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HABILIDADES CLÍNICAS 2
EXAME DO CORAÇÃO
Base do Coração: 2º espaço intercostal direito e esquerdo, próximo ao esterno.
Átrio Esquerdo: Região posterior do coração, à esquerda e atrás do AD.
*Importante: Possui o apêndice atrial (segmento da borda cardíaca esquerda entre a AP e o VE.
Átrio Direito: Região anterior à direita (Não pode ser examinado).
Vasos da Base: Porção superior do coração (AP, AA e VCS).
Artéria Pulmonar (AP): Bifurca-se rapidamente em ramos direito e esquerdo.
Artéria Aorta (AA): Encurva-se para cima a partir do VE, até a altura do ângulo esternomanubrial, onde
forma um arco voltado para trás e para a esquerda (arco aórtico).
Veia Cava Superior (VCS): Localizada à direita, desembocando no AD.
Ventrículo Direito: Anterior ao coração. Une-se à AP na altura do esterno ou base do coração.
*Importante: Aumento do VD – principalmente em crianças – pode levar ao abaulamento da face
anterior do tórax.
Ventrículo Esquerdo: Atrás e à esquerda do VD.
*Importante: A extremidade inferior do VE – mais estreita e denominada de ápice do coração ou ictus
cordis.
Movimentos Palpáveis
Frêmitos – sua presença é sempre sugestiva de cardiopatia, principalmente associado ao sopro. Local de
ocorrência:
Na borda esternal esquerda alta – sugere estenose pulmonar e de artérias pulmonares;
Na borda esternal esquerda baixa – CIV;
Na borda esternal direita alta – estenose aórtica;
Na fúrcula esternal – estenose aórtica, PCA ou coarctação da aorta.
Frêmitos – decorrem de significativa turbulência de fluxo.
Presença de impulsão sugere sobrecarga de volume ou pressão nos ventrículos.
Pulsos – Palpação dos pulsos é também muito importante:
Pulsos de grande amplitude nas extremidades superiores e fracos ou ausentes em membros
inferiores sugerem coarctação da aorta, e os de grande amplitude ocorrem nos estados
hipercinéticos, PCA com repercussão hemodinâmica, grandes fístulas arteriovenosas
sistêmicas, insuficiência aórtica (pulso em martelo d´água) e nos prematuros;
Pulsos de baixa amplitude associam-se ao coração esquerdo hipoplásico, traumas locais, às
taquiarritmias, insuficiência cardíaca e choque (baixo débito cardíaco);
Pulsos assimétricos associam-se com malformações vasculares regionais, coarctação da aorta
(pulso radial direito mais amplo que o esquerdo).
Diferenças entre os lados ou entre membros superiores e inferiores devem ser valorizados.
Pulsos a serem palpáveis – carotídeos, braquiais, radiais, femorais, poplíteos, tibiais posteriores
e pediosos.
Atentar para a intensidade e simetria dos pulsos centrais (carotídeos e femorais) e periféricos
(demais).
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Ausculta
Principais pontos:
Foco ou ponto de ausculta mitral – 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e
corresponde ao ictus cordis.
Foco ou ponto de ausculta pulmonar – 2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. Nesse
local podemos avaliar desdobramentos da segunda bulha cardíaca (B2).
Foco ou ponto de ausculta aórtico – 2º espaço intercostal, justa esternal. Algumas vezes, o
melhor local para auscultar alterações de origem aórtica é a área entre o 3º e 4º espaço
intercostal esquerdo, onde fica localizado o foco ou ponto aórtico acessório.
Foco ou ponto de ausculta tricúspide – base do apêndice xifoide ligeiramente para à esquerda.
Os fenômenos acústicos originados na valva atrioventricular direita (sopro sistólico) costumam
ser mais percebidos na área mitral.
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EXAME DO ABDOME
*Os pontos de referência anatômicos usuais: Rebordas costais, o ângulo de Charpy, a cicatriz umbilical,
as cristas e as espinhas ilíacas anteriores, o ligamento inguinal ou de Poupart e a sínfise pubiana.
*Na parede abdominal, destacam-se as seguintes estruturas: pele, tecido celular subcutâneo, processo
xifoide, umbigo, ligamento inguinal e músculos retoabdominais.
1. Inspeção
* Premissas básicas para inspeção: Iluminação adequada, desnudamento dessa área corporal e
reconhecimento de suas características normais, especialmente a projeção dos órgãos na parede
abdominal.
* Observar: lesões elementares da pele e da circulação venosa colateral superficial, deve-se investigar a
coloração da pele, a presença de estrias, manchas hemorrágicas e a distribuição dos pelos, bem como a
eventual existência de soluções de continuidade da parede, representadas pela diástase dos músculos
retos anteriores do abdome e pelas hérnias.
*Parâmetros devem ser investigados: forma e volume do abdome, cicatriz umbilical, abaulamentos ou
retrações localizadas, veias superficiais, cicatrizes da parede abdominal e movimentos.
Avaliação da Diástase
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*A diástase dos músculos retos anteriores é caracterizada pela seguinte manobra: estando o paciente
em decúbito dorsal, pede-se a ele para contrair a musculatura abdominal, seja elevando as duas pernas
estendidas, seja levantando do travesseiro a cabeça, sem mover o tórax.
Esta mesma manobra serve também para se investigar a presença de hérnias da parede abdominal. As
hérnias inguinais e crurais tornam-se evidentes quando o paciente sopra com força sua própria mão,
posicionada na boca para impedir a eliminação do ar.
Cicatriz Umbilical
*Normalmente indica hérnia ou acúmulo de líquido na região (ex: Onfalites, sinal de Cullen).
Abaulamentos ou Retrações
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*Indica alguma anormalidade cuja identificação depende dos dados fornecidos pela inspeção, que se
somam aos da palpação (localização, forma, tamanho, mobilidade e pulsatilidade).
*Principais causas: hepatomegalia, esplenomegalia, útero grávido, tumores do ovário e do útero,
retenção urinária, tumores renais, tumores pancreáticos, linfomas, aneurisma da aorta abdominal (raro)
e megacólon chagásico quando se apresenta com fecaloma volumoso. O dado semiológico fundamental
é a localização, daí a necessidade de se ter em mente a projeção das vísceras na parede abdominal.
Veias Superficiais
*O padrão venoso da parede abdominal geralmente é pouco perceptível. Quando as veias se tornam
visíveis pode caracterizar circulação colateral.
Movimentos
MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS
*Tipos: movimentos respiratórios, pulsações e movimentos peristálticos visíveis.
*Normal: Homem – Respiração toracoabdominal; Mulher – Respiração torácica.
PULSAÇÕES
Quase sempre refletem as pulsações da aorta abdominal.
MOVIMENTOS PERISTÁLTICOS VISÍVEIS
*Em pessoas magras é normal encontras esses movimentos.
* Ondas peristálticas podem ocorrer espontaneamente ou após alguma manobra provocativa.
* Movimentos peristálticos visíveis indicam obstrução em algum segmento do tubo digestivo.
Nas obstruções do intestino delgado, as ondas peristálticas se localizam na região umbilical e
imediações, não têm direção constante e, além disso, podem ser observadas mais de uma onda ao
mesmo tempo.
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Na obstrução do intestino grosso as “ondas peristálticas” são mais bem observadas no cólon transverso
nos casos em que asede da obstrução se localiza no ângulo esplênico ou abaixo dele. Neste caso,
deslocam-se da direita para a esquerda.
2. Ausculta
Deve ser realizado antes da percussão e palpação.
Verificar presença de RUÍDOS HIDROAÉREOS: presentes, reduzidos, aumentados, ausentes.
Verificar presença SOPROS (dá pra perceber melhor na linha mediana e real).
o Aorta Abdominal/ Artérias Renais/ Artéria Ilíaca/ Artéria Femoral.
Peristaltismo.
*Em condições normais: Escuta-se, a cada 5 a 10 segundos, ruídos de timbre agudo (ruídos hidroaéreos,
sopros sistólicos ou sistodiastólicos).
o Auscultar por, pelo menos, 1 minuto em cada quadrante abdominal.
3. Palpação
Superficial: sensibilidade (pontos dolorosos, dor referida), resistência da parede abdominal,
continuidade, pulsações.
Profunda: massas e suas características, visceromegalia, delimitação dos órgãos, sensibilidade à dor.
Palpação específica dos órgãos abdominais e suas respectivas manobras e posicionamentos.
Manobras especiais: Manobra bimanual, manobra do rechaço, descompressão brusca/súbita
(Blumberg), sinais de apendicite, pesquisa do vascolejo, sinal de Gersuny...
Palpação - Técnicas
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Pontos dolorosos
Nome Localização Associação
Xifoidiano* Abaixo do apêndice xifoide Cólica biliar
Afecções do esôfago
Afecções do estômago
Afecções do duodeno
Inclui principalmente –
esofagites, gastrites e
neoplasias
Epigástrico* Corresponde ao meio da linha xifoumbilical Processos inflamatórios do
estômago – gastrite
Processos ulcerosos do
estômago
Processos tumorais do
estômago
Biliar ou No ângulo formado pela reborda costal direita e Colecistite – Sinal de
cístico borda externa do músculo retoabdominal – ao Murphy** – dor súbita ao
comprimir nesta região pede-se para que o paciente comprimir a vesícula,
respire profundamente, desta forma o diafragma levando o paciente a
empurra o fígado para baixo, permitindo que a interromper subitamente a
vesícula alcance a extremidade do dedo que está respiração
comprimindo a área
Apendicular Geralmente situado na extremidade dos dois terços Apendicite aguda – dor a
(Ponto de da linha que une a espinha ilíaca anterossuperior descompressão súbita
McBurney) direita ao umbigo*** (aguda e intensa), chamado
de sinal de Blumberg,
indicativo de presença de
peritonite****
Esplênico Logo abaixo da reborda costal esquerda, no início do Infarto esplênico
seu terço externo
Ureterais Situados na borda lateral dos músculos retos Cólica renal
abdominais em duas alturas – interseção com uma Traduz, na maioria das
linha horizontal que passe pela umbigo e no vezes, migração de um
cruzamento da linha que passa pela espinha ilíaca cálculo renal para os
anterossuperior***** ureteres
*Pontos gástricos – compreende os pontos xifoidiano e epigástrico.
**Sinal de Murphy – não é um sinal patognomônico de colecistite.
***Ceco – localiza-se um pouco mais acima nas crianças, e que nos adultos é necessário levar em conta
o biotipo.
****Peritonite generalizada – sinal de Blumberg estará presente em todo o abdome.
*****Quando da avaliação dos pontos ureterais – realizar palpação com as mãos superpostas,
comprimindo a parede abdominal com as polpas digitais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo.
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Sinal de Murphy
*Sinal de Murphy: Acontece quando o paciente reage em sua respiração de forma rápida à palpação
profunda da vesícula biliar. Dessa forma, palpa-se o ponto biliar ou ponto cístico, no hipocôndrio direito
e pede-se para o paciente inspirar profundamente. Ao inspirar, o diafragma faz com que o fígado desça
e assim a vesícula biliar possa ser palpada pela mão. Se houver a presença de colecistite o paciente ao
inspirar sente muita dor e acaba expirando.
Sinal de Giordano
*Utilizado na pesquisa de pielonefrite ou litíase renal.
*Para ser detectado, deve ser realizado uma percussão com a mão em forma de punho no dorso do
paciente no nível da 11° e 12° costela, com uma mão realizando o amortecimento. Caso o paciente
apresente uma infecção renal, ao ser realizado o teste, ele irá rapidamente se deslocar para frente
sentindo muita dor.
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4. Percussão
Percussão dos quadrantes: normal som timpânico.
Espaço de Traube: hipertimpânico (normal).
o Fica nos 2 últimos espaços intercostais, na linha axilar anterior esquerda.
o Se apresentar som maciço, indicativo de ESPLENOMEGALIA.
Hipertimpanismo, submacicez e macicez.
Delimita o limite superior do fígado: macicez hepática 5 ou 6 EICD.
- BORDA INFERIOR: 1 cm do rebordo
- 3 a 5 cm do vértice do ângulo de Charpy
Pesquisa e graduação da ascite.
Percussão – Técnicas
Macicez Móvel: É utilizada para um grau mais leve de ascite, em que se pede para o paciente ficar em
decúbito lateral direito e esquerdo enquanto se percute a região lateral e central do abdome. Caso haja
a presença de ascite, ao realizar a percussão, será perceptível a presença de som timpânico na lateral e
som maciço no centro, isso acontece porque ao ficar em decúbito o líquido ascítico vai se deslocar
conforme a gravidade.
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FÍGADO
Localização: Hipocôndrio direito e, parcialmente, região epigástrica (quase todo no guardil
costal).
Percussão:
- Limite superior do fígado: Na altura do 5º ou 6º espaço intercostal (condições normais).
- SINAL DE JOBERT: Consiste no desaparecimento da macicez hepática, dando lugar ao
timpanismo (ex: pneumoperitônio, interposição de alça intestinal entre o fígado e a parede costal).
Hepatimetria (Medida do Fígado):
- Percutir linha hemiclavicular direita (6 – 12cm): Tamanho do lobo direito.
- Percutir linha esternal média (4 – 8cm): Tamanho do lobo esquerdo.
Palpação Profunda do Fígado:
Normal - Limite inferior Superfície hepática: macio e liso; Borda: fina e bem delimitada;
Sensibilidade: pouco doloroso; Consistência: maciça.
Anormal - Limite inferior Superfície hepática: nodular; Borda: romba; Sensibilidade: doloroso.
Christine Ott - TXIII
Manobra do rechaço - a ascite volumosa: Imprimir pequenos golpes na parede anterior com a
mão direita.
PROVA
Figura 1
Figura 2
Exame Físico
1. Inspeção: Paciente com aspecto caquético, desnutrido (MMII e MMSS finos). Apresenta abdome
globoso.
2. Ausculta: Ruídos hidroaéreos presentes.
3. Palpação: Baço palpável. Fígado aparentemente não palpável. Ausência de massas palpáveis.
4. Percussão: Apresenta som maciço em abdome no hipocôndrio esquerdo (órgão sobem e líquido
desce).
*Obs: Se o baço estivesse no tamanho normal, ao realizar a percussão, o ESPAÇO DE TRAUBE estaria
livre. Logo, apresentaria som timpânico ou hipertimpânico.
Hipótese de diagnóstico: Esplenomegalia.
*Presença de esplenomegalia com borda de baço palpável, a cerca de 10 cm do rebordo costal
esquerdo.
Figura 3
Figura 4
Inspeção: abdome globoso, ausência de mancha e de cicatriz na parede abdominal, coloração da pele
normal, presença de protusão na cicatriz umbilical, anel herniário com diâmetro de 6cm, sem sinais
aparentes de isquemia.
Ausculta: ruídos hidroaéreos presentes fisiológicos.
Palpação: consistência da hérnia amolecida, sem calor local, hérnia não aderida a planos profundos,
abdome sem presença de visceromegalia, abdome flácido.
Hipótese de diagnóstico: hérnia umbilical.