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Bloco Dispneia 1

Paloma Faria

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EXAME FÍSICO DO APARELHO RESPIRATÓRIO

• Inspeção
→ Estática: compreende a forma do tórax e a presença ou não de
abaulamentos e depressões.
° Forma do tórax:
- Chato / plano: parede anterior perde sua convexidade normal, reduzindo
o diâmetro anteroposterior.
- Alado: próprio de indivíduos longilíneos
- Em tonel / em barril / globoso: o diâmetro anteroposterior praticamente
iguala-se ao transversal. Exemplo: pacientes com enfisema.
- Infundibuliforme (pectus excavatum): depressão na parte inferior do
esterno na região epigástrica.
- Cariniforme (pectus carinatum): o esterno é proeminente e as costelas
horizontalizadas. Tórax de pombo. Congênito ou adquirido (raquitismo na
infância).
- Em sino / piriforme / cônico: tem a parte inferior exageradamente larga.
Exemplo: pacientes com hepatomegalia.

→ Dinâmica:
° Tipo respiratório: observar a movimentação do tórax e do abdome. Em
condições normais, observam-se dois tipos de respiração: costal superior
(principalmente no sexo feminino) e toracoabdominal / diafragmática
(predominante no sexo masculino). Na posição deitada, em ambos os sexos, a
diafragmática é prevalente.

° Ritmo respiratório: observar por no mínimo dois minutos a sequencia, forma e


amplitude das incursões respiratórias.

- Ritmo respiratório normal: sucessão regular de movimentos


respiratórios, de amplitude mais ou menos igual, intercalados por leve
pausa.
- Cheyne-Stokes: incursões respiratórias que vão se tornando cada vez
mais profundas até atingirem uma amplitude máxima; neste momento, os
movimentos começam a diminuir gradativamente, podendo ocorrer
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apneia. É observada em: insuficiência cardíaca, hipertensão


intracraniana, AVEs, traumatismos cranianos.
- Biot: ocorrência de períodos de apneia que interrompem a sequencia de
incursões respiratórias. Observa-se arritmia devido a variações bem
nítidas na amplitude dos movimentos. É comum em: meningite,
neoplasias, hematoma extradural. Indica sempre mau prognóstico.
- Kusmaul: amplas e rápidas inspirações interrompidas por curtos
períodos de apneia após as quais ocorrem expirações profundas e
ruidosas, que por sua vez, são sucedidas por pequenas pausas de
apneia. Lembra a respiração do peixe fora d’água. Observada em:
cetoacidose diabética, insuficiência renal com uremia e outras acidoses.
- Suspirosa: interrompendo a sequencia regular das incursões
respiratórias, surge uma inspiração mais profunda seguida de uma
expiração mais demorada. São “suspiros profundos” relacionados quase
sempre a tensão emocional.

° Frequência respiratória: no adulto normal é cerca de 16 a 20 incursões


respiratórias por minuto. Avaliar: eupneia, taquipneia, bradipneia, apneia,
dispneia.

° Amplitude dos movimentos respiratórios: pode-se reconhecer aumento ou


redução da amplitude, falando-se, então, em respiração profunda e superficial,
respectivamente.

• Palpação
° Expansibilidade ou mobilidade:
- Ápices: o examinador se posiciona atrás do paciente, pousando ambas as
mãos sobre as regiões que correspondem aos ápices pulmonares, de tal modo
que os polegares se toquem levemente, em ângulo quase reto, ao nível da
vértebra proeminente. Os demais dedos do examinador, justapostos e
semifletidos, exercem leve pressão sobre o tórax. Solicita-se então que o
paciente respire mais fundo e o examinador observa a movimentação das suas
mãos. Causas de diminuição da expansibilidade dos ápices: pneumonias,
pneumotórax e pleurites.
- Bases: o examinador se posiciona atrás do paciente. Seus polegares devem
estar próximos ou mesmo juntos na altura da nona ou décima vértebra,
enquanto a palma da mão e a face ventral dos dedos, estendidos e
justapostos, devem abarcar o máximo da área correspondente às bases
pulmonares. Analisa-se a mobilidade das bases durante respiração tranquila e
também após algumas incursões respiratórias profundas.

° Frêmito toracovocal (FTV): É a sensação vibratória percebida na parede


torácica pela palma da mão do examinador quando o paciente emite um som
(pede-se a ele que repita o número 33 sempre com mesma intensidade vocal).
A medida que ele fala, o examinador desloca sua mão de modo a percorrer
toda a extensão da parede torácica, completando o exame com o estudo
comparativo das regiões homólogas.
Aumento do FTV: pneumonias e infarto pulmonar.
Diminuição do FVT: derrame pleural, pneumotórax, enfisema pulmonar.
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• Percussão
° Percute-se cada hemitórax. Deve ser comparativo e simétrico.
° Técnica: apóia-se o terceiro dedo da mão esquerda e com o terceiro dedo da
mão direita percute por meio de 2 golpeadas seguidas, rápidas e firmes.
° Atenção: na primeira região posterior é preciso deslocar a escápula por meio
da elevação dos braços do paciente para melhor percurtir.
° Variações da parede torácica que interferem: obesidade, hipertrofia muscular
e edema de parede.

° Sons:
- Claro pulmonar: campos pulmonares normais.
- Timpânico: indica ar aprisionado no espaço pleural (pneumotórax) ou em
uma grande cavidade intrapulmonar (caverna tuberculosa, por exemplo) –
percussão aumentada.
- Submaçico: diminuição da sonoridade pulmonar, como na pneumonia e
no infarto pulmonar.
- Maciço: ausência da sonoridade pulmonar e indica inexistência de ar
nos alvéolos, como por exemplo, nos derrames pleurais.

• Ausculta
° Paciente sentado. Examinador atrás dele.
° Comparar lados direito e esquerdo. Do ápice para a base.
° Pedir ao paciente que faça respirações profundas com a boca entreaberta.

° Sons respiratórios normais:


- Traqueal: região da projeção da traqueia; é um ruído intenso; a
expiração é mais forte que a inspiração.
- Brônquica: área de projeção dos brônquios principais; mais ou menos
sobre o manúbrio; inspiração e expiração tem a mesma intensidade.
- Broncovesicular: região esternal superior interescapulovertebral direita;
inspiração e expiração tem a mesma duração e intensidade, contudo, é
mais fraco que o som brônquico.
- Murmúrio vesicular: periferia dos pulmões; inspiração mais intensa,
duradoura e de tonalidade mais alta que a expiração; auscultado em
quase todo hemitórax.

° Sons respiratórios anormais (ruídos adventícios)


- Crepitação (alvéolo com líquido; som descontínuo): ex. pneumonia.
- Sibilo (miado de gato): ex. asma.

Referência:
Semiologia Médica, Porto e Porto, 7ᵃ ed., 2013.
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RADIOGRAFIA DE TÓRAX

 Incidência

- PA: póstero-anterior. Evita magnificação


do coração e possibilita o posicionamento
dos ombros.
Técnica: ortostatismo, inspiração profunda e
apnéia.
- Perfil: lateral-esquerdo.
Sempre solicitada com a PA.
Auxilia bastante na localização e
caracterização de lesões. Rotineiramente realiza-se o perfil esquerdo.
- AP: ântero-posterior. Crianças pequenas e pacientes graves.

→ As incidências mais utilizadas para radiografia do tórax são PA e perfil.

Radiografia de tórax em perfil

 Formação da imagem de raio X

A radiação atravessa o corpo e a imagem formada apresenta tons que variam


do preto ao branco, com vários tons de cinza.
- Densidade óssea: ossos absorvem mais radiação que as partes moles e
aparecem BRANCOS ao RX.
- Densidade de partes moles: menor que a do osso e maior que a do ar
(coração, músculos), aparecendo CINZA ao RX.
- Densidade do ar: absorve menos radiação (pulmões, gás intestinal) e aparece
PRETO ao RX.

 Avaliação da qualidade técnica

- Alinhamento: Avaliar a distância das


extremidades mediais das clavículas em relação à
vértebra. Deve ser simétrica.
- Posicionamento: Evitar rotação do paciente.
- Penetração: Os discos intervertebrais NÃO
devem ser vistos atrás do coração (a sombra da
coluna só deve ser visualizada nas porções mais superiores).
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- Inspiração: O paciente deverá realizar expansão inspiratória e permanecer em


apneia (ideal: apneia inspiratória máxima). O exame está bem inspirado se
houver 9 a 11 arcos costais posteriores projetando-se sobre os campos
pulmonares.
- Escápulas: As escápulas devem estar fora dos campos pulmonares,
reduzindo sobreposição de estruturas e falsas interpretações.
- Remoção de objetos: Deve-se retirar objetos opacos das regiões do tórax e
pescoço.

 Índice cardiotorácico (ICT)

Divisão entre o maior diâmetro


transverso da silhueta cardíaca e o
maior diâmetro transverso torácico.

Normal:
- ICT < 0,60 no recém nascido
- ICT < 0,55 no lactente
- ICT < 0,50 na criança maior de 6 anos

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

1. Identificar nome do paciente (canto superior à esquerda)


2. Avaliar qualidade técnica
3. Checar partes moles (mamas, panículo adiposo) e ossos (clavículas,
arcos costais, vertebras, escapulas)
4. Checar os contornos do mediastino (silhueta cardiovascular, traqueia,
esôfago, grandes vasos)
- A traqueia deve estar centralizada.
- O arco aórtico é a primeira estrutura à esquerda, seguido da artéria
pulmonar esquerda.
- Dois terços do coração está do lado esquerdo, e um terço à direita. A
borda esquerda é constituída por AE e VE; a borda direita, por AD.
- Acima da borda cardíaca direita está a veia cava superior.
- Artérias pulmonares e brônquios pulmonares são notados no hilo
pulmonar (à direita e à esquerda).
5. Avaliar os pulmões: devem ser escuros.
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- A hemicúpula diafragmática direita é mais alta que a esquerda devido


ao fígado.
- Avaliar os campos pulmonares no sentido céfalo-caudal, comparando
os lados direito e esquerdo. Avaliar simetria, transparência,
vascularização.
6. Avaliar os contornos do diafragma (côncavos), os seios costofrênicos
(representam a interface da parede torácica com o diafragma; formato
de ângulo agudo; a perda deste padrão frequentemente está relacionada
com derrames pleurais) e seios cardiofrênicos (devem estar livres; se
ausentes, indicam presença de líquido).

Referências:
PORTO E PORTO. Semiologia Médica. 7ᵃ ed., 2013. Cap. 40 – Exames
complementares do Sistema Respiratório, p. 346-353.
Protocolos das unidades de pronto atendimento 24 horas. Avaliação
sistemática de radiografias do tórax. Parte V, p. 251-261.

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