Você está na página 1de 3

14/01/2022 Urologia Carolina Rossi

Hematúria Urológica QUANTO À TEMPORALIDADE


• EPISÓDICA/ISOLADA: uma única vez
PEDRO • CONTÍNUA: nenhuma micção normal no dia
• INTERMITENTE: há micções normais no dia
• TRANSITÓRIA: dura menos de 3 meses
INTRODUÇÃO
• PERSISTENTE: dura mais de 3 meses
CONCEITO: eliminação de pelo menos 3 hemá- • RECORRENTE: episódios de hematúria com me-
cias/campo 400x; pessoas normais eliminam cerca ses ou anos de intervalo
de 1.000 hemácias/mL (2 hemácias/campo 400x).
• Nesse caso, é hematúria microscópia, só sendo
detectada pelo sumário de urina ETIOLOGIA
Pode ser a primeira manifestação clínica de uma do- • Nefrológicas
ença, mas, para ser patológica, deve ser visível, o Glomerulares
com celularidade alta ou persistente (pelo menos o Tubulointersticiais
2 achados positivos); quando transitória, geral-
• Urológicas
mente é benigna (exercício físico, concentração da
urina).

CLASSIFICAÇÃO

QUANTO AO ASPECTO

MICROSCÓPICA
> 3 eritrócitos/campo 400x em sedimento de centri-
fugado de urina em pelo menos 2 amostras com in-
tervalo de 2-4 semanas.
Geralmente de causa nefrológica.

MACROSCÓPICA
Alteração visível da coloração da urina. Diante de hematúria urológica (definida pela au-
Geralmente de causa urológica. sência de proteinúria), as maiores suspeitas são:
OBS.: A intensidade da hematúria macroscópica 1. Infecção urinária
não reflete o grau de perda sanguínea → basta 1mL 2. Nefrolitíase
de sangue para tingir 1L de urina. Ou seja, hematú- 3. Tumores uroepiteliais
ria não costuma causa anemia.

QUANTO AO MOMENTO INVESTIGAÇÃO

TOTAL • Confirmar hematúria


Aparece durante todo o jato urinário. • Identificar na história e no exame físico uma pos-
sível etiologia
Sugere afecção de bexiga e trato urinário supe-
• Identificar se é transitória ou persistente
rior.
• Identificar os pacientes de maior risco para doen-
ças significativas
INICIAL
Aparece somente no início do jato.
ANAMNESE E EXAME FÍSICO
Sugere afecções de uretra.
• Caracterizar a hematúria
• Identificar fatores de risco
TERMINAL • Avaliar a coloração da urina
Aparece ao final do jato. o Vermelho-vivo → não glomerular
Sugere afecções do colo vesical e uretra prostá- ▪ Inclui tubulointersticial e urológica
tica: atenção para neoplasias.
o Castanho escuro → glomerular
▪ “Urina de coca-cola” nem sempre é colúria
QUANTO À PRESENÇA DE SINTOMAS
• Sintomática
• Assintomática
CORES DA URINA E SUAS CAUSAS • Endometriose ou fístula vesicouterina
Urocromos endógenos (ex.: fosfatos). ANTICOAGULAÇÃO NA FAIXA TERAPÊUTICA
NÃO AUMENTA RISCO DE HEMATÚRIA
Hematúria, mioglobinúria, hemoglobinúria,
rifampicina, cloroquina, desferoxamina, fe-
nolftaleína, ibuprofeno, doxorrubicina e be- EXAMES LABORATORIAIS
terraba (esta última somente em indivíduos
geneticamente predispostos). SUMÁRIO DE URINA
Fenazopiridina, sulfassalazina. Detecta hematúria de duas formas:
Bilirrubina, porfirina, nitrofurantoína, metroni- • FITA REAGENTE (DIPSTICK)
dazol. o Qualitativo: identifica grupo heme, não he-
Azul de metileno (tratamento da metemoglo- mácia
binemia). o Tem baixo VPP: pode ser falso-positivo [ex.:
hemólise intravascular (Hb sem hemácias), ra-
Piúria maciça, quilúria (fístula linfática), pro-
bdomiólise (mioglobinúria)]!
pofol.
▪ Diferença: à centrifugação, em caso de he-
“Alcaptonúria” – a urina escurece em contato moglobinúria o plasma fica vermelho, e,
com o ar, observado na ocronose (um tipo de em mioglobinúria, claro
erro inato do metabolismo).
o Não pode ser usado isoladamente – precisa
“Purple bag Syndrome” – infecção urinária por ser confirmado pela análise microscópica
Providencia, Proteus ou Klebsiella em pacien-
• ANÁLISE MICROSCÓPICA DA URINA CENTRIFU-
tes constipados e com cateter vesical.
GADA
OBS.: A causa mais comum de falso-positivos é a
Quadro clínico Etiologia provável contaminação por sangue menstrual.
Disúria, com ou sem febre Infecção urinária
Lombalgia aguda com irra- OUTROS ACHADOS
diação para saco escrotal
• Proteinúria (corte: acima de 100mg/dL ou maior
ou grande lábio vaginal, Nefrolitíase
ou igual a 2+)
história familiar ou pessoal
de cálculos renais o Divisor de águas: indica causas nefrológicas
Polaciúria + noctúria em ▪ Hematúria + proteinúria + dismorfismo:
HPB causas glomerulares
paciente > 60 anos
▪ Hematúria + proteinúria + sem dismor-
Prática de exercícios físi- Hematúria transi-
fismo: causas tubulointersticiais
cos vigorosos tória idiopática
• Formato das hemácias
Lesão renal ou do
Trauma o Dismorfismo eritrocitário (predominância de
trato urinário
80% ou mais) → causa glomerular
Dismenorreia + hematúria
Endometriose do o Célula fantasma (perda do citoplasma) mas
somente no período
trato urinário com contorno mantido → causa urológica ou
menstrual
tubulointersticial
Sexo masculino, idade >
• Cristais urinários e cilindros hemáticos → causa
40 anos, hematúria ma-
Câncer de bexiga glomerular
croscópica, abuso de anal-
ou outros tumores • Coágulos ou agregados eritrocitários microscó-
gésicos, tabagismo, uso
uroepiteliais picos → lesão do trato urinário
de ciclofosfamida, exposi-
ção a aminas aromáticas • Hemograma e coagulograma
• Ureia e creatinina (avaliar função renal)
História familiar ou pessoal
de sangramentos espontâ-
Coagulopatias
neos (ou com traumas mí- EXAMES DE IMAGEM
nimos) em múltiplos locais
• PACIENTES COM MACRO-HEMATÚRIA NÃO
GLOMERULAR → avaliação urológica completa
FATORES DE RISCO (TC + uretrocistoscopia)
• Tabagismo • PACIENTES ACIMA DE 40 ANOS: avaliação uro-
• Idade > 40 anos lógica completa (TC + uretrocistoscopia) + uro-
• HF ou pessoal de hematúria macroscópica grafia excretora
• Antecedentes de patologias urológicas • PACIENTES ABAIXO DE 40 ANOS: USG
• Exposição ocupacional a químicos ou corantes o Se negativa → cálcio e ácido úrico na urina de
• Uso abusivo de AINEs 24h (detecção de microcálculos) + alta
• Sangramentos frequentes (coagulopatia?)
• Exercícios extenuantes
Indicam avaliação urológica completa
• Tabagismo
• Idade maior que 40 anos (especialmente no sexo
masculino) → risco de câncer uroepitelial
• História de hematúria macroscópica
• História de patologias urológicas (cálculos e tu-
mores)
• História de irradiação pélvica
• Exposição a químicos/corantes
• Uso abusivo de AINEs
• Sintomas irritativos vesicais

USG
Muito utilizado, às vezes mesmo em pacientes de
alto risco, por ser mais fácil de obter.
É limitado para pequenas lesões renais e sistema
coletor (pelve renal).

TOMOGRAFIA
Padrão-ouro na avaliação inicial: diagnostica e ca-
racteriza:
• Lesões renais (tumores e cistos)
• Lesões extrarrenais
• Lesões ureterais
• Cálculos urinários
• Lesões infecciosas
OBS.: A RM é utilizada apenas em pacientes com
histórico de reação ao contraste.
A URO-TC SERIA PREFERÍVEL, POIS ASSO-
CIA AS VANTAGENS DE USG E UROGRAFIA
EXCRETORA

URETROCISTOSCOPIA OU CISTOSCOPIA
Compõe, junto à TC, a avaliação urológica completa
Deve ser precedida por outros exames de imagem,
já que é bastante invasiva – inclusive permite reali-
zação de biópsia de áreas suspeitas.
INDICADA EM TODOS OS PACIENTES COM
MAIOR RISCO DE CÂNCER DE BEXIGA
Avalia uretra e bexiga; quem avalia as vias urinárias
altas é a urografia excretora.

Você também pode gostar