Você está na página 1de 11

EmErgênCiaS HipErtEnSivaS

Ricardo Frederico Ferreira


Carlos E. Jazbik
Andréa A. Brandão

rEsumo ocorre de forma insidiosa, levando a alterações


fisiopatológicas progressivas. Quando essa
Emergência hipertensiva corresponde ao elevação adquire um ritmo abrupto, surgem
aumento abrupto da pressão arterial (PA) com sintomas relacionados à desadaptação dos
lesão de órgãos-alvo com risco à vida. Devem órgãos-alvo, que passam a apresentar sofrimento
ser tratadas imediatamente com drogas de ação e risco de estabelecimento de lesões definitivas,
rápida, administradas por via endovenosa, com caracterizando as emergências hipertensivas
monitorização rígida, objetivando redução ime- (1,2,3,4). A Urgência e a Emergência Hiper-
diata da PA. A principal droga usada em nosso tensiva são ocorrências clínicas, que podem
meio é o nitroprussiato de sódio, um potente representar mais de 25% dos atendimentos
vasodilatador com ação arterial e venosa. Neste hospitalares de urgência. Estima-se que 3% de
texto, revisamos os principais aspectos relacio- todas as visitas às salas de emergências são de-
nados à abordagem terapêutica, com ênfase correntes de elevações significativas da pressão
nas principais drogas utilizadas no Brasil e nas arterial (5). Usualmente, são situações clínicas
situações clínicas mais comumente associadas que necessitam de redução mais rápida da pres-
às emergências hipertensivas. são arterial (6).
PALAVRASCHAVE: Emergência hiperten-
siva; Hipertensão arterial; Tratamento. classificação
Emergência Hipertensiva é a situação ca-
introdução racterizada por PA marcadamente elevada com
A hipertensão arterial sistêmica é uma do- lesão de órgãos-alvo (encefalopatia hipertensiva,
ença de alta prevalência no Brasil e em todo o síndrome coronariana aguda, acidente vascular
mundo ocidental. A elevação dos níveis de PA encefálico, edema agudo de pulmão, eclâmpsia
costuma ser assintomática, principalmente se e dissecção aórtica), requerendo internação

Ano 7, Julho / Dezembro de 2008 50


em unidades de cuidados intensivos e uso de lar, que determinam perda da autorregulação
medicações intravasculares (1,3,4,6). A urgência circulatória e isquemia de órgãos-alvo. Essas
hipertensiva tem como característica o aumento modificações morfológicas e funcionais propi-
da PA que não representa risco imediato de vida ciam novo aumento da liberação de substâncias
e nem dano agudo a órgãos-alvo e o controle vasoativas, vasoconstrição e remodelamento
da PA poderá ser feito com a redução gradual vascular secundário à proliferação miointimal,
em 24h (1,6). instalando-se um círculo vicioso. (Fig. 1) (1,4,7).
A Tab. 1 mostra a classificação das elevações
inadequadas da pressão arterial e as principais aValiação clínica E
apresentações clínicas relacionadas. laboratorial
fisiopatologia da A propedêutica do paciente com emer-
gência hipertensiva geralmente se inicia pela
EmErgência hipErtEnsiVa aferição da PA acima de 180 x 120 mmHg,
As alterações de PA detectadas parecem ter embora este nível de pressão não seja absolu-
início com o aumento inadequado dos níveis tamente obrigatório. Pacientes com menor re-
circulatórios de substâncias vasoconstrictoras, serva funcional de determinados órgãos podem
como norepinefrina, angiotensina ou a vaso- apresentar emergência hipertensiva com níveis
pressina, o que ocasiona elevação abrupta da pressóricos menores. De fundamental impor-
resistência vascular sistêmica. Em consequência, tância é a velocidade em que a PA se eleva (8).
forças de cisalhamento desencadeiam dano A história clínica deve ser completa, in-
endotelial, seguido por deposição de plaquetas cluindo antecedentes do paciente, uso de medi-
e fibrina. Instalam-se alterações anatômicas, cações, abuso de drogas ilícitas e as condições
compatíveis com necrose fibrinoide arterio- cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Os
tabEla 1. classificação da ElEVação aguda da prEssão artErial.
Tipo de crise Apresentações clínicas Tratamento
Encefalopatia hipertensiva
AVE
Hemorragia subaracnoide
Dissecção aguda da aorta
Hipertensão maligna acelerada
- Início imediato
Crise adrenérgica do feocromoci-
- Preferência por drogas
toma
hipotensoras endovenosas pas-
Emergência Hipertensiva Abuso de cocaína
síveis de titulação rápida dos
Rebote por suspensão de anti-
níveis pressóricos.
hipertensivos
Eclâmpsia
Pós-operatório de cirurgia de
grande porte
Pré-operatório de cirurgia de
emergência

Elevação da pressão arterial em


- Início imediato, possibilidade
portadores de patologias de risco
Urgência Hipertensiva de uso de drogas por via oral,
como angina estável, cardiomiopa-
controle pressórico em até 24h.
tia dilatada e insuficiência renal.

A elevação pressórica não está rela-


- Tratamento dos sintomas que
cionada ao risco de morte e desen-
Pseudocrise Hipertensiva levaram o paciente à emergên-
volvimento de disfunção de órgão-
cia.
alvo.

51 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


sintomas que motivaram o paciente a procurar o servir para confirmar ou afastar alguma suspeita
serviço de emergência devem ser explorados de diagnóstica.
forma adequada, sobretudo quando incluírem
queixas de dor torácica, dispneia ou alterações mEta dE tratamEnto
neurológicas. O objetivo do tratamento medicamentoso
As condições clínicas do paciente precisam é a redução da PA média em 25% dos níveis
ser prontamente avaliadas, especialmente, os pressóricos aferidos na admissão do paciente, o
exames neurológicos, cardiológicos, pulmonares que habitualmente é o necessário para controlar
e vasculares como mostrado na Fig. 2. a complicação em curso ou instalada (4). Essa
Todos os pacientes com emergências hi- medida visa à preservação da autorregulação
pertensivas devem realizar os seguintes exames: cerebral, coronariana e renal, evitando o hi-
hemograma completo, ureia sérica, creatinina pofluxo e isquemia nestes órgãos. Quanto à
sérica, eletrólitos (sódio, potássio, magnésio), normalização dos níveis tensionais, é uma meta
urina tipo I (pesquisa de proteinúria ou he-
a ser alcançada em regime de tratamento am-
matúria microscópica), radiografia de tórax,
bulatorial (6). A única exceção a esta regra fica
eletrocardiograma e glicemia capilar (7). Cabe
por conta dos pacientes com dissecção de aorta,
também a dosagem de marcadores de necrose
onde a redução pressórica deve ser a máxima
miocárdica seriada (CKMB, CPK e troponina).
tolerada. Essa medida permite a estabilização
A tomografia de tórax e o ecocardiograma
do quadro e a abordagem cirúrgica precoce da
transesofágico são excelentes métodos para o
dissecção (5,8).
diagnóstico do comprometimento da aorta. A
tomografia computadorizada de crânio ajuda fármacos parEntErais
na definição da causa de possível comprome-
timento neurológico, se esse é secundário a
disponíVEis no brasil
hemorragias intracranianas, infarto cerebral 1) Nitroprussiato de sódio – vasodilatador
ou edema. De forma lógica, a indicação de um de ação imediata e curta duração. É o fármaco
ou outro exame deverá obedecer a critérios parenteral mais efetivo para o tratamento de
clínicos baseados na avaliação inicial, e deve emergências hipertensivas. Tem maior ação no

figura 1: círculo Vicioso da EmErgência hipErtEnsiVa.

Ano 7, Julho / Dezembro de 2008 52


figura 2: círculo Vicioso da EmErgência hipErtEnsiVa.

sistema arterial que no sistema venoso (9). Tem fusão contínua de hidroxicobalamina (segura e
início de ação extremamente rápido (em segun- efetiva na prevenção e tratamento da toxicidade
dos) e duração de ação de 1 a 2 minutos, com por cianeto associada ao nitroprussiato). A in-
meia-vida plasmática de 3 a 4 minutos. Con- toxicação por tiocianato (originado do cianeto
sequentemente, a cessação abrupta da infusão quando metabolizado no fígado) também é
causará aumento pressórico quase imediato. O possível nestas condições, porém menos grave.
nitroprussiato possui limitações, principalmente Deve ser administrado protegido da luz, pois é
quando usado de modo prolongado (> 24-48 fotossensível. Pode ser iniciado com 0,25 μg/kg/
horas) e/ou em altas doses (> 2 μg/kg/min). min e aumentado a cada 2 minutos até obtenção
Particularmente em nefropatas ou hepatopatas, da PA desejada. Na prática, pode-se diluir uma
pode levar à intoxicação por cianeto, o que pode ampola do nitroprussiato de sódio (50 mg) em
se manifestar com acidose metabólica, confusão 250 mL de solução, colocar em frasco e equipo
mental, coma, encefalopatia, cefaleia e bloqueio protegidos da luz e, através de bomba de infu-
cardíaco inexplicado. Se doses entre 4 e 10 μg/ são, administrar a uma velocidade de 3 mL/h.
kg/min estiverem sendo usadas, uma infusão Em seguida, de 2 em 2 minutos, a PA deve ser
de tiossulfato poderia ser administrada para medida e, cada vez que ainda estiver acima do
prevenir o acúmulo de cianeto, assim como in- desejado, aumenta-se 1 ou 2 mL/h.

53 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


2) Nitroglicerina – interage com os recep- aguda de aorta (8). Geralmente, é usada nas
tores de nitrato da musculatura lisa dos vasos. emergências hipertensivas em gestantes, devido
Tem ação muito mais potente na dilatação a sua segurança comprovada para o feto (6).
venosa do que arterial. Tem ainda a capacidade Tem como efeitos colaterais a possibilidade de
de dilatar vasos coronários epicárdicos, um dos induzir quadros lupus-like, sendo sua suspensão
motivos pelos quais é usado como antianginoso. geralmente curativa (9).
São possíveis efeitos colaterais: cefaleia, vômi- 5) Enalaprilato - seu uso é indicado quando
tos, taquicardia e hipotensão. É contraindicada há crise hipertensiva associada à insuficiência
nos casos de infarto de ventrículo direito e nos cardíaca grave, ou quando houver indicação de
pacientes que usaram sildenafil nas últimas 24 bloqueio do sistema renina-angiotensina-aldos-
horas. O paciente pode desenvolver tolerância terona (SRAA), sem possibilidade de absorção
se usar por períodos prolongados. Tem pico de por via oral. Nestas condições, o enalaprilato
ação em 2 a 5 minutos e duração do efeito por 5 deve ser utilizado na forma intravenosa, na
a 10 minutos (6). Sua dose inicial é de 5 μg/min dose de 1,25mg a 5mg a cada 6 horas. Seu início
e pode ser aumentada a cada 5 a 10 minutos se de ação é de 15 a 60 minutos e sua duração de
a PA-alvo ainda não foi atingida. ação é de 6 a 24 horas (8,9). Está contraindicado
3) Betabloqueadores – os mais frequente- na gravidez e em estenose bilateral de artérias
mente disponíveis no Brasil, administrados por renais. Em casos de hiperatividade do SRAA,
via venosa, são o metoprolol e o propranolol. São pode causar hipotensão e piora da função renal,
usados em casos onde há grande preocupação devendo ser usado com cuidado, pois a resposta
com a redução da frequência cardíaca. São é imprevisível (9). Atua de forma benéfica na
contraindicados em pacientes com insuficiên- circulação cerebral.
cia ventricular descompensada, portadores de No exterior, a disponibilidade de fármacos
DPOC descompensado ou asma, vasculopatia mais modernos e seguros como nicardiplina,
periférica grave e bloqueios atrioventricula- labetalol, fenoldopam e clevidipina ampliam as
res. Ambos devem ser administrados por via possibilidades de manuseio desses doentes (9).
venosa através de bolus lento, sem qualquer Outras drogas, como o captopril e a clonidina,
têm indicações específicas, principalmente no
diluição, podendo ser repetidos até 3 vezes ou
tratamento das urgências hipertensivas.
até obtenção da frequência cardíaca alvo (6). À
semelhança do metoprolol, o esmolol também é
um betabloqueador específico ß1. A dose reco-
tErapêutica para cada tipo
mendada é de 200 a 500 µg/kg/4 min em bolus e, dE EmErgência hipErtEnsiVa
após, 50 a 300 µg/kg/minuto. Seu início de ação
é rápido, em até 5 minutos, durando apenas de aCidEntE vaSCular EnCEfáliCo
15 a 30 minutos, devido a sua metabolização e (avE)
eliminação. Essas características lhe conferem A decisão de se atuar no controle da pres-
um perfil de segurança superior aos demais, são arterial nos portadores de AVE isquêmico
com menos efeitos colaterais (8). agudo deve ser bastante ponderada, basear-se
4) Hidralazina – é um vasodilatador arte- nas condições clínicas do momento do paciente
riolar direto com rápido início de ação (5 a 15 e na intenção da utilização de agentes trombo-
minutos) e duração prolongada (2 a 6 horas) líticos para seu tratamento. Os guidelines da
(9). É metabolizada no fígado e eliminada na American Heart Association preconizam o uso
urina, por isso, sua dose deve ser reduzida em de labetalol ou nicardipina. No Brasil, a opção
hepatopatas e em nefropatas. Pode induzir é pelo nitroprussiato de sódio, uma vez que tem
taquicardia reflexa, o que contraindica seu uso início de ação rápida e pode ser titulado até a
em síndromes coronárias agudas e em dissecção dose ideal. Deve-se procurar atingir redução de,

Ano 7, Julho / Dezembro de 2008 54


no máximo, 25% dos níveis iniciais da pressão EmErgências
arterial (não permitir que a pressão diastólica
cardioVascularEs
fique abaixo de 110 mmHg se for iniciada medi-
cação hipotensora) e manter atenção em relação SíndromE Coronariana aguda
a alterações do padrão neurológico, já que seu
A pressão arterial elevada é responsável pelo
uso determinará a perda do mecanismo de con-
agravamento da condição devido ao aumento do
trole do fluxo sanguíneo cerebral. Nos casos de
consumo de oxigênio pela musculatura cardíaca.
AVE hemorrágico, com frequência ocorre uma
Dessa forma, a redução dos níveis pressóricos
hipertensão reflexa pela hipertensão intracra-
deve ser considerada prioridade, e a utilização
niana. Os níveis elevados de pressão arterial são de medicamentos que tenham ações arterio-
necessários para manter a perfusão do sistema dilatadora e venodilatadora associadas parece
nervoso central. Não há evidência de que níveis ser ideal, uma vez que diminuiu o risco do de-
elevados de pressão arterial aumentem o risco senvolvimento de taquicardia reflexa. Por esse
de extensão do acometimento neurológico. Até motivo, o uso da nitroglicerina endovenosa em
recentemente, acreditava-se que a redução dos infusão contínua destaca-se como escolha (6).
níveis pressóricos para valores abaixo de 185 x Da mesma forma, visando à redução da pressão
110 mmHg era sempre indicada, na intenção e a diminuição do consumo de oxigênio pela
de diminuir esse risco de novos sangramentos. redução da frequência cardíaca, os betabloquea-
Hoje se sabe que reduções abruptas no nível dores endovenosos estão indicados (6). Os mais
de pressão arterial nas primeiras 24 horas são utilizados, em nosso meio, são o metoprolol
fatores preditivos independentes de mortalidade (ampolas de 5 mg) e o propranolol (ampolas de
1 mg). Outra medida medicamentosa que não
nesses pacientes. O controle da pressão arterial
pode ser esquecida é a utilização de sedativos da
é recomendado apenas em níveis pressóricos
dor, como a morfina. A diminuição do descon-
superiores a 200 mmHg de pressão sistólica e
forto e da ansiedade, associada à venodilatação
110 mmHg de pressão diastólica, ou pressão
por ação direta da droga, traz redução da pressão
arterial média maior que 130 mmHg.
arterial e consequente diminuição do consumo
EnCEfalopatia HipErtEnSiva de oxigênio pelo miocárdio. Deve-se lembrar
sempre que a trombólise, se indicada, só pode
A elevação abrupta da pressão arterial pode
ser realizada quando o paciente estiver minima-
ultrapassar o limite superior da capacidade de
mente controlado em relação à pressão arterial.
autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral,
com consequente hiperperfusão cerebral, le- diSSECção aguda da aorta
vando a uma disfunção endotelial, quebra da A dissecção aguda da aorta é considerada
barreira hematoencefálica, edema cerebral e a apresentação mais grave de todas as emer-
micro-hemorragias, resultando, clinicamente, gências hipertensivas por causa de sua alta
na encefalopatia hipertensiva, que se caracteriza mortalidade. Deve-se fazer potente analgesia
pelo surgimento agudo ou subagudo de sinto- com morfina e reduzir a frequência cardíaca
mas como letargia, cefaleia, confusão, distúrbios para cerca de 60 bpm, com metoprolol venoso.
visuais e convulsões. Geralmente, estes pacientes Reduzir a frequência cardíaca tem importância
não são hipertensos previamente ao evento. É fundamental (8). Uma vez tendo usado estas
necessária a realização de tomografia compu- duas medidas, a PA poderá, eventualmente,
tadorizada de crânio para afastar outros diag- atingir níveis suficientemente baixos para não
nósticos neurológicos, principalmente AVE. O precisar da administração anti-hipertensiva
fármaco de escolha é o nitroprussiato de sódio. venosa adicional. A dissecção aguda de aorta é

55 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


uma das exceções onde se deve reduzir a PA para O abuso de cocaína, ou uso de drogas sim-
níveis mais baixos, com PA sistólica em torno patomiméticas, a suspensão abrupta da medica-
de 100 a 110 mmHg. Por isso, frequentemente, ção hipotensora (sobretudo betabloqueadores e
faz-se necessário o uso de um vasodilatador clonidina) e, mais raramente, o feocromocitoma
como o nitroprussiato de sódio. Quando houver são exemplos de emergências hipertensivas
comprometimento coronariano na dissecção de associadas à elevação dos níveis circulantes
aorta, prefere-se a nitroglicerina por via venosa. de substâncias adrenérgicas. Os achados mais
Pela característica de bloqueador adrenérgico comuns dessas condições, além da elevação da
alfa e beta, o labetalol é o fármaco de escolha pressão arterial, são a taquicardia, a sudorese, a
em outros países. cefaleia, o rubor facial, entre outros. O tratamen-
to específico pode incluir nicardipina, fenoldo-
EdEma agudo dE pulmão
pan, verapamil ou fentolamina, associados com
Drogas mais comumente utilizadas com benzodiazepínicos. Outra alternativa é o uso de
sucesso nessa condição são os diuréticos de betabloqueadores que diminuirão a resposta
alça, nitroglicerina endovenosa e a morfina, que dos receptores às substâncias simpatomiméticas
causarão aumento da capacidade do território circulantes, com exceção ao abuso de cocaína.
venoso, diminuindo a congestão pulmonar,
o trabalho cardíaco e o consumo de oxigênio Eclâmpsia
pelo miocárdio. A utilização de dispositivos de
É definida pelo surgimento de proteinúria e
pressão positiva (VNI) no tratamento do edema
hipertensão arterial após a 20ª semana de gesta-
agudo de pulmão é adequada em quaisquer situ-
ção até a 6ª semana após o parto (6). Geralmente,
ações. Nos pacientes portadores de insuficiência
acompanha-se de edema. Cinco porcento das
renal grave que não respondam a diuréticos de
gestantes portadoras de pré-eclâmpsia evoluem
forma adequada, pode-se considerar o uso de
com convulsões caracterizando a eclâmpsia.
nitroprussiato de sódio, mantendo-se atenção
Embora existam diversas medidas para con-
especial aos sinais de intoxicação por tiocia-
trolar esta doença e prevenir sua evolução,
nato, até que esteja disponível a realização de
somente o parto com retirada da placenta será
ultrafiltração. Em portadores de estenose mitral
capaz de reverter o quadro. Por isso, quando a
com boa função ventricular, pode ser usado
pré-eclâmpsia surge após a 36ª semana de ges-
betabloqueador por via venosa.
tação, a conduta deve ser antecipar o parto (6).
O fármaco de escolha para controle pressórico
EmErgências com na eclâmpsia é a hidralazina, comprovadamente
acomEtimEnto rEnal segura na gestação. O objetivo deve ser manter
Os pacientes renais crônicos devem ser a PA sistólica entre 140 e 160 mmHg e a PA
considerados grupo de risco para o desenvolvi- diastólica entre 90 e 105mmHg.
mento de emergências hipertensivas por causa
da hipervolemia que é encontrada habitualmen- rEfErências
te nesse grupo. O tratamento nessa condição 1. Mancia G, De Backer G, Dominiczak A, Cifkova
deve incluir vasodilatadores diretos, como a R, Fagard R, Germano G, et al. Guidelines for
the Management of Arterial Hypertension:
hidralazina e diuréticos de alça. Quando não
The Task Force for the Management of Arterial
houver efetividade, pode-se considerar o uso Hypertension of the European Society of
de nitroprussiato de sódio até que se consiga Hypertension (ESH) and of the European
Society of Cardiology (ESC). J Hypertens. 2007
realizar diálise. Em outros países, as drogas de Jun; 25(6):1105-87.
escolha são a nicardipina e o fenoldopan.
2. Rosei EA, Salvetti M, Farsang C. European
Society of Hypertension Scientific Newsletter:
crisE simpática treatment of hypertensive urgencies and

Ano 7, Julho / Dezembro de 2008 56


emergencies. J Hypertens. 2006 Dec; 24(12): Hypertension. 1996 Jan; 27(1):144-7.
2482-5.
9. Kaplan, N.Systemic Hypertension: Therapy.
3. Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman In: Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes
WC, Green LA, Izzo JL, Jr, et al. The seventh DP. Braunwald’s heart disease: a textbook
report of the Joint National Committee on o f c a r d i o va s c u l a r m e d i c i n e . 8 t h e d .
prevention, detection, evaluation, and treatment Philadelphia(USA): Saunders Elsevier; 2007.
of high blood pressure: the JNC 7 report. JAMA. Chapter 41: 1049-70.
2003 May; 289(19):2560-72.

4. Vaughan CJ, Delanty N. Hypertensive abstract


emergencies. Lancet. 2000 Jul; 29; 356(9227):
411-7. Hypertensive emergency corresponds to
the abrupt increase blood pressure (BP) with
5. Cherney D, Straus S. Management of patients
with hypertensive urgencies and emergencies: a lesions in target organs with life threatening.
systematic review of the literature. J Gen Intern Should be treated immediately with fast acting
Med. 2002 Dec; 17(12): 937-45.
drugs, administered intravenously, with strict
6. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade
Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira
monitoring, aiming at immediate reduction of
de Nefrologia. V Diretrizes Brasileiras de BP. The main drug used in our country is sodium
Hipertensão Arterial. Portal Cardiol. 2006. nitroprusside, a potent vasodilator action with
Citado em 2009 Dec. Disponível em: http://
publicacoes.cardiol.br/consenso/2006/ arterial and venous. In this paper we review the
VDiretriz-HA.asp main aspects related to the therapeutic appro-
7. Marik PE, Varon J. Hypertensive crises: ach, with emphasis on the main drugs used in
challenges and management. Chest. 2007 Jun; Brazil and in clinical situations most commonly
131(6):1949-62.
associated with hypertensive emergencies.
8. Zampaglione B, Pascale C, Marchisio M,
Cavallo-Perin P. Hypertensive urgencies and
KEY WORDS: Hypertensive emergency;
emergencies. Prevalence and clinical presentation. Hypertension; Treatment.

57 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


TITULAÇÃO DOS AUTORES

Editorial Henrique José Portela Júnior

Médico Residente de Ecocardiografia


Denilson Campos de Albuquerque Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ
Chefe da Cardiologia do Hospital Universitário Roberto Esporcatte
Pedro Ernesto/UERJ
Preceptor da Residência Médica em Cardiologia do
(Vide Editorial)
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ
Endereço para correspondência:
Roberto Esporcatte Hospital Universitário Pedro Ernesto
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Prof. Adjunto de Cardiologia –FCM/UERJ Cardiologia
Presidente da Sociedade de Cardiologia do Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Rio de Janeiro Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Coordenador da Unidade Cardiointensiva do
E-mail: marcel.bastos@bol.com.br
HUPE/UERJ
Coordenador da Unidade Coronária do Hospital
Pró-Cardíaco artigo 2: SíndromE Corona-
William de Oliveira de Souza riana aguda SEm ElEvação

Médico Residente de Cardiologia – R2


do SEgmEnto St – angina
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ inStávEl E infarto agudo SEm
artigo 1: SíndromE SupradESnívEl dE St
Coronariana aguda Com Ana Catarina de M. Periotto

SupradESnivElamEnto do Médica Residente de Ecocardiografia – R3


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
SEgmEnto St
Marcel Bastos Daniela M. de Salles
Médico Residente de Cardiologia – R1 Médica Residente de Cardiologia – R1
Hosptal Universitário Pedro Ernesto/UERJ Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

9 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


Denilson Campos de Albuquerque Paulo R. Benchimol-Barbosa

(Vide Editorial) Médico do Setor de Arritmias do HUPE/UERJ.

Endereço para correspondência: Endereço para correspondência:


Hospital Universitário Pedro Ernesto Hospital Universitário Pedro Ernesto
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Cardiologia
Cardiologia Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829 E-mail: fernandaklein2004@yahoo.com.br
E-mail: dani_salles@hotmail.com
artigo 5: avaliação dE
artigo 3: Choque Cardiogênico paCiEntES Com SínCopE
Beatriz Timbó Neves Regadas Marcelo P. Amorim
Médica Residente de Cardiologia – R1 Médico Residente de Cardiologia – R2
Hosp. Universitário Pedro Ernesto / UERJ Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Roberta Schneider Alfredo S. Bomfim

Médica da Unidade Cardiointensiva do Hospital Médico da Seção de Eletrocardiologia e Arritmias


Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Serviço de Cardiologia Hospital Universitário
Pedro Ernesto/UERJ
Doutor em Ciências, UERJ.
Elias Yunes

Médico da Unidade Cardiointensiva do Hospital Ricardo L. Ribeiro


Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Médico da Seção de Eletrocardiologia e Arritmias
Endereço para correspondência: Serviço de Cardiologia Hospital Universitário
Hospital Universitário Pedro Ernesto Pedro Ernesto/UERJ
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar – Endereço para correspondência:
Cardiologia Hospital Universitário Pedro Ernesto
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829 Cardiologia
E-mail: beatrizregadas@yahoo.com.br Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
artigo 4: fibrilação atrial E-mail: amorimfmp@yahoo.com.br

na unidadE CardiointEnSiva: artigo 6: EmErgênCiaS


Como Eu trato HipErtEnSivaS
Fernanda Klein Ricardo Frederico Ferreira

Médica Residente de Cardiologia – R2 Médico Residente de Cardiologia – R2


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Carlos E. Jazbik
Débora Macuco
Médico Residente de Cardiologia – R1
Médica Residente de Cardiologia – R1 Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Andréa A. Brandão
Eduardo C. Barbosa
Doutora em Cardiologia pela UERJ
Prof. Adjunto da Disciplina de Cardiologia Professora Adjunta da Disciplina de Cardiologia
FCM/UERJ FCM/UERJ.

Ano 7, Julho / Dezembro de 2008 10


Endereço para correspondência: Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Hospital Universitário Pedro Ernesto Cardiologia
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar – Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Cardiologia Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 E-mail: raquelmmendonca@hotmail.com
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
E-mail: ricardofrederico@yahoo.com.br
artigo 9: arritmiaS
artigo 7: inSufiCiênCia vEntriCularES E bloquEioS
CardíaCa aguda CardíaCoS na unidadE
Camila dos S. Moreira de Souza
CardiointEnSiva: Como Eu
trato
Médica Residente de Cardiologia – R2
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. William de Oliveira de Souza

Carlos N. Pires (Vide Editorial)

Médico Residente de Cardiologia – R1 Alexandre G. M. Dias


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Médico Residente de Cardiologia – R1
Ricardo M. Rocha Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Doutor em Ciências Médicas pela UERJ e Mestre Silvia H. C. Borghossian


em Medicina pela UERJ
Médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Especialista em Eletrofisiologia Clinica Invasiva
Universitário Pedro Ernesto/UERJ. pela SOBRAC
Mestre em Cardiologia, UERJ
Endereço para correspondência:
Responsável pela Eletrofisiologia do Serviço de
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Cardiologia HUPE-UERJ e Rede ESHO.
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Cardiologia Endereço para correspondência:
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 Hospital Universitário Pedro Ernesto
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829 Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
E-mail: moreiracs@bol.com.br Cardiologia
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
artigo 8: tromboEmboliSmo Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
E-mail: williamos@ig.com.br
pulmonar: Como Eu trato
Raquel M. Mendonça
artigo 8: diSSECção aórtiCa
aguda
Médica Residente de Cardiologia – R2
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Luiz Cláudio Figueira do Amaral

Thais C. B. Jorge Médico Residente de Cardiologia – R2


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Médica Residente de Cardiologia – R1
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Gustavo Duque Salgado

Felipe N. Albuquerque Médico Cardiologista – Clínica de ICC


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Médico da Clínica de Insuficiência Cardíaca do
Endereço para correspondência:
HUPE
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Professor Substituto da Disciplina de Cardiologia
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
da UERJ.
Cardiologia
Endereço para correspondência: Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Hospital Universitário Pedro Ernesto Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829

11 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

Você também pode gostar