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Ausculta Pulmonar

Semiologia (Fundação Universidade Federal do Rio Grande)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade


Baixado por Raquel Rodrigues (rodriguesr5415@gmail.com)
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AULA 7.2: AUSCULTA PULMONAR (EF RESPIRATÓRIO II)


Semiologia – 1º Semestre, 1º Bimestre
1)Ausculta pulmonar

1.1) Considerações iniciais

A ausculta torácica é uma técnica diagnóstica muito antiga. Hipócrates já recomendava colocar
o ouvido em contato com a superfície do tórax de seus pacientes para a percepção dos sons
“provenientes do meio interno”. Lembrem que naquela época não existia estetoscópio,
usando- se a ausculta imediata.

Para realização da ausculta pulmonar o ambiente deve estar silencioso e o paciente sentado
com o tórax exposto ou descoberto. No inverno isso não é tão fácil, mas essa é a forma ideal.
Irá se falar para o paciente “Respire mais profundamente pela boca e com os lábios
entreabertos, sem fazer ruídos”

1.2) Tipos de ausculta

Ausculta Pulmonar Imediata: como se fazia antigamente, de modo a colocar o ouvido


diretamente no tórax do paciente

Ausculta Pulmonar Mediata: técnicas utilizadas atualmente, as quais contam com um aparelho
para mediar esse contato, no caso o estetoscópio.

1.3) Definição

Ausculta pulmonar: ato ou efeito de auscultar com o paciente sentado e com tórax descoberto
respirando de boca entreaberta. Do latim auscultare, o verbo auscultar é utilizado no contexto
médico para se referir à ação de ouvir os sons produzidos no interior do corpo humano com a
finalidade de chegar a algum diagnóstico.

Ausculta pulmonar é o recurso semiológico destinado a detectar os sons normais e patológicos


produzidos nos pulmões e nas vias aéreas.

É entendida como um método de avaliação clínica, que consiste em escutar os sons produzidos
pelo aparelho respiratório intra e extratorácico, no sentido de valorizar e diferenciar os ruídos
respiratórios normais dos anormais. Cada um tem sua interpretação específica.

Vale destacar que:

 Sobressai como a etapa de maior rendimento do exame físico respiratório;

 Manobra semiológica funcional que utiliza o sentido da audição;

 Todas as regiões torácicas devem ser sistematicamente examinadas;

 Permite obter rapidamente e de forma pouco dispendiosa valiosa informação sobre


diferentes patologias bronco pulmonares.

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Obs.: A semiologia respiratória é muito rica, os exames complementares/para clínicos são o


raio-x e a espirometria, em casos mais sérios pede-se uma tomografia, ou seja, a clínica e o
exame físico são soberanos.

Obs.2: Na ausculta pulmonar é importante ter em mente sistemática e finalidade.

-Sistemática: anterior, posterior e axilar

-Finalidade: perceber os ruídos normais e patológicos que são gerados durante a respiração em
um intento deliberado de deduzir o estado funcional e/ou estrutural do pulmão, seja este
normal ou patológico.

1.4) Achados possíveis

Classificação

 Ruídos ou Sons Normais

 Ruídos ou Sons aumentados ou diminuídos

 Ruídos ou Sons Adventícios ou Anormais: sons pleuropulmonares

 Ressonância da voz ou Sons Vocais

2) Revisão da Física: Som

SOM: É a vibração mecânica de um meio elástico gasoso, líquido ou sólido, através do qual a
energia proveniente de uma fonte é transmitida por ondas sonoras sucessivas; Vibrações
audíveis criadas por regiões alternadas de compressão e rarefação de ar.

Características do som: altura, duração, intensidade, timbre ou qualidade

Altura: depende da freqüência (nº de ciclos ou vibrações por segundo ou hertz-Hz) Elevada
freqüência = Som agudo, já uma Baixa freqüência = Som grave

Intensidade: depende de amplitude das vibrações (onda sonora), fonte produtora, distância a
percorrer desde essa fonte, meio no qual as vibrações passam, segundo estes fatores se
percebe como Som forte ou fraco, Mede-se em decibel (dB)

Quanto mais alto é o som, mais intenso ele é caracterizado. Relaciona-se com a amplitude da
onda sonora, a qual é dependente da fonte de origem dessas ondas.

Duração: som breve ou longo

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Timbre ou qualidade: diferença que pode ser percebida entre duas notas da mesma
intensidade e altura. Varia segundo a natureza do corpo em vibração (Som vesicular=apagado e
Som brônquico=claro).

Professor fala sobre a história de como começou a se auscultar e sobre o programa de


auscultação da Unesp.

3) Sons normais

Os Sons normais da respiração são o bronquial (ou traqueal) - mais grave - e o vesicular (ou
murmúrio vesicular) - mais apagado

Detalhando...

3.1) Som Bronquial

 Caráter de sopro

 Bem audível e rude na zona de projeção da traquéia ou laringe

 Agudo

 Igual na I e na E com curta pausa no meio

 Som de ar num tubo oco (“como respirar com um snorkel”)

 Coloca-se estetoscópio na traquéia e pede-se para o paciente respirar com a boca


aberta

3.2) Som Bronco- vesicular

 Na zona de projeção das VA grossas (S/Clavicular, I/Cl e Escapular/sup)

 Quase igual na I e E, sem pausa

 Menor rude que o som bronquial e mais forte que o vesicular

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3.3) Som Vesicular

 Som suave
 Grave
 Sussurro do vento
 Relação 3/1 ou 2/1 I e E, sem pausa
 Audível no restante do tórax com variações regionais
 Mais auscultado

Obs.: Dinâmica dos fluídos -O local exato da origem dos sons ainda é incerto, porém, a fonte
de todos os sons respiratórios normais é a turbulência gerada pelo fluxo do ar nas vias aéreas,
transmitida através do parênquima e da parede torácica. Ou seja, que estão relacionados com
o padrão do fluxo do ar nas vias aéreas. Para ocorrer som, tem que ter uma viração, por isso
associar quais as partes das vias aéreas são capazes de realizar essa vibração. Se relaciona com
o padrão de fluxo das vias aéreas

Brônquios pequenos possuem fluxo laminar, o qual não produz vibrações e,


consequentemente, sons. Já nas grandes vias aéreas, existe um fluxo turbulento, os quais ao
passar por orifícios tornam-se laminares e depois ocorre a formação de um novo fluxo
turbulento, após o “redemoinhos”

Nas primeiras gerações bronquiais o fluxo é rápido e turbulento ou desordenado com colisão
de bolsões de ar. Nos brônquios periféricos o fluxo é lento e laminar (silencioso). Na zona
intermédia o fluxo é interrompido por vórtices ou redemoinhos

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Os sons respiratórios provavelmente só possam originar-se nas vias aéreas aonde a condição
do fluxo é apropriada para aparecimento de oscilações (vibrações) ou turbulência. Uma origem
adicional será o som produzido pelos redemoinhos da via aérea intermediária. Acredita-se que
o som bronquial seja proveniente de vias aéreas mais centrais que aquelas que dão origem ao
murmúrio vesicular.

4) ANORMALIDADE DOS SONS FISIOLÓGICOS

Todo deslocamento do Som Bronquial ou do Bronco-vesicular fora da área normal de


auscultação (ou seja, onde existia som vesicular ) demonstra anormalidade da transmissão do
som devida a regiões de consolidação parenquimatosa (substituição do ar por exsudato,
transudato ou células) cuja via aérea está permeável.

 Som Bronquial: na consolidação. Na pneumonia com consolidação vai ter o frêmito (?)
aumentado e o som brônquico brônquico vesicular e uma ( não ouvi)maciça.

 Som Bronquial: na cavidade + consolidação

 Som Bronco-vesicular: na consolidação parcial, não homogênea.

Também representa uma anormalidade a diminuição ou abolição do som ou murmúrio


vesicular

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 Abolição de Sons: na consolidação pulmonar a brônquio fechado - atelectasia

 Abolição de Sons: no derrame pleural

 Diminuição de Sons: no enfisema pulmonar, existe maior quantidade de ar e menos


de tecido, causando redução dos sons.

5)Sons Pleuropulmonares

Ruídos ou Sons Adventícios ou Anormais: o fluxo de ar pelo trato respiratório pode produzir,
em algumas situações, sons anormais, também chamados ruídos ou sons adventícios. Embora
os ruídos adventícios possam ser produzidos transitoriamente em pulmões de indivíduos
normais, eles revelam uma anormalidade de base quando estão presentes em respirações
sucessivas.

 Classificação dos ruídos adventícios

Sons descontínuos: explosivos, de curta duração, representados pelos Estertores ou


Crepitações, Finos ou Grossos e subdivididos segundo a ocorrência temporal no ciclo
respiratório (Tele, Meso ou Proto-Inspiratório ou Ins e Exp)

Sons contínuos: de caráter musical, som que dura 250 ms ou mais dentro do ciclo,
representados pelos Sibilos (mais agudos) e Roncos (mais graves) e o som da semi-obstrução
da laringe ou traquéia que é o Estridor ou Cornagem

5.1) Sons descontínuos: Estertores ou Crepitações

São ruídos adventícios descontínuos e explosivos, de curta duração (<20ms) e de frequência


alta (100-2000Hz). Podem ser ouvidos em qualquer fase do ciclo respiratório porém, os mais
comuns

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estão confinados à inspiração. Semelhantes a queima de sal grosso no fogo. Gerados pela
energia acústica das mini explosões do fluxo aéreo produzidas pela abertura súbita sequencial
das vias aéreas previamente colapsadas com rápida equalização da pressão. Colapsada se abre
e propriamente passa ar, causando então as crepitações.

Acontecem associados com processos que causam acúmulo de fluidos no espaço alveolar ou
intersticial. Equalização explosiva das pressões gasosas entre dois compartimentos
pulmonares, quando uma seção fechada das vias aéreas, os separando, subitamente se abre (*).
Podem também originar-se nas vibrações do ar ao cruzar com secreções (estes podem
desaparecer com a tosse). Isso é comum das vias aéreas grossas (?)

Equalização explosiva das pressões gasosas entre dois compartimentos pulmonares, quando
uma seção fechada das vias aéreas, os separando, subitamente se abre. Em condições
patológicas em que a complacência pulmonar está diminuída, o que facilita o fechamento das
pequenas vias aéreas na expiração (fibrose intersticial, edema e consolidação pulmonar

 Crepitação teleinspiratória (vias aéreas colapsadas mais distais)

 Crepitação mesoinspiratória (vias aéreas colapsadas intermédias)

Classificação depende do local de colapso e comprometimento.

5.2) Sons Contínuos

São Sons Adventícios Contínuos e de duração 250ms (ATS) o que lhe confere o caráter
musical. Que podem ser ouvidos durante a inspiração e expiração, ou só durante a expiração
Os sons adventícios contínuos são os Roncos (< freqüência – 200 Hz) e os Sibilos (> freqüência –
400Hz). Originados pelas rápidas vibrações produzidas pela passagem do fluxo aéreo em ótima
ou alta velocidade através de brônquios de mais de 2 mm e com calibre estreitado, com suas
paredes quase ao ponto de fechar-se (“palheta de instrumento musical”).

Essa passagem de ar tem efeito de sucção sobre as paredes das vias aéreas, que são puxadas
para dentro e começam a vibrar. A vibração emite um som cujas características dependem: 1.
das características da parede do brônquio; 2. do grau de estreitamento e 3. da velocidade do
fluxo de gás.

Para um mesmo fluxo, quanto maior a obstrução, mais agudo é o sibilo.

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O timbre (mais agudo ou grave) não está relacionado com o local anatômico da obstrução (via
aérea mais proximal ou mais distal), mas com o grau de estreitamento das vias aéreas em
relação à velocidade do fluxo por elas.

A redução da luz brônquica pode dever-se a:

 Broncoconstrição: contração da musculatura lisa da via aérea;

 Edema da mucosa das vias aéreas;

 Hipersecreção brônquica;

 Por compressão dinâmica das vias aéreas, observada durante a manobra de


expiração forçada;

Quando localizados, freqüentemente resultam de:

1. obstruções mecânicas por tumor endobrônquico

2. intraluminais por corpo estranho

3. por compressão extrínseca das vias aéreas

 Em adultos, as principais condições clínicas que cursam com sibilos são a Asma
e a DPOC.

Sibilos e Roncos:

Vibrações da parede bronquial trazida ao ponto de oclusão e impulsionada por um fluxo de ar


sob velocidade crítica.

Estridor: ruído adventício contínuo, de tom musical, mais intenso na inspiração, melhor audível
no pescoço do que no tórax. Ocorre nas obstruções parciais, porém extensas, da laringe ou
traquéia.

Atrito Pleural : fricção entre os dois folhetos pleurais, durante o movimento respiratório, pode
causar ruído adventício, quando estes se tornam inflamados. Este som é audível durante a
inspiração e/ou expiração e pode intensificar-se com o aumento da pressão do estetoscópio
sobre a parede torácica. Sua gênese sonora não é bem determinada.

TABELA DOS SLIDES: PRÓXIMA PÁGINA

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Auscultação da voz

Procedimento que consiste em auscultar o tórax do paciente enquanto ele repete as palavras
“trinta e três” em voz alta;

A intensidade do som transmitido à parede torácica tem a mesma distribuição que descrita
para o frêmito tóracovocal.

Ressonância Vocal pode ser normal, diminuída ou aumentada.

No caso da ressonância vocal diminuída ouve-se com nitidez a voz falada.


derrames pleurais e condensação pulmonar.
Já a ressonância vocal diminuída se relaciona com vários fatores:

 Broncofonia: ausculta-se a voz sem nitidez


 Pectoriloquia

Fônica: ouve-se com nitidez a voz falada.

Áfona ou Afônica: ouve-se com nitidez a voz cochichada

Egofonia: broncofonia de qualidade nasalada e metálica. Parte superior dos derrames pleurais
e condensação pulmonar.

Independentemente da Terminologia adotada a auscultação torácica deve ser um intento


deliberado de deduzir o estado funcional ou patológico do pulmão; A habilidade na análise
destes padrões acústicos melhorará o conhecimento dos distúrbios respiratórios na avaliação
clínica. Seu valor aumenta quando se correlaciona com a inspeção, palpação, percussão e ainda
mais com o estudo radiológico e a avaliação funcional respiratória.

Sons respiratórios

 Sons normais: resultantes da turbulência na VA proximal + redemoinhos


modificados durante a transmissão pelo pulmão e parede que devem atravessar

 Sons adventícios

• Sibilos: contínuos e musicais, ≥250 ms, produzidos pelo fluxo ao atravessar


zonas estreitadas até o ponto de oclusão.

• Estertores ou crepitações: descontínuos e explosivos, <20 ms, pela abertura


abrupta das VA fechadas com equalização explosiva das pressões.

• Atrito pleural: ruído rangente da fricção dos folhetos pleurais modificados


durante a respiração.

• Ressonância vocal: abordada logo acima, podendo ser normal, diminuída ou


aumentada

Informações extra aula interessantes: https://www.passeidireto.com/arquivo/976176/meu-


resumo-semiologia

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