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SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR

EM PEDIATRIA
PROFA DRA VALESKA TAVARES SCAVARDA
8 a 10/1.000 nascidos vivos, excluindo a persistência do canal arterial
(PCA)do prematuro, apresentam cardiopatia

Cardiopatia congênita é a malformação isolada mais comum,


determinando a morte de 3% a 5% dos recém-nascidos (RN)

Em todas as idades, crianças assintomáticas podem ter cardiopatia


CARDIOLOGIA inicialmente suspeitada por meio de anamnese e exame físico adequados.
PEDIÁTRICA

Nos países em desenvolvimento, a febre reumática é a principal


responsável pelas mortes de origem cardiovascular nas primeiras décadas
de vida HISTÓRIA

Miocardites, as doenças neurometabólicas, as doenças sistêmicas com


repercussões cardíacas e a miocardiopatia secundária ao uso de
quimioterápicos cardiotóxicos (doxorrubicina, daunoblastina), hipertensão
arterial, arritmias
Grande parcela dos pacientes pediátricos com suspeita de
cardiopatia é de crianças normais, cuja ausculta evidencia
um sopro cardíaco inocente, presente em até 60% delas

Principal desafio  Sopro inocente ou patológico?


ANAMNESE NA
CARDIOLOGIA
PEDIÁTRICA

Idade materna na gestação, doenças maternas na gestação


ou prévias, hábitos de vida e vícios maternos poderão
aumentar a incidência de cardiopatias congênitas,
principalmente quando esses fatores estão presentes no
primeiro trimestre de gestação
IMPORTANTE PERGUNTAR NA ANAMNESE :

Idade materna

ANAMNESE NA
CARDIOLOGIA • História obstétrica de morte: relato anterior de abortos, natimortos e de
PEDIÁTRICA filhos falecidos.

• História pré-natal de infecção materna: Rubéola? Outras infecções


virais, como herpesvírus, citomegalovírus e coxsackie B, também podem
ocasionar malformação cardíaca e, quando acometem a mãe no final da
gravidez, podem ser causa de miocardite.
ANAMNESE NA CARDIOPEDIATRIA

Outras doenças maternas

Diabetes mal controlado pode predispor a cardiopatias como a síndrome do coração esquerdo hipoplásico (SCEH) e a transposição de grandes
artérias, hipertrofia miocárdica septal assimétrica .

O lúpus eritematoso materno e outras colagenoses predispõem a bloqueio atrioventricular total

Exposição materna a fatores teratogênicos: o uso de álcool (síndrome fetal alcoólica). A exposição a radiações e a substâncias químicas como
agentes anticonvulsivantes, lítio, entre outras

História familiar de cardiopatia congênita: a incidência geral de cardiopatia aumenta 3-4 x quando tem um parente de primeiro grau (pais,
irmãos) com CC, aumentando para 10% quando dois parentes do primeiro grau são afetados.

A história familiar de febre reumática (FR) é mais frequentemente positiva que a de cardiopatia congênita.
ANAMNESE NA
CARDIOPEDIATRIA

• Sinais e Sintomas da criança


• Cansaço, dificuldade de sucção, perda de
peso ou dificuldade de ganhar peso,
cianose, taquipneia, dispnéia, posição de
cócoras, edema, infecções respiratórias
de repetição
• Dor precordial, síncope, amigdalites de
repetição, artrite e artralgia
• Palpitações
EXAME FÍSICO APARELHO
CARDIOVASCULAR

INSPEÇÃO
PALPAÇÃO
AUSCULTA
FÁSCIES

INSPEÇÃO NA CIANOSE CENTRAL X PERIFÉRICA


PROPEDÊUTICA
CARDIOLÓGICA
PEDIÁTRICA – EXAME
GERAL ANTROPOMETRIA

EXTREMIDADES
(BAQUETEAMENTO DIGITAL,
EDEMA, CIANOSE )
Fáscies Sindrômicas associadas a cardiopatias
congênitas

NOONAN

SÍNDROME DE
SÍNDROME DE
EDWARD- trissomia
DOWN – trissomia
18
21

SÍNDROME DE SÍNDROME DE
TURNER PATAU –
trissomia 13
Fáscies Sindrômicas associadas a cardiopatias
congênitas
• Na síndrome de Down, a mais comum das síndromes congênitas, há risco de ocorrência de
cardiopatia em cerca de 40% a 50% dos casos, geralmente com frequência maior de DSAV e CIV.
• Nas trissomias 13 e 18, a ocorrência de cardiopatia chega a quase 100%
• Na síndrome de Turner (X0), cerca de 25% a 30% (CoAo e estenose valvar aórtica),
• Na síndrome de Klinefelter (XXY), cerca de 15%
• Noonan, alta frequência (até 85%) de associação com cardiopatia congênita (CIA, EPV,
miocardiopatia hipertrófica),
• Síndromes de Williams (estenose supravalvar aórtica, estenose pulmonar periférica),
• Marfan (dilatação de aorta ascendente e prolapso mitral),
• Mucopolissacaridoses (espessamento valvar com estenose e/ou insuficiência e miocardiopatia) e as
distrofias musculares (miocardiopatia)
CIANOSE A coloração azulada da pele só fica evidente quando
a saturação sistêmica de O2 está <85% e se houver pelo menos 5g de
hemoglobina reduzida por 100ml de sangue

• Exame físico cardiovascular pode ser normal


• Central x Periférica
• Periférica  Extração exagerada de O2 quando Débito cardíaco esta
baixo (ICC) ou vasoconstricção periférica
• Central Caracterizada por diminuição do oxigênio arterial por shunt
direita-esquerda ou por alterações da função pulmonar
• É mais frequentemente de origem cardíaca
• Teste de hiperóxia é de grande ajuda
CIANOSE central x periférica
Cardiopatias congênitas
cianóticas
• Tetralogia de Fallot
• Transposição dos Grandes
Vasos da Base
• Estenose pulmonar crítica
• Atresia pulmonar
TESTE DO CORAÇÃOZINHO (48-72h de vida
em > 34 semanas)
TESTE DO
CORAÇÃOZINHO
• As grandes síndromes cardiológicas em
cardiologia pediátrica :

HISTÓRIA E
• Cianóticas
EXAME FÍSICO
• Acianóticas
• Lesões de shunt: Cardiopatias congênitas mais frequentes

CARDIOPATIAS
• Comunicação interventricular (CIV), a mais comum das
CONGÊNITAS cardiopatias congênitas, quando se exclui a valva aórtica
ACIANÓTICAS bivalvulada,
• Comunicação interatrial (CIA),
• PCA
• Defeito do septo atrio-ventricular (DSAV)
CARDIOPATIAS
CONGÊNITAS
CIANÓTICAS

• Tetralogia de Fallot, transposição


de grandes artérias, atresia das
valvas tricúspide e/ou pulmonar

• Lesões obstrutivas do coração


direito – estenose pulmonar – e
do coração esquerdo – estenose
aórtica e coarctação de aorta
(CoAo)
Inspeção :

EXAME FÍSICO
CARDIOVASCULAR - Formato do tórax

- Movimentos no tórax (respiratórios, outros movimentos anormais)

- Visualizar ictus cordis ( localização, entre 4 e 6 EICE linha hemiclavicular)

Palpação:

- Palpar ictus cordis ( verificar: ritmo, frequência, intensidade, mobilidade, extensão)

- Palpar bulhas cardíacas para verificar frêmito

Pulsos periféricos

AUSCULTA :
Bulhas, sopros, atrito, estalidos valvares
Fourth Report on Blood Pressure in
Children and Adolescents

MEDIDA DA
PRESSÃO Medida obrigatória após os 3 anos de
ARTERIAL EM idade  anualmente

CRIANÇAS

Antes se : antecedentes mórbidos


neonatais, doenças renais ou fatores de
risco familiar
INSPEÇÃO

• INSPEÇÃO geral do tórax  Deve-se


investigar com o paciente despido, de
modo que o examinador faça a inspeção
em região precordial em 2 incidências
(tangencial e frontal).
• Pode haver presença de abaulamento (no
aneurisma de aorta, cardiomegalia,
derrame pericárdico e cardiopatias
congênitas) ou retrações (malformações,
anatomia variável).
Inspeção / Palpação
• Ictus cordis
• O ictus cordis é a pulsação do ápice do coração.
• Deve-se investigar localização, extensão, mobilidade,
intensidade e tipo de impulsão, ritmo e frequência. A sua
localização pode variar de acordo com o biotipo do paciente:
• Mesolíneos: cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com
o 5º espaço intercostal.
• Brevelíneos: desloca-se cerca de 2 cm para fora e para cima, no
4º espaço intercostal.
• Longilíneos: 6º espaço intercostal, 1 a 2 cm para dentro da linha
hemiclavicular.
• Pode se mover 1-2 cm com a mudança de decúbito
• Ictus cordis invisível não é patológico
• https://youtu.be/qxZ15tvo4iU
• https://youtu.be/2_tRhMDQNuc
PALPAÇÃO

 Ictus Cordis ou choque da ponta


 Batimento do VD
 Impulsões sistólicas (oco external
 ectasia da aorta e 2° espaço
intercostal E  artéria pulmonar)
 Bulhas
 Frêmito
CAUSAS DE Miocardiopatias-
Cardiopatias
ICTUS Dilatada,
congênitas
DESVIADO.... Hipertrófica
Palpação - Frêmito
• FRÊMITO Sensação tátil de um sopro cardíaco com intensidade
maior ou igual a 4+
• Pode ser sistólico, diastólico ou ambos
• É caracterizado como a sensação tátil determinada por vibrações
produzidas no coração ou nos vasos. 
• Em caso de presença de frêmito, deve-se investigar localização,
situação do ciclo cardíaco e intensidade (avaliado em
cruzes ++++/IV).
• Estão associados aos sopros
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS  CIV
(PRINCIPALMENTE)

REFLUXOS VALVARES

CAUSAS DE
FRÊMITO EM ESTENOSES VALVARES
PEDIATRIA
FÍSTULAS ARTERIO-VENOSAS

SHUNTS
Palpação –

Pulsos

Impacto do sangue contra a


parede arterial produzido
pela contração ventricular
Palpação –

Pulsos
PALPAÇÃO DOS PULSOS

• Ritmo
• É a variável mais fácil de se avaliar.
• O pulso é rítmico ou arrítmico?
• Arritmia respiratória Durante a inspiração, a pressão negativa
intratorácica aumenta o retorno venoso e, consequentemente, o
enchimento ventricular. Com isso, há aumento do cronotropismo e
inotropismo cardíaco, o que aumenta a frequência e intensidade do pulso.
• A expiração causa exatamente o contrário.
PALPAÇÃO DOS PULSOS

• Frequência
• Também fácil de ser verificada.
• Uma forma é contar as pulsações durante um minuto (mais indicado
na criança)
• Tornando mais prático e rápido, podemos contar as mesmas em 15
segundos, depois multiplicando por quatro (lembrando que, na
presença de arritmias, essa conta pode nos fornecer um resultado não
tão fidedigno da frequência cardíaca em si)
PALPAÇÃO DOS PULSOS

• Intensidade e forma
• A forma é uma análise mais complexa.
• O pulso mais recomendado para a percepção da forma é a palpação do pulso
braquial (não sofre tantas interferências como o pulso carotídeo: respiração,
deglutição, movimentação da cabeça) e também não se encontra tão distal como o
pulso radial.
• Como é a forma normal? A forma normal de pulso é descrita como arredondada,
elevada em cúpula, com um ramo ascendente brusco e descendente lento (difícil
de ser avaliado na palpação). Na prática, notamos uma expansão e retração em
tempos iguais.
PALPAÇÃO DOS PULSOS

• O pulso fraco é uma característica de corações com algum grau de


comprometimento sistólico, quando a força de contração do ventrículo
está diminuída e a ejeção do sangue expande pouco a parede do vaso
 o pulsus parvus (pulso pequeno).
• Pode também ser mais demorado. Esse é encontrado no pulso da 
estenose aórtica grave, conhecido como parvus tardus.
INTENSIDADE DOS PULSOS

•  O pulso se encontra aumentado nas condições hiperdinâmicas como febre,


emoção forte, anemia, hipertireoidismo, gestação, persistência do canal arterial.
• A hipertensão arterial também pode aumentar a intensidade do pulso, porém
geralmente é um pulso mais sustentado do que nas condições hiperdinâmicas.
• Estado hiperdinâmico = Pulso céler  é um pulso de ascensão rápida e pode ter
duração diminuída.
• Na insuficiência aórtica grave, podemos ver um pulso aumentado de forma
exagerada, dando origem a um pulso de intensidade aumentada, ascensão muito
rápida e duração muito curta, o famoso pulso em martelo d’água ou pulso de
Corrigan
AUSCULTA CARDÍACA
AUSCULTA CARDÍACA

• Esse sem dúvidas é um dos principais exames dentro da semiologia cardiovascular.


• Principais focos da ausculta:
• Foco mitral: situa-se no 5º espaço intercostal (EIC) esquerdo na linha hemiclavicular e
corresponde ao ictus cordis.
• Foco pulmonar: situa-se no 2º EIC esquerdo, junto ao esterno. Nesse espaço podemos
avaliar desdobramentos da 2ª bulha cardíaca.
• Foco aórtico: 2º EIC direito, justaesternal. Porém, algumas vezes, o melhor local para
auscultar alterações de origem aórtica é no 3º EIC esquerdo, onde fica localizado o foco
aórtico acessório.
• Foco tricúspide: situa-se na base do apêndice xifóide ligeiramente para a esquerda (5° EIC).
AUSCULTA
CARDÍACA
• Ao auscultar o coração, os seguintes
aspectos devem ser avaliados:
• Ritmo
• Bulhas cardíacas
• Frequência cardíaca
• Ritmos tríplices
• Cliques ou estalidos
• Atritos
• Sopros
BULHAS CARDÍACAS  Normo,
hiper ou hipofonéticas
• Primeira bulha (B1): fechamento da valva mitral e tricúspide, o componente mitral antecedendo o
tricúspide. Coincide com o ictus cordis e o pulso carotídeo. É mais grave e tem duração um pouco maior
que a 2ª bulha. O som pode ser representado por “TUM”.
• Segunda bulha (B2): é constituído por 4 grupos de vibrações, porém só são audíveis as originadas
pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Ouve-se o componente aórtico em toda região precordial
(principalmente foco aórtico), enquanto o ruído da pulmonar é auscultado em uma área limitada (foco
pulmonar).
• Durante a expiração as duas valvas fecham JUNTAS dando origem ao som representado por “TA”. Na
inspiração, devido ao prolongamento da sístole ventricular DIREITA (maior afluxo de sangue), o componente
pulmonar sofre um retardamento, sendo possível perceber os 2 componentes. Esse fenômeno é chamado de
desdobramento fisiológico da 2ª bulha que pode ser auscultado como “TLA”.
BULHAS CARDÍACAS

Quarta bulha (B4): ruído débil que ocorre no


Terceira bulha (B3): é um ruído
fim da diástole ou pré-sístole e pode ser ouvida
protodiastólico de baixa frequencia que se
mais raramente em crianças e adultos jovens
origina da vibração da parede ventricular
normais. Sua gênese não está completamente
distendida pela corrente sanguínea que
esclarecida, mas acredita-se que seja originada
penetra na cavidade durante o enchimento
pela brusca desaceleração do fluxo
ventricular rápido. É mais audível na área
sanguíneo na contração atrial em encontro
mitral com o paciente em decúbito lateral
com o sangue no interior do ventrículo, no
esquerdo.
final da diástole.
• Após reconhecer B1 e B2, o passo seguinte é
determinar a o ritmo do coração e a frequência
cardíaca (batimentos por minutos).
• Havendo apenas 2 bulhas, trata-se de ritmo
em dois tempos (ou binário). Quando se torna
audível um terceiro ruído, passa a ser ritmo
RITMO E tríplice ou em três tempos.
FREQUENCIA • Ritmo cardíaco regular ou irregular ?
• Frequência: conta-se os batimentos em um
minuto
FREQUENCIA CARDÍACA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Os estalidos são ruídos de alta frequência, sendo melhor
auscultados com o diafragma do estetoscópio e com forte
pressão (suficiente para deixar a marca do estetoscópio na
pele).

Em geral, o som sistólico de ejeção ou estalido (clique)


protossistólico é audível com valvas aórtica ou pulmonar
CLIQUES E bicúspides, nas estenoses dessas valvas, com valvas ainda
móveis, e nas artérias aórtica ou pulmonar dilatadas
ESTALIDOS (dilatação pós-estenótica, por hiperfluxo ou idiopáticas)

Estalido mesossistólico, audível na ponta, é achado


característico do prolapso da valva mitral.
SOPROS CARDÍACOS

Produzidos por vibrações


decorrentes de alterações do fluxo
Existem sopros inocentes, que são
sanguíneo, que em
muito comuns em crianças e não
DETERMINADAS condições,
significam existência de patologias,
adota um caráter
e sopros patológicos, que podem ser
turbilhonar, deixando de ser
adquiridos ou congênitos.
laminar, surgindo ruídos
denominados sopros.
SOPROS CARDÍACOS

Os sopros podem surgir dos seguintes mecanismos:

Aumento da velocidade da corrente sanguínea (exercício físico, hipertireoidismo,


febre);
Diminuição da viscosidade sanguínea (anemia);

Passagem do sangue por uma passagem estreita (estenoses, comunicações


intracardíacas, shunts vasculares);
Passagem do sangue por zona dilatada (aneurismas), válvulas regurgitantes
SOPROS CARDÍACOS

Como descrever o sopro cardíaco?

Os seguintes aspectos do sopro devem ser avaliados:

Situação do sopro no ciclo cardíaco: sistólico, diastólico, sistodiastólicos ou contínuos;

Localização: qual foco de ausculta o sopro é mais audível

Irradiação: deslocar o estetoscópio em várias direções para identificar irradiação.

Intensidade: avaliação subjetiva, feita em graduação (+ a ++++++)

Timbre e tonalidade: “qualidade do sopro”; pode ser suave, rude, musical, em jato, piante, ruflar.
SOPROS CARDÍACOS-
CLASSIFICAÇÃO DE
LEVINE
SOPROS CARDÍACOS

Uma das mais importantes aplicações da avaliação dos sopros cardíacos é na


suspeita diagnóstica de acometimento valvar (estenose mitral ou aórtica,
insuficiência mitral ou aórtica).
Na tabela abaixo estão descritas as características dos sopros encontrados em cada
condição:
SOPROS CARDÍACOS
SOPROS CARDÍACOS CONTÍNUOS
• Sopro contínuo inocente (zumbido venoso): é o mais comum, audível em quase toda criança em
posição sentada, sendo ocasionado pela turbulência do fluxo venoso jugular na entrada da veia cava
superior. Caracteristicamente, é audível em posição ortostática, principalmente na região cervical
direita, com acentuação na mesodiástole, atenuando-se com a compressão da jugular e a rotação da
cabeça para a direita.
• Persistência do canal arterial: o sopro é mais áspero que o zumbido venoso, sendo crescente até B2 e
decrescente na diástole, mais audível no segundo espaço intercostal esquerdo e na fúrcula
supraesternal.
• Fístula coronário-câmara: trata-se de um sopro contínuo de intensidade geralmente menor que III/6,
não tão suave quanto um zumbido venoso nem tão áspero quanto o sopro em “maquinaria” do PCA.
Localiza-se no trajeto da fístula.
• Fístulas arteriovenosas: sopro contínuo suave em várias regiões do tórax pode ser audível na presença
de fístulas arteriovenosas pulmonares que ocorrem na atresia da valva pulmonar, na síndrome
hepatopulmonar (cirrose hepática) e em outras causas de fístulas arteriovenosas pulmonares.
• Deve ser lembrado que ICC de início precoce no RN pode resultar de fístulas arteriovenosas cerebrais
identificadas pela ausculta de sopro contínuo sobre a cabeça.
SOPROS INOCENTES

Ocorrem em cerca de 60% das crianças e adolescentes assintomáticos, com sistema cardiovascular normal

São sistólicos em crescendo-decrescendo (de ejeção) ou contínuos;

Apresentam curta duração (proto ou protomesossistólicos) e/ou baixa intensidade (graus I a III/VI, segundo
classificação de Levine; ausência de frêmito).
Ausência de ruídos acessórios (estalidos) ou alterações das bulhas cardíacas, especialmente da B2

Localização bem definida, com pequena ou nenhuma irradiação.

Modificam-se com a posição do paciente, com a fase respiratória e alterações da freqüência cardíaca
Atrito pericárdico na semiologia cardiovascular

ATRITO Origina-se do roçar de folhetos pericárdicos.


PERICÁRDICO

Em geral é um ruído perceptível na sístole e na


diástole, sem relação constante e fixa com as bulhas
cardíacas. É mais audível entre o ictus e a borda
esternal esquerda.
ESTETOSCÓPIO
• A campânula do estetoscópio é usada para
escutar sons de baixa frequência. Já o
diafragma é adequado para sons mais agudos
(alta frequência). Saber essa diferença te
ajudará a aprender qual lado usar em diferentes
situações.
• Por exemplo, os sons do pulmão são
geralmente mais altos, sendo então escutados
através do diafragma. Já os sons intestinais são
mais baixos e podem ser mais facilmente
identificados com a campânula, do mesmo
jeito que os murmúrios.
Resumo de como descrever o exame do aparelho cardiovascular:

• 1º Inspeção: abaulamentos, retrações, deformidades, pulsações, ictus cordis;


• 2º Palpação: ictus cordis – descrever localização e intensidade (polpas digitais);
presença de frêmitos na região precordial;
• 3º Ausculta: descrever ritmicidade (ritmo regular, ritmo de galope, ritmo irregular);
frequência cardíaca (auscultar por 1 minuto); intensidade das bulhas cardíacas (normo,
hipo ou hiperfonéticas); desdobramentos ou presença de 3ª ou 4ª bulha; presença de
sopros (se presente, localizar qual foco é mais audível e em seguida se é sistólico ou
diastólico e intensidade).
• Descrição do exame normal: Precórdio calmo, sem abaulamentos, retrações ou
deformidades, ictus cordis palpável 1-2 polpas digitais na linha hemiclavicular esquerda
no 5º EIC. Bulhas cardíacas rítmicas, normofonéticas em dois tempos, sem sopros.
MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL
EM CRIANÇAS
A medida da PA pode ser realizada pelo método indireto com
técnica auscultatória pelo uso de :
• Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio devidamente
calibrado
• Esfigmomanômetro aneroide devidamente calibrado
• Técnica oscilométrica pelos aparelhos semiautomáticos
digitais de braço validados estando também calibrados.
Manguito de tamanho adequado ao braço do paciente:

• Manguito de tamanho adequado ao braço do paciente:


• Cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital
• Centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial
• A largura da bolsa de borracha deve corresponder a 40% da
circunferência do braço e o seu comprimento, envolver pelo
menos 80%
TÉCNICA DA MEDIDA DA PRESSÃO
ARTERIAL EM CRIANÇAS
• Recomenda-se medir a pressão duas ou três vezes em cada exame, com pelo menos 1 minuto de intervalo entre
as aferições, e usar a média das duas últimas medidas como referência
• Palpa-se o pulso radial e insufla-se o manguito até 20 mmHg acima do ponto em que o mesmo desaparece, este
é o valor estimado da pressão sistólica
• Posteriormente, procede-se à medida auscultatória da pressão arterial insuflando-se o manguito até 20 mmHg
acima da pressão sistólica encontrada na primeira medida
• A desinsuflação deve ser lenta, na velocidade de 2 a 3 mmHg a cada segundo.
• O estetoscópio deve ser colocado suavemente na fossa antecubital, um pouco medial (sobre a artéria braquial) e
sua borda não pode ficar sob o manguito
• A pressão sistólica corresponde ao primeiro som audível e a pressão diastólica ao desaparecimento dos sons de
Korotkoff (fase V) em todas as idades
• A pressão sistólica de membros inferiores deve ser avaliada sempre que a pressão medida em membros
superiores estiver elevada
MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL EM
MEMBROS INFERIORES
• A pressão sistólica de membros inferiores deve ser avaliada sempre que a pressão
medida em membros superiores estiver elevada
• Paciente em posição deitada, com o manguito colocado na região da panturrilha
cobrindo pelo menos 2/3 da distância entre o joelho e o tornozelo.
• A pressão sistólica medida na perna pode ser mais elevada do que no braço devido
ao fenômeno da amplificação do pulso distal.
• Esta diferença pode variar de alguns milímetros no lactente até 10-20mmHg na
criança maior ou no adulto,
• A PA medida no braço nunca deve exceder a medida da perna, pois esta variação, se
confirmada, sugere o diagnóstico de coarctação da aorta ou uma patologia vascular
HIPERTENSÃO ARTERIAL NA INFÂNCIA –
CAUSAS SECUNDÁRIAS
CASO CLÍNICO

• S.N.V, 6 anos, sexo feminino, compareceu a consulta pediátrica acompanhada da sua mãe.
Durante o exame físico, o pediatra identificou IMC 30 e altura = 115 cm. A mãe relatou que a
menina ganhou peso no último ano, devido a pandemia da covid-19. Ao ser questionada
sobre os hábitos de vida e alimentação do último ano, a mãe disse que devido a “correria” do
dia a dia precisou incluir alimentos industrializados e mais práticos na alimentação.
Informou, também, que trabalhou em home office e precisou dividir a atenção entre a filha e
seu trabalho. Nesse contexto, diversas vezes oferecia achocolatados, iogurtes, bolinhos
industrializados, refrigerante e biscoitos. Além da alimentação, utilizou recursos audiovisuais
como celulares, desenhos e filmes para mantê-la  quieta durante o seu período de reuniões.
• Na consulta também foi realizada a avaliação da pressão arterial com valor igual a 120×80
mmHg. Perguntada sobre histórico familiar de hipertensão, a mãe disse que tanto ela quanto
o pai da criança possuem hipertensão, bem como obesidade
1) QUAL O
DIAGNÓSTICO
NUTRICIONAL
DESSA CRIANÇA ?

RESPONDA :

2) QUANTO A
PRESSÃO ARTERIAL,
QUAL O
DIAGNÓSTICO
DESSA CRIANÇA ?

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