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Hemorragia Digestiva Alta

Caso clínico 1: Pct 45 anos, com AR (uso de anti-inflamatório), com quadro de melena, Hb 7
Conduta: MOV
Melhorar volemia – correr ringerlactato
Após reposição volêmica fazer dosagem de hemoglobina (antes tava hemoconcentrada)
Omeprazol endovenoso
Sangramento ativo na endoscopia – medidas endoscópicas para estancar o sangue

Definição • No entanto, pacientes com


comorbidades tendem a
• Todo sangramento decorrente de apresentar níveis mais altos de
lesões proximais ao ligamento de mortalidade
Treitz
• Sangramento intraluminal
• Esôfago, estomago ou duodeno
• Mais frequente em homens Etiologia e fisiopatologia
• Vômitos com laivos de sangue ou
• As úlceras gástricas sangrentas são
em borra de café, hematêmese
mais frequentes que as úlceras
franca ou melena (fezes
duodenais
escurecidas com odor
• O aumento do uso de AAS por
característico intenso)
doenças cardiovasculares pode
• 11% dos pacientes podem
elevar a incidência de HDA por
apresentar hematoquezia
úlceras pépticas, mas não é um
fenômeno que está acontecendo
• Os principais fatores associados
com sangramento de úlcera
péptica incluem:
Infecção por H pylori
Uso de AINEs
Estresse fisiológico, sepse e choque
Hipersecreção acida

Epidemiologia

• A hemorragia digestiva alta é


responsável por 1 a 2% das
internações hospitalares na
urgência do Brasil
• A principal causa é doença
ulcerosa péptica
• A mortalidade por HDA gira em
torno de 10%
Classificação e causas mais frequentes

1. Não varicosa (85%) ➢ O lavado com sonda nasogástrica


Doença ulcerosa péptica pode orientar a fonte de
Má formação arteriovenosa – sangramento, mas 16% dos
raramente causam HDA aguda – pacientes com HDA apresentam
pesquisa de sangue oculto ou lavado negativo; guidelines
investigação de anemia ferropriva recentes não orientam a realização
Mallory Weiss – laceração na rotineira
mucosa do esôfago junto a JGE ➢ A queda da pressão arterial sistólica
após repetidos esforços para em mais de 10 mmHg ou o
vomitar aumento do pulso em mais de 10
Tumores – causa rara bpm quando o paciente passa da
Erosões posição de decúbito para ortostase
Outras indica perda de pelo menos 1.000
mL de sangue
• Dados como uso de AINEs e
síndrome dispéptica favorecem o
1. Varicosas
diagnostico de doença ulcerosa
Varizes esofagianas
péptica
• O toque retal é indicado em todos
os pacientes – sangue em dedo de
Mensuração da perda sanguínea luva
• Presença de linfonodos
• Leve (ate20%) – PAM queda de supraclaviculares – doença
20mmHg, FC aumenta 20bpm neoplásica maligna
• Moderada
• Grave
• Diurese, FR, FC, SNC são
importantes parâmetros Critérios clínicos de alto risco para
morbimortalidade

• Idade maior que 60 anos


Quadro clínico • Choque, instabilidade
hemodinâmica
• História clínica + exame físico com • Comorbidades associadas
toque retal • Hematêmese volumosa
• Melena (apresentação mais • Enterorragia volumosa
comum) – fezes escuras, borra de • Melena persistente
cafe
• Hematêmese
• Enterorragia ou hematoquezia
• Sangramento oculto
Conduta inicial nos pacientes com HDA • Forrest III – ulcera base limpa – sem
sangramento – regime ambulatorial
• Assegurar vias aéreas pérvias e – omeprazol
ventilação adequada
• Restaurar a volemia – garantir
acessos venosos calibrosos
• Avaliar necessidade de cristaloide e
hemoderivados de acordo com os
achados do exame físico
Palidez cutânea
Alteração da temperatura das
extremidades
PA
FC
Alteração do nível de consciência
Diurese
• Solicitar exames laboratoriais
Hemograma
Coagulograma
Função renal Tratamento
Eletrólitos
Tipagem sanguínea • Bloqueador de bomba de prótons
Para hepatopatas – função EV
hepática Omeprazol 80mg EV em bolus + uso
• Transfusão de hemoderivados – continuo de 1mg/h – fazer diluição
quando? de 3 ampolas em SF 90 ml e correr
Hematêmese maciça em BI a 1ml/h por 3 dias
Hb < 7 • Hemostasia endoscópica depende
Hepatopatas com ascite do tipo de lesão
HDA ativa + INR > 1,5 e/ou Injeção de substancias
prolongamento do TTPA esclerosantes
Plaquetas abaixo de 50.000 com Método térmico: eletrocoagulação
sangramento ativo – repor ou termocoagulação
Plaquetas abaixo de 10.000 mesmo Método mecânico: hemoclip
sem sangramento ativo Laser: argônio
• EDA nas primeiras 12 horas de • Métodos combinados parecem
internação após estabilização diminuir ressangramento
hemodinâmica • Ttm cirúrgico nos casos refratários
• Lavagem gástrica – QUESTIONAVEL!
– arritmia cardíaca por soro gelado
(prox ao coração)
Condução do caso depende da causa do
sangramento

Diagnostico • Doença ulcerosa péptica


Manter bloqueador da bomba de
• Endoscopia digestiva alta – prótons por 4 semanas
classificação dada pelo Tratamento para o H pylori – 7 a 14
endoscopista dias
• Forrest I – em jato (a) ou babação Amox 1g 12/12
(b) Claritromicina 500mg 12/12
• Forrest II – a ou b (estigma de IBP
sangramento recente) Realização de nova EDA
Caso clínico 2 – Paciente, 40 anos, queixa de hematêmese de grande volume, sem uso recente
de anticoagulantes/AAS/AINEs, etilista, hipocorado, ictérico, FC 110, fígado palpável PA 90x60,
sem sinal de ascite
Qual seria a conduta em caso de HDA varicosa as 3h sem acesso a endoscopia? – Octroiotide
ou telepressina – vasoconstrição esplâncnica
Quais medidas de profilaxia primaria e secundaria?

Doença varicosa

Conceito Classificação das varizes

• Hipertensão portal – pct cirrótico • Fino calibre


• Aumento do gradiente de pressão • Médio calibre
da veia porta (hipertensão portal – • Grosso calibre
aumento da resistência ou
aumento do influxo de sangue –
decorrem da distorção da
Profilaxia primaria para HDA varicosa
arquitetura hepática, fibrose e
regeneração nodular) • Indicada para varizes de médio e
• Classificação pelo calibre e grosso calibre
coloração das varizes • Betabloqueadores não seletivos
• Vasos podem se romper (BNNS)
• Varizes esofágicas estão presentes • Carvedilol (novidade – opção
em 50% dos pacientes com cirrose eficaz porém poucos estudos
hepática no momento do comparativos com o propranolol) –
diagnostico de cirrose mais usado no cirrótico
• 1/3 dos pcts com cirrose hepática descompensado
terão hemorragia varicosa • Contraindicação BNNS – asma,
• 70% dos pacientes com hipertensão cardiopatia, arritmia, bloqueio de
portal têm as varizes esofágicas átrio ventricular, diabetes,
como etiologia da HDA tolerabilidade
• O risco de sangramento é • Ligadura elástica
relacionado ao seu tamanho, grau
de disfunção hepática e a
presença de marcas vermelhas
(red spots) Tratamento farmacologico de urgência da
• Dados como infecção por vírus C e HDA varicosa
etilismo significativo podem sugerir
• Opções: terlipressina, somatostatina
o diagnóstico de varizes esofágicas
ou octreotide
Drogas que diminuem o fluxo
esplâncnico
Achados clínicos Terlipressina é o agente de escolha
devido ao seu impacto na
• Achados como spiders e sobrevida de pct com
teleangiectasias, hepatomegalia, sangramento varicoso
esplenomegalia ou presença de Contraindicações de terlipressina:
encefalopatia hepática sugerem insuficiência coronariana,
hipertensão arterial não controlada,
insuficiência vascular periférica
sangramento varicoso por cirrose FAZER SEMPRE NO BOX DE
ou hipertensão portal EMERGENCIA – ficar sob
monitoramento
Risco de edema agudo de pulmão Dois balões – 1 pequeno 1 mais
Terlipressina 2mg EV + 1 a 2 mg EV longo
4/4h por 2 a 5 dias – pode ser usada Testa se ta no estomago – esteto no
em bolus estomago
Somatostatina tem que ser diluída Balão intragastrico – insufla com 250
em bomba de infusão – melhor em ml de ar
cardiopata; pode ser subcutanea Objetivo: medida emergencial
• Antibioticoterapia profilática para Funciona com sonda aberta
cirróticos na admissão Monitoramento: depois de 24 h
Ceftriaxona 1g/24 h intravenosa desensufla (após estabilização do
Profilaxia de encefalopatia pct)
hepática em pacientes cirróticos
com HDA varicosa (Baveno VI e • TIPS – derivação intrahepatica
EASL) portossitemica transjugular
Rifaximina e lactulose Casos refratários
Diminui toda a pressão da veia
• Balão de sengstaken-blakemore porta
por 24 horas: Pacientes mais graves: Child B com
Ressangramento – FRS: child C, sangramento ativo ou child C
MELD > 18; sangramento ativo na Não contraindica o transplante
EDA e gradiente na veia hepática >
20mmHg
NÃO É A PRIMEIRA OPCAO!
Profilaxia 2ª HDA varicosa
Primeiro estabilizar, farmacoterapia
e EDA • Combinação BBNS e terapêutica
endoscópica
• BBNS pode ser monoterapia para
Tratamento específico para HDA varicosa cirróticos inaptos a LE
em casos de ascite refrataria,
• Pre endoscopia: eritromicina reduzir ou descontinuar BBNS
intravenosa 250 mg IV 30-120 min (propranolol) se hipotensão sistólica
antes da EDA (PAS < 90), IRA ou hiponatremia (NA
Aumentar a visibilidade durante a < 130); deixar sem betabloqueador
endoscopia ou utilizar carvedilol com MTO
Reduzir a necessidade de cuidado
realização do segundo exame para • Ligadura elástica não pode ser
conclusão diagnostica/terapêutica monoterapia
Ligadura elástica – 1 ª opção na
HDA varizes esofágicas
EDA + escleroterapia caso a ligadra
Diagnostico diferencial
não esteja disponível
Adesino tissular N butil cianoacrilato • O principal diagnóstico diferencial
para varizes de fundo gástrico – são as hemorragias digestivas
super bonder? baixas, principalmente se
associadas com trânsito intestinal
• Balão de Segstaken-blackmore lento, que pode confundir a origem
Sonda que passa as cegas do sangue.

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