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ANA CLARA QUIRINO – 69

FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA


SEGUNDA PROVA DE SEMIOLOGIA II
MARCELO

EXAME DO APARELHO CARDIOVASCULAR

 Anamnese
o QP/HMA:
 Dispneia: ao repouso, em pequenos, médios ou grandes
esforços, súbita ou progressiva;
 Ortopnéia: dispneia quando deitado que melhora ao sentar ou em
pé;
 Dispneia paroxística noturna: comum na insuficiência ventricular
esquerda;
 Angina de peito/dor torácica: comum em pacientes com doenças
cardiovascular principalmente aqueles com doença coronariana;
 Palpitações: percepção do batimento cardíaco. Presente nas
arritmias;
 Lipotímia;
 Síncope: perda da consciência de forma rápida e transitória com
recuperação espontânea. Possui varias causas, entre elas as
doenças cardiovasculares (estenose aórtica, bradiarritmias);
 Fadiga;
 Edema de membros inferiores ou anasarca (edema
generalizado): principalmente em pacientes com insuficiência
ventricular direita.
o HPP: IAM prévio, HAS, DM, dislipidemia, uso de medicamentos;
o HF: pré-disposição hereditária (HAS, doença coronariana);
o HS: tabagismo, etilismo, drogas ilícitas (cocaína), dieta.

 Exame físico
1. Inspeção geral
2. Avaliação da pressão arterial
3. Avaliação do pulso arterial (palpação)
4. Inspeção e palpação do precórdio
5. Ausculta cardíaca

Turgência venosa
jugular 45º (reflete
aumento da pressão no
átrio direito, comum na
ICC descompensada)

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 Medida da Pressão Arterial


 Preparo do paciente: deve estar em repouso por pelo menos 5
minutos, não deve fumar nos últimos 30 minutos, não praticar
atividade física na ultima hora e não estar de bexiga cheia.
 Técnica adequada: manguito 2/3 cm acima da fossa cubital;
 Método palpatório: palpar a artéria radial antes de insuflar o
manguito até que haja o desparecimento do pulso, encontrando o
valor da pressão sistólica  importante para evitar o hiato
auscultatório, que pode fazer com que a PA do paciente seja mais
baixa do que realmente é;
 Fases de Korotkoff: sons que aparecem depois de desinsuflar o
manguito
 Fase 1: inicio do som = pressão sistólica;
 Fase 5: desaparecimento do som = pressão diastólica.
 Pode acontecer que ao desinsuflar o som só termine no 0,
então para identificar a diastólica é necessário considerar a fase
4, quando o som se abafa (120 por 80 por 0).

Ex: se o paciente tem pressão de 148x80 mmHg  hipertenso pela


sistólica.
Obs: sempre se dar pela maior medida, se o paciente tem 160x92
mmHg  hipertenso estagio 2.
É preciso de duas medidas com alteração da pressão para
considerar o paciente como hipertenso

 Pulso arterial
o Principais: carotídeo, braquial, radial, femoral, poplítea, tibial anterior
e posterior;
o Analise através da frequência cardíaca, ritmo, amplitude, dureza e
simetria (FARDS), contorno e aspecto palpatório da artéria;
o AA carótidas: muito usada para avaliar contorno e amplitude;
o AA radiais: avaliar ritmo e FC

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 Tipos clássicos de pulso arterial


a) Pulso fino e ou filiforme: baixa amplitude associada a estados de
baixo débito cardíaco como no choque hipovolêmico, cardiogênico,
hipotensão, sepse;
b) Pulso em martelo d’água (pulso de Corrigan): amplitude alta
associada à insuficiência aórtica crônica e PA divergente (afastamento
entre a pressão sistólica e diastólica que gera grande onda de pulso);
c) Pulso bisferiens ou bífido: incomum. Associado à cardiomiopatia
hipertrófica obstrutiva (hipertrofia septal assimétrica);
d) Pulso parvus e tardus: amplitude baixa, mais longo. Associado à
estenose aórtica moderada a severa;
e) Pulso alternans: pulso ora com amplitude boa, ora com amplitude
baixa. Associado à IC em fase avançada (sinal de mau prognóstico);
f) Pulso paradoxal: queda superior a 10 mmHg na pressão arterial
sistólica durante a fase inspiratória da respiração (ocorre no
tamponamento cardíaco, derrame pericárdico volumoso).

Incisura
dicrótica

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 Inspeção e palpação do precórdio


o Abaulamentos: pouco comum. Presente em doenças que levam a
dilatação do ventrículo D (face anterior do coração), principalmente em
crianças que ainda tem o esterno maleável;
o Ictus de VE (Ictus cordis): é o batimento da ponta do ventrículo E.
Situado no cruzamento da linha hemiclavicular E com o 4º ou 5º
espaços intercostais (próximo ao mamilo). Caso seja palpado marca o
foco mitral. Avaliar:
 Extensão: normalmente ocupa no máximo 2-3 cm (1-2 polpas
digitais). Se estiver dilatação do VE (cardiomegalia) pode estar
aumentado/difuso;
 Intensidade: hipercinético, hipocinético difuso (insuficiência
ventricular E), propulsivo sustentado (hipertrofia do VE);
 Localização: se estiver desviado pode indicar patologias como
atelectasia, derrame pleural volumoso e dilatação do ventrículo E.
o Ictus de VE patológicos: propulsivo sustentado, hipercinético,
hipocinético difuso, ictus desviado;
o Frêmito cardiovascular: sensação tátil de um sopro intenso.

 Bulhas cardíacas e outros ruídos

Posicionamento do paciente: decúbito dorsal ou


decúbito lateral esquerdo (aproxima a ponta do VE da
parede torácica  foco mitral e ictus cordis facilitado)
ou sentado com tórax inclinado para frente (foco aórtico
e pulmonar);
Focos de ausculta (imagem): mitral (5), tricúspide (4),
aórtico acessório (3), pulmonar (2) e aórtico (1).

o B1 (Tum): fechamento das valvas atrio-ventriculares (mitral e tricúspide),


marca o inicio da sístole. Coincide com o pulso arterial;
o B2 (Ta): fechamento das valvas ventriculo-arteriais (pulmonar e aorta),
inicio da diástole.

 Focos de Ausculta Cardíaca

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B3 e B4: sons graves, melhor audível com a campânula e no foco mitral;


B3 pode ser fisiológica em pacientes jovens, atletas. Ocorre no inicio da diástole
(enchimento rápido). Presente em pacientes com icc descompensada, sobrecarga
de volume (insuficiência aórtica, mitral), edema agudo de pulmão. É como se o
coração batesse como “tum-ta-tu”
B4 é patológica. Ocorre no final da diástole, na contração do átrio. Presente em
cardiopatas ou pacientes que tem hipertrofia ventricular concêntrica (estenose
aórtica).

1. Primeira bulha (B1)


 Refere-se ao fechamento das valvas atrio-ventriculares, inicio da
sístole. O fechamento da mitral ocorre antes da tricúspide;
 Desdobramento de B1: atraso no componente tricúspide (fecha só
depois da mitral), pode confundir com B4  analisar contexto clinico;
Ex: doença de chagas com bloqueio do ramo direito (atrasa todos os
fenômenos do lado direito), pode ter desdobramento de B1 e B2.
Hiperfonese de B1: é a intensidade que ausculta a bulha. Presente
em pacientes muito magros, síndromes hiperdinâmicas, estenose
mitral (atenção  tem como causa principal em >90% dos casos a
febre reumática com calcificação da valva), intervalo PR curto;
 Hipofonese de B1: obesos, musculosos, DPOC, derrame pericárdico,
ICC de baixo debito, estenose mitral com degeneração valvar
acentuada.

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2. Segunda bulha (B2)


 Fechamento das valvas ventriculo-arteriais, inicio da diástole;
 Componente aórtico (A2) fecha antes da pulmonar (P2) com certo
atraso;
 Ausculta do desdobramentos de B2 no foco pulmonar;
 Desdobramento fisiológico: foco pulmonar, durante inspiração
(aumenta retorno venoso no lado direito), crianças e adolescentes;
 Tum-tla
 Desdobramento amplo ou fixo de B2: bloqueio de ramo direito,
estenose pulmonar, comunicação interatrial (fixo: ocorre tanto na
inspiração quanto na expiração);
 Desdobramento paradoxal de B2: ocorre na expiração e
desaparece na inspiração por um atraso do fechamento da aorta
(lado E). Presente no bloqueio de ramo esquerdo e estenose aórtica;
 Hiperfonese de B2: magros, síndromes hiperdinâmicas, HAS,
hipertensão arterial pulmonar;
 Hipertensão pulmonar (dpoc avançado, cor pulmonale) 
aumento da pressão na artéria pulmonar  hiperfonese B2.
 Hipofonese de B2: obesos, musculosos, derrame pericárdico,
hipotensão arterial, estenoses aórtica e pulmonar.

3. Terceira bulha (B3)


 Após a B2, melhor audível com campânula (tum-tatu);
 Pode ocorrer galope ventricular no paciente com taquicardia;
 B3 audível: significa sobrecarga volumétrica ventricular;
 B3 fisiológica: crianças, adolescentes, síndromes hiperdinâmicas;
 B3 patológica: sobrecarga de volume crônica (insuficiência mitral e
aórtica crônicas, comunicação interventricular e atrioventricular),
descompensação do IC sistólica (sinal de mau prognóstico).

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4. Quarta bulha (B4)


 Ocorre logo antes de B1, melhor audível com campânula;
 B4 é patológica;
 Causas: hipertrofia ventricular esquerda concêntrica (HAS, estenose
aórtica, cardiomiopatia hipertrófica), doença isquêmica do miocárdio.

5. Outros sons:

a) Ruídos de ejeção: melhor audível com diafragma, logo após B1


(sístole) e focos da base. Ocorre em estenose valvar (aórtica e
pulmonar) ou dilatação arterial (aórtica e pulmonar). Na pratica é difícil
de ser auscultado.

b) “Clicks” sistólicos: prolapso da valva mitral. Melhor audíveis com


diafragma, no foco mitral. Ocorre devido à degeneração mixomatosa
com alteração de sua posição dentro da sístole com manobras que
alteram o retorno venoso ou o tamanho do coração.

c) Estalido de abertura: som protodiastólico, ocorre na estenose mitral ou


tricúspide. Melhor audível com diafragma. Presença do estalido indica
que as valvas apresentam calcificação (febre reumática) ou
deformidade.

Guardar: estenose mitral  hiperfonese de B1 + estalido de abertura

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