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Fisiopatologia
Os sintomas mais comuns são dispneia, intolerância aos esforços, ortopneia, dispneia
paroxística noturna, tosse e fadiga. Ao exame, o paciente pode se apresentar em insuficiência
respiratória aguda, necessitando de tratamento imediato, estertores crepitantes em todos os
campos pulmonares, taquipneia e hipertensão. Podemos identificar também ritmo de galope,
com a presença de B3 ou B4.
Uma radiografia de tórax pode confirmar a presença de congestão pulmonar. Além disso, a
utilização de ultrassom point of care pode auxiliar no diagnóstico, demonstrando linhas B
difusas que representam a congestão pulmonar. Um eletrocardiograma deve ser obtido, pois a
isquemia miocárdica pode ser a causa do EAP. A dosagem de BNP pode auxiliar no diagnóstico.
Tratamento
DIRETRIZ IC
O edema agudo de pulmão é a apresentação clínica inicial de cerca de 13,2% dos pacientes
hospitalizados por IC, segundo recente registro europeu, sem diferença de prevalência em
relação à fração de ejeção, mas está associado à maior mortalidade em ICFEr e maior duração
da hospitalização. Se for analisada apenas a presença de edema pulmonar em pacientes
hospitalizados por IC, a prevalência atinge 75 a 83% para estudos em ICFEr e 51 a 100% em
estudos de ICFEp.
Os pacientes com edema agudo de pulmão apresentam dois modelos distintos de distribuição
volêmica:
• IC aguda nova: congestão pulmonar sem hipervolemia periférica (IC de novo). Neste
modelo hemodinâmico, o tratamento tem como objetivo redistribuir o volume da
circulação pulmonar para a circulação periférica. Esta melhora da distribuição de
volume é feita por ação de vasodilatadores (nitroglicerina e, especialmente, o
nitroprussiato de sódio), com uso judicioso de diuréticos e suporte ventilatório com
pressão positiva não invasiva de baixa pressão, para reduzir o trabalho respiratório e a
hipoxemia,632 que podem reduzir as taxas de intubação e de mortalidade.736 O uso
de ventilação não invasiva é recomendado em pacientes com congestão pulmonar
associada a desconforto respiratório e/ou hipoxemia (frequência respiratória > 25
incursões/minuto e SatO2 < 90%). É recomendável ter-se cautela com pacientes
hipotensos (pressão positiva pode reduzir a pressão arterial) e em pacientes após IAM,
os quais podem ter pior evolução. Atualmente, o uso rotineiro de opioides para alívio
da dispneia é controverso no EAP, uma vez que tais drogas podem deprimir o sensório,
além de causar hipotensão, náuseas e redução do drive ventilatório, o que pode
paradoxalmente culminar em aumento da mortalidade... Os opioides NÃO estão
proibidos, mas devem ser usados com cautela em casos selecionados.
• IC crônica agudizada: o outro modelo de edema agudo de pulmão é de congestão
pulmonar e sistêmica. O tratamento tem como prioridade a redução da volemia, por
meio do uso, em larga escala, de diuréticos associados a vasodilatadores e, por vezes,
inotrópicos. Em pacientes com sinais de baixo débito com hipotensão arterial, o
suporte inotrópico é o tratamento de escolha e, em alguns casos, o SCM pode ser
necessário.
CRISE HIPERTENSIVA
O conceito de UH é controverso, não sendo citado nas diretrizes europeias de HAS. Por um
lado, a minoria dos pacientes que se apresentam no DE com níveis pressóricos > 180/120
mmHg necessita de algum tipo de intervenção médica imediata, com o risco de eventos
cardiovasculares em curto prazo não muito diferente dos hipertensos crônicos controlados
ambulatorialmente. Por outro lado, alguns pacientes podem apresentar emergências
hipertensivas com valores pressóricos < 180/120 mmHg.
ACHADOS CLÍNICOS
Os pacientes com uma emergência hipertensiva devem ter sua pressão arterial aferida nos dois
braços e eventualmente nos quatro membros, de preferência em um ambiente calmo e
repetidas vezes, até a estabilização (no mínimo três medidas). Deve-se prontamente coletar
informações sobre a PA usual do paciente e sobre situações que possam desencadear o seu
aumento (ansiedade, dor, sal, comorbidades, uso de fármacos anti-hipertensivos – dosagem e
adesão) ou que possam aumentar a PA (anti-inflamatórios, corticoides, simpaticomiméticos,
álcool). O uso de drogas ilícitas é um fator de risco para crises hipertensivas, devendo ser
questionado ativamente, principalmente no tocante ao uso de drogas adrenérgicas como a
cocaína.
• Grau 0 – normal.
• Grau 1 – estreitamento arterial mínimo.
• Grau 2 – estreitamento arterial óbvio com irregularidades focais.
• Grau 3 – estreitamento arterial com hemorragias retinianas e/ou exsudato.
• Grau 4 – grau 3 acrescido de papiledema.
HIPETENSÃO PULMONAR
Como podemos observar, a pressão arterial pulmonar é pelo menos seis vezes menor do que a
pressão arterial sistêmica (20 x 8 mmHg em vez de 120 x 80 mmHg).
*Definimos hipertensão arterial pulmonar como:* (1) Pressão arterial média pulmonar > 25
mmHg no repouso.
No pulmão, a pressão média na artéria pulmonar está na faixa 10-20 mmHg, enquanto a
pressão no átrio esquerdo é de 4-12 mmHg. Portanto, um gradiente pressórico em torno de 5
mmHg é a “força motriz” que movimenta o fluxo sanguíneo (ou seja, o débito cardíaco) pelo
leito vascular pulmonar. Quanto maior a RVP, maior será o gradiente pressórico necessário para
manter o fluxo pulmonar.
A Pressão Venocapilar Pulmonar (PVCP) reflete a Pressão Atrial Esquerda (PAE), ambas
situando-se na faixa entre 4-12 mmHg. O aumento da PVCP de forma lenta e progressiva leva à
congestão pulmonar crônica. Este aumento também se transmite para o leito arterial, elevando
a Pressão Arterial Pulmonar (PAP).
Quando a PVCP eleva-se acima de 25 mmHg (congestão pulmonar grave), o aumento da PAP é
maior do que o esperado, pois agora surge um novo fator – a vasoconstrição reativa. Agora a
hipertensão arterial pulmonar passa a ser devido não só à transmissão direta da PVCP, mas
também à vasoconstrição pulmonar reativa, elevando a RVP (hiper-resistência). A este
fenômeno denominamos HAP reativa.
Clinicamente, estes pacientes apresentam uma história de dispneia aos esforços, ortopneia e
dispneia paroxística noturna. O exame físico mostra estertores pulmonares nas bases e um
exame do precórdio bastante alterado, de acordo com o tipo de cardiopatia. Alguns pacientes
com estenose mitral podem não apresentar o sopro característico (ruflar diastólico),
principalmente quando o diagnóstico é feito na fase de descompensação do ventrículo direito.
Esta câmara cresce, rodando o coração no sentido horário e “empurrando” o ventrículo
esquerdo para trás. Os sons provenientes do coração esquerdo podem não ser mais audíveis.
Neste caso, o ecocardiograma e o cateterismo cardíaco podem confirmar o diagnóstico da
valvopatia ou cardiopatia. O tratamento da congestão pulmonar e a resolução cirúrgica da
lesão valvar mitral promovem uma regressão importante da hipertensão arterial pulmonar e
da disfunção ventricular direita. Eventualmente, pode ser necessária a correção da insuficiência
tricúspide secundária (plastia da valva tricúspide).
INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE
ELETROCARDIOGRAMA
Apesar de específicos, esses achados são muito pouco sensíveis; além disso, não podem definir
severidade ou prognóstico.
EAP na SCA
A IVE aguda se manifesta com dispneia, ortopneia, estertoração pulmonar e terceira bulha
(B3). Quando a estertoração está presente acima da metade inferior dos terços inferiores do
tórax, definimos a existência de um Edema Agudo de Pulmão (EAP). Sinais de hipoperfusão
orgânica generalizada (hipotensão arterial, pulsos finos, palidez, sudorese fria, oligúria e
confusão mental) definem a existência de choque cardiogênico
A disfunção diastólica é ainda mais precoce e mais comum que a disfunção sistólica, podendo,
por si só, ocasionar aumento na pressão de enchimento do VE e consequente congestão
pulmonar. O surgimento de B4 (quarta bulha) é a regra no IAM, e reflete a ocorrência de
disfunção diastólica (deficit de relaxamento, com redução da complacência ventricular –
ventrículo “duro”).
Na maioria dos IAM o exame físico é pouco informativo (< 20% têm alterações importantes). Os
principais achados físicos durante a fase aguda são: bradicardia sinusal (especialmente no IAM
inferior, por aumento reflexo da atividade vagal), taquicardia sinusal (especialmente no IAM
anterior extenso, por adaptação à queda na função sistólica do VE), hipertensão arterial (por
aumento na atividade simpática) e surgimento de quarta bulha (disfunção diastólica do VE).
Estertores pulmonares, hipotensão sistólica (PAs < 110 mmHg) e taquicardia sinusal são sinais
ominosos que implicam risco aumentado de eventos adversos nas próximas 72h.
Edema agudo de pulmão constitui-se numa emergência médica com alto risco de mortalidade.
Caracteriza-se por extravasamento de líquido para o espaço alveolar decorrente do aumento
da pressão hidrostática no capilar ou alteração da permeabilidade capilar.
O quadro clínico típico consiste em dispneia de rápida progressão, taquipneia, sinais de esforço
ventilatório (tiragem intercostal, retração de fúrcula, batimento de asa de nariz), sudorese,
estertores crepitantes bilaterais, tosse seca ou com expectoração de coloração rosada e,
eventualmente, sibilos. Outros sinais e sintomas podem estar presentes, como: dor torácica,
sinais de insuficiência cardíaca como estase jugular, refluxo hepatojugular, edema de membros
inferiores, ansiedade e agitação. A ausculta cardíaca muitas vezes fica prejudicada, porém pode
revelar sopros e presença de bulhas acessórias, caso haja cardiopatia estrutural. Quando
associado a baixo débito, pode-se observar sinais de má perfusão periférica e confusão
mental.1
Os antecedentes mórbidos devem ser bem investigados, a fim de esclarecer possíveis causas e
fatores precipitantes. História de hipertensão arterial sistêmica, cardiopatia isquêmica,
insuficiência cardíaca, arritmias, doenças valvares, insuficiência renal, assim como aderência à
terapia medicamentosa no domicílio são de fundamental importância na investigação.
O edema agudo de pulmão pode ser precipitado por diversas condições e a rápida identificação
e tratamento da causa são necessários para a estabilização do paciente. A diferenciação entre
causas cardiogênicas e não cardiogênicas é essencial para a conduta. Mortalidade intra-
hospitalar pode alcançar até 21%
Causas
Não cardiogênica
Pode ser bastante difícil a diferenciação entre causas cardiovasculares e não cardiovasculares,
principalmente nos pacientes com múltiplas comorbidades. O conhecimento das principais
etiologias não cardiogênicas é essencial para a suspeita, uma vez que a maior parte delas
possuem desencadeantes bem definidos e características clínicas distintas.
É necessário lembrar que as causas cardiovasculares são as mais frequentes e, além disso,
podem necessitar de abordagens terapêuticas específicas imediatas, como, por exemplo,
revascularização miocárdica nos casos associados à síndrome coronariana aguda (SCA).
Cardiovasculares
São determinadas pelo aumento da pressão hidrostática nos capilares pulmonares. Este
aumento pode ocorrer por diversas alterações fisiopatológicas, tais como:
Abordagem
Suporte ventilatório
Deve ser utilizado nos pacientes refratários ao suporte não invasivo ou nos que apresentam
contraindicação ao suporte não invasivo, por exemplo, instabilidade hemodinâmica grave,
arritmia instável, sangramento digestivo alto grave, alteração do nível de consciência,
deformidades faciais, obstrução de via aérea superior e alto risco para aspiração.
Suporte hemodinâmico
Diuréticos: deve ser utilizada de forma precoce, por via endovenosa, sugere-se o uso
de furosemida em dose inicial de 20 a 80 mg. Pacientes em uso prévio da medicação,
administrar o dobro da dose oral utilizada. Repetir dose em 20 minutos se necessário.
Considerar uso de infusão contínua em casos refratários. Na ausência de resposta
adequada aos diuréticos, pode-se considerar ultrafiltração e diálise.
Vasodilatadores: devem ser aplicados por via endovenosa objetivando redução de
pressão de enchimento ventricular esquerdo e redução da sua impedância à ejeção,
melhorando o desempenho da função ventricular. Considerar especialmente se PAS >
110 mmHg. Contraindicados se uso recente de inibidores da fosfodiesterase.
Nitroglicerina (5 a 20 mcg/kg/min) e nitroprussiato de sódio (0,5 a 10 mcg/kg/min) são
as drogas de escolha na SCA e emergência hipertensiva, respectivamente. Apesar de
consagrados no tratamento da congestão pulmonar aguda, há uma carência de
estudos de alta relevância justificando seu impacto prognóstico. Quando comparados à
furosemida associada à morfina ou furosemida isolada, não se verificou superioridade
dos nitratos, para desfecho como necessidade de ventilação mecânica ou evolução
para infarto.
Morfina: classicamente foi muito utilizada devido efeito ansiolítico e propriedades
vasodilatadoras. Risco-benefício tem sido alvo de questionamentos. Ação
vasodilatadora se mostra pobre e sugere-se que efeito ansiolítico pode ser substituído
por outras drogas, visto que os opioides podem desencadear vômitos e eventualmente
aspiração. No estudo observacional ADHERE,18 a prescrição de morfina na
descompensação aguda foi preditora independente de aumento de mortalidade intra-
hospitalar. Na falta de estudos randomizados, sugere-se cautela na prescrição de
morfina.®
Inotrópicos: tem como objetivo melhora do débito cardíaco, redução da pós-carga e fluxo
adequado para os órgãos. Apresentam desvantagem em potencial de desenvolvimento de
arritmias, agravamento de isquemia miocárdica e indução de hipotensão arterial (exceto
dobutamina).
Investigação complementar
Exames complementares podem ser muito úteis tanto para diagnóstico diferencial quanto para
identificação da etiologia.
Eletrocardiograma Imprescindível para avaliação. Auxilia na identificação de taquiarritmias,
bradiarritmias, SCA, sinais de sobrecarga ventricular e atrial secundários à hipertensão arterial
sistêmica ou valvopatias .
Radiografia de tórax
Exames laboratoriais
SINAIS E SINTOMAS Alguns pacientes podem ser diagnosticados, como vimos, na fase
assintomática da doença. A evolução para a fase sintomática é insidiosa, e os primeiros
sintomas podem ser decorrentes de insuficiência ventricular esquerda, insuficiência ventricular
direita ou insuficiência biventricular. Curiosamente, 1/3 dos pacientes referem dor torácica,
apesar de terem coronárias epicárdicas normais à coronariografia.
Os sinais de IVD congestiva são: turgência jugular patológica, aumento da altura do pulso
jugular, hepatomegalia congestiva, ascite e edema de membros inferiores. O exame
cardiovascular revela um ictus de VD proeminente, com B3 e/ou B4 de VD à ausculta, ou
mesmo sinais de insuficiência tricúspide secundária, como um sopro sistólico no foco
tricúspide, que aumenta com a inspiração, e um pulso venoso e hepático apresentando onda V
gigante.
COMPLICAÇÃOES
A fibrose ventricular heterogênea e o estiramento das fibras pela dilatação das câmaras
cardíacas predispõem o paciente a taquiarritmias atriais e ventriculares, tanto pelo fenômeno
de reentrada, quanto pelo automatismo anormal. Extrassístoles supraventriculares, fibrilação
atrial e flutter atrial são arritmias frequentes em pacientes com cardiomiopatia dilatada,
principalmente se houver aumento atrial. Estas taquiarritmias são importantes fatores de
descompensação cardíaca nestes pacientes, pelo aumento exagerado da frequência cardíaca e,
no caso da fibrilação, pela perda da contração atrial, que contribui com boa parte do
enchimento ventricular diastólico.
A valva mitral posiciona-se entre o Átrio Esquerdo (AE) e o Ventrículo Esquerdo (VE), sendo
categorizada, juntamente com a valva tricúspide, como uma valva atrioventricular. A sua
integridade é fundamental para a função cardíaca. Na diástole, a valva se abre, permitindo o
enchimento ventricular esquerdo, sem oferecer nenhuma resistência à passagem de sangue
entre o AE e o VE. Na sístole, a valva se fecha, direcionando o sangue para a aorta, impedindo-
o que reflua para o AE. Para garantir uma boa abertura, os folhetos valvares precisam ter uma
boa mobilidade e elasticidade. Para garantir o seu fechamento, é necessária a integridade de
todo aparelho valvar mitral
Quando a valva aórtica se abre amplamente na sístole, o sangue passa livremente através de
uma área entre 2,5-3,5 cm2 . Esta é a área valvar aórtica normal. Esta área confere uma
resistência desprezível ao fluxo sanguíneo, portanto praticamente não há gradiente de pressão
sistólico entre o ventrículo esquerdo e a aorta ascendente. Denominamos Estenose Aórtica
(EA) a condição em que, pela restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma redução da
área valvar aórtica, levando à formação de um gradiente de pressão sistólico entre o VE e a
Aorta (VE-Ao).
Estenose aórtica leve: área 1,5 a 2 cm², gradiente médio < 25 mmHg ou velocidade < 3 m por
segundo. Estenose aórtica moderada: área de 1 a 1,5 cm², gradiente médio de 20 a 39 mmHg
ou velocidade de 3 a 3,9 m por segundo. Estenose aórtica grave: área < 1 cm², gradiente médio
≥ 40 mmHg ou velocidade ≥ 4 m por segundo.
Fisiopatologia-fase compensada
2. Redução da relação R/h: este fator evita um aumento excessivo da pós-carga. A pós-carga
depende, entre outros fatores, das relações geométricas do ventrículo. A pós-carga está
representada pelo estresse sistólico da parede ventricular. Por Laplace, o estresse de parede (E)
é proporcional à pressão intracavitária e à relação R/h, sendo R = raio da cavidade e h =
espessura da parede. E = P x R/h. A hipertrofia concêntrica reduz essa relação, pois diminui o
diâmetro cavitário e aumenta a espessura da parede.
FASE DESCOMPENSADA
A estenose aórtica grave impõe uma sobrecarga pressórica crônica sobre o miocárdio. A
hipertrofia ventricular concêntrica é a primeira resposta a esta sobrecarga. Contudo, o
miocárdio sofre um efeito lesivo após anos de sobrecarga pressórica grave, iniciando-se um
processo insidioso de degeneração e apoptose dos miócitos, além de fibrose intersticial. A
hipertrofia ventricular esquerda excessiva reduz a reserva coronariana, pela compressão da
microvasculatura miocárdica, além de contribuir para a desorganização das fibras musculares,
participando na gênese de arritmias ventriculares malignas. A partir de um certo momento da
doença, existe uma transição insidiosa da fase compensada e assintomática para a fase
descompensada, quando os seguintes processos fisiopatológicos ominosos começam a ocorrer:
● Isquemia miocárdica;
2. Débito cardíaco fixo: nas fases iniciais da EA grave, o débito cardíaco é mantido em faixas
fisiológicas no repouso e exercício físico, devido à hipertrofia ventricular concêntrica
compensatória. Porém, na fase descompensada, a hipertrofia ventricular não é mais suficiente
para garantir o aumento do débito cardíaco durante o esforço físico, levando à síndrome do
débito fixo. No esforço, o débito cardíaco é deslocado para a musculatura esquelética, devido à
vasodilatação decorrente da ação da adrenalina nos receptores beta-2. Se o débito cardíaco
não aumentar de forma fisiológica no esforço, haverá baixa perfusão cerebral. Este é um dos
mecanismos principais da síncope relacionada à EA grave.
Estenose Mitral Leve: AVM = 1,5-2,5 cm² ou grad. pressórico médio < 5 mmHg ou pressão
sistólica da artéria pulmonar < 30 mmHg. Estenose Mitral Moderada: AVM = 1,0-1,5 cm² ou
grad. pressórico médio = 5-10 mmHg ou pressão sistólica da artéria pulmonar de 30 a 50
mmHg. FISIOPATOLOGIA Estenose Mitral Grave: AVM < 1,0 cm²
SINAIS E SINTOMAS
A maioria dos pacientes com CMH é assintomática. O diagnóstico é sugerido pelo ECG e
confirmado pelo ecocardiograma. As situações em que isso acontece são: 1. Investigação dos
familiares próximos a um paciente com CMH; 2. Investigação de um sopro sistólico, B4 ou ictus
propulsivo; 3. Exame de check-up. Cerca de 1/4 dos parentes de 1º grau de alguém com CMH
possui alterações de hipertrofia ventricular nos exames complementares, geralmente de
menor monta, quando comparada ao caso índice. Apesar da maioria dos pacientes ser
assintomática, sintomas podem vir a aparecer em qualquer idade. O sintoma mais comum da
doença é a dispneia aos esforços, normalmente desencadeada ou exacerbada pelo esforço
físico. O seu mecanismo é a disfunção diastólica, cuja fisiopatologia foi descrita anteriormente.
O segundo sintoma mais comum é a angina pectoris, ocorrendo em 70% dos pacientes
sintomáticos, devido ao fenômeno da isquemia miocárdica. A angina também é desencadeada
por esforços. Os mecanismos propiciadores de isquemia miocárdica na CMH foram descritos
acima. O terceiro sintoma é a síncope e a pré-síncope. Precipitados por um fenômeno de baixo
débito cardíaco súbito, estes sintomas costumam ocorrer durante esforço físico. O mecanismo
do baixo débito no esforço físico é a queda abrupta do enchimento ventricular, o aumento do
fenômeno obstrutivo sistólico no trato de saída do VE e a ocorrência de arritmias precipitadas
por isquemia miocárdica severa. A fadiga muscular é outro sintoma que indica a síndrome do
baixo débito.
Exame físico
O exame físico cardiovascular, nos pacientes com CMH, geralmente é positivo. À palpação do
precórdio, destaca-se um ictus de VE propulsivo, localizado e sustentado, típico de HVE
concêntrica. O movimento do ictus pode se dar em dois tempos, em vez de um. Este
movimento pré-sistólico corresponde à ausculta da B4. À ausculta cardíaca, a alteração mais
comum é a presença de uma B4, geralmente bastante nítida. A B4 é explicada por uma
vigorosa contração atrial (na telediástole ou pré-sístole) contra um VE rígido, no caso pela HVE
concêntrica. O desdobramento paradoxal de B2 pode ocorrer devido ao prolongamento da
sístole ventricular esquerda em relação à sístole direita. Em alguns casos, pode-se auscultar um
sopro sistólico na borda esternal esquerda baixa média (foco aórtico acessório), baixa (foco
tricúspide) ou na ponta (foco mitral). O sopro sistólico pode ser apenas pela hipercontratilidade
ventricular esquerda, levando ao aumento do fluxo intracavitário sistólico, ou pode ser a
expressão auscultatória da CMH obstrutiva. Neste caso, o sopro sistólico possui algumas
características importantes, que o diferencia do sopro de outras cardiopatias, com quadro
clínico semelhante
São características do sopro da CMH obstrutiva: ● Mais audível no foco aórtico acessório,
tricúspide ou mitral; ● Pode ser mesossistólico (sopro de ejeção) ou holossistólico (sopro de
regurgitação); ● É um sopro dinâmico – sua intensidade é muito sensível a manobras: Aumenta
com: manobra de Valsalva, posição ortostática, batimento pósextrassistólico; Diminui com:
handgrip, posição de cócoras.
Explicação: o sopro sistólico da CMH obstrutiva pode ser originado na própria obstrução
subaórtica, ou na regurgitação mitral associada, ou nos dois. Vimos anteriormente que o
fenômeno obstrutivo está ligado ao deslocamento anterior do aparelho mitral, portanto os
fenômenos obstrução subaórtica e regurgitação mitral estão ligados. Sendo assim, o sopro
pode ser de ejeção, localizado no foco aórtico acessório ou tricúspide, ou de regurgitação,
localizado no foco mitral. Todas as manobras que reduzem o retorno venoso e, portanto, o
volume intraventricular (Valsalva, posição ortostática), aumentam a intensidade do sopro, pois
aproximam o septo interventricular alto do aparelho mitral. As manobras que aumentam o
retorno venoso (posição de cócoras) fazem o inverso. O aumento da pós-carga, como ocorre no
handgrip, aumenta o volume intraventricular, reduzindo o sopro.
ELETROCARDIOGRAMA
É muito comum a presença de critérios para HVE, do tipo sobrecarga pressórica, isto é,
aumento da amplitude das ondas R nas precordiais esquerdas, aumento das ondas S nas
precordiais direitas e o padrão strain nas precordiais esquerdas, D1 e aVL. Apenas 10% dos
casos cursam com ECG normal, devido à hipertrofia mais localizada. Ondas Q patológicas são
encontradas em cerca de 40% dos casos, geralmente atribuídas à hipertrofia septal. São ondas
de grande amplitude, porém não alargadas, diferenciando-as das ondas Q de infarto. Ocorrem
geralmente nas derivações inferiores e nas precordiais, de V2 a V6. Outras alterações
encontradas são: bloqueios de ramo (BRE, BRD, HBAE), extras sístoles ventriculares ou
supraventriculares, fibrilação atrial, outras arritmias.
TAQUIARRITMIAS