Você está na página 1de 11

Rev Bras Anestesiol

1998; 48: 4: 320 - 330

Artigo de Revisão
Anestesia e o Paciente Hipertenso *
Marcos Balbino, TSA 1
Balbino M - Anesthesia in Hypertensive Patients

KEY WORDS - DISEASE: arterial hypertension

erca de 50 milhões de americanos têm ceitos atuais relativos ao paciente hipertenso,


C pressão arterial sistólica acima de 140
mmHg, ou diastólica acima de 90 mmHg, ou
envolvendo aspectos fisiopatológicos, clínicos e
laboratoriais; o comportamento desse grupo de
ambas 1. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pacientes frente às técnicas anestésicas e a
é a doença cardiovascular mais comum nos escolha das melhores táticas visando obter o
Estados Unidos 2. No Brasil, em 1985, havia 16 máximo de segurança no período periope-
milhões de hipertensos; mais da metade descon- ratório.
hecia a doença e, entre os informados, mais da
metade abandonou o tratamento por diversos
motivos 3. Nesse ano, a HAS e suas compli-
cações representaram a primeira causa de CONSIDERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS
aposentadoria por invalidez permanente (20,4%
de todas as aposentadorias concedidas). A hipertensão arterial sistêmica é
O cancelamento de cirurgias devido a causa direta de doença cardiovascular e, por
elevados níveis pressóricos é um fato bastante isso, mortalidade prematura 5, pois hipertensos
comum na prática médica. Frustra-se o paciente têm duas a três vezes maior a incidência de
e a instituição aumenta seus gastos na inter- doença aterosclerótica, incluindo acidente vas-
nação. O hipertenso constitui também um de- cular cerebral (AVC), doença coronariana e
safio ao anestesiologista, pois pode apresentar doença arterial periférica 6,7. Hipertensos são
comprometimento em órgãos-alvo, prejuízo fun- mais predispostos a infarto do miocárdio em
cional variável, e efeitos adversos causados ambos os sexos, e independente da faixa etária,
pela terapêutica anti-hipertensiva, além de in- quando comparados a normotensos 8. Os infar-
terações com as próprias drogas anestésicas 4. tos assintomáticos, marcadores de doença
O objetivo desta revisão é fornecer con- coronariana subclínica, correspondem a até
metade de todos os infartos nos hipertensos,
sendo a maior cifra nas mulheres 7,9. Insuficiên-
* Trabalho realizado no Ambulatório de Avaliação Pré-Anestésica
do Hospital São Paulo - UNIFESP
cia cardíaca congestiva (ICC) é seis vezes mais
1. Médico Anestesiologista do Hospital São Paulo freqüente em hipertensos 10. Hipoperfusão cere-
bral focal ou difusa ocorre nesses pacientes,
Apresentado em 27 de julho de 1997 especialmente nos não tratados, mesmo na
Aceito para publicação em 23 de março de 1998
ausência de quadro neurológico clinicamente
evidente 11.
Correspondência para Dr. Marcos Balbino
R. Jorge Tibiriçá, 229/113 O valor absoluto do fluxo sangüíneo
04126-000 São Paulo, SP cerebral é o mesmo em hipertensos e normoten-
sos 12. A curva de autorregulação cerebral é
 1998, Sociedade Brasileira de Anestesiologia desviada para a direita, ou seja, as mudanças
vasculares que reduzem a tolerância à hipoten-
320 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
BALBINO

30
são por outro lado aumentam a tolerância à vascular .
hipertensão 13,14. A resposta cerebrovascular à O risco de morte súbita nos hipertensos
hipocapnia e hipercapnia não é alterada em é três vezes maior em relação aos normotensos;
hipertensos 14. e os tabagistas, diabéticos e hipercolesterolêmi-
Os hipertensos apresentam um cos são os hipertensos de maior tendência 31. O
aumento na resistência vascular renal, redução risco é pelo menos cinco vezes maior se coexistir
no fluxo plasmático renal, com taxa de filtração HVE ou condução ventricular anormal no ECG 9.
glomerular normal ou levemente reduzida. A Diuréticos associados a disritmias ventriculares
fração de filtração é elevada, indicando que a podem também ser apontados como causa de
vasoconstricção afeta predominantemente as morte súbita 32, mas não está bem definido se a
artérias pós-glomerulares. Esse estado, hipocalemia é responsável por essa associação
33
chamado hiperfiltração, mantém a filtração .
glomerular em valores normais, mas pode, a Fumo aumenta o risco para doença car-
longo prazo, favorecer o desenvolvimento de diovascular 34 e seu abandono pode pron-
glomeruloesclerose renal, com deterioração fun- tamente reduzir o risco de doença coronariana à
cional definitiva 15. metade 35. A mortalidade por doença corona-ri-
A hipe rtro fia ventricular esquerda ana relacionada ao fumo é mais de três vezes
(HVE) é uma alteração bem estabelecida e in- maior do que aquela relacionada ao câncer de
duzida pela hipertensão 16. A suspeita e o reco- pulmão 9. Adiar o tratamento da hipertensão
n h e c ime n to dest a ent idad e são de su ma mostrou ser imprudente; em cinco anos após o
importância, pois esses hipertensos têm particu- primeiro sinal de ICC ou HVE, mais da metade
larmente prognósticos adversos 10,17,18. Estudos dos hipertensos morrerão 10. Além disso, outras
recentes usando ecocardiografia mostraram que manifestações, como morte súbita, podem pre-
a HVE é um potente preditor de morbidade car- ceder a evidência laboratorial de lesão or-
diovascular, independente da pressão arterial, gânica.
idade, ou outros fatores de risco 19-24. Seu Em alguns pacientes a readaptação da
achado eletrocardiográfico é um indicador de curva de autorregulação cerebral com a terapêu-
risco tão importante quanto o achado eletro- tica pode ser demonstrada em torno de um ano
cardiográfico de infarto agudo do miocárdio de tratamento efetivo; em outros, nenhuma
(IAM) assintomático 9. Os mecanismos pelos readaptação ocorreu 36. Em pacientes idosos ou
quais a morbidade se eleva nos pacientes com hipertensos de longa data, as mudanças dege-
HVE são: aumento do consumo de oxigênio pelo nerativas e do tecido conjuntivo vascular são
miocárdio 10, compressão dos vasos intramurais intensas a ponto de impedir, completa ou parcial-
pelo miocárdio hipertrofiado 25 e maior sensibili- mente, a volta da autorregulação a valores nor-
dade a disritmias cardíacas 26,27. As alterações mais 37.
marcantes no relaxamento diastólico do O tratamento do paciente hipertenso
miocárdio têm sido observadas em casos extre- parece ser mais efetivo em prevenir a ICC e o
mos de HVE, onde podem explicar ocorrência de AVC do que os eventos coronarianos 34,38,39.
ICC mesmo com função sistólica adequada 28. O Contudo, os tratados vivem mais que os não-
ecocardiograma é mais sensível que o ECG em tratados 40, têm redução global da incidência de
detectar a hipertrofia nesses pacientes 1,19, 27,29. AVC, ICC e insuficiência renal 41 sendo também
Outras anormalidades eletrocardio- recomendado o tratamento dos hipertensos
gráficas, como distúrbio de condução ventricular idosos 42.
e anormalidades inespecíficas do segmento ST
e da onda T são mais comuns em hipertensos e AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
são associadas a maior risco de seqüela cardio-

Revista Brasileira de Anestesiologia 321


Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
ANESTESIA E O PACIENTE HIPERTENSO

Técnicas de controle psicossomático de benzodiazepínicos vem gradativamente subs-


não farmacológico da pressão arterial se tituindo os opióides e anticolinérgicos como
mostraram eficazes em estudos de curto prazo medicação pré-anestésica 4, sendo o diazepam
43
; assim, hipertensos necessitam de atenção e eficaz no próprio controle da crise hipertensiva
49
esclarecimento; a tensão emocional se relaciona e o etizolam estudado especificamente nos
com a própria prevalência da HAS 44,45. hipertensos, com bons resultados 50. Todos os
A admissão de um paciente em um hos- benzodiazepínicos em doses pré-anestésicas
pital é uma experiência emocionalmente an- reduzem a pressão arterial e aumentam a
gustiante, mesmo com todos os esforços da freqüência cardíaca; o diazepam ainda aumenta
equipe envolvida. Um bom relacionamento entre o fl u x o c o r o n á r io , r e d u z a co n t r a t ilid a d e
o anestesiologista e o paciente eqüivale a 100 miocárdica, resultando em ótima relação oferta-
mg de pentobarbital no que se refere ao efeito consumo de oxigênio 2.
tranqüilizante 46. Isso se faz importante na popu-
lação de hipertensos, pois sua resposta vascular
ao estresse é maior que a de indivíduos nor- MEDICAÇÃO ANTI-HIPERTENSIVA
mais 47.
Existe uma melhor resposta à pré-medi- Embora se reconheça a importância da
c a ç ã o e m h i p e r t e n so s q u e n o r mo t e n s o s , terapêutica anti-hipertensiva 40, o número de
mostrando maior sensibilidade à quebra do es- hipertensos adequadamente tratados em nosso
tresse no primeiro grupo 48. A administração oral ambulatório de avaliação pré-anestésica ainda

Quadro I - Efeitos da Administração a Longo Prazo de Agentes Anti-Hipertensivos 2


FC DC RVP VP Drogas

Hidroclorotiazida, Clortalidona,
Diuréticos SA SA R N/A
Furosemida, Ácido Etacrínico,
Amiloride, Espironolactona,
Triantereno

Simpatolíticos Centrais N/R N/R R N/A Metildopa, Clonidina, Guanabenz

Verapamil, Diltiazen, Nifedipina,


Bloqueadores de Ca++ A/R N/A R SA
Nimodipina, Felodipina,
Nicardipina, Isradipina,
Amlodipina

Vasodilatadores
A A R A Hidralazina, Diazóxido
Anteriolares

Captopril, Enalapril, Lisinopril,


Inibidores da ECA SA SA R SA Quinapril, Ramipril, Benazepril,
Fosinopril

Bloqueio Neuronal
N/R R R A
Guanetidina, Reserpina,
Adrenérgico Guanadrel

Antagonista
N/A N/A R N/A
Prazosin, Terazosin, Doxazosin,
Alfa-adrenérgico Fentolamina

Propranolol, Metoprolol, Esmolol,


Antagonista
R R N/R N/A Atenolol, Nadolol, Timolol,
Beta-adrenérgico
Acebutolol, Pindolol
FC = freqüencia cardíaca; DC = débito cardíaco; RVP = resistência vascular periférica; VP = volume plasmático
SA = sem alteração; A = aumento; R = redução; A/R = aumento ou redução; N/A = normal ou aumentado; N/R = normal ou reduzido

322 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
BALBINO

está abaixo do ideal. O fator econômico parece para sua doença, com uma ou mais drogas anti-
ser o principal obstáculo e, na população mas- hipertensivas. O quadro II relata as possíveis
culina, as reações adversas ligadas ao com- interações dessas drogas com as condições en-
prometimento sexual também são motivo de contradas em anestesia.
irregularidade e abandono do tratamento.
Os efeitos hemodinâmicos das drogas
anti-hipertensivas usadas a longo prazo estão
listadas no quadro I. EXAMES SUBSIDIÁRIOS
Os medicamentos anti-hipertensivos
normalmente são mantidos até o dia da cirurgia, O eletrocardiograma consegue eviden-
embora algumas informações possam ser rele- ciar a HVE em 2 a 10% dos pacientes, enquanto
vantes. A interrupção súbita de α2-agonistas o ecocardiograma é sensível em até 50% dos
(como a clonidina) e betabloqueadores pode casos 1. Um estudo realizado com 360 necróp-
causar a síndrome do rebote, com hipertensão sias identificou cinco critérios eletrocardiográfi-
(às vezes maior que a de pré-tratamento) e c o s d e e s p e c ificid a d e má x im a , m a s c o m
taquicardia. Reserpina (e guanetidina, em sensibilidade baixa (ocorrência rara - menor que
menor grau) diminui os estoques de neurotrans- 10% dos ECG, para cada critério). São eles:
missores adrenérgicos do sistema nervoso sim- amplitude de S-V1 maior ou igual a 24 mm,
pático (desnervação farmacológica) ; com isso, R-aVL >11 mm, R-I + S-III > 25 mm, R-I > 13 mm
doses usuais de agentes de ação direta, como e S-aVR> 14 mm 54.
fenilefrina, isoproterenol, norepinefrina, epine- Quando o ECG é associado a critérios
frina e dopamina poderão resultar em efeito clínicos sua sensibilidade pode aumentar con-
aumentado nesses pacientes, e o inverso tam- sideravelmente, chegando a uma correlação de
bém ocorre: agentes indiretos, como metarami- 65% com o ecocardiograma. Essa fórmula, de
nol e efedrina terão efeito reduzido 8. Pacientes regressão múltipla linear, sugerida por Vries e
em uso de captopril e enalapril não devem utili- colaboradores em 1996 55, estima a massa do
zar o medicamento na manhã da cirurgia, devido VE:
ao risco de hipotensão 51.
Hipertensos freqüentemente se apre- Massa do VE(g) = 137,5 - 13,1 . SEXO
sentam para cirurgia em tratamento específico + 1,1 . IDADE + 101,4 . ASC + 0,43 . PV1dur +

Quadro II - Interação entre Terapia Anti-Hipertensiva e Drogas usadas em Anestesia. Modificado, 2, 4, 8, 52, 53
Droga Específica Interação
Tiazidas Hipocalemia pode ser acentuada pela ventilação mecânica
Bradicardia pode ser acentuada por halotano e outros agentes
Propranolol, Metoprolol
inalatórios (geralmente responde à atropina)
Nadolol Intensa bradicardia resistente a atropina. Efeito potencializado na
insuficiência renal
Verapamil Prolongamento do intervalo PR com halotano, com risco de bloqueio AV
Potencialização do efeito hipotensor do enflurano, e especialmente
Nifedipina
isoflurano
Captopril, Inalapril Hipotensão per-operatória
Hidralazina, Prazozin Não há interações relatadas
Hipertensão rebote com a interrupção da droga (doses acima de 0,3
mg/dia), inclusive com a via transdermal. No intraoperatório, reduz a
Clonidina
necessidade de anestésicos administrados. Bradicardia pode ocorrer
como interação com raquianestesia
Metildopa Pode reduzir as necessidades de anestésicos em até 40%

Revista Brasileira de Anestesiologia 323


Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
ANESTESIA E O PACIENTE HIPERTENSO

28,7 . SV1 + 26,5 . SV4 , onde: Sexo : (0 = tração. De um modo geral, os autores concor-
homem, 1 = mulher), Idade em anos, PV1 = dam em:
duração da parte terminal da onda P em V1 (em
mseg, 1 mm = 0,04 seg), SV1 e SV4 = voltagens · Adiar a cirurgia e encaminhar o paciente ao
(em mV, 1 cm = 1 mV) da onda S nas derivações clínico, se a pressão arterial diastólica for
V1 e V4, respectivamente, e ASC = área da maior que 110 mmHg 4,58.
superfície corpórea, dada por: 0,007184 . Peso · Não adiar a cirurgia em casos de hiperten-
em kg (elevado a 0,425), altura em cm (elevada são sistólica isolada, a não ser que ultra-
a 0,725) ou seja ASC = 0,007184 x P0,425 x passe níveis de 200 mmHg 58,59.
Altura0,725 .
Tais cálculos podem ser de grande valia Pacientes nitidamente ansiosos, hiper-
o n d e n ã o s e d i sp õ e d o e co ca r d io g r a m a , tensos na sala de cirurgia, e que mostraram
podendo-se considerar hipertróficos os bons níveis pressóricos prévios, podem não
miocárdios com mais de 125 g/m2 de superfície estar sedados de uma forma ideal. A própria
corpórea 19. presença do médico, mesmo fora do ambiente
Atenção especial deve ser dada ao cirúrgico, já é por si um fator que pode elevar a
achado sugestivo de IAM, indicado pela ine- pressão arterial em até 27 mmHg e 15 mmHg,
quívoca ausência de onda R ou ondas Q pa- para as pressões sistólica e diastólica, respecti-
tológicas. Um terço à metade de todos os vamente 60.
infartos, nos hipertensos, se apresentam sub-
clínicos ou silentes 10.
Exame radiológico também é conside- INDUÇÃO DA ANESTESIA
rado inadequado para avaliação de HVE, sendo
útil apenas para sugerir cardiopatia dilatada 1. Os hipertensos freqüentemente têm
As dosagens plasmáticas fornecem os hipotensão arterial na indução da anestesia,
seguintes dados: devido ao bloqueio do tônus simpático pelas
drogas anestésicas, além do desvio da curva de
· hiperglicemia: o diabetes duplica o risco de auto-regulação para a direita, resultando em
doença coronária, sendo o maior impacto hipofluxo com reduções precoces de pressão
na população feminina 10. arterial . Para evitar esse efeito, deve-se hidratá-
· eletrólitos: hipocalemia, comum com uso de los previamente à indução da anestesia 59.
diuréticos, já foi responsabilizada por dis- Estudos têm demonstrado que indução
ritmias, e até morte súbita 54,56,57. da anestesia com fentanil e tiopental promoveu
· Uréia > 50 mg/dl, creatinina > 2 mg/dl, e redução da pressão arterial sistólica (PAS),
depuração de creatinina < 50 ml/min são p r e s s ã o a r te r i a l d i a s t ó l i c a ( PA D ) , d é b it o
indicativos de comprometimento renal 4. cardíaco (DC) e freqüência cardíaca (FC) em
hipertensos tratados com inibidores da enzima
de conversão e diuréticos, o que não ocorreu
PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO com aqueles tratados com β-bloqueadores e blo-
queadores de canais de cálcio 61. Porém, no
Níveis elevados de pressão arterial, na instante da laringoscopia e intubação, os quatro
primeira medida na sala de cirurgia, preocupam grupos apresentaram elevação na PAS e FC,
o a n e s te s i o l o g i st a , ci r u r g iã o e o p r ó p r io sendo a taquicardia significativamente menor
paciente. Tal evento pode resultar em cancela- n o s h i p e r t e n s o s e m u s o d e β-bloqueador.
mento da cirurgia e com isso, frustração do Reações similares foram encontradas em hiper-
paciente em adiar sua apreensão. Esse aspecto tensos não tratados, com maior tendência à
negativo pode se repetir, gerando mais frus- taquicardia 61.
324 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
BALBINO

A intubação orotraqueal (IOT) eleva a inalação súbita de altas concentrações de isoflu-


PA, a freqüência cardíaca, a liberação de epine- rano pode ser associada com hipertensão tran-
frina e norepinefrina em normotensos e hiperten- sitória 86.
sos, sendo a taquicardia mais pronunciada no
segundo grupo 62. Vários são os estudos sobre
a atenuação da resposta hemodinâmica à IOT. MANUSEIO PER-OPERATÓRIO
O esmolol, usado em dose única de 100 mg, é
efetivo e seguro em bloquear as respostas As oscilações de pressão per-ope-
hemodinâmicas à IOT, em pacientes hipertensos ratória podem ser deletérias nos hipertensos,
tratados 63-65. O fentanil, mais usado em nosso sendo associadas a um maior risco de compli-
meio, é eficaz na dose de até 3 µg.kg-1 em cações renais e cardíacas pós-operatórias,
pacientes idosos 66,67 e pelo menos 5 µg.kg-1 em especialmente em cardiopatas, diabéticos, e
pacientes jovens ou de meia idade 68-72. O pico pacientes desidratados. Hipotensão per-ope-
de concentração cerebral do fentanil situa-se em ratória é mais comum em pacientes com reserva
torno de 3,6 minutos após administração, sendo cardíaca reduzida (dispnéia para 400 m), PAD
esse o tempo ideal entre injeção e intubação 73. igual ou maior que 110 mmHg, cirurgia intra-ab-
Alfentanil tem as mesmas propriedades na dose dominal ou vascular e procedimentos com mais
de 30 µg.kg-1 71, embora Crawford tenha de- de duas horas. Hipertensão é observada em
monstrado que 10 µg.kg-1 possa ser suficiente, idosos (acima de 70 anos), e também em pacien-
se bloqueadores musculares não vagolíticos t e s d e s i d r a t a d o s , s e n d o f r e q ü e n t e m e n te
forem usados 74. Lidocaína na dose de 1,5 seguida de hipotensão 87.
mg.kg-1 não demonstrou eficácia na proteção da A hipotensão controlada por técnica
resposta hemodinâmica à IOT 75, embora um peridural contínua foi estudada em cirurgia or-
estudo prospectivo tenha mostrado bloqueio dos topédica e parece ser segura em hipertensos 88.
reflexos hemodinâmicos quando a droga é admi- Foi demonstrado que a pressão arterial pode ser
nistrada três minutos antes da laringoscopia 75. reduzida em cerca de 25% em hipertensos, sem
O nitroprussiato de sódio é prático e eficaz na que sintomas de hipoperfusão cerebral ocorram;
fase perioperatória, reduzindo a pressão arterial num grupo de 13 hipertensos não tratados ou
dentro de um a dois minutos, com o efeito dissi- tratados de forma insuficiente, cuja pressão ar-
pado dois minutos após o término da infusão. A terial média era de 145 mmHg, o limite inferior
dose inicial é de 0,25 a 0,5 µg.kg-1.min-1, e as da autorregulação cerebral foi de 113 mmHg 89.
chances de intoxicação surgem com doses O termos CAM e ED-50 se tornam in-
maiores que 10 µg.kg-1.min -1. Pacientes que re- consistentes quando consideramos estímulos
cebem propranolol ou captopril têm potenciali- cirúrgicos diversos, como intubação orotraqueal,
zação do efeito desse vasodilatador 76-78. Essa incisão da pele, esternotomia ou dissecção da
droga deve ser usada com cautela em pacientes aorta, que são crescentes em intensidade 90. Os
com fluxo cerebral comprometido 79. conceitos de MACBAR e EDBAR, ou seja, a
A in d a h á o u t r o s e s tu d o s s o b r e a concentração necessária para bloquear a re-
atenuação da resposta hemodinâmica à IOT en- sposta autonômica (impedindo a liberação de
volvendo nitroglicerina 80,81, verapamil 82, ni- catecolaminas) ampliam esses limites. No caso
valdipina 83 e o fenoldopam 84. A inserção de do halotano, por exemplo, o MACBAR para 95%
máscara laríngea é associada a menor resposta dos pacientes é cerca de 1,5% 91. Fentanil apre-
pressórica que a IOT, tanto em normotensos senta efeito teto, e mesmo em altas doses plas-
como hipertensos 61. A intubação com fibra óp- máticas (15 ng/ml) não é capaz de impedir
tica e anestesia local mostrou ser uma boa respostas hemodinâmicas a diversos estímulos,
opção, com estabilidade hemodinâmica 85. A principalmente esternotomia e dissecção aór-

Revista Brasileira de Anestesiologia 325


Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
ANESTESIA E O PACIENTE HIPERTENSO

tica, concluindo que o nível plasmático de fen- (a partir de 0,25 µg.kg -1.min -1), nitroglicerina
tanil que efetivamente bloqueia a resposta (0,25-7,5 µg.kg-1.min -1), e hidralazina (5 a 10 mg
autonômica a estímulos nocivos pode não existir a cada 15 a 20 minutos). O trimetafam 101 está
90
. Nesses casos está indicado o uso de vasodi- entrando em desuso, devido aos diversos efeitos
latadores. sistêmicos, entre eles o broncoespasmo 102. No-
O tratamento para os períodos de hiper- vos agentes, como labetalol, esmolol 103 e ni-
tensão envolve drogas anestésicas, vasodi- cardipina 104 também vêm sendo estudados no
latadores, β-bloqueadores 92, nicardipina 93 e controle da hipertensão no período pós-ope-
isradipina 94. O nitroprussiato de sódio é o mais ratório.
disponível nesta fase.
Provavelmente, em anestesia inalatória CONCLUSÕES
os efeitos das drogas são semelhantes em hiper-
tensos e normotensos 95,96. Se a taquicardia A elevada incidência da hipertensão ar-
associada ao isoflurano trouxer risco, pode ser terial no nosso meio nos coloca diante de um
reduzida pela associação com clonidina ou grupo especial de pacientes. Com sua fisiopa-
mesmo lidocaína 97. tologia peculiar, a hipertensão impõe ao anes-
Na fase final da anestesia devemos re- tesiologista uma série de desafios. A identi-
lacionar dois eventos significantes: a resposta ficação do nível de comprometimento dos ór-
hiperdinâmica da extubação e a interrupção dos gãos, a interpretação dos exames subsidiários,
anti-hipertensivos pelo jejum e cirurgia. Lido- e o conhecimento das diversas técnicas anes-
caína, na dose de 1,5 mg.kg-1, administrada tésicas contribuem para elevar a segurança dos
cerca de três minutos antes da extubação, pacientes hipertensos candidatos a cirurgia.
atenua o reflexo de tosse e as alterações
hemodinâmicas 98.
Balbino M - Anestesia e o Paciente Hiper-
tenso

HIPERTENSÃO PÓS-OPERATÓRIA
UNITERMOS - DOENÇA: hipertensão arterial

Hipertensão pós-operatória (HPO) é


um evento relativamente freqüente, e mais REFERÊNCIAS
comum em pacientes hipertensos, tabagistas,
doentes renais, idosos, portadores de angina e 01. Tierney Jr LM, McPhee SJ, Papadakis MA - Current
mulheres 99. Os prejuízos relacionados à HPO Medical Diagnosis & Treatment, 35th Ed, San Fran-
cisco, Prentice-Hall International, 1996;384-402.
incluem acidentes vasculares cerebrais, ruptura
02. Gilman AG - The Pharmacological Basis of Thera-
de suturas, dissecção de aorta, isquemia peutics, 9th Ed, New Jersey, McGraw-Hill,1996;
miocárdica e infarto 100. 367:780-808.
O tratamento da HPO deve ser insti- 03. Normas Técnicas para o Programa Nacional de
tuído precocemente, enquanto se pesquisam as Educação e Controle da Hipertensão Arterial
outras possibilidades de hipertensão, como dor, (PNECHA) - Ministério da Saúde, série A: Normas
agitação, hipoxemia, retenção de CO2, reação e Manuais Técnicos, 1988;11-13.
ao tubo traqueal, bexiga cheia, hipotermia, re- 04. Prys-Roberts C - Choice of anaesthetics for the
bote da medicação anti-hipertensiva interrom- hypertensive patient - Does it make a difference?,
em: 9th World Congress of Anaesthesiologists.
pida e hipervolemia relativa, resultante do
Washington, 1988;241.
excesso de hidratação 58. 05. Kannel WB - Hypertension and the risk of cardio-
Várias drogas podem ser usadas no vascular disease, em: Laragh JH , Brenner BM -
controle da HPO, como o nitroprussiato de sódio Hypertension: Pathophysiology, Diagnosis and

326 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
BALBINO

Management, 1st Ed, New York, Raven Press; 21. Levy D, Plehn JF, Wolf PA et al - Left ventricular
1990;101-117. mass and risk of stroke in men - Circulation,
06. Kannel WB, Sorlie P - Hypertension in Framing- 1987;76 (Suppl IV):IV-143.
ham, em: Paul O - Epidemiology and control of 22. Aronow WS, Epstein S, Koenisgsberg M et al -
hypertension. 1st Ed, Miami, Symposia Specialists; Usefulness of echocardiographic left ventricular
1975;553-592. hypertrophy , ventricular tachycardia and complex
07. Kannel WB, Abbott RD - Incidence and prognossi ventricular arrhythmias in predicting ventricular fi-
of unrecognized myocardial infarction, N Eng J brillation or sudden cardiac death in elderly pa-
Med, 1984;311:2244-1147. tients - Am J Cardiol, 1988;62:1124-1125.
08. Kannel WB - Bishop lecture. Contribution of the 23. Wofford JL, Wasilauskas CH, Byington RP et al -
Framingham study to the preventive cardiology. J Left ventricular mass index as a predictor of mor-
Am Coll Cardiol, 1990;15: 206-211. tality - Circulation, 1988;78 (Suppl II):II-63.
09. Kannel WB - CHD risk factors: a Framingham study 24. Cooper R, Simmons B, Castaner A et al - Left
update - Hosp pract, 1990;15,25:119-127. ventricular hypertrophy as a predictor of mortality
10. Kannel WB, Castelli WP, McNamara PM et al - Role independent of coronary artery disease and ventricu-
of blood pressure in the development of congestive lar function - Circulation,1988; 78 (Suppl II):II-424.
heart failure: the Framingham Study - N Engl J 25. James TN - The role of small artery disease in
Med,1972;287:781-787. myocardial infarction - Circulation, 1969;4:13-19.
11. Nobili F, Rodriguez G, Marenco S et al - Regional 26. Messerli FH, Ventura HO, Wlizardi DJ et al - Hyper-
cerebral blood flow in chronic hypertension. A cor- tension and sudden death. Increase ventricular
relative study. Stroke, 1993;24:1148-1153. ectopic activity in left ventricular hypertrophy - Am
12. Kety SS, Hafkenschiel JH, Jeffers WA et al - The J Med, 1984;77:18-22.
blood flow, vascular resistance, and oxygen con- 27. Mc Lenachan JM, Henderson E, Morris KI et al -
sumption of the brain in essencial hypertension. J Ventricular arrhythmias in patients with hyperten-
Clin Invest, 1948;27:511-514. sive left ventricular hypertrophy - N Engl J Med,
13. Strandgaard S, Jones JV, Mackenzie ET et al - 1987;317:787-792.
Upper limit of cerebral blood flow autoregulation in 28. Topol EJ, Traill TA, Fortuin NJ - Hypertensive hy-
the baboon with experimental renovascular hipo- pertrophic cardiomyopathy of the elderly - N Engl
tension. Circ Res, 1975; 37:164-167. J Med, 1985;312:277-283.
14. Tominaga S, Strandgraard S, Uemura K et al - 29. Kiatchoosakun S, Mahanonda N, Phankingthongkum
Cerebrovascular CO2 reactivity in normotensive R et al - Left ventricular hypertrophy: relationship of
and hypotensive man. Stroke, 1976;7:507-510. echocardiographic and electrocardiographic findings
15. Beaufils M - Preserving the autoregulation of renal in idiopathic dilated cardiomyopathy. J Med Assoc
hemodynamics. Cardiology, 1993;83:10-15. Thai, 1996;79:103-107.
16. Evans G - A contribution to the study of arterioscle- 30. Kannel WB, Soli WP - Left ventricular hypertrophy
rosis, with special reference to its relation to in hypertension. Prognostic and pathogenic impli-
chronic disease - Q J Med, 1921;14:215-282. cations: the Framingham Study, em: Strauer BE -
17. Sokolow M, Perloff D - The prognosis of essencial The heart in hypertension. Berlim: Springer-Ver-
hypertension treated conservatively - Circula- lag, 1981;223-242.
tion,1961;23:697-713. 31. Gordon T, Kannell WB - The Framingham Study. US
18. Breslin DJ, Gifford Jr RW , Fairbairn JF II - Essential Government Printing Office, Washington DC,1974.
hypertension: a twenty-year follow-up study - Cir- 32. Duke M - Thyazide-induced hypokalemia. Associa-
culation, 1966;33:87-97. tion with acute myocardial infarction and ventricu-
19. Casale PN, Devereux RB, Milner M et al - Value of lar fibrillation - JAMA, 1978;239:43-45.
echocardiographic measurement of left ventricular 33. Whelton PK, Brennan PJ, Greenberg G et al -
mass in predicting cardiovascular morbid events in Medical Research Concil Working Party on mild to
hypertensive men - Ann Intern Med, 1986;105:173- moderate hypertension. Ventricular extrasystoles
178. during thiazide treatment: substudy of MRC mild
20. Levy D, Garrison RJ, Savage DD et al - Left hypertensive trial. Br Med J, 1983; 287:1249-1253.
ventricular mass and incidence of coronary heart 34. Peart S, Barnes GR, Broughton PMG et al - MRC
disease in an elderly cohort. The Framingham Trial of treatment of mild hypertension. Principal
Heart Study - Ann Intern Med, 1989;110:101-107. results. Medical Research Council Working Party.
Revista Brasileira de Anestesiologia 327
Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
ANESTESIA E O PACIENTE HIPERTENSO

Br Med J, 1985;291:97-104. por via sublingual, em pacientes com crise hiper-


35. Garrison RJ, Kannel WB, Castelli WP et al - Inci- tensiva. Arq Bras Cardiol, 1991;57:313-317.
dence and precursors of hypertension in young 50. Matsuo H, Watanabe S, Ishiguro M et al - The
adults: the Framingham Offspring Study. Prev efficacy of additive use of etizolam in patients with
Med, 1987;16:235-251. essential hypertension and unspecified com-
36. Strandgaard S - Autoregulation of cerebral blood plaints. Int J Clin Pharmacol Ther Toxicol, 1992;
flow in hipertensive patients. The modifying influ- 30:51-56.
ence of prolonged antihypertensive treatment on 51. Coriat P, Richer C, Douraki T et al - Influence of
the tolerance to acute, drug induced hypotension. chronic angiotensin-converting enzyme inhibition
Circulation, 1976;53:720-727. on anesthetic induction. Anesthesiology, 1994;81:
37. Strandgaard S, Paulson OB - Hypertensive disease 299-307.
and cerebral circulation, em: Brenner BM, Laragh 52. Hayashi Y, Maze M - Alpha-2 adrenoceptor
JH - Hypertension, 1st Ed, New York, Raven Press; agonists and anaesthesia. Br J Anaesth, 1993;
1990: 399-416. 71:108-118.
38. Calabresi M - Effects of treatment on morbidity in 53. Singh H, Liu J, Gaines GY et al - Effect of oral
hypertension. JAMA, 1970;213:1143-1152. clonidine and intratecal fentanyl on tetracaine spi-
39. Anônimo - MRC Working Party. MRC trial of treat- nal block. Anesth Analg, 1994;79:1113-1116.
ment in mild hypertension. Br Med J, 1985; 291:97- 54. Romhilt DW, Bove KE, Norris RJ et al - A critical
104. appraisal of the electrocardiographic criteria for
40. Anônimo - Report of the Management Committe. the diagnosis of left ventricular hypertrophy. Circu-
The Australian Therapeutic Trial in Mild Hyperten- lation, 1969;40:185-195.
sion, Lancet, 1980;1:1261-1267. 55. de Vries SO, Heesen WF, Beltman FW et al -
41. Thompson MG - An appraisal of the large scale Prediction of the left ventricular mass from the
trials of antihypertensive treatment, em: Bulpitt CJ electrocardiogram in systemic hypertension. Am J
- Handbook of Hypertension 6: epidemiology of Cardiol, 1996;77:974-978.
hypertension. Amsterdam: Elsevier, 1985:331- 56. Yano K, Hirata M, Matsumoto Y et al - Effects of
343. chronic hypokalemia on ventricular vulnerability
42. Lever AF, Ramsay LE - Treatment of hypertension during acute myocardial ischemia in the dog. Jpn
in the elderly - J Hypertens, 1995;13:571-579. Heart J, 1989;30:205-217.
43. Cottier C, Shapiro K, Julius S - Treatment of mild 57. Siscovick DS, Raghunathan TE, Psaty BM et al -
hypertension with progressive muscle relaxation. Diuretic therapy for hypertension and the risk of
Predictive value of indexes of sympathetic tone. primary cardiac arrest. N Engl J Med, 1994;330:
Arch Intern Med, 1984;144:1954-1958. 1852-1857.
44. Ribeiro MB, Ribeiro AB, Neto CS - Hypertension 58. Domino KB - Perioperative hypertension, em: ASA
and economic activities in São Paulo, Brazil. Hy- Refresher Course Lectures, Atlanta, American So-
pertension ,1981;3:233-237. ciety of Anesthesiologists, 1995;115.
45. Achutti A, Medeiros AMB, Azambuja MIR - Controle 59. Miller ED - New developments in the management
da hipertensão arterial em Porto Alegre. Arq Bras of perioperative hypertension, em: ASA Refresher
Cardiol, 1988;51:288. Course Lectures, San Francisco, American Soci-
46. Egbert LD, Battit GE, Turndorf H et al - The value ety of Anesthesiologists, 1994;522.
of preoperative visit by an anesthetist. JAMA, 60. Mancia G, Bertinieri G, Grassi G et al - Effects of
1963;185:553. blood pressure measurement by the doctor on
47. Bedford RF, Feinstein B - Hospital admission blood patients blood pressure and heart rate. Lancet,
pressure: a predictor for hypertension following 1983;2:695-698.
endotraqueal intubation. Anesth Analg, 1980;59: 61. Sear JW, Jewkes C, Tellez JC, et al - Does the
367-370. choice of antihypertensive therapy influence
48. Greene NM - Preanesthetic blood pressure deter- haemodynamic responses to induction, larin-
minations: an analysis of 2139 cases under clinical goscopy and intubation? Br J Anaesth, 1994;73:
conditions. Anesth Analg, 1963;42:454-462. 303-308.
49. Mansur A de P, Ramires JA, Avakian SD et al - 62. Fujii Y, Tanaka H, Toyooka H - Circulatory re-
Efeito comparativo do diazepam, nifedipina, pro- sponses to laryngeal mask airway insertion or tra-
pranolol e da associação nifedipina e propranolol, cheal intubation in normotensive and hypertensive
328 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
BALBINO

patients. Can J Anaesth, 1995;42:32-36. 77. Khambatta HJ, Stone JG, Khan E - Propranolol
63. Chung KS, Sinatra RS, Halevy JD et al - A com- alters rennin release during nitroprusside-induced
parison of fentanyl, esmolol, and their combination hypotension and prevents hypertension on discon-
for blunting the haemodynamic responses during tinuation of nitroprusside. Anesth Analg, 1981;60:
rapid-sequence induction. Can J Anaesth, 1992; 569-573.
39:774-779. 78. Woodside Jr J, Garner L, Bedford RT et al - Cap-
64. Sheppard S, Eagle CJ, Strunin L - A bolus dose of topril reduces the dose requirement for sodium
esmolol attenuates tachycardia and hypertension nitroprusside induced hypotension. Anesthesio-
after tracheal intubation. Can J Anaesth, 1990; logy, 1984;60:413-417.
37:202-205. 79. Abdelwahab W, Frishman W, Landau A - Manage-
65. Sharma S, Mitra S, Grover VK et al - Esmolol blunts ment of hypertensive urgencies and emergencies.
the haemodynamic responses to tracheal intubation J Clin Pharmacol, 1995;35:747-762.
in treated hypertensive patients. Can J Anaesth, 80. Mikawa K, Hasegawa M, Suzuki T et al - Attenu-
1996;43:778-782. ation of hypertensive response to tracheal intuba-
66. Chung F, Evans D - Low-dose fentanyl: haemody- tion with nitroglycerin. J Clin Anesth, 1992;4:
namic response during intuction and intubation in 367-371.
geriatric patients. Can Anaesth Soc J, 1985;32: 81. Perez Pena JM, Olmedilla Arnal L, Jimeno Fernan-
622-628. dez C et al - Effect of an intravenous nitroglycerin
67. Splinter W, Cervenko F - Haemodynamic re- bolus on the hemodynamic impact of laryngoscopy
sponses to laryngoscopy and tracheal intubation in and intubation. Rev Esp Anestesiol Reanim,
geriatric patients: effects of fentanyl, lidocaine and 1991;38:234-237.
thiopentone. Can J Anaesth, 1989;36:370-376. 82. Yaku H, Mikawa K, Maekawa N et al - Effect of
68. Dahlgren N, Messeter K - Treatment of stress verapamil on the cardiovascular responses to
response to laryngoscopy and intubation with fen- tracheal intubation. Br J Anaesth, 1992;68:85-
tanyl. Anaesthesia, 1981;36:1022-1026. 89.
69. Martin DE, Rosenberg H, Aukburg SJ et al - Low 83. Mikawa K, Maekawa N, Hasegawa M et al -
dose fentanyl blunts circulatory responses to tra- Effects of nivaldipine on the cardiovascular re-
cheal intubation. Anesth Analg, 1982;61:680-684. sponses to tracheal intubation. J Clin Anesth,
70. Kautto UM - Attenuation of the circulatory response 1992;4:292-296.
to laryngoscopy and intubation by fentanyl. Acta 84. Panacek EA, Bednarczyk EM, Dunbar LM et al
Anaesthesiol Scand, 1982;26:217-221. Randomized, prospective trial of fenoldopam vs
71. Black TE, Kay B, Healy TEJ - Reducing the haemo- sodium nitroprusside in the treatment of acute se-
dynamic responses to laryngoscopy and intuba- vere hypertension. Fenoldopam study group. Acad
tion. A comparison of alfentanil with fentanyl. Emerg Med, 1995;2:959-965.
Anaesthesia, 1984;39:883-887. 85. Hawkyard SJ, Morrison A, Doyle LA et al - Attenu-
72. Iyer V, Russel W - Induction using fentanyl to ating the hypertensive response to laryngoscopy
suppress the intubation response in cardiac pa- and endotracheal intubation using awake fibre-
tient: what is the optimal dose? Anaesth Intensive optic intubation. Acta Anaesthesiol Scand, 1992;
Care, 1988;16:411-417. 36:1-4.
73. Shafer SL, Varvel JR - Pharmacokinetics, pharma- 86. Ishikawa T, Nishino T, Hiraga K - Immediate re-
codynamics, and rational opioid selection. Anes- sponses of arterial blood pressure and heart rate
thesiology, 1991;74:53-63. to sudden inhalation of high concentrations of
74. Crawford DC, Fell D, Achola KJ et al - Effects of isoflurane in normotensive and hypertensive pa-
fentanyl on the pressor and catecholamine re- tients. Anesth Analg, 1993;77:1022-1025.
sponses to tracheal intubation. Br J Anaesth, 87. Charlson ME, MacKenzie CR, Gold JP et al -
1987;59:707-712. Preoperative characteristics predicting intraopera-
75. Tam S, Chung F, Campbell M - Intravenous lido- tive hypotension and hypertension among hyper-
caine: optimum time of injection before tracheal tensives and diabetics undergoing noncardiac
intubation. Anesth Analg, 1987;66:1036-1038. surgery. Ann Surg, 1990;212:66-81.
76. Friederich JÁ, Butterworth JF - Sodium Nitroprus- 88. Sharrock NE, Mineo R, Urquart B - Haemodynamic
side: twenty years and counting. Anesth Analg, effects and outcome analysis of hypotensive ex-
1996;82:669. tradural anaesthesia in controlled hypertensive pa-
Revista Brasileira de Anestesiologia 329
Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998
ANESTESIA E O PACIENTE HIPERTENSO

tients undergoing total hip arthroplasty. Br J An- rane in patients with coronary artery disease and
aesth, 1991;67:17-25. chronic hypertension. Sevoflurane Ischemia Study
89. Strandgaard S - Autorregulation of cerebral blood Group. Anesth Analg, 1996; 82:1159-1165.
flow in hypertensive patients. The modifying influ- 97. Tanaka S, Tsuchida H, Namba H et al - Clonidine
ence of prolonged antihypertensive treatment on and lidocaine inhibition of isoflurane-induced
the tolerance to acute, drug induced hypotension. tachycardia in humans. Anesthesiology, 1994;
Circulation, 1976;53:720-727. 81:1341-1349.
90. Wynands JE, Wong P, Townsend GE et al - Narcotic 98. Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK - Clinical
requirements for intravenous anesthesia. Anesth Anesthesia, 3rd Ed, Philadelphia, Lippincott, Ra-
Analg, 1984;63:101-105. ven; 1997;573.
91. Roizen MF, Horrigan RW, Frazer BM - Anesthetic 99. Rose DK, Cohen MM, DeBoer DP - Cardiovascular
doses blocking adrenergic (stress) and cardiovas- events in the postanesthesia care unit: contribution
cular responses to incision - MAC BAR. Anesthe- of risk factors. Anesthesiology, 1996;84:772-781.
siology, 1981;54:390-398. 100. Kaplan JA - Cardiothoracic and Vascular Anes-
92. Davies MJ, Dysart RH, Silbert BS et al - Prevention thesia Update. 1st Ed, New York, WB Saunders;
of tachycardia with atenolol pretreatment for ca- 1991;1-8.
rotid endarterectomy under cervical plexus block- 101. Davis RF - Acute Preoperative Hypertension, em:
ade. Anaesth Intensive Care, 1992;20: 161-164. Barash PG - Refresher Courses in Anesthesiology.
93. Goto F, Kato S, Sudo I - Treatment of intraoperative American Society of Anesthesiologists, Chicago,
hypertension with enflurane, nicardipine, or human 1989;17:59-70.
atrial natriuretic peptide: haemodynamic and renal 102. Ivankovitch AD, Miletich DJ, Tinker JH - Nitroprus-
effects. Can J Anaesth, 1992;39: 932-937. side and other short-acting hypotensive agents. Int
94. Ruegg PC, Karmann U, Keller H - Management of Anesth Clin, 1978;16:132.
perioperative hypertension using intravenous is- 103. Muzzi DA, Black S, Losasso TJ et al - Labetalol
radipine. Am J Hypertens, 1991;4:203s-206s. and esmolol in the control of hypertension after
95. Wouters P, Doursout MF, Merin RG et al - Influence intracranial surgery. Anesth Analg, 1990;70:68-71.
of hypertension on MAC of halotane in rats. Anes- 104. Kaplan JA - Clinical considerations for the use of
thesiology, 1990;72:843-845. intravenous nicardipine in the treatment of post-
96. Rooke GA, Elbert T, Muzi M et al - The hemody- operative hypertension. Am Heart J, 1990;119:
namic and renal effects of sevoflurane and isoflu- 443-446.

330 Revista Brasileira de Anestesiologia


Vol. 48, N° 4, Julho - Agosto, 1998

Você também pode gostar