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Maria Eduarda Prado - 110 22 de ago.

de 2022

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

ASSUNTOS PROVA II

Parada cardiorrespiratória e RCP


Hemorragia digestiva alta
Emergências hipertensivas
Distúrbios hiper e hipoglicêmicos
Hiponatremia e Hipernatremia
Hipercalemia e Hipocalemia

EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS

São circunstâncias clínicas associadas a:


- elevação rápida e sintomática da PA
- geralmente com PAD > igual 120 mmHg
- risco de deterioração aguda de órgãos-alvo
- risco de morte de imediato ou em potencial

CUIDADO!
● Não é o grau de elevação da PA que define a emergência hipertensiva e sim o status clínico do paciente.
● A definição numérica de crise hipertensiva (PAS ≥180 mmHg e/ou PAD≥120 mmHg) é conceitual e serve como um parâmetro da conduta, mas
não deve ser usada como critério absoluto.

Exemplos de verdadeiras emergências hipertensivas:


● Indivíduo previamente não hipertenso, apresentando síndrome nefrítica, com PA 170/100 mmHg.
● Homem de 60 anos, com PA de 160/100 mmHg e dissecção aguda de aorta.
● Mulher no 3° trimestre da gestação com eclâmpsia e PA pouco elevada (PA: 150/94 mmHg).

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EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA URGÊNCIA HIPERTENSIVA PSEUDOCRISE HIPERTENSIVA HAS CRÔNICA MAL CONTROLADA

PAS ≥180 e/ou PAD ≥120 mmHg PAS ≥180 e/ou PAD ≥120 Elevação da PA desencadeada por Elevação da PA em pacientes HAS e
mmHg dor, ansiedade ou estresse emocional assintomáticos

Com LOA aguda e progressiva Sem LOA aguda e progressiva Tranquilizar o paciente Orientar uso correto das medicações e
Dissecção aguda de aorta, síndrome MEV
coronariana aguda c/ pico hipertensivo, AVE c/
pico hipertensivo, gestante c/ pico hipertensivo
e crises convulsivas com QC sugestivo de
eclâmpsia…

Fármaco parenteral (EV) Combinação medicamentosa Tratar a causa base: analgesia, Ajuste medicamentoso ambulatorial
Nitroprussiato ou nitroglicerina oral ansiolítico
Clonidina 0,1 - 0,2mg vo NÃO dar medicação antihipertensiva!
(*ansiosos)
Captopril 25-50mg vo (*rápido
início de ação: 15-30min)

Com risco iminente de morte Sem risco iminente de morte Alta para casa e acompanhamento
ambulatorial

Internação preferencial em UTI, Acompanhamento


monitorização intensiva ambulatorial precoce (7 dias)

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CLASSIFICAÇÃO DAS EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS

Cerebrovasculares Cardiocirculatórias Renais/Múltiplos órgãos

Encefalopatia hipertensiva Dissecção aguda de aorta Hipertensão acelerada/maligna

Acidente vascular encefálico isquêmico Edema agudo de pulmão com insuficiência Hipertensão MDO
ventricular esquerda

Acidente vascular encefálico hemorrágico Síndromes coronarianas agudas c/ pico Crises adrenérgicas graves
hipertensivo associado

Hemorragia subaracnóidea Crise do feocromocitoma

Dose excessiva de drogas ilícitas (cocaína, crack, LSD)

Hipertensão na gestação

Eclâmpsia/Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade

Síndrome “HELLP”

Hipertensão grave em final de gestação

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FISIOPATOLOGIA

PAS = débito cardíaco (DC) x Resistência vascular periférica (RVP)

. O aumento do volume intravascular, da RVP, produção reduzida de necrose fibrinóide de arteríolas e isquemia em órgãos-alvo.
vasodilatadores endógenos e/ou ativação de sistemas vasoconstritores A curva de autorregulação é deslocada para a direita nos hipertensos
podem precipitar maior vasorreatividade resultando em CH. crônicos, o que faz com que tanto o nível de PA atingido quanto a
. A autorregulação tissular é suplantada, particularmente nos leitos velocidade da elevação sejam importantes na gênese da EH. Por outro
vasculares cerebral e renal, causando isquemia local, o que desencadeia lado, esse deslocamento da curva de autorregulação predispõe à
um círculo vicioso de vasoconstrição, lesão endotelial e ativação isquemia tissular em reduções agressivas da PA no tratamento das EH.
plaquetária, do sistema da coagulação e do sistema imune, com
proliferação miointimal,

PROGNÓSTICO
- A letalidade da EH, caso não tratada, é de aproximadamente 80% ao final de um ano, e o tratamento anti-hipertensivo efetivo associa-se à melhora
substancial em seu prognóstico;
- A sobrevida de até 5 anos é maior em indivíduos com UH do que com EH.

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INVESTIGAÇÃO CLÍNICO LABORATORIAL COMPLEMENTAR
- História clínica direcionada para a causa possível. A investigação clínica e a solicitação de exames devem prover a adequada avaliação da PA e a
presença de LOA agudas.
- A PA deve ser medida inicialmente nos dois braços, de preferência em um ambiente calmo, e repetidamente até a estabilização (no mínimo, três
medidas).
- Coletar informações sobre a PA habitual do paciente e as situações que possam desencadear um aumento da PA e comorbidades;
- Uso de fármacos anti-hipertensivos ou sua descontinuação (particularmente inibidores adrenérgicos) ou a utilização de substâncias que aumentem a
PA.
- Uma abordagem sistematizada com a avaliação de sinais/sintomas, exame físico e investigação complementar auxilia na verificação da presença de
LOA aguda ou progressiva
Exames mais gerais:
- fundoscopia, ECG de 12 derivações, EL (hemograma, função renal, marcadores de hemólise, sumário de urina, BHCG)

CONDUTA

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Resumindo: Os indivíduos devem ser admitidos preferencialmente em UTI, tratados com anti-hipertensivos intravenosos (IV) e monitorados
cuidadosamente durante a terapia para evitar hipotensão.
● PA média ≤ 25% na 1a hora;
● PA 160/100-110 mmHg nas próximas 2 a 6 h;
● PA 135/85 mmHg em um período de 24-48 h subsequentes.
Entretanto, as EH devem ser abordadas considerando o sistema ou o órgão-alvo acometido.

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Emergências Hipertensivas em situações especiais
1. Encefalopatia Hipertensiva

O que é? caracterizada por sinais e/ou sintomas de edema cerebral (dissecção de aorta, eventos coronarianos agudos, eclâmpsia,
secundário à elevação súbita e/ou mantida da PA. pós-trombólise e/ou EAP)
Alvos: hipertensos crônicos que desenvolvem hipertensão - Em pacientes com PA ≥ 220/120 mmHg que não receberem
acelerada-maligna ou nos indivíduos previamente normotensos que trombolítico e não apresentarem outras EH que necessitem de
apresentam elevações súbitas da PA. tratamento anti-hipertensivo: parece ser prudente reduzir a PA em
Quadro clínico: início insidioso, com cefaléia, náuseas ou vômitos. 15% durante as primeiras 24 h após o início do AVEI.
Alterações do campo visual, fotopsia, visão turva, alucinações visuais, - Iniciar ou reiniciar a terapia anti-hipertensiva durante a
confusão mental, coma, crises convulsivas generalizadas e hiper-reflexia. hospitalização em pacientes com PA ≥ 140/90 mmHg, que estejam
Objetivo: diminuir a PA de forma lenta (evitar hipoperfusão cerebral e neurologicamente estáveis, é seguro para melhorar o controle de
perda do mecanismo de autorregulação cerebral) PA a longo prazo
Conduta: Recomenda-se o uso de nitroprussiato de sódio (NPS). Nas - Nos demais casos de AVEI, a redução da PA em 5 a 7 dias após o
primeiras 24 a 48 h, anti-hipertensivos de ação oral devem ser iniciados evento tem efeitos neurológicos controversos, sendo necessária a
para o melhor controle da PA. individualização do tratamento

2. Acidente Vascular Encefálico (AVE) 2.2 Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico (AVEH)
Risco: é o principal fator de risco para o AVE, principalmente o Para indivíduos com apresentação aguda (< 6 h do início do AVEH):
hemorrágico (AVEH) - PAS > 220 mmHg – considerar a redução da PA com infusão IV
Diagnóstico: exame neurológico completo contínua e o monitoramento frequente da PA
Prognóstico: escala do National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS) - PAS entre 150 a 220 mmHg – reduzir a PA abaixo de 140 mmHg não
Exames: TC e a RNM de crânio para definir o tipo do AVE (AVEI em 85% ou apresenta benefícios para diminuir mortalidade ou incapacidade
AVEH em 15% dos casos) e o território envolvido. A RNM é mais sensível do grave e é potencialmente perigoso. Considerar alvo de PAS < 180
que a TC para os infartos incipientes. mmHg.

2.1. Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) 3. Síndromes coronarianas agudas


PA frequentemente diminui espontaneamente em um período de 90 a Fisiopato: reflexo desencadeado pelo miocárdio isquêmico. Em
120 minutos durante a fase aguda. consequência, o aumento da RVP eleva a demanda de oxigênio pelo
- Em caso de AVEI com indicação de trombólise: redução da PA < miocárdio.
185/110 mmHg antes da terapia fibrinolítica. Se a PA permanecer > Objetivo: reduzir a pós-carga sem aumentar a FC ou sem reduzir
185/110 mmHg, a terapêutica trombolítica não deverá ser exageradamente a pré-carga.
administrada. A PA deve ser mantida < 180/105 mmHg nas PA ideal: PAS < 140 mmHg (evitar < 120 mmHg) e PAD entre 70-80 mmHg
primeiras 24h após trombólise. Medicamento: esmolol, metoprolol ou nitroglicerina
- A redução inicial da PA em 15% pode ser aplicada nos casos de PA - A nitroglicerina (NTG) IV: nas primeiras 48 horas para o tratamento
muito elevada (≥ 220/120 mm Hg) e com outras EH associadas de hipertensão, isquemia persistente e IC (sem hipotensão, infarto
do ventrículo direito ou uso de inibidores da fosfodiesterase tipo 5

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nas 48 horas anteriores) O uso de NTG não deve excluir a Como diagnosticar?
terapêutica com outras intervenções de redução de mortalidade - Angiotomografia de aorta (padrão-ouro)
comprovadas, como betabloqueadores (BB) ou IECA. - Ecocardiograma transtorácico na sala de emergência (de grande
- BB IV em indivíduos com hipertensão que não apresentem: 1) sinais ajuda)
de IC; 2) evidência clínica de baixo DC; 3) aumento do risco para . Para pacientes instáveis que não podem realizar uma angiotomografia de
choque cardiogênico; ou 4) outras contraindicações relativas ao aorta ou um ecocardiograma transesofágico.
bloqueio beta . Redução de sensibilidade, principalmente para a aorta descendente.
Conduta:
4. Edema Agudo de Pulmão (EAP) Stanford A: cirurgia de emergência (alta taxa de mortalidade)
Onde controlar? preferencialmente em UTI Stanford B: TTM endovascular
Conduta: medicação IV, monitoramento e diminuição gradativa da PA. Pros 2: oxigenio s/n, morfina 2-4mg EV, metoprolol 5mg EV a cada 5min
Medicamentos: NTG e NPS (para reduzir a pré e a pós-carga), diurético de (máx: 15mg) → alvo FC<60bpm, nitroprussiato de sódio EV BIC → alvo PAS <
alça também diminui a sobrecarga de volume e, consequentemente, a PA. 120mmHg
Em alguns casos, o uso de pressão positiva contínua não invasiva de vias
respiratórias pode ser indicado para reduzir o edema pulmonar e o retorno
venoso.

5. Dissecção aguda de aorta


QC: dor precordial e elevação da PA. Sinais neurológicos focais,
choque/hipotensão, Hx familiar de dissecção, Hx de aneurisma de aorta
torácica, assimetria de pulsos, sopro de IAo, dor “rasgando”.
Fisiopato: A progressão da dissecção está relacionada com o valor de PA e
a velocidade de ejeção ventricular
Conduta: controlar a dor (analgesia por opiáceos IV), o FC < 60 bpm e a
PAS entre 100 e 120mmHg. PAS < 120 mmHg deve ser alcançada em 20
min. O uso isolado de NPS não é ideal, pois promove o aumento da FC e da
velocidade de ejeção aórtica, podendo piorar a dissecção. Assim, o NPS
deve ser associado ao BB, inicialmente IV, de ação rápida e titulável
(metoprolol, labetalol ou esmolol), para diminuir a FC.
OBS.: Em pacientes asmáticos, os bloqueadores dos canais de cálcio (BCC)
não dihidropiridínicos podem ser usados como alternativa.

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Encefalopatia AVCi AVCh Síndrome Edema agudo de Dissecção aguda Pré-eclâmpsia/
Hipertensiva coronariana aguda pulmão de aorta eclâmpsia

Tríade: Dificuldade para Dor de cabeça dor ou desconforto dispneia grave, dor precordial e cefaleia
1. Elevação da PA falar e entender os muito forte; no peito (aperto), diaforese, sibilos e, elevação da PA. principalmente
2. Alt. nível de outros; Perda de força irradiação para dorso, às vezes, escarro Sinais neurológicos occipital, presença
consciência Paralisia ou em um dos sinais de espumoso e focais, de escotomas ou
3. Edema de papila dormência no rosto, lados do corpo; hipoperfusão, sanguinolento. choque/hipotensão, alteração visual e a
cefaléia, náuseas ou braço ou perna, em Alterações polimórfica, náuseas, Hx familiar de epigastralgia ou dor
vômitos. Alterações do apenas um lado do visuais, como palidez e suor frio dissecção, Hx de em hipocôndrio
campo visual, fotopsia, corpo; cegueira aneurisma de aorta direito pela
visão turva, Dor de cabeça repentina; torácica, assimetria distensão da
alucinações visuais, súbita e intensa; Sintomas de pulsos, sopro de capsula hepática.
confusão mental, Tontura, vômitos; motores ou IAo, dor “rasgando”.
coma, crises Perda da sensitivos,
convulsivas coordenação dormência no
generalizadas e motora; rosto, mãos e
hiper-reflexia. Visão turva ou pernas
perda de visão

Exames Diagnósticos: Exames Exames Exames Diagnósticos: Exames Exames Exames


TC de crânio + Diagnósticos: TC de Diagnósticos: AngioTC de aorta Diagnósticos: Rx Diagnósticos: Diagnósticos:
fundoscopia crânio em 10min TC de crânio em torácica e abdominal de tórax (intenso Angiotomografia de Hemograma
10min e Eco TE edema aorta (padrão-ouro) completo (avaliar
intersticial) Ecocardiograma plaquetas)
transtorácico na Creatinina
sala de emergência AST, ALT
(de grande ajuda) Bilirrubinas totais e
frações
LDH
Glicemia de jejum
Ácido úrico (avalia o
prognóstico)

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Proteinúria de 24h
(precisa ser
quantificada, para
ter parâmetro basal
de evolução).

Nitroprussiato de sódio Se contraindicado: Manter PAS: esmolol, metoprolol NTG e NPS, controlar a dor: sulfato de magnésio
EV: AAS 140-168mmHg ou nitroglicerina diurético de alça analgesia por 4g, EV, em 20 min e
. Redução de 25% na Sem Se: FC (60-80bpm): opiáceos IV, o FC < 1 a 2g, EV, em BIC.
1°h contraindicação: . glasgow: <8 1.Metoprolol 5mg, 60 bpm e a PAS
. PA 135/85 em 24/48h trombólise com =IOT lento 3-5min. (max entre 100- *Se não tiver BIC no
Diazepam 10mg EV alteplase . PAS<160mmHg 15mg, diária 45mg) 120mmHg em 20 meu PS ou preciso
(crise convulsiva) . TTM cirúrgico min. NPS fazer um para
. Prevenção de 2.Esmolol 250mg/ml - associado ao BB: transportar a
vasoespasmo: 1amp=10ml) em BIC metoprolol, paciente:
nimodipina (50a200mcg/kg/min) labetalol ou - Sulfato de
60mg 4/4h por esmolol. magnésio dose de
SNE por 14-21 PA(100-120 mmHg): ataque: 4g, EV, em
dias Nitroprussiato de 20 min + 10g (5g em
Prevenir sódio em BIC cada nádega).
hipertermia, - Sulfato de
hiperglicemia e Analgesia: morfina magnésio
hipovolemia 2-4mg a cada 3-5min manutenção: 5g,
IM, de 4/4h.

**se PA permanecer
acima de 160/110:
hidralazina, EV,
5mg, a cada 15
minutos e vai
reavaliando.

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