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ANA CLARA QUIRINO – 69

FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA


PRIMEIRA PROVA DE SEMIOLOGIA II
PROF CARLOS FERNANDO

 Anatomia e fisiologia do parelho respiratório:


o Os pulmões ocupam a maior parte da caixa
torácica, tanto na região posterior quanto
na anterior e lateral, proporcionando uma
vasta extensão do aparelho respiratório;
o O aparelho respiratório é formado por uma
serie de canais e tubos que levam o ar ate
uma aérea onde vão ocorrer trocas
gasosas;
o A via aérea é composta pela traqueia,
brônquios principais e as subdivisões dos
brônquios em estruturas cada vez menores
ate chegar aos bronquíolos. Essa estrutura
conduz o ar ate a região alveolar e da
região alveolar ate o exterior;
o O movimento do ar determina
movimentações na estrutura da caixa
torácica e gera sons que podemos auscultar
com o estetoscópio na pratica;
o A imagem ao lado mostra a ramificação da
arvore respiratória onde os brônquios se
espalham pelo pulmão formando uma
grande rede de estruturas condutoras de ar;
o O ar chega na região distal do alvéolo, onde
há uma estrutura septada dividida em
pequenos septos formando um aspecto de
um “cacho de uva” que conta com uma rede
rica de capilares através dos quais existe
troca gasosa;
o O gás carbônico sai do sangue para dentro
do alvéolo e o oxigênio sai de dentro do
alvéolo para o sangue  processo de
difusão (troca de gases). Isso produz sons
específicos, normais ou alterados.

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 Linhas do tórax:
1) Esternais e Medioesternal;
2) Hemiclavicular;
3) Axilares (anterior, media e posterior);
4) Escapulares;
5) Medioespinhal.

 Regiões do tórax:
 Supraclavicular
 Clavicular
 Infraclavicular
 Mamária
 Inframamária
 Esternal (superior e inferior)
 Supraescapular, Escapular, Infraescapular (ou espinhosas)
 Interescapulovertebral
 Axilar
 Infra axilar

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Mais importante do que decorar as linhas é saber quais os limites dos pulmões,
para saber examinar o paciente.
 Região Anterior: em indivíduos mediolíneos o pulmão vai ate o sexto
espaço intercostal (logo abaixo da região mamaria). Lembrando que do
lado direito o fígado mantém o pulmão um pouco mais alto, e no lado
esquerdo mais embaixo. Indivíduos longilíneos podem ter pulmões um
pouco mais altos e brevilíneos mais baixos. Importante: o ângulo de
Louis é uma saliência entre o manúbrio esternal e o corpo do esterno,
marcando o segundo espaço intercostal, a partir daí conta-se ate chegar
ao sexto;
 Região Lateral: Direita, até o sétimo e oitavo espaço intercostal.
Esquerda: ate o nono e décimo espaço intercostal;
 Região Posterior: até o décimo segundo espaço intercostal (mais ou
menos quatro dedos médios ate a ponta da escapula).

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 Inspeção estática do tórax:


o Forma
 Normal: em sino, mais largo (2x) do que profundo;
 Patológico: mudança na conformação da caixa torácica que
limita a expansão respiratória. Ex: cariniforme (peito de
pombo), piriforme ou em quilha (cone ou sino), infundibiliforme
(afundado), cifótico, escoliótico ou lordótico (deformidade da
coluna), em tonel (diâmetro ant-post aumentado), instável
(movimentos respiratórios paradoxais, acontecem em lesões
de caixa torácica).
o Lesões de Pele;
o Abaulamentos e retrações;
o Distribuição de pelos;
o Mamas supranumerárias;
o Pulsações anormais.

Infundibiliforme Cariniforme

 Inspeção dinâmica do tórax:


o Ritmos e padrões respiratórios
o Tipos Respiratórios
 Costal Superior: maior movimentação da região superior 
dificuldade respiratória
 Toraco-abdominal: mais confortável
o Retrações e abaulamentos dos espaços intercostais durante a
respiração  sinaliza esforço respiratório acima do normal.
Chamado de tiragem.

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 Palpação:
o Objetivo: verificar a expansibilidade torácica, sensibilidade da parede
e permeabilidade das vias aéreas;
o Técnica 1: Colocar as mãos no tórax do paciente na região superior
e inferior da parede posterior e anterior, em seguida pedir pro
paciente respirar e ver se o movimento da sua mão se desloca de
maneira uniforme dos dois lado;
o Técnica 2: colocar a mão nos números indicados na imagem e pedir
o paciente para respirar e falar 33 (observar vibração);

o Frêmito: é uma vibração quando o paciente esta falando (normal,


fisiológico).
o Frêmito Tóraco-vocal:
 Doenças parenquimatosas e pleurais: diminuição do frêmito
na área afetada;
 Pneumonias: aumento do frêmito pela formação liquida na
região alveolar que transmite a vibração com mais
intensidade.
o Frêmito Brônquico: percebido durante a respiração. Sugere
obstáculo da passagem do ar por secreção brônquica. Muda com a
tosse, pode ate desaparecer.
o Frêmito Pleural: percebido durante a respiração. Ocorre quando há
atrito pleural (pleurites). Não muda com a tosse, mas se apertar a
mão ele aumenta.

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 Percussão:
o É a batida com o dedo que vibra a caixa torácica. Como o pulmão é
cheio de ar, a percussão produz um som que deve ser interpretado;
o Quanto maior o conteúdo aéreo da caixa torácica (enfisema)  mais
intenso será o som produzido;
o A substituição do ar por material líquido ou sólido (tumor, exsudato)
resultará na obtenção de som “abafado”;
o Dificuldade: exame muito limitado, depende da técnica de cada
examinador. Lesões ou alterações localizadas a mais de 6 cm da
caixa torácica não serão detectadas pela percussão (obesos);

Técnica: encostar o dedo médio na parede torácica e percutir com o


dedo médio da outra mão. Não é recomendado percutir encima do osso
(abafa o som, melhor percutir nos espaços intercostais) e nem na
parede posterior (pela escapula).

a) Som Claro Pulmonar


 Achado fisiológico;

b) Submacicez / Macicez
 Abafamento do som normal pela presença de material mais
denso que o ar no parênquima pulmonar ou no espaço pleural;
 Derrame pleural, condensação, pneumonias.

c) Hipersonoridade / Timpanismo
 Intensificação do som normal pelo aumento do conteúdo
aéreo do parênquima ou pela presença de ar no espaço
pleural;
 Enfisema pulmonar, pneumotórax, crises de asma.

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 Ausculta:
o Feita usando o diafragma do estetoscópio  ausculta respiratória na
parede anterior, lateral e posterior do tórax;
o Quanto mais próxima de uma via aérea calibrosa estiver a área
examinada, mais intenso será o som auscultado;
o Elementos sólidos, semi-sólidos ou líquidos conduzem o som com
maiores intensidade e nitidez que os elementos gasosos;
o Barreiras de material denso, como líquidos e sólidos, bloqueiam a
propagação do som;
o Os sons da respiração dependem da passagem do ar pelas vias
aéreas;
o Quanto mais calibrosa uma
via aérea, mais grave será o
som;
o Quanto menos calibrosa for
uma via aérea, mais agudo
será o som;
o As estruturas alveolares
produzem som ao serem
abertas pelo fluxo aéreo.

o Procedimentos:
 O paciente deve estar sentado e ereto numa posição relaxada;
 Oriente o paciente a respirar um pouco mais profundamente com
a boca aberta;
 Não colocar por cima da roupa, tem que ser na pele;
 Coloque o diafragma diretamente contra a parede torácica;
 A ausculta pulmonar deve ser sistemática (anterior, lateral e
posterior);
 Avalie no mínimo um ciclo respiratório, e a voz, em cada posição
do estetoscópio;
 Comparar os sons respiratórios entre os pulmões direito e
esquerdo;
 Solicitar respirações profundas e tosse.

o Causas e erros na ausculta:


 Respiração muito superficial e arrítmica
 Respiração nasal
 Ruídos de deglutição
 Enfisema subcutâneo
 Crepitações articulares
 Atrito das roupas e dos fâneros torácicos
 Transtornos auditivos do examinador
 Defeito do estetoscópio

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1) Sons normais:
o Resultam do trânsito livre do ar pelas vias aéreas
o Variam com o calibre da via aérea onde são produzidos
o Serão detectados em todo exame normal
o Podem variar de intensidade na dependência de fatores
fisiológicos ou patológicos
o O som traqueal e brônquico não são pesquisados rotineiramente

a) Som Traqueal
 Audível na região cervical (via aérea calibrosa)
 Rude, áspero
 Expiração mais audível e prolongada
 Se aparece fora do pescoço é um sopro (patológico)

b) Som Brônquico
 Audível na área dos brônquios principais, na face anterior do
tórax, próxima ao esterno
 Áspero e menos rude que o som traqueal
 Expiração ainda mais audível e prolongada, porém com aumento
da duração da inspiração

c) Som Broncovesicular
 Audível nas regiões claviculares superior e inferior e
interescapulovertebral superior
 Suave, com inspiração e expiração idênticas
 Pouco marcante e com pouca aplicação prática

d) Som Vesicular
 Audível na maior parte do tórax, com grande importância
semiológica
 Suave, discreto, com inspiração mais intensa e duradoura
 Corresponde à entrada do ar nos espaços alveolares

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2) Sons anormais contínuos:


o Sinalizam impedimento do fluxo aéreo livre nas vias aéreas
o Variam conforme o calibre da via aérea acometida
o São bem distintos quanto à intensidade, duração, movimento
respiratório, natureza e qualidade do som

a) Roncos
 Originam-se nos brônquios calibrosos (via aérea de grande
calibre), causados por secreções, espasmo, edema ou distorção
da parede
 São graves, rudes, inspiratórios e expiratórios, predominando na
expiração
 Modificam-se com a tosse, podendo até mesmo desaparecer
 Se não modificar com a tosse é porque foi provocado por uma
lesão física (fibrose por ex)

b) Sibilos
 Originam-se nos brônquios de pequeno calibre e nos bronquíolos
causados por espasmo (asma)
 São sons agudos, inspiratórios e expiratórios, predominando na
expiração
 Não se modificam com a tosse

c) Estridor ou Cornagem
 Origina-se na Laringe e na traqueia
 Som grave, rude, inspiratório, audível à distância

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3) Sons anormais descontínuos:

a) Estertores ou Crepitações
 Sons de pequena intensidade, que se superpõem aos sons
normais (parecido com o barulho do cabelo no esteto)
 Sugerem comprometimento de regiões distais das vias aéreas ou
do interstício pulmonar

b) Estertores Finos
 Originam-se na região alvéolo-intersticial, sugerindo dificuldade
de abertura das vias aéreas distais
 Ocorrem no fim da inspiração, são de curta duração e suaves.
Não se modificam com a tosse
 Encontrados em pneumonias, edema pulmonar, congestão
pulmonar por icc, pneumopatia intersticial, covid-19

c) Estertores Grossos
 Originam-se na região bronquíolo-alveolar
 Ocorrem na inspiração e na expiração e são mais rudes
 Modificam-se com a tosse, associando-se à presença de
secreções ou à perda de elasticidade da parede brônquica
 Encontrados em pneumonias, bronquiolites

4) Outros sons anormais:

a) Atrito Pleural
 Decorre do atrito entre os folhetos pleurais, nos processos
inflamatórios
 É um som rude, grave, áspero, assemelhando ao ronco ou
estertor grosso. Intensifica-se ao pressionar o estetoscópio contra
a parede torácica
 Não se modifica com a tosse (diferenciar do estertor grosso)
 Usado para confirmar frêmito pleural

b) Sopro Tubário
 Denominação utilizada para o achado de som idêntico ao
traqueal, ou ao brônquico, em local diferente do habitual (fora do
pescoço). Ocorre na condensação do parênquima pulmonar ao
redor de brônquio permeável  achado comum de pneumonia

c) Sopro Pleural
 Som semelhante ao sopro tubário, audível na região superior dos
derrames pleurais, na área de transição entre a coleção líquida e
o parênquima livre. Pouco comum

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Pneumonia: em branco
(exsudato). O liquido
em volta do brônquio
conduz o som com
mais intensidade
provocando um sopro
tubário. Se houver
liquido dentro do
brônquio não tem som.

Derrame pleural: sopro pleural mais


áspero semelhante ao som traqueal (raro).

Pneumonia  condensação  sopro tubário

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5) Ausculta da voz (sons vocais):


o Ausculta-se o paciente enquanto este pronuncia “trinta e três”;
o Em condições normais o parênquima pulmonar abafa o ruído da voz,
produzindo um som denominado ressonância vocal;
o Doenças que comprometem o parênquima pulmonar produzem sons
característicos que geralmente acompanham os sons anormais
auscultados durante a respiração (exceto as pneumonias que podem
aumentar a ressonância vocal).

a) Pectorilóquia ou Broncofonia
 Caracterizada pela intensificação do som da voz, que se torna
anasalada;
 Pode ser fônica (produzida pela voz normal) ou afônica
(produzida pelo cochicho);
 Sugere condensação parenquimatosa (pneumonia)

b) Egofonia ou Sopro Anfórico


 Sons semelhantes à pectorilóquia, audíveis no derrame pleural
(no limite superior) e no pneumotórax;
 A voz do paciente parece “voz de cabra”.

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