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EMERGÊNCIAS CLÍNICAS NAS DOENÇAS

ABDOMINAIS

Profª SINEIDE DINIZ


Enfermeira Emergencista
Residência em Enfermagem em Ortopedia e Trauma
2017 – 2019
Pós-Graduação em Urgência / Emergência e UTI
Mestranda em Enfermagem – FENSG / UPE
OBJETIVOS:

Desenvolver competências
relacionadas aos
conhecimentos e as técnicas
necessárias para a prestação
do correto atendimento pré-
hospitalar e hospitalar às
vítimas de urgências e
emergências com foco nas
doenças abdominais,
endócrinas, renais e
distúrbios de eletrólitos.
DISTÚRBIOS HEPÁTICOS:
VAMOS LEMBRAR...

Anatomia e fisiologia:
• O fígado é a maior glândula do corpo, pode ser
considerado como uma fábrica química, que
produz, armazena, altera e excreta um grande
número de substâncias envolvidas no metabolismo.
• Regulação do metabolismo da glicose e proteínas.
• Produz e secreta bile.
• Pesa entre 1.200 a 1.500g, dividido em 4 lobos.
• Excreção da bilirrubina.
• Conversão da amônia
DISTÚRBIOS HEPÁTICOS:
HIPERTENSÃO PORTAL:

É a elevação da pressão na veia portal.

• Ela é causada mais frequentemente por


cirrose (em países desenvolvidos), por
esquistossomose (em áreas endêmicas)
ou por alterações vasculares hepáticas.

• Complicações: varizes esofágicas e


ascite
HIPERTENSÃO PORTAL:
FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO PORTAL NA CIRROSE
HEPÁTICA:

Alterações estruturais:
• Fibrose Alterações dinâmicas:
• Cpilarização dos Aumento da resistência do
sinusoides fluxo intrassinusoidal
• Nódulos regenerativos

Vasodilatação esplâcnica
Aumento da
resistência intra-
hepática Aumento do fluxo portal

Pressão venosa portal > 5mmHg

Hipertensão portal
FISIOPATOLOGIA DAS MANIFESTAÇÕES TERMINAIS DA
HIPERTENSÃO PORTAL NA CIRROSE HEPÁTICA:

Incapacidade de restaurar
Vasodilatação sistêmica
a homeostase circulatória

Secreção não Ativação


Circulação
osmótica de persisteste do Hipotensão
hiperdinâmica
HAD SRAA

Hiponatremia Síndroma da
Vasoconstrição resposta
regional inflamatória
sistêmica (SRIS)

Insuficiência hepática crônica agudizada


Síndrome hepatorrenal
Encefalopatia hepática
HIPERTENSÃO PORTAL

FATORES ENVOLVIDOS NA FORMAÇÃO DA ASCITE:

HIPOALBUMINEMIA HIPERTENSÃO PORTAL

ASCITE
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:

• Esplenomegalia

• Colaterais portossistêmicas: vasos


ingurgitado;

• Varizes de esôfago, estômago e reto: hematêmese


e/ou melena e sinais de anemia, enquanto o das
varizes retais, como enterorragia;

• Gastroenteropatia hipertensiva: a
manifestação mais importante é o
sangramento digestivo;
• Ascite: a ascite pode ser uma das manifestações
da hipertensão portal e é frequentemente associada
a edema de membros inferiores e da parede
abdominal; • Encefalopatia hepática.
FLUÍDO PERITONEAL:
• É um líquido claro, estéril e viscoso produzido
sob a forma de ultrafiltrado do plasma, sob
influência da permeabilidade vascular e das
forças hidrostáticas e oncóticas.
• Volume não ultrapassa os 50 mL em indivíduos
normais e seu aumento é designado Ascite.
• Causas de ascite: ICC, cirrose hepática,
hipoproteinemia, Infecções, neoplasias, trauma,
pancreatites.
• Aumento é produzido por decréscimo da
permeabilidade capilar ou da reabsorção
linfática (exsudato), ou nas alterações das
pressões hidrostática e oncótica.
ASCITE:

Os mecanismos pelo desenvolvimento da


ascite não estão totalmente elucidados. A
hipertensão portal e a consequente
elevação da pressão capilar e obstrução do
fluxo sanguíneo venoso através do fígado
lesionado são fatores contribuintes.

Em consequencia da lesão hepática, pode


haver acúmulo de grandes quantidades de
líquido rico em albumina, de 15 litros ou
mais, na cavidade peritoneal, na forma de
ascite.
ASCITE:

A aparência do líquido ascítico pode ser


límpida e amarelo-pálida) ou turva em virtude
do acúmulo de leucócitos, células neoplásicas,
ou proteínas.

• A presença de fragmentos alimentares,


corpos estranhos, ou coloração verde podem
estar presentes, indicando perfuração do trato
gastrointestinal ou biliar.

• A pancreatite ou colecistite aguda também


podem produzir coloração verde.
ESTUDE VIU...
(FCC - 2018 – Pref. de Macapá) A hipertensão porta (portal) é uma
das principais causas de complicações e morte nos portadores de

A arritmia cardíaca.

B doença renal.

C aneurisma cerebral.

D cirrose hepática.

E hipertensão arterial sistêmica.


COLECISTITE AGUDA

❑ Aguda e crônica.​

❑ Complicação da colelitíase. ​

❑ É uma infecção aguda da vesícula biliar.​

❑ O fluxo biliar é obstruído por um cálculo


biliar, resultando em edema,
comprometimento do suprimento vascular,
necrose e infecções bacterianas da vesícula
biliar. ​
COLECISTITE AGUDA
COLECISTITE AGUDA

Mais de 90% dos pacientes com colecistite aguda


apresentam cálculos biliares. ​

Os cálculos biliares podem ser silenciosos, não


produzindo dor e causando apenas sintomas GI
discretos. ​

Os cálculos de colesterol respondem pela maior


parte dos 75% de casos remanescentes de doença
da vesícula biliar nos EUA. O colesterol, que é um
constituinte normal da bile, é insolúvel em água.
COLECISTITE AGUDA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dor, hipersensibilidade e rigidez na parte direita superior do
abdome, que pode irradiar-se para as costas ou ombro direito, e
está associada a náuseas, vômitos, sinais habituais de
inflamação, e febre em 70% dos pacientes. ​

​Desconforto epigástrico após uma refeição rica em alimentos


fritos ou gordurosos; ​

​Em poucos casos - icterícia que pode ser acompanhada de


acentuado prurido;​

Urina muito escura e fezes acinzentadas ou com coloração de


argila;​
SINAL DE MURPHY

É indicativo de colecistite, quando o


paciente suspende a inspiração por
dor à compressão do rebordo
costal direito.​
DIRETO DO CONCURSO
ENFERMEIRO/HUJB/UFCG/AOCP/2017)​

CESPE SERPRO 2013) Julgue os itens subsecutivos,


referentes aos conceitos das doenças nas diversas
especialidades clínicas. ​

Na colecistite, inflamação da vesícula biliar, ocorre


síndrome dolorosa na região do hipocôndrio.​

CERTO
COLECISTITE AGUDA

Ultrassonografia é o procedimento diagnóstico de


escolha. ​

O procedimento é mais acurado quando o paciente


permanece em jejum durante a noite, de modo que a
vesícula biliar fique distendida. ​

A USG tem 95% de acurácia.​


Litotripsia e a dissolução dos
cálculos biliares - soluções
temporárias​

​Remoção da vesícula biliar


(colecistectomia).​
TRATAMENTO
A dieta - líquidos com baixo
conteúdo de gordura após crise. ​

​É importante lembrar ao paciente


que os alimentos gordurosos
podem induzir um episódio de
colecistite.​
TRATAMENTO CIRÚRGICO

COLECISTECTOMIA CONVENCIONAL:
É a remoção da vesícula biliar através de um
corte abdominal, é popularmente conhecida
como “técnica aberta”.
TRATAMENTO CIRÚRGICO

COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA:
É conhecida por “cirurgia por vídeo”, realizada através de um
pequeno corte na cicatriz umbilical. Pode ser realizado diversos
outros cortes pequenos ao longo do abdomen para introdução de
outros instrumentos cirúrgicos.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
➢ Troca de curativo diariamente após 48h ​
➢ Orientar deambulação​
➢ Atentar para os sinais de infecção​
➢ Dieta zero antes do procedimento​
➢ Monitorar rigorosamente o paciente sedado para o procedimento​
➢ Atentar para depressão respiratória, hipotensão, sedação excessiva,
vômitos​
➢ Monitorar infusão de líquidos IV​
➢ Administrar medicação e posicionar o paciente ​

Educação em saúde:​

➢ Orientar dieta rica em carnes magras, frutas, verduras, peixes, frangos. ​


➢ Evitar frituras, comidas picantes e alimentos ricos em gorduras. ​
➢ Beber bastante água.​
➢ Cuidados com a FO​
➢ Consultas de retorno​
PANCREATITE AGUDA
PÂNCREAS
Glândula - atrás do estômago no abdome superior. ​

Função: exócrina e endócrina.​

Exócrina: digestão das gorduras e carboidratos através do suco


pancreático ​

Endócrina: insulina e glucagon.


PANCREATITE AGUDA

❖ A pancreatite aguda – distúrbio leve e autolimitado (edema e


inflamação do pâncreas) até um distúrbio grave e rapidamente
fatal.

❖ Formas aguda e crônica. ​

❖ Emergência médica com alto risco de complicações


potencialmente fatais e mortalidade​

❖ Mecanismos que causam inflamação pancreática não são


conhecidos, mas ocorre autodigestão do pâncreas pelas
próprias enzimas pancreáticas. ​
PANCREATITE AGUDA
Risco para: choque hipovolêmico, distúrbios
hidroeletrolíticos e sepse.​

Enzimas quando ativadas podem levar a lesões nos


vasos vanguíneos desencadeando hemorragia e
trombose; vasodilatação; permeabilidade vascular
aumentada; necrose.

Os cálculos biliares entram no ducto colédoco e ficam


alojados, causando obstrução do fluxo do suco pancreático ou
refluxo da bile do ducto colédoco para o ducto pancreático,
ativando, assim, as poderosas enzimas dentro do pâncreas.
PANCREATITE AGUDA
PANCREATITE AGUDA
PANCREATITE AGUDA

Principais causas:

Hipertrigliceridemia Colelitíase

Etilismo
PANCREATITE AGUDA
Dor em hipocôndrio direito e/ou epigástrio que irradia
para as costas, início dentro de 24 a 48 h após uma
refeição muito pesada ou após o consumo mais
intensa depois das refeições e não é aliviada pelo
uso de antiácidos.​

Pode haver distensão abdominal e diminuição


da peristalse

A presença de equimose em flanco (sinal de


Gray-Turner) ou na região periumbilical
(sinal de Cullen) são indicativos de
hemorragia retroperitoneal.​

Verifica-se a presença de defesa abdominal.


Um abdome rígido ou em tábua indicando
habitualmente peritonite.​
PANCREATITE AGUDA
PANCREATITE AGUDA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

➢ As náuseas e os vômitos são comuns na pancreatite


aguda.​

➢ Podem ocorrer febre, icterícia, confusão mental e


agitação.​

➢ A insuficiência renal aguda é comum.​

➢ A angústia respiratória e a hipoxia são comuns, podem


ocorrer também depressão miocárdica, hipocalcemia,
hiperglicemia e coagulação intravascular disseminada.​
PANCREATITE AGUDA
PANCREATITE AGUDA

➢ Baseia-se em uma história de dor abdominal,


presença de fatores de risco conhecidos, achados
no exame físico e achados diagnósticos.​

➢ Os níveis séricos de amilase e lipase, 4 a 6


vezes aumentados.​

➢ AMILASE: 60 a 160 U/L​

➢ LIPASE: 2 a 15 U/L.​

➢ TRIGLICERÍDEOS: < 150ml/dL


PANCREATITE AGUDA
➢ Exames laboratoriais: ​

➢ Principais achados: leucocitose e hiperglicemia (resposta


inflamatória sistêmica). ​

➢ ​Elevação discreta das transaminases: TGO, TGP. ​

➢ Os principais exames - dosagens de amilase e lipase séricas​

➢ ​Tomografia computadorizada: confirmação do diagnóstico e


complicações como necrose pancreática ou coleções e avaliação
prognóstica.​
PANCREATITE AGUDA - TRATAMENTO

➢ É direcionado para o alívio dos sintomas e a prevenção ou


tratamento das complicações. ​

➢ ​Suporte clínico: manutenção da perfusão tecidual (reposição


volêmica vigorosa) e manutenção da saturação de oxigenação,
analgesia e suporte nutricional. ​

➢ Dieta zero ​

➢ NÃO há tratamento específico para a pancreatite.​

➢ Nutrição parenteral – em pacientes debilitados e com íleo


paralítico prolongado​
PANCREATITE AGUDA - TRATAMENTO
➢ Manter a oxigenação tecidual - oximetria de pulso acima de 95%.​

➢ A analgesia - opioides parenterais, como a morfina e a meperidina.​

➢ Descompressão gástrica - sonda nasogástrica - aos casos de


vômitos incoercíveis ou distensão abdominal importante secundário
ao íleo adinâmico.​

➢ Cuidado Intensivo – UTI

➢ Podem ser prescritos antibióticos se houver infecção

➢ Cuidado Respiratório - agressivo está indicado - hipoxemia


em um número significativo de pacientes
➢ Monitoramento rigoroso da gasometria arterial até o uso de
oxigênio umidificado para intubação e ventilação mecânica.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
➢ Administrar analgésico conforme prescrição médica;​
➢ Avaliar com frequência a dor e a efetividade medicamentosa;​
➢ Manter o paciente em repouso para redução da taxa metabólica e reduzir a
secreção de enzimas pancreáticas;​
➢ Relatar ao médico se aumento da dor;​
➢ Passar SNE/SNG quando necessário;​
➢ Avaliar padrão respiratório com frequência, SPO2 e gasometria arterial;​
➢ Manter o paciente em posição semi-Fowler para redução da pressão sobre o
diafragma;​
➢ Monitorar os níveis séricos de glicose;​
➢ Monitorar os resultados dos exames laboratoriais;​
➢ Pesar o paciente diariamente;​
➢ Procurar sinais de infecção;​
➢ Mudar decúbito sempre que necessário;​
➢ Atentar para estado hidroeletrolítico;​
➢ Monitar o balanço hídrico;​
➢ Monitorar rigorosamente os sinais vitais e se necessário encaminhar para
UTI...​

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