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PBE
INTRODUÇÃO
Constitui uma infecção bacteriana de liquido ascítico (LA) previamente estéril na ausência de
foco intra-abdominal de infecção.
Uma das infecções mais comuns nos pacientes cirróticos com ascite, causando grande
morbidade e mortalidade ao paciente.
Dos casos internados nos hospitais, metade é oriunda da comunidade e o restante desenv olve
PBE durante a internação.
FISIOPATOLOGIA
ETIOLOGIA
QUADRO CLÍNICO
FATORES PREDISPONENTES
• Pacientes com concentração de proteínas < 1g/dL têm maior risco de PBE (correlação
proteínas no líquido x opsoninas).
• Doença hepática avançada: Child-Pugh C
• Sangramento gastrintestinal agudo → Cirróticos com hemorragia digestiva têm 20%
chance de apresentar PBE quando são admitidos no hospital e cerca de 30 a 40% podem
desenvolvê-la durante a hospitalização.
• ITU e procedimentos invasivos (sondas urinárias ou cateteres intravasculares)
facilitam episódios de bacteremia e aumentam a chance de PBE.
• Episódio prévio de PBE
• Taxa de recorrência: 43% em 6 meses, 69% em um ano e 74% em 2 anos.
Obs: profilaxia primária: cirrótico, sangrou, faz cipro/ceftriaxona. Se já fez PBE uma vez e faz de
novo, faz profilaxia secundária com norfloxacina.
EXAMES COMPLEMENTARES
Bioquímica: é essencial, pois até 40% dos pacientes podem evoluir com LRA (síndrome
hepatorrenal); colher sódio, potássio, ureia e creatinina.
Suspeita clínica de condições associadas: guiar pela história e exame físico (urina tipo I, rx de
tórax, amilase, lipase, enzimas hepáticas)
Não errar: tem que ter aumento de celularidade, mas às custas de neutrófilos. Ex: se tiver 2000
células e 500 neutrófilos, existem 1500 outras células, então neutrófilo não predomina. Não é
PBE.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
TRATAMENTO
O que é feito geralmente: Ceftriaxona 2g/dia por 5-7 dias ou cefotazidima (cefalos 3ª)
Situações que eu faço albumina no hepatopata com PBE (a fim de reduzir mortalidade):
PROFILAXIA DA PBE
Indicações:
• Sangramento agudo GI (com ou sem ascite; se houver ascite, tentar puncionar, pois 100
a 27% dos pacientes têm PBE quando admitidos no hospital) → PROFILAXIA PRIMÁRIA
• Após episódio de PBE: norfloxacina 400mg/dia VO indefinidamente → PROFILAXIA
SECUNDÁRIA
• Norfloxacina 400mg 1x/dia para pacientes com PBE prévia (uso até o transplante) –
não usa para tratamento, apenas para profilaxia!
• Ciprofloxacina 750 mg 1x por semana para pacientes com PBE prévia (uso até o
transplante)
• Norfloxacina 400mg de 12/12h durante 7 dias (episódio de hemorragia digestiva)
Obs: profilaxia primária: PBE, sangrou, faz cipro/ceftriaxona. Se já fez PBE uma vez e faz de
novo, faz profilaxia secundária com norfloxacina.
EXAMES COMPLEMENTARES
Avaliação geral do paciente:
• USG ou TC abdome: podem ser úteis em pacientes com dor abdominal, cuja
paracentese não mostrou PBE ou sugeriu PBS;
• TC de crânio ou RNM: úteis para diagnóstico diferencial de lesões intracranianas
(hemorragias, infarto cerebral, abscesso);
• Líquor;
• EEG;
• Dosagem sérica de tóxicos.
TRATAMENTO
1. Suporte clínico:
• Estabilizar clinicamente o paciente: proteger vias aéreas, expandir a volemia,
oxigênio se hipoxemia, monitorar, obter acesso venoso calibroso etc;
• Suspender os diuréticos. Se presente hipocalemia, deve ser revertida, pois
aumenta a produção de amônia
• Pacientes com EH podem estar agitados, nesse caso o uso de Haloperidol é
uma opção mais segura que benzodiazepínicos. Ainda assim, deve ser usado
criteriosamente.
2. Redução da produção e absorção de amônia:
• Lavagem nasogástrica: em pacientes com sangramento digestivo alto;
• Limpeza de cólon: útil em pacientes com constipação. Enema com 20 a 30% de
lactulose: 200 a 300 mL em 700 a 800 mL de solução para uso retal (soro, água,
glicerina ou manitol);
• Lactulose: 20 a 40 ml de 8/8 a 4/4h; com aumento progressivo, se necessário.
O objetivo é promover 2 a 3 evacuações pastosas/dia.
3. Antibióticos (diminuem a flora intestinal):
• Neomicina: a dose é de 1-1,5g de 6/6h; benefício ocorre em 70 a 80% dos
pacientes – É uma droga nefrotóxica, exige cautela no paciente renal!!
• Metronidazol: 250-500mg 8/8h em pacientes com lesão renal de base;
• Atb + lactulose: pode ser útil em pacientes que não melhoram com o tratamento
inicial;
• Rifaximina: atb oral, praticamente não absorvido. Dose: 550 mg, VO 12/12h. É
melhor que metronidazol, mas é muito caro.
4. Ingestão proteica: a limitação da ingestão oral de proteínas é discutível e não
mostrou benefício em estudos randomizados.
• A desnutrição piora o prognóstico dos pacientes cirróticos e pode agravar a EH;
• A atual recomendação é de dieta com conteúdo normal de proteínas,
preferencialmente derivadas de vegetais.