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O exame do tórax, do sistema

respiratório e Cardiovascular
Docente: Dra Anchita M. Califa
• O exame do tórax compreende a avaliação dos
pulmões, do coração, das mamas e das estruturas
componentes da caixa torácica – pele, tecido
celular subcutâneo, linfonodos, panículo adiposo,
musculatura, sistema vascular superficial, ossos e
cartilagens.
• O exame clínico especializado do sistema
respiratório deve ser realizado de maneira prática
e sistemática, seguindo-se inspeção, palpação,
percussão e ausculta, de forma comparativa de
um lado do tórax com o outro, examinando toda a
sua extensão, anterior e posteriormente.
REVISÃO DE ANATOMIA E FISIOLOGIA
Pontos anatômicos:
 Ângulo esternal (ângulo de Louis): formado pela
junção do manúbrio com o corpo esternal.
• Serve como referência para a localização do
segundo espaço interscostal
 Ângulo infraesternal (ângulo de Charpy): formado
pelo cruzamento das últimas costelas inferiores,
tendo como vértice a base do apêndice xifoide.
• Utilizado como referência para a classificação do
biotipo do paciente.
• Extremidade inferior da escápula: ponto de
referência posterior, em geral, no nível da 7ª
costela ou do espaço intercostal
Linhas torácicas
• Linha medioesternal: localiza-se na porção mediana do
esterno. Separa o hemitórax direito do esquerdo.
• Linha hemiclavicular (mamilar): traçada a partir do ponto
mediano da clavícula.
• Linhas claviculares superiores: correspondem às bordas
superiores das clavículas e ligam-se pela fúrcula esternal.
• Linhas claviculares inferiores: correspondem às bordas
inferiores das clavículas.
• Linha vertebral: linha que passa pelas apófises espinhosas
das vértebras dorsais.
• Linha paravertebral: tangente à borda lateral das vértebras.
• Linha escapular: linha vertical que passa pelo ângulo
inferior da escápula.
• Linha escapular superior: tangencia a borda
superior das escápulas.
• Linha escapular inferior: tangencia o ponto mais
inferior da escápula. Delimita as regiões
infraescapular e supraescapular.
• Linha axilar anterior: originada na prega anterior da
axila. Separa as regiões anterior e lateral do tórax.
• Linha axilar média: linha vertical equidistante das
linhas axilares anterior e posterior.
• Linha axilar posterior: originada na prega posterior
da axila. Separa as regiões lateral e posterior do
tórax.
A: linha hemiclavicular; B: linha medioesternal; C: linha escapular; D: linha
paravertebral; E: linha vertebral; F: linha axilar posterior; G: linha axilar média; H: linha axilar
anterior.
Regiões torácicas
• Região supraclavicular: área delimitada pela borda
superior da clavícula, pelo prolongamento cervical da linha
esternal e pela borda superior do trapézio.
• Região clavicular: área de projeção superficial da clavícula.
• Região infraclavicular: área delimitada pela borda inferior
da clavícula, pela borda anterior do deltoide, por uma linha
horizontal traçada a partir da 3ª articulação condroesternal
e pela borda do esterno.
• Região mamária: área delimitada pelo limite inferior da
região infraclavicular, linha axilar anterior, linha esternal e
por uma linha horizontal traçada a partir da 6ªarticulação
condroesternal.
• Região inframamária: área circunscrita pela linha
horizontal que passa pela 6ª articulação
condroesternal, pela reborda costal e pela linha axilar
anterior.
• Região supraescapular: apresenta forma triangular,
delimitada pela borda superior do trapézio, pela
borda superior da escápula e pela linha vertebral.
• Região supraespinhosa: corresponde à fossa
supraespinhosa.
• Região infraespinhosa: corresponde à fossa
infraespinhosa.
• Região interescapulovertebral: área compreendida
entre a borda interna da escápula e a linha vertebral.
• Região infraescapular: delimitada por uma linha
traçada pela ponta inferior da escápula até a linha
vertebral, com a qual faz limite interno, pela linha
axilar lateralmente e pelo limite inferior do tórax.
• Região axilar: limitada pelo côncavo axilar, pelas linhas
axilares anterior e posterior e pelo prolongamento da
linha horizontal que passa pela 6ª articulação
condroesternal.
• Região infra-axilar: área delimitada pelo limite inferior
da região axilar até a reborda costal, tendo como
limites laterais as linhas axilares anterior e posterior.
A: região supraclavicular; B: região clavicular; C: região infraclavicular; D: região mamária; E:
região inframamária; F: região supraescapular; G: região supraespinhosa: H: região
infraespinhosa: I: região interescapulovertebral; J: região infraescapular; K: região axilar;
L: região infra-axilar.
EXAME CLÍNICO DOS PULMÕES
• Sempre que possível, o paciente deve estar sentado e
despido até a cintura.
• O examinador, de pé, movimenta-se ao redor do
paciente.

 Inspeção
• Forma do tórax e biotipo.
• Expansibilidade.
• Alterações da parede.
• Ritmo dos movimentos.
• Frequência respiratória.
 Inspeção estática
• Implica observar a forma do tórax, sem a
solicitação de manobras por parte do
paciente, além de descrever cicatrizes,
manchas, retrações e abaulamentos, atrofias
musculares, entre outras alterações.
 Biotipo:
• Normolíneo Ângulo de Charpy = 90°
• Longilíneo Ângulo de Charpy ≤ 90°
• Brevilíneo Ângulo de Charpy ≥ 90°
 Formas do tórax:
• Tórax chato- Diâmetro anteroposterior reduzido. As
escápulas sobressaem claramente no relevo torácico.
• Tórax em tonel (embarril)- Aumento do diâmetro
anteroposterior que, praticamente, iguala-se ao
• transversal. A causa mais comum é o enfisema
• Tórax infundibuliforme (pectus excavatum) Presença
de depressão acentuada ao nível do terço inferior do
esterno.
• Tórax cariniforme (pectus carinatum)- Acentuação da
concavidade esternal, com uma saliência em forma
de peito de pombo ou de quilha de navio.
• Tórax cifótico- Encurvamento posterior da coluna
torácica, por defeito da postura ou por lesão de
vértebras torácicas
• Tórax escoliótico- Desvio lateral do segmento
torácico da coluna vertebral. A causa mais comum
é anomalia congênita
• Tórax cifoescoliótico- Combinação de deformidade
cifótica e escoliótica. Se acentuada, pode produzir
restrição da expansão torácica
• Tórax instável (traumático)-Movimentos torácicos
paradoxais, em decorrência de múltiplas fraturas
em costelas sequenciais
Configuração do tórax. A. Normal. 8. Em tonel (enfisema). C. Tórax infundibuliforme (pectus
excavatum). D. Tórax cariniforme (pectus carinatum).
E. Escoliose. F. Cifose. G. Gibosidade.
 Inspeção dinâmica
• Avaliam-se o tipo respiratório, o ritmo e a
frequência da respiração, a amplitude dos
• movimentos respiratórios, a presença ou não de
tiragem e a expansibilidade dos pulmões.
• Padrões respiratórios patológicos
• Platipneia-Dispneia ao assumir a posição ereta,
que se alivia em decúbito
• Ortopneia- Dispneia ao assumir o decúbito dorsal,
com alívio em ortostatismo
• Trepopneia- O paciente se sente mais confortável
para respirar em decúbito lateral
TPC
• Definição de padrões respiratórios patológicos:
• Respiração de Cheyne-Stokes
• Respiração de Kussmaul
• Respiração de Biot
• Valores normais da frequência respiratória
• Idade Frequência respiratória
• Recém-nascidos 40 a 45 irpm
• Lactentes 25 a 35 irpm
• Pré-escolares 20 a 35 irpm
• Escolares 18 a 35 irpm
• Adultos 16 a 20 irpm
Termos para caracterização da frequência
respiratória
• Apneia- Parada dos movimentos respiratórios
• Eupneia- Frequência respiratória normal e sem
dificuldade
• Taquipneia- Aumento da frequência respiratória
• Bradipneia- Diminuição da frequência respiratória
Palpação

• Expansibilidade.
• Frêmito toracovocal.
• Sensibilidade.
• Alterações da parede.
• Linfonodos.
Expansibilidade torácica
• Indica o volume de ar mobilizado pela respiração
daquele segmento pulmonar.
• Solicitam-se inspirações e expirações profundas,
que provocam um deslocamento das mãos.
• Este deve ser idêntico em ambos os hemitórax.
São considerados anormais os movimentos
diminuídos da expansibilidade, uni ou
bilateralmente
Técnica da palpação: Mãos estendidas com as extremidades dos polegares na apófise
espinhosa das vértebras dorsais e os dedos dirigindo-se para a média axilar.
 Frémito toracovocal
• Sensação vibratória percebida pela palma da mão
do examinador quando o paciente emite um som
(pede-se que repita “trinta e três”).
• Os sons transmitidos para a parede torácica,
através da árvore brônquica aberta, têm maior
transmissibilidade em meio sólido
(consolidação/preenchimento alveolar), enquanto
na presença de um terceiro meio, extrapulmonar
(doenças pleurais), ou na ausência de passagem de
ar (oclusão/obstrução brônquica), ocorre redução
da transmissibilidade do som, com frêmito
toracovocal (FTV) reduzido ou abolido
Pesquisa do frêmito toracovocal: Coloca-se suavemente a mão espalmada sobre o tórax,
enquanto o paciente pronuncia em voz alta palavras como “trinta e três”. A pesquisa deve ser
feita sempre com a mesma mão para evitar variações de percepção.
Percussão
• Ao percutir corpos com densidades diferentes,
eles produzem sons diferentes.
• A técnica de percussão adequada é a digitodigital,
com a mão dominante, obedecendo a um roteiro
preestabelecido, com percussão de toda a face
anterior, lateral e posterior do tórax, sempre
comparando regiões simétricas, contralaterais.
• Sons definidos pela percussão torácica:
• Som claro pulmonar- Percussão dos campos pulmonares normais
• Hipersonoridade pulmonar- Nota de percussão mais clara e mais
intensa, refletindo maior volume de ar nos alvéolos (p. ex.,
enfisema pulmonar)
• Som timpânico- Presença de ar aprisionado no parênquima
pulmonar (cavidade intrapulmonar) ou no espaço pleural
(pneumotórax)
• Som submaciço- Parênquima pulmonar com densidade
aumentada e diminuição da quantidade de ar (preenchimento
dos espaços alveolares por células ou líquido)
• Som maciço- Presença de líquido interposto entre parênquima
pulmonar e parede torácica (derrame pleural)
Técnica da percussão: Somente a face palmar de um dedo estendido entra em contato com o
tórax do paciente (todo o resto da mão se mantém distante). Um dedo da outra mão percute
o dedo escolhido.
Ausculta

• Sons respiratórios.
• Ruídos adventícios.
• Broncofonia e pectoriloquia afônica.
• A ausculta pulmonar é a técnica do exame mais
importante para avaliar o fluxo aéreo pela árvore
traqueobrônquica.
• O paciente deve respirar pausadamente em
incursões de média amplitude, com a boca
entreaberta, sem produzir nenhum som, enquanto
o examinador coloca a campânula do estetoscópio
com a membrana sobre a superfície do tórax,
desnuda.
• Sistematicamente, realiza-se a ausculta de pontos
simétricos das linhas convencionais, sempre
comparando os lados, do ápice para as bases
pulmonares
Sons respiratórios normais
• Som bronquial (ou som traqueal): alto e agudo,
com componente inspiratório constituído de um
ruído soproso, mais ou menos rude, seguido de
um curto período de pausa e com componente
expiratório um pouco mais forte e mais
prolongado.
• Audível na região anterolateral do pescoço e na
fúrcula esternal, área de projeção da traqueia e
brônquios principais.
• Som vesicular (ou murmúrio vesicular): suave e
grave, audível através da parede torácica, em
campos inferiores e médios dos pulmões.
• O componente inspiratório é mais intenso, mais
duradouro e de tom mais alto em relação ao
componente expiratório, sem a presença de pausa
entre eles.
• O som vesicular pode estar abolido ou diminuído
nas condições que impedem a transmissibilidade
sonora, em afecções pleurais ou pulmonares.
 Sons adventícios
• Sons produzidos em condições patológicas, em
decorrência de alterações estruturais e das
propriedades mecânicas pulmonares.
• Devem ser descritos quanto à frequência,
localização, momento de ocorrência no ciclo
respiratório, persistência de seu padrão entre um
ciclo respiratório e outro e mudanças após tosse
ou modificação na posição do paciente.
Sons nítidos, descontínuos e explosivos
• Estertores finos (crepitações): suaves, de
frequência aguda, muito breves, geralmente no
final da inspiração, sem alterações com a tosse.
São gerados pela abertura sequencial de vias
respiratórias anteriormente fechadas em razão da
pressão exercida pela presença de líquido ou
exsudato no parênquima pulmonar ou por
alteração no tecido de suporte das paredes
brônquicas.
• Estertores grossos: mais intensos, de frequência mais
grave, breves, de duração maior que os finos.
• Sofrem nítida alteração com a tosse, audíveis no início
da inspiração e durante toda a expiração.
• Têm origem na abertura e fechamento de vias aéreas
com secreção espessa, bem como pelo afrouxamento
da estrutura de suporte das paredes brônquicas.
• Atrito pleural: ruído grave, de baixa frequência,
irregular e descontínuo, audível na inspiração e na
expiração, em decorrência do deslizamento dos
folhetos pleurais inflamados (pleurite seca).
• A presença de derrame pleural determina seu
desaparecimento.
Sons contínuos e musicais
• Roncos: sons graves, de baixa frequência e qualidade de um
ressonar. Gerados pela vibração das paredes brônquicas e do
conteúdo de ar quando há estreitamento da luz das vias aéreas,
seja por espasmo ou edema da parede ou presença de secreção.
• Ocorrem tanto na inspiração como na expiração e são fugazes,
mutáveis, surgindo e desaparecendo em curto período ou após
manobras de tosse.
• Sibilos: sons agudos, de alta frequência, com qualidade
sussurrante. Resultantes da reabertura de vias aéreas distais,
previamente ocluídas, quando são atingidas por fluxo aéreo em
alta velocidade. Ocorrem na inspiração e na expiração e podem
ser difusos ou
• localizados.
• Estridor ou cornagem: sibilo total ou
predominantemente inspiratório, mais audível nas
regiões centrais e superiores do tórax e pescoço,
indicando obstrução de via aérea central (laringe
ou traqueia).
• Grasnido (squeake): som inspiratório, agudo, tipo
“piado de gaivota”, na presença de bronquiolite,
com reabertura súbita de vias aéreas distais.
• Pectoriloquia afônica e fônica: ausculta da voz
falada (fônica) ou sussurrada (afônica) com nitidez,
transmitida através do parênquima pulmonar
consolidado.
• Broncofonia: aumento da ressonância vocal em
decorrência de facilitação da transmissão das
ondas sonoras, na presença de condensação
pulmonar.
• Egofonia: tipo especial de broncofonia, quando
esta adquire qualidade nasalada e metálica.
• Auscultada na área de transição do limite superior
dos derrames pleurais.
SÍNDROMES PLEUROPULMONARES
• Compreendem as síndromes brônquicas, pulmonares e
pleurais.
• Muitas vezes, nem todos os sinais descritos estão presentes
em cada uma das síndromes.
 Broncoespasmo/crise de asma
• Inspeção: movimento paradoxal do tórax, uso de
musculaturainspiratória acessória, expiração ativa e
prolongada, tiragem
• Palpação: expansibilidade e FTV diminuídos ou preservados
• Percussão: hipersonoridade ou som claro pulmonar
• Ausculta: murmúrio vesicular reduzido, com sibilos e roncos
ou “silêncio respiratório”
DPOC/enfisema
• Inspeção: tórax globoso, movimento paradoxal do
tórax inferior, musculatura inspiratória acessória,
expiração ativa e prolongada,
• expansibilidade reduzida
• Palpação: expansibilidade e FTV diminuídos
• Percussão: hipersonoridade
• Ausculta: murmúrio vesicular reduzido,
ressonância vocal diminuída
Consolidação/condensação
• Inspeção: tórax simétrico, expansibilidade
reduzida
• Palpação: expansibilidade reduzida, FTV
aumentado
• Percussão: submacicez ou macicez
• Ausculta: som bronquial deslocado, estertores
finos, pectoriloquia e broncofonia ou egofonia
Atelectasia obstrutiva
• Inspeção: retração do hemitórax comprometido,
tiragem
• Palpação: expansibilidade reduzida e FTV
reduzido/abolido
• Percussão: submacicez ou macicez
• Ausculta: sons respiratórios abolidos
Congestão/edema pulmonar
• Inspeção: tórax simétrico, expansibilidade normal
• Palpação: expansibilidade e FTV normais
• Percussão: som claro pulmonar ou submacicez
nas bases
• Ausculta: som vesicular, estertores finos
teleinspiratórias e, ocasionalmente, sibilos.
Ressonância vocal normal
Derrame pleural
• Inspeção: hemitórax abaulado, expansibilidade
diminuída
• Palpação: expansibilidade reduzida, FTV abolido.
Presença do sinal de Signorelli
• Percussão: macicez. Ressonância skódica acima
do derrame
• Ausculta: murmúrio vesicular abolido.
• Na zona de transição pode ocorrer broncofonia,
egofonia e pectoriloquia
Pneumotórax
• Inspeção: hemitórax normal ou abaulado
• Palpação: expansibilidade diminuída e FTV
abolido
• Percussão: timpanismo
• Ausculta: murmúrio vesicular e ressonância vocal
abolidos
Fibroatelectasia
• Inspeção: retração do hemitórax comprometido,
desvio da traqueia e ictus para o lado
comprometido
• Palpação: expansibilidade reduzida no hemitórax
comprometido, frêmito toracovocal aumentado
• Percussão: macicez
• Ausculta: som bronquial, crepitações grossas
protomesoinspiratórias e expiratórias fixas e
variáveis
Espessamento pleural (pleurite)
• Inspeção: expansibilidade reduzida, retração
do hemitórax comprometido
• Palpação: expansibilidade e FTV reduzidos
• Percussão: submacicez ou macicez
• Ausculta: sons respiratórios abolidos,
ressonância vocal diminuída, atrito pleural
O exame cardíaco
• “Durante plantão no pronto-socorro, um interno apresenta o
caso de uma paciente idosa com queixa de dor precordial, sem
etiologia definida. Eletrocardiograma e dosagens seriadas de
troponina (um marcador de lesão miocárdica) não revelaram
alterações relevantes que pudessem contribuir com as hipóteses
iniciais de síndrome coronariana ou tromboembolismo pulmonar.
Quando indagado pelo aluno sobre qual o melhor exame
complementar para prosseguir na investigação, o médico
assistente se dirige à paciente e inicia o exame clínico expondo o
tórax dela. Prontamente, saltam aos olhos lesões vesiculares em
faixa compatíveis com um quadro de herpes-zóster. O aluno
rapidamente se defende dizendo que havia realizado um exame
clínico direcionado, rápido, com ausculta cardíaca e pulmonar,
sobre o avental...”
 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO CORACAO
• O coração encontra-se no interior na caixa torácica,
protegido pelo gradil costal e pela musculatura peitoral.
• A estrutura cardíaca mais anterior no tórax é o
ventrículo direito, cuja borda inferior está localizada na
junção do esterno com o apêndice xifoide.
• O Ventrículo esquerdo está situado atrás e à esquerda
do ventrículo direito, formando a borda lateral do
coração.
• O ápice do ventrículo esquerdo normalmente se
encontra no quinto espaço intercostal na altura da linha
hemiclavicular
• Já a chamada “base do coração” está localizada
aproximadamente na altura do 2º espaço intercostal
direito e esquerdo próximo ao externo .
• Nessa topografia, também se observam os grandes
vasos (artérias pulmonares, aorta e veia cava
superior e inferior desembocando no átrio direito).
• Para promover o bombeamento sanguíneo efetivo, o
coração produz gradientes de pressão variáveis, por
meio da contração e do relaxamento ventricular,
também designados como sístole e diástole.
• O coração é dividido em 2 partes:
 Direita
 Esquerda
• Orientado obliquamente.
• Cada metade consiste em 2 câmaras:
 Os átrios, que recebem sangue das veias;
 Os ventrículos, que impulsionam o sangue
para o interior das artérias aorta e pulmonar
• O coração dispõe de 4 aparelhos valvares:
• um atrioventricular (tricúspide)
 um ventriculopulmonar (pulmonar)
 Atrioventricular (mitral)
 um ventriculoaórtico (aórtico)
Exame físico do coração
 O exame físico do coração inclui a inspeção, a
palpação e a ausculta.
 Realizam-se a inspeção e a palpação
simultaneamente
 Os seguintes parâmetros devem ser analisados:
• Pesquisa de abaulamento:
• Análise do ictus cordis ou choque da ponta (ictus
cordis difuso, ictus cordis propulsivo);
• Análise de batimentos ou movimentos visíveis ou
palpáveis;
• Pesquisa de frémito cardiovascular.
Ausculta
• Focos ou áreas de ausculta:
• Todo o precórdio e as regiões circunvizinhas,
incluindo a região axilar esquerda, o dorso e o
pescoço, precisam ser auscultados.
• Os clássicos focos servem como pontos de
referência porque, nas regiões correspondentes a eles,
encontram -se as informações mais pertinentes às
respectivas valvas;
• Não se esqueça também de que os focos de ausculta
não correspondem às localizações anatômicas das
valvas que lhes emprestam o nome.
• O foco ou área mitral situa-se no 5° espaço
intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e
corresponde ao ictus cordis ou ponta do coração;
• Nos pacientes com cardiomegalia acentuada, este
foco desloca-se lateralmente na direção da linha
axilar anterior;
• Por isso, antes de começar a ausculta do coração, é
indispensável localizar o ictus cordis
• O foco ou área pulmonar localiza-se no 2º espaço
intercostal esquerdo, junto ao esterno.
• É neste foco em que se têm as condições ideais para
a análise dos desdobramentos – fisiológico ou
patológico da 2a bulha pulmonar.
• Cumpre notar que os fenômenos acústicos
originados nas valvas pulmonares, normais ou
lesadas, são audíveis apenas nesta área.
Foco aórtica
• O foco ou área aórtica situa-se no 2° espaço
intercostal direito, justaesternal.
• No entanto, o melhor local para perceber os
fenômenos acústicos de origem aórtica é a área
compreendida entre o 3° e o 4º espaço intercostal
esquerdo, nas proximidades do esterno, à qual se dá
a denominação de foco aórtico acessório.
• O foco ou área tricúspide corresponde à base do
apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda.
• Os fenômenos acústicos originados na valva
tricúspide - principalmente o sopro sistólico
indicativo de insuficiência desta valva – costumam
ser mais percebidos nas proximidades da área mitral.
Semiotécnica
• Ambiente de ausculta:
• Um ambiente silencioso é condição indispensável
para levar a cabo uma boa ausculta, pois os ruídos
cardíacos são de pequena intensidade e, para ouvi-
los, é necessário completo silêncio;
• Conversas, barulhos produzidos por veículos e outras
máquinas impossibilitam a realização de uma boa
ausculta.
• Posição do paciente e do examinador:
• O Clinico e o paciente devem posicionar-se
comodamente no momento da ausculta, que será
efetuada com o paciente nas posições deitada,
sentada e em decúbito lateral esquerdo;
• A posição padrão é o decúbito dorsal com a cabeça
apoiada em um pequeno travesseiro, com o tórax
completamente descoberto;
• O Clinico fica do lado direito, de pé ou sentado,
conforme a altura da cama ou da mesa de exame.
• Outra posição de rotina é com o paciente de pé ou
sentado na beira do leito ou em uma cadeira, com o
tórax ligeiramente inclinado para frente;
• O examinador põe-se de pé do lado direito do
doente;
• Esta posição é mais propícia para a ausculta dos
fenômenos estetoacústicos originados na base do
coração.
• Uma terceira posição é a do paciente deitado em
decúbito lateral esquerdo com a mão esquerda na
cabeça;
• O clinico continua de pé do lado direito;
• Esta posição é mais adequada para auscultar os
fenômenos da área mitral;
• Assim, algumas vezes, a 3ª bulha é mais audível em
decúbito lateral esquerdo.
Objetivos da ausculta do coração
• Ao se auscultar o coração, os seguintes aspectos
devem ser sistematicamente considerados: bulhas
cardíacas, ritmo e frequência cardíaca, ritmos
tríplices, alterações das bulhas cardíacas, cliques ou
estalidos, sopros, ruído da pericardite constritiva,
atrito pericárdico e rumor venoso.
• Bulhas cardíacas:
• Primeira bulha: O principal elemento na formação da
1ª bulha cardíaca é o fechamento das valvas mitral e
tricúspide;
• A 1ª bulha cardíaca (B 1) coincide com o ictus cordis e
com o pulso carotídeo.
• É de timbre mais grave e seu tempo de duração
é um pouco maior que o da 2a bulha. Para representá-
la, usamos a expressão onomatopaica "TUM“
• Em condições normais, a 1 a bulha tem maior
intensidade no foco mitral, no qual costuma ser mais
forte que a 2a bulha.
• Segunda bulha :
• A 2a bulha (B2) é constituída de vibrações audíveis as
originadas pelo fechamento das valvas aórtica e
pulmonar.
• Ouve-se o componente aórtico em toda a região
precordial, enquanto o ruído originado na pulmonar é
auscultado em uma área limitada, correspondente ao
foco pulmonar e à borda esternal esquerda.
• A 2a bulha vem depois do pequeno silêncio, seu timbre é
mais agudo, soa de maneira mais seca, de tal modo que
a designamos pela expressão TA;
• Quando a bulha está desdobrada, seu ruído corresponde
à expressão "TLA"
• Terceira bulha (B3):
• A 3ª bulha é um ruído protodiastólico de baixa
frequência que se origina das vibrações da parede
ventricular subitamente distendida pela corrente
sanguínea que penetra na cavidade durante o
enchimento ventricular rápido.
• Ausculta-se uma 3ª bulha cardíaca normal com mais
frequência nas crianças e nos adultos jovens.
• É mais audível na área mitral, com o paciente em
decúbito lateral esquerdo;
Ritmo e frequência cardíaca

• Havendo apenas 2 bulhas, trata-se de ritmo de 2


tempos ou binário;
• Quando se torna audível um 3° ruído, passa a ser um
ritmo de 3 tempos ou ritmo tríplice, assim
representado: TUM-TA-TU-TUM-TA-TU-TUM-TA-TU
• Em adultos, o número de batimentos por minuto vai
de 60 a 100.
• Menos de 60 contrações por minuto chama-se
bradicardia, e mais de 100, taquicardia.
Sopros

• Os sopros aparecem na dependência de


alterações do próprio sangue, da parede do vaso
ou das câmaras cardíacas, principalmente nos
aparelhos valvares;
• incluindo os seguintes mecanismos:
• Aumento da velocidade da corrente sanguínea.
• Diminuição da viscosidade sanguínea.
• Passagem de sangue através de uma zona
estreitada.
• Passagem do sangue para uma zona dilatada.
Pulsos
• Devem ser analisados os seguintesmpulsos: Carotideo,
axilar, braquial, radial, Femural, popliteo, tibial posterio,
pedioso, etc.
• A análise do pulso radial abrange as seguintes
característicasmsemiológicas: frequência, ritmo,
amplitude ou magnitude, tensão ou dureza.
• Frequência:Em pessoas adultas, considera-se normal de
60 a 100 bpm.
• Acima de 100 pulsações, designa-se taquisfigmia
"taquicardia“; Bradisfigmia ou "bradicardia" significa
menos de 60 pulsações por minuto.
Pressão arterial
• Pressão arterial é a força exercida pelo sangue
sobre as paredes dos vasos.
• Sofre variações contínuas, na dependência da
posição do indivíduo, das atividades e das
situações em que ele se encontra.
• A pressão ou tensão arterial é um parâmetro
fisiológico indispensável na investigação
diagnóstica, e o registro dos níveis pressóricos é
parte obrigatória do exame clínico.
• Os valores médios estabelecidos pelo Consenso
Brasileiro para os períodos de vigília e de sono para
as pressões sistólicas e diastólicas são:
• Vigília - Sistólica: < 135 = normal, entre 135 e 140
= limítrofe, > 140 = elevada; Diastólica: < 85 =
normal, entre 85 e 90 = limítrofe, > 90 = elevada
• Sono- Sistólica:< 120 = normal, entre 120 e 125 =
limítrofe, > 125 =elevada; Diastólica: < 75 = normal,
entre 75 e 80 = limítrofe, > 80 = elevada
• Técnica:
 Paciente:
• Repouso mínimo de 3 min
• Local tranquilo e, preferencialmente, sem ruídos que
possam interferir com a ausculta
• Posição do paciente: podem ser utilizadas as
posições sentada, deitada ou em pé.
• Em qualquer posição, é necessário
• manter a artéria braquial no nível do coração ( 4o
espaço intercostal)
 Procedimento:
• Localize as pulsações da artéria braquial
• Coloque o manguito 2 em acima da fossa cubital
• Palpe o pulso radial (pode também ser feito na artéria braquial)
• Infle o manguito até o desaparecimento do pulso radial.
• A seguir, desinsufle o manguito lentamente; quando reaparece o
pulso, tem-se o valor da pressão sistólica
• Coloque o estetoscópio sobre a artéria braquial e insufle o
• manguito cerca de 30 mmHg acima do valor encontrado para a
pressão sistólica pelo método palpatório
• Solte o ar, de maneira contínua, à razão de 2 a 3 mmHg/
segundo, até o completo esvaziamento da câmara
• Caso os ruídos estejam sendo percebidos com dificuldade,
aumente o ângulo entre o braço e o tórax, retificando a
artéria,mpois isso pode facilitar a ausculta dos sons.

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