Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Biológicas (CCB)

Departamento de Ciências Morfológicas (MOR)

ABDOME 1 :

- Parede anterolateral do abdome

- Canal inguinal

Profª. Dra. Carla Gabrielli

Disciplina de Anatomia Humana
ABDOME é a parte do tronco situada entre o tórax e a pelve.

- Limite superior: m. diafragma

(na altura do 4º espaço
intercostal)

- Limite inferior: abertura superior

da pelve

Abertura superior da pelve:
Linha terminal = linha arqueada
+ linha pectínea + crista púbica
- promontório sacral
- margem anterior das asas do sacro
- linha terminal (de cada lado)
- sínfise púbica
ABDOME
* Limite inferior: plano intertubercular
(por outros autores) ou transtubercular
CAVIDADE ABDOMINOPÉLVICA

→ Cavidade situada entre o

m. diafragma e o diafragma
pélvico (m. levantador do
ânus + m. isquiococcígeo)
 DIVISÕES DO ABDOME EM REGIÕES

- Plano mediano (do processo xifóide à

sínfise púbica)
- Plano transumbilical
DIVISÕES DO ABDOME EM REGIÕES

- Planos verticais: planos medioclaviculares

(ao ponto médio do lig. inguinal)
- Planos horizontais: plano subcostal e
plano intertubercular
DIVISÕES DO ABDOME EM REGIÕES

Hipocôndrio D Epigástrio Hipocôndrio E

- esôfago
(parte abdominal) - baço
- lobo direito
- estômago
do fígado - flexura cólica
- duodeno
- flexura cólica esquerda
- pâncreas
direita - lobos D e E
do fígado
- vesícula biliar
Lombar ou Umbilical Lombar ou
Lateral D - duodeno Lateral E
- * ceco - alças intestinais - colo descen-
- colo ascend. - * apêndice ver- dente
- rim D miforme - rim E

Inguinal D Hipogástrio ou Inguinal E

- * ceco suprapúbica - colo sigmoide
- * apêndice - alças intestinais - canal inguinal
vermiforme - colo sigmoide esquerdo
- canal inguinal - reto
direito
PAREDE ANTEROLATERAL DO ABDOME

- Limite superior: - Limite inferior:

margem costal e ligamento inguinal
XII costela de e crista ilíaca de
cada lado cada lado
 Estratos da parede anterolateral do abdome:

1) pele 4) fáscia transversal

2) tela subcutânea: 5) fáscia ou tecido
2.a. camada adiposa (fáscia de Camper) extraperitoneal
2.b. camada membranácea (fáscia de Scarpa) 6) peritônio parietal
3) plano músculo-aponeurótico
 Músculos da parede anterolateral do abdome:

Músculo oblíquo externo do abdome

Origem: V à XII costelas

Inserção: crista ilíaca, tubérculo púbico

e linha alba

Ação: flexão com rotação lateral do tronco

conjuntamente com o m. oblíquo
interno do abdome
 Músculos da parede anterolateral do abdome:
Músculo oblíquo externo do abdome
→ o LIGAMENTO INGUINAL nada mais é do que a margem inferior da
aponeurose do m. oblíquo externo do abdome
→ na espinha ilíaca anterossuperior e no tubérculo púbico
 Músculos da parede anterolateral do abdome:

Músculo oblíquo interno do abdome

Origem: aponeurose toracolombar e

2/3 anteriores da crista ilíaca

Inserção: X à XII costelas, linha alba e

linha pectínea (do púbis)

Ação: flexão com rotação lateral do tronco

conjuntamente com o m. oblíquo
externo do abdome
 Músculos da parede anterolateral do abdome:
Músculos oblíquos externo e interno do abdome

→ Intercâmbio muscular em forma de “X” entre as fibras contralaterais

destes dois músculos
 Músculos da parede anterolateral
do abdome:

Músculo transverso do abdome

Origem: seis costelas inferiores, aponeurose

toracolombar e crista ilíaca

Inserção: linha alba e linha pectínea (do

púbis), juntamente com o m. OE
OE
oblíquo interno do abdome
T
Ação: suporte e contenção às vísceras OI
abdominais
 Músculos da parede anterolateral do abdome:

Músculo reto do abdome

Origem: sínfise púbica e crista púbica

Inserção: processo xifoide e 5ª à 7ª

cartilagens costais

- poligástrico, com as intersecções

tendíneas

→ situa-se no interior de uma bainha

aponeurótica: a BAINHA DO RETO

Ação: flexão do tronco

 Bainha do músculo reto do abdome
- tem uma lâmina anterior (LA), mais longa
- tem uma lâmina posterior (LP), mais curta

LA

LP
LA LP
 Bainha do músculo reto do abdome

→ A margem inferior da lâmina

posterior (LP) é denominada
LINHA ARQUEADA (L Arq)
LP
LP L arq
- a LINHA ARQUEADA situa-se a 1/3 da
distância entre o umbigo e a sínfise púbica

L arq
 Bainha do músculo reto do abdome
Composição acima e abaixo da linha arqueada

lâmina posterior T
OI
Acima: OE

lâmina anterior

T
Abaixo: OI
OE

lâmina anterior
 Bainha do músculo reto do abdome
Composição acima e abaixo da linha arqueada

OE

Acima: T OI

Linha semilunar Linha alba Linha semilunar

OE
Abaixo:
T OI
Bainha do músculo reto do abdome
 Bainha do músculo reto do abdome

Posteriormente ao m. reto do abdome:

- lâmina posterior
da bainha (LP);
- fáscia transversal (FT);
- tecido extraperitoneal;
Acima da Linha Arqueada: LP FT PP - peritônio parietal (PP).

Abaixo da Linha Arqueada:

- fáscia transversal (FT);

- tecido extraperitoneal;
- peritônio parietal (PP).

FT PP
 Músculos da parede anterolateral do abdome:

Músculo piramidal

→ está ausente em cerca de

20% dos indivíduos; pode ser
uni ou bilateral

Origem: corpo do púbis

Inserção: linha alba

→ está dentro da bainha do reto,

anteriormente ao m. reto do abdome

Ação: tensiona a linha alba

 Músculos da parede anterolateral do abdome:

Músculo piramidal

- em indivíduos gregos

- presente em 93,8%;
bilateralmente em 79,2%

- mais frequente no sexo

feminino (91,3%)

Natsis, K.; Piagkou, M.; Repousi, E.; Apostolidis, S.; Kotsiomitis, E.; Apostolou, K.;
Skandalakis, P. Morphometric variability of pyramidalis muscle and its clinical
significance. Surg Radiol Anat, 38: 285–292, 2016.
 Músculos da parede anterolateral do abdome:

Funções (no conjunto):

- movem o tronco e ajudam a

manter a postura

- apoio forte e expansível para a

parede anterolateral do abdome

- proteção relativa às vísceras

abdominais

- ajudam a manter ou aumentar a pressão intra-abdominal,

opondo-se ao m. diafragma → fundamental à expiração, à tosse,
à micção, à defecação, ao vômito e ao parto
 Incisões cirúrgicas na parede anterolateral do abdome:

- mediana → seccionam a linha alba

 Incisões cirúrgicas na parede anterolateral do abdome:

- paramediana (D ou E) → seccionam as duas lâminas da bainha

do reto e retraem o m. reto do
abdome lateralmente para não
cortá-lo
 Incisões cirúrgicas na parede anterolateral do abdome:

- suprapúbica (Pfannestiel)

- são seccionadas transversalmente a

linha alba e as lâminas anteriores da
bainha do reto;
os músculos retos são retraídos
lateralmente ou cortados em
suas intersecções tendíneas
 Incisões cirúrgicas na parede anterolateral do abdome:

- transversal (lateral à linha semilunar)

→ atingem os três músculos largos

(os oblíquos e o transverso do abdome)
 Vista interna da parede anterolateral do abdome

Pregas peritoneais:

a) prega supraumblicial:
LF
→ lig. falciforme do fígado (LF)
LR

- sua margem livre contém o

lig. redondo do fígado (LR)

V. Umbilical obliterada
 Vista interna da parede anterolateral do abdome

Pregas peritoneais:

b) pregas infraumbliciais (são 5):

→ prega umbilical mediana
peritônio sobre o lig.
umbilical mediano
(remanescente do úraco)

→ prega umbilical medial (são 2)

peritônio sobre o lig.
umbilical medial
(a. umbilical obliterada)

→ prega umbilical lateral (são 2)

peritônio sobre os
vasos epigástricos inferiores
(são patentes/pérvios)
 Vista interna da parede anterolateral do abdome

Fossas peritoneais:

→ fossas supravesicais (SV)

entre as pregas umbilicais
mediana e medial

→ fossas inguinais mediais (IM)

entre as pregas umbilicais
medial e lateral

→ fossas inguinais laterais (IL)

lateralmente às IL
IM
pregas umbilicais laterais
SV
→ As fossas inguinais Medial e
Lateral: identificação de
Hérnias Inguinais
 Vista interna da parede anterolateral do abdome

→ na fossa inguinal medial, está o TRÍGONO INGUINAL (de Hesselbach)

- medialmente: m. reto do abdome (R)

- inferiormente: lig. inguinal (LI)

R
LI - lateralmente: vasos epigástricos
VEI inferiores (VEI)

LI
 CANAL INGUINAL
- É um “túnel” que atravessa obliquamente a parede anterolateral do
abdome, com cerca de 4 a 5 cm de extensão, situado
paralela e superiormente à metade medial do lig. inguinal.

- Estende-se do ANEL INGUINAL

PROFUNDO (AIP) ao ANEL
INGUINAL SUPERFICIAL (AIS)

- Conteúdo:
no sexo masculino: AIP
- funículo espermático
AIS
no sexo feminino:
- lig. redondo do útero

em ambos os sexos:
- n. ilioinguinal
 CANAL INGUINAL - Conteúdo:
no sexo masculino:
→ Componentes do funículo - funículo espermático
espermático:
A
- ducto deferente (D) D
- artéria do ducto deferente R
(ramo da a. vesical inferior, que P
é ramo da a. ilíaca interna)
- a. testicular (A)
- plexo pampiniforme (P)
- a. cremastérica
(ramo da a. epigástrica inferior, que
é ramo da a. ilíaca externa)
- ramo genital do n. genitofemoral (R)
- vasos linfáticos
- inervação autônoma
CANAL INGUINAL
- Conteúdo:

no sexo feminino:
- lig. redondo do útero

B
 CANAL INGUINAL

- Conteúdo:

em ambos os sexos:
- n. ilioinguinal

(origina-se do Plexo Lombar,

de L1, e inerva, além dos mm.
oblíquo interno e transverso
do abdome, a pele do escroto
e do lábio maior)
 CANAL INGUINAL
Delimitação e Paredes:
ANEL INGUINAL PROFUNDO: é uma fenda na fáscia transversal,
situado lateralmente aos vasos epigástricos inferiores,
portanto, na fossa inguinal lateral
- seu contorno é reforçado parcialmente pelo lig. interfoveolar (de Hesselbach)

Lig. inguinal

Visão interna da parede anterior do abdome

 CANAL INGUINAL
Delimitação e Paredes:

ANEL INGUINAL SUPERFICIAL: é uma fenda na aponeurose do

m. oblíquo externo do abdome

- Pilar lateral → tubérculo púbico

PP
(PL)
FT
- Pilar medial → crista púbica
(PM) Tr

- Fibras intercrurais (FI) OE OI

FI
PM

- é reforçado posteriormente pelo

lig. inguinal reflexo (de Colles) PL
 CANAL INGUINAL
Delimitação e Paredes:

Parede Anterior:
PP

→ aponeurose do m. oblíquo FT
externo e fibras musculares Tr
dos mm. oblíquo interno e
OE OI
transverso do abdome

Teto:
→ Fibras arqueadas dos mm.
oblíquo interno e
transverso do abdome:
foice inguinal ou
tendão conjunto
 CANAL INGUINAL
Delimitação e Paredes:

tendão PP
conjunto
> o tendão conjunto (dos mm. FT
oblíquo interno e transverso
do abdome),
OE
em seguida, se insere no
púbis (linha pectínea), Tr
passando a situar-se
posteriormente OI
ao funículo espermático
(ou lig. redondo do útero)
 CANAL INGUINAL
Delimitação e Paredes:

Parede Posterior:

Aponeurose
→ medialmente: do m. OE
tendão conjunto (TC) OI

Tr
→ lateralmente:
fáscia transversal e
funículo **
peritônio parietal (**) espermático TC
 CANAL INGUINAL
Delimitação e Paredes:

Assoalho: lig. inguinal

- lig. inguinal
- lig. lacunar (de Gimbernat)
- lig. pectíneo (de Cooper)

lig. lacunar
lig. pectíneo
 Vista interna da parede anterolateral do abdome

(1) m. reto do abdome

(2) m. transverso do abdome
e fáscia transversal
→ Linha arqueada
(3) lig. umbilical mediano
2 1 (4) lig. umbilical medial
(5) vasos epigástr. inf.
(6) fossa supravesical
(7) fossa inguinal medial
8 5 3
4 (8) fossa inguinal lateral
7 6
Trígono inguinal
AIP AIS
Descida do testículo:

- o testículo é retroperitoneal

- sua descida para o escroto começa

na 28ª semana
e deve estar concluída no 9º mês

Embrião de 7
semanas

c/ 28 semanas recém-nascido
 Descida do testículo:

c/ 28 semanas
Embrião de 7
semanas

O processo inicia com uma evaginação

do peritônio parietal (processo vaginal),
que abre caminho para o testículo,
através do Canal inguinal, até o escroto.

Após a chegada do testículo ao escroto, o

processo vaginal do peritônio se “separa”
do peritônio abdominal.
recém-nascido
Descida do testículo:

→ ao atravessar o canal inguinal, o testículo empurra e é envolvido pelas

camadas músculo-aponeuróticas da parede abdominal
 Envoltórios do testículo:

1) Túnica vaginal: lâminas

visceral e parietal
→ do peritônio parietal
entre elas: cavidade da túnica
vaginal
2) Fáscia espermática interna
→ da fáscia transversal

3) Fáscia cremastérica e
m. cremaster
→ do m. oblíquo interno
do abdome
* Kremastér (grego) = suspensor

4) Fáscia espermática externa

→ da aponeurose do m. oblíquo
externo do abdome
Envoltórios do testículo: *** São as três túnicas
do Funículo
Espermático
fáscia espermática
externa *

fáscia cremastérica
e m. cremaster *
No escroto:
fáscia espermática
interna * → túnica dartos (TD)
musculatura lisa
* dartós (grego) - deriva
túnica vaginal de “dartis” (sânscrito):
lâm. parietal tún.vaginal couro
lâm.visc.
→ pele
pele
TD
 Hérnias Inguinais

→ quando um conteúdo da cavidade abdominal sai (hernia) do abdome

através do Canal Inguinal
a) ou entrando pelo anel inguinal b) ou rompendo a parede posterior
profundo do canal inguinal
 Hérnias Inguinais

Hérnia inguinal INDIRETA → a que ocorre pelo anel inguinal profundo

- é congênita e a mais frequente (+ 75%)

- ocorre ao nível da fossa inguinal lateral
→ lateral aos vasos epigástricos inferiores
- é envolvida pelas três túnicas do funículo alça intestinal
espermático

por persistência do processo vaginal Hérnia inguinal indireta

 Hérnias Inguinais
Hérnia inguinal DIRETA → a que rompe a parede posterior do
canal inguinal
- é adquirida
- ocorre ao nível da fossa inguinal
medial
→ medial aos vasos epigástricos
inferiores
→ no trígono inguinal
(de Hesselbach)

Lig. inguinal

→ está fora do funículo

espermático