crianças.
• SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
o Lesões repetidas ou mal explicadas, dor pélvica, dor durante o ato sexual e demais problemas
sexuais, dores crônicas: gastrointestinais, cefaleias;

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o Infecções urinárias, IST's de repetição e HIV;


o Gestações não desejadas, atraso no início do pré-natal;
o Consultas repetidas sem diagnóstico claro, parceiro intrusivo nas consultas, falta constante à
própria consulta e das crianças.
Como acolher?

• Acolher implica: "receber-escutar-analisar-decidir"


• É importante garantir o acolhimento adequado às mulheres vítimas de violência domestica;
• Significa escutar, não culpabilizar e não acelerar ou influenciar nas suas decisões, mantendo atitude
isenta de julgamentos;
São objetivos do acolhimento

• Realizar acolhida dos casos;


• Realizar escuta qualificada da queixa, ou seja, atenção, afastar a culpa, proteção, linguagem,
tranquilidade, registro, discrição, perguntas corretas, sigilo;
• Algumas perguntas que podem ser feitas, por exemplo:
o "Gostaria de saber a sua opinião sobre esses sintomas que relatou....Desde quando você se
sente assim? Qual o motivo? Tem a ver com alguma situação?
o "Aconteceu ultimamente alguma situação na sua vida que possa deixar você preocupada?
Tem algum problema com seu companheiro/sua companheira ou alguém de sua familia?
É importante ressaltar

• Faça com que a mulher em situação de violência não se sinta culpada da agressão que sofre;
• Ajudar a refletir, a ordenar as ideias e a tomar decisões;
• Alerte para os riscos e consequências que corre, mas aceitar a escolha da mulher;
• Valide o relato, não colocando em dúvida ne emitindo juízo de valor;
• Aborde o medo associado à revelação/denúncia;
• Esclareça o direito à confidencialidade, excetuando as situações de perigo iminente;
• Esclareça sobre o tipo de informação que pode ser fornecida às autoridades (boletim de
ocorrência/tipo de crime);
• Acione a rede intersetorial para evitar a revitimização, para avaliação aprofundada da situação
pelo/a(s) profissionais (is) responsáveis pela intervenção/acompanhamento (Saúde, Serviço Social
e Segurança)
Rede de atenção às mulheres em atuação de violência

• Atenção Primária à Saúde:


o UBSs;
o NASFS;
o Consultório na Rua;
• Médica e Alta Complexidade:
o Serviços de Atenção Especializada;
o Hospitais; • Urgências e Emergência;
o Unidades de Pronto Atendimento - UPA 24h;
o Centro de Testagem e Aconselhamento;
o CAPS, CAPS I, CAPS - AD
o CEPAVs "Rede Flores"
A importância da notificação

• A notificação é a comunicação obrigatória de determinadas doenças ou agravos às autoridades


competentes de saúde.

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Rede intersetorial

• Ligue 180;
• Casas de Acolhimento Provisório;
• Defensoria Pública;
• ONGs;
• Casas-abrigo;
• Delegacia de Polícia;
• IML;
• Casa da Mulher Brasileira
• CRAS - Centro de Referência de Assistência Social;
• CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social;
• DEAM - Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher;
• Entre outros.

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Aula 4.1. Hipertensão Gestacional

A hipertensão na gravidez pode ser classificada de diversas formas. Para tanto, deve-se prestar atenção
à data de diagnóstico da condição: o ponto de corte é de 20 semanas - após esse período, é preciso
referenciar a paciente para serviços de urgência!

 Hipertensão arterial crônica: é a hipertensão arterial sistêmica constatada até 20 semanas.


 Hipertensão gestacional: após 20 semanas de gestação.
 Pré-eclâmpsia: hipertensão após 20 semanas acompanhada de sinais clínicos, sobretudo
proteinúria significativa (> 0,3 ou 1+ em fita reagente).
 Eclâmpsia: ocorrência de convulsões em gestante com histórico de pré-eclâmpsia e que não
possuía doença neurológica coincidente.

TRATAMENTO:

• As medicações de escolha são a metildopa (1ª escolha) e inibidores do canal de cálcio do tipo L
(nifedipina/anlodipino). É importante destacar que não se deve utilizar iECA ou BRA em gestantes
devido ao grande risco de malformação fetal!
• Resumo do tratamento:

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• Tabela mostrando os principais medicamentos utilizados:

PREVENÇÃO DE PRÉ-ECLÂMPSIA: diversas situações aumentam o risco de desenvolvimento de pré-


eclâmpsia e, eventualmente, eclâmpsia.

• Para prevenir essas complicações pode-se utilizar:


o AAS (100 mg a partir de 12 semanas): prevenção de trombose e suas complicações.
o Carbonato de cálcio (1000-2000 mg/dia): mecanismo não conhecido, mas reduz as chances
de desenvolvimento de pré-eclâmpsia/eclâmpsia.
QUANDO REFERENCIAR?

• Para centro obstétrico/emergência obstétrica:


o Suspeita de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia
o Crise hipertensiva (PAS > 160 mmHg ou PAD > 110 mmHg)
• Para obstetrícia (pré-natal de alto risco):
o Hipertensão crônica (previamente hipertensa ou diagnosticada antes da 20a semana) com:
▪ Lesão de órgão alvo (microalbuminúria, DRC, hipertrofia de VE, retinopatia)
▪ Uso de 2 ou mais fármacos anti-hipertensivos
▪ Suspeita de infecção secundária
▪ Tabagismo
▪ Idade materna > 40 anos
▪ Diagnóstico de DM ou DM gestacional
▪ Resultado obstétrico e/ou perinatal ruim em gestação prévia
• Interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome HELLP,
eclâmpsia, parada cardiorrespiratória, , internação em UTI durante a gestação

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• Hipertensão gestacional
o Diagnosticada após a 20ª semana
o Diagnóstico de pré-eclâmpsia
o Hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia em gestação prévia com ruim resultado obstétrico
e/ou perinatal

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Aula 4.2. Hipertensão Gestacional

Durante a gravidez, há um aumento fisiológico da resistência insulínica materna, um fenômeno que é


causado pelos hormônios gestacionais e que busca aumentar a oferta de glicose para o bebê em
desenvolvimento.

• Contudo, o mesmo processo também pode causar a diabetes melito gestacional (DMG), uma
condição definida como qualquer grau de intolerância à glicose, com início ou primeiro
reconhecimento durante a gestação, que não atinge critérios para DM
DIAGNÓSTICO: apenas um teste alterado já permite fechar o diagnóstico. Ele utiliza dois métodos, a
glicemia de jejum (antes de 24 semanas) e o TOTG (depois de 24 semanas).
➢ Glicemia de jejum: 92-125 mg/dL
➢ Pós-jejum 1ª hora: ≥ 180 mg/dL
➢ Pós-jejum 2ª hora: ≥153mg/dL
• O tempo que nos forneceria o maior número de diagnósticos corretos é no final da gestação.
Contudo, o período utilizado é entre as semanas 24-28, pois isso permite um tempo adequado para
intervenção sobre a doença!
• O diagnóstico de DMG independe da presença de fatores de risco. Contudo, quando estes estão
presentes, há maior chance de desenvolver a condição.

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• As complicações decorrentes do DG são diversas, tanto para a mãe quanto para o bebê.

RASTREAMENTO: depende da viabilidade financeira da instituição.

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TRATAMENTO:

• Mudanças no estilo de vida (MEV)


o Dieta
o Exercício físico
▪ 5 vezes na semana
▪ Pelo menos 30 min por sessão
▪ Talk test: é um método de avaliar se a quantidade de exercício físico está adequada.
Consiste em observar se consegue conversar durante a atividade física, usualmente
uma caminhada (conseguir falar sem problemas significa que é leve, não conseguir
falar nada significa que é muito pesada).
o Após 2 semanas deve-se avaliar o controle glicêmico, o que é feito por meio da glicemia.
Caso não esteja controlada, é preciso referenciar a gestante para o pré-natal de alto risco.
Os alvos glicêmicos desejáveis são:
➢ Glicemia de jejum: <95mg/dL
➢ Glicemia pós-prandial 1h: <140mg/dL
➢ Glicemia pós-prandial 2h: <120mg/dL
• Tratamento medicamentoso
o O tratamento é iniciado com insulina. Contudo, a utilização de metformina é possível, desde
que a gestante assine um termo de responsabilidade. As indicações para o uso de metformina
são: difícil acesso à insulina; incapacidade de administração de insulina; ou doses altas de
insulina.
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➢ As insulinas utilizadas são a NPH (insulina de ação mais prolongada) e a regular


(insulina de ação mais rápida). Um esquema possível de tratamento é o seguinte, que
utiliza insulina NPH (0,5 UI/kg):

• É importante a realização de USG mensal para avaliação do crescimento fetal,


sobretudo após 28 semanas!
INFORMAÇÕES FINAIS:

• Consultas quinzenais: até 32 semanas


• Consultas semanais: > 32semanas
• Realizar TOTG 4-6 semanas após o parto
QUANDO REFERENCIAR? Devemos referenciar o caso para serviços especializados quando houver:

• Overt diabetes
o Diagnosticou diabetes melito durante a gestação e não sabia que tinha a doença
• Diabetes gestacional insulino dependente
o Critérios que não atingem os critérios de diabetes melito
• Diabetes melito tipo 1 ou 2
o Diagnosticado anteriormente à gestação

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