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ANA CLARA QUIRINO- 69

FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA


SEGUNDA PROVA DE SEMIOLOGIA II
PROF CARLOS FERNANDO

HIPERTENSÃO ARTERIAL

 Definição: considera-se hipertenso o individuo que tem pressão arterial


constantemente > 140 mmHg de sistólica ou > 90 mmHg de diastólica. São
necessárias duas ou três consultas subsequentes com aferição em três
momentos de cada consulta.

 Etiologia:

1. Hipertensão Arterial Essencial:


 Não tem causa definida, sendo uma condição multifatorial;
 Representa 95% dos casos da doença;
 Apresenta distribuição universal, atingindo ambos os sexos e todas as
etnias;
 Acomete 1/3 da população brasileira.
 Fatores de Risco:
 Predisposição genética: sem padrão de herança definida. Fortes
evidências estudos envolvendo famílias;
 Idade: aumento linear com o envelhecimento
 18 a 29 anos - 2,8%
 30 a 59 anos - 20,6%
 60 a 64 anos - 44,4%
 65 a 74 anos - 52,7%
 ≥ 75 anos - 55%
 Declínio após 75 anos
 Sexo: maior prevalência nos homens até os 50 anos e nas
mulheres depois da menopausa e acima dos 60 anos;
 Etnia:
 Indígenas - 11,1%
 Pardos - 26,3 a 38,2%
 Brancos - 29,4 a 30,3%
 Negros - 34,8 a 49,3%
 Sobrepeso e obesidade abdominal: acúmulo de gordura abdominal
(homens com circunferência de cintura >102 e mulheres >88);
 Ingestão de sal e álcool;
 Sedentarismo;
 Fatores socioeconômicos:
 Sem instrução ou fundamental incompleto - 31,1%
 Ensino fundamental completo - 16,7%
 Ensino superior completo - 18,2%
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 Mecanismos prováveis de elevação da pressão arterial na


hipertensão essencial: individuo pode ter mais de um desses ou
muitas vezes não é identificado nenhum deles.
o Desequilíbrio rim x Meio interno: os rins só são bem perfundidos
através da maior pressão de perfusão, portanto ocorre desequilíbrio
do meio interno e o rim retém sódio e água, que causa expansão
volêmica, dano endotelial e uma cascata de alterações que
aumentam a PA.
 Mais comum em paciente de meia idade e negros que tem
hipertensão severa e acelerada  medicar com diurético.
o Hiperatividade Adrenérgica: geralmente pacientes ansiosos,
taquicardios, agitados, mais jovens, magros e brancos;
 Medicar com bloqueadores beta-adrenérgicos.
o Descontrole Vasomotor Central e de Barorreflexos: idosos (>70
anos) que oscilam a pressão e tem tendência à hipotensão postural;
o Vasoconstrição não Adrenérgica:
 Ativação do SRAA;
 Hiperinsulinemia: aumenta sequestro de potássio (reduzido)
e da atividade do cálcio (aumenta a contração da
musculatura lisa nos vasos e a pressão). Presente em
pacientes com DM tipo 2 na fase inicial;
 Produção anormal de óxido nítrico (vasodilatador).
 Epidemiologia:
o Doença silenciosa e maioria dos pacientes são assintomáticos;
o É o principal fator de risco para doença cerebrovascular;
o Eleva em 2 a 3 vezes o risco de insuficiência cardíaca;
o Associa-se a 25% das mortes por doença coronariana;
o Importante fator de deterioração da função renal;
o Estudos detectaram que a hipertensão arterial estava associada a :
 69% dos primeiros episódios de IAM
 77% dos episódios de AVE
 75% dos pacientes com insuficiência cardíaca
 60% dos pacientes com doença arterial periférica
 45% das mortes cardíacas
 51% das mortes decorrentes de AVE
o Estudos brasileiros associaram a hipertensão arterial direta ou
indiretamente a 50% das mortes por doença cardiovascular.

2. Hipertensão Arterial Secundária:


 Condição resultante de alteração anatômica ou funcional definida;
 Deve ser investigada nos seguintes casos:
– HAS detectada antes dos 30 e após os 50 anos;
– Hipertensão grave ou resistente ao tratamento;
– Hipertensão acelerada;
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– Sopros ou massas abdominais;


– Redução dos pulsos nos membros inferiores com pressão alta nos
membros superiores: típico da coarctação de aorta;
– Alterações do sedimento urinário (cilindrúria ou hematúria)
– Hipopotassemia espontânea: hiperaldosteronismo primário e
secundário.
 Principais Causas
 Coarctação da aorta
 Feocromocitoma
 Síndrome de Cushing
 Hiperaldosteronismo
 Pré eclâmpsia e Eclâmpsia
 Hipertensão renovascular: fazer arteriografia renal (redução do fluxo
para o rim por comprometimento da arterial renal)
 Hipotireoidismo e Hipertireoidismo
 Hiperparatireoidismo
 Uso de medicamentos
 Hipertensão sistólica isolada do idoso: principal causa de hipertensão
secundaria. Rigidez da parede arterial aumenta com a idade e a
pressão sistólica aumenta.

 Diagnóstico da hipertensão arterial:


a) Medida da PA:
Aferir rotineiramente (muitos assintomáticos): a cada dois anos para os
adultos com PA ≤ 120/80 mmHg e anualmente para aqueles com PA >
120/80 mmHg e < 140/90 mmHg;

b) Posição do paciente:
 O paciente deve estar sentado
 Pernas descruzadas e pés apoiados no chão
 Dorso recostado na cadeira e relaxado
 Braço na altura do coração, apoiado, palma da mão voltada para
cima e livre de roupas
 Importante: em idosos, diabéticos, disautonômicos e usuários de
medicação anti-hipertensão, medir a PA com o paciente de pé, após
3 minutos. Objetivo: detectar a hipotensão ortostática = redução da
PAS > 20 mmHg ou da PAD > 10 mmHg quando o paciente muda de
posição
 Medir até se obter diferença inferior a 4 mmHg entre as pressões
verificadas
 Usar equipamento calibrado e validado, adequado às características
do paciente (ideal: braçadeira deve ter largura 2/3 do comprimento do
braço)
 Medir nos 2 braços pelo menos na primeira consulta
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c) Cuidados
 Repouso por 5 minutos antes da medida
 Evitar bexiga cheia
 Evitar exercícios 60 a 90 minutos antes da medida
 Não ingerir álcool ou café e não fumar 30 minutos antes da medida
 Não falar durante o exame
 Determinar a circunferência do braço no ponto médio entre acrômio e
olécrano
 Selecionar o manguito adequado ao braço

d) Semiotécnica
 Colocar a braçadeira sem folgas, cerca de 2 a 3 cm acima da prega
do cotovelo
 Verificar PAS pelo método palpatório
 Inflar rapidamente até 20 a 30 mmHg acima da PAS estimada
 Deflação lenta (2 a 4 mmHg/segundo)
 Determinar as pressões conforme os ruídos de Korotkoff
 Auscultar até o ponto zero
 Aplicar fatores de correção, se for o caso
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 Situações especiais:
 Hipertensão do Avental Branco
 Valores anormais da PA no consultório, com valores normais
medidos fora dele;
 A prevalência média é de 13%, em normotensos e de 32%, em
hipertensos;
 Estudos revelam risco cardiovascular intermediário entre
normotensão e hipertensão;
 Isso tem importância porque muitas pessoas que tem hipertensão
nessas circunstâncias vão ficar hipertensas no futuro.

 Hipertensão Mascarada
 Valores normais da PA no consultório, com valores elevados
medidos fora dele;
 Prevalência média = 13%;
 Associada a fatores como: idade jovem, sexo masculino, tabagismo,
consumo de álcool, atividade física, hipertensão induzida pelo
exercício, ansiedade, estresse, obesidade, DM, DRC e história
familiar de HAS  comorbidades;
 O risco cardiovascular é 2 vezes maior que em normotensos.

 Ferramentas Especiais: em caso de dúvida ou risco


 Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA):
o Medição realizada pelo paciente ou pessoal treinado;
o 3 medidas pela manhã e 3 medidas à noite em horários diferentes,
durante 5 dias;
o Anormal: média acima de 135 / 85 mmHg;
o Indicações: excluir hipertensão do avental branco e hipertensão
mascarada; avaliação terapêutica.

 Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA)


o Registro intermitente da PA durante 24 horas;
o Permite predizer risco cardiovascular;
o Indicações: excluir hipertensão do avental branco; avaliação de
normotensos ou pacientes com PA controlada e lesões em órgão-
alvo; avaliação terapêutica; hipertensão resistente; ocorrência de
hipotensão; avaliação da PA durante o sono (mais importante);
o Anormais: m d as d PA d 2 o as ≥ 1 0/80 mmHg gla ≥
1 5/85 mmHg sono ≥ 120/70 mmHg;
o Esse método depende de validação para diagnóstico;
o Hipertensos que a pressão se mantém alta durante o sono é fator
prognóstico pior.
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 Avaliação do índice Tornozelo-braquial (ITB):


o Influência da rigidez arterial no membro superior e inferior;
o Valores entre 0,91 a 1,30 são normais;
o Acima de 1,30 ou abaixo de 0,91 são preditores de doença
aterosclerótica difusa e enrijecimento arterial.

 Classificação
Ideal: inferior a 120 x 80
Pré-hipertensão
 PAS entre 121-139
 PAD entre 81-89
 PAS < 130 - PAD < 85
Hipertensão Sistólica Isolada:
 PAS > 140
 PAD < 90
Hipertensão Arterial: detecção do valor predominante
 Estágio I (leve)
 PAS entre 140 e 159
 PAD entre 90 e 99
 Estágio II (moderada)
 PAS entre 160 e 179
 PAD entre 100 e 109
 Estágio III (grave)
 PAS entre 180 e 209
 PAD entre 110 e 119
 Hipertensão Arterial “Maligna”
 PAD > 120, com elevação repentina da PA e curso rápido
+ lesões de órgãos-alvo (retinopatia, encefalopatia,
nefropatia).
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 Fatores de Risco: potencializam e aceleram os danos da hipertensão


 Idade: homem > 55 e mulher > 65 anos
 História familiar prematura de doença cardiovascular: homens < 55
anos e mulheres < 65 anos
 Tabagismo
 Diabetis Mellitus
 Resistência à insulina
– Glicemia em jejum: 100-125 mg/dl
– Glicemia pós prandial (ou TOT) 140-199 mg/dl
– Hemoglobina glicada: 5,7 – 6,4%
 Dislipidemia
– Colesterol total > 190 mg/dl e/ou
– LDL-colesterol > 115 mg/dl e/ou
– HDL-colesterol < 40 mg/dl nos homens ou < 46 mg/dl nas
mulheres e/ou
– Triglicerídeos > 150 mg/dl
 Obesidade
– IMC ≥ 0 kg/m2. Circunferência abdom nal ≥ 102 cm nos om ns
ou ≥88 cm nas mul s

 Detecção de Lesões em Órgãos-Alvo (LOAs): muda o tratamento e o


prognóstico
 Lesões Encefálicas: não dá pra detectar antes de causar sintoma
– Déficits motores ou sensoriais (sequelas)
– História de ataque isquêmico transitório
– Demência
 Retinopatia: lesões à fundoscopia (exame de fundo de olho)
 Lesões Arteriais: presença de ateromatose
– Lesão grave: ausência de pulsos, assimetrias ou reduções,
lesões cutâneas, sopros
– Espessura minointimal da carótida > 0,9 mm ou placa carotídea
ou redução da onda de pulso
– Índice tornozelo-braquial < 0,9
 Lesões Cardíacas
– Hipertrofia ventricular e atrial esquerda (fazer ECO ou ECG)
– Desvio do ictus, presença de B3 ou B4, sopros, arritmias, edema
periférico, crepitações pulmonar
– Angina estável ou instável ou Infarto do miocárdio
– Revascularização do miocárdio (qualquer forma)
 Lesões Renais
– Doença renal crônica estágio 3 (RFG-e 30-60 mL/min/1,73m2)
– Pesquisar microalbuminúria ou elevação do acido úrico.
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 Exames Complementares: objetivos


 Detectar fatores de risco não evidentes
 Detectar lesões em órgãos-alvo: fundo de olho, verificação da onda
de pulso, ecocardiograma e microalbuminuria
 Detectar evidências de hipertensão arterial secundária
 Detectar comorbidades

 Propedêutica Básica
 Análise de urina (EAS)
 Potássio plasmático
 Glicemia em jejum
 Ritmo de filtração glomerular estimado (ureia e creatinina)
 Creatinina plasmática
 Colesterol total, HDL-C, LDLc e triglicérides plasmáticos
 Ácido úrico plasmático
 Eletrocardiograma convencional ou ecocardiograma

 Propedêutica Adicional
 Radiografia de tórax: pacientes com suspeita clínica de doença
pulmonar ou avaliação da aorta quando o ecocardiograma não está
disponível (não é tão preciso para o tamanho da área cardíaca)
 Albuminúria: hipertensos diabéticos, com síndrome metabólica ou
com dois ou mais FR.
 US das carótidas: presença de sopro carotídeo, sinais de DCbV ou
presença de aterosclerose em outros territórios.
 Principalmente quando há possibilidade de doença cérebro
vascular.
 US renal ou com Doppler: pacientes com massas abdominais ou
sopro abdominal em suspeita de hipertensão renovascular.
 Hemoglobina Glicosilada: se glicemia de jejum > 99 mg/dl, história
familiar de DM tipo 2, diagnóstico prévio de DM tipo 2 e obesidade.
 Teste ergométrico: suspeita de DAC estável, DM, ou antecedente
familiar para DAC em pacientes com PA controlada.
 MAPA/MRPA: segue a indicação convencional dos métodos.
 Velocidade da Onda de Pulso: “pad ão” pa a a al ação da g d z
arterial.
 Anormal: acima de 12m/s
 Indicada para hipertensos de médio e alto risco.
 RNM do cérebro: pacientes com distúrbios cognitivos ou demência
 Ecocardiograma
 Estágio 1 e 2, sem hipertrofia ventricular esquerda (HVE) no
ECG mas com 3 ou mais fatores de risco
 Presença de indícios de HVE no ECG
 Pacientes com indícios de disfunção ventricular
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Velocidade de onda de pulso para estimar a rigidez arterial

 Estratificação de Risco: valor da pressão + fatores de risco associado +


lesão em órgãos alvos

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