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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO

Habilidades Médicas
Exame do Aparelho Respiratório
Introdução
Inclui os aspectos do exame físico geral pertinentes ao aparelho
respiratório, como alterações da coloração da pele e mucosas,
baqueteamento digital, formato do tórax, tipo de respiração,
ritmo e amplitude da respiração, tiragem e utilização de
musculatura acessória, expansibilidade, palpação, percussão e
ausculta do tórax.
A melhor posição para se avaliar o paciente é com este sentado,
visto que serão avaliadas suas regiões anterior e posterior.
Além disso, deve-se pedir que o paciente retire sua camiseta,
camisa ou qualquer tipo de tecido que dificulte o pleno acesso
do examinador ao tórax. Isso é importante, pois dados com
ausculta e percussão podem ser alterados caso o exame não
seja feito diretamente no tórax.
Além disso, deve-se aferir a frequência respiratória do paciente
antes mesmo de iniciar o exame (sem avisá-lo, para evitar
vieses), bem como avaliar se há esforço respiratório pelo uso
de musculatura acessória. Também pode-se observar ruídos
audíveis, como sibilos, para os quais não é necessário auscultar
o paciente para que a sua existência seja identificada.

Inspeção
Dividimos o tórax em linhas e regiões para o momento da
avaliação geral:

VERTICAIS:
- Linha hemiclavicular
- Linha medioesternal
- Linha esternal lateral
- Linha paraesternal
- Linha axilar anterior, posterior e média
- Linha vertebral INSPEÇÃO ESTÁTICA: O exame do tórax se inicia por meio da
- Linha escapular inspeção estática. Avalia-se a presença de cicatrizes, lesões,
abaulamentos, retrações e assimetrias. Também é avaliado o
HORIZONTAIS: tipo de tórax do paciente, processo esse eminentemente
- Linha clavicular observacional.
- Linha da 3ª artéria condroesternal
- Linha da 6ª artéria condroesternal
- Linha escapular superior
- Linha escapular inferior

A. Normal. B. Em tonel (enfisema). C. Tórax infundibuliforme (pectus excavatum). D.


Tórax cariniforme (pectus carinatum). E. Escoliose. F. Cifose. G. Gibosidade.
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INSPEÇÃO DINÂMICA: Uma vez realizada a inspeção estática,
parte-se para a inspeção dinâmica. Nela, avalia-se a ventilação
do paciente por meio do padrão respiratório, observando de
onde vem o esforço ventilatório (se torácico, abdominal ou
misto). O padrão predominante e considerado normal é o
torácico quando o paciente está de pé ou sentado, mas em
decúbito dorsal, tende a ser abdominal.
Verifica-se a musculatura utilizada para a respiração (ênfase
nos músculos esternocleidomastoideos e escalenos na
inspiração), dado que é importante averiguar o uso de
musculatura acessória, nos casos de esforço respiratório
(paciente dispneico).
 Avaliar simetria torácica
 Avaliar movimentos respiratórios
- Avaliar frequência respiratória (eupnéico 16-20 irpm,
taquipnéico, bradipneico).
- Avaliar tipos respiratórios, observando movimentos do tórax
e abdome. Predomínio da respiração torácica ou costal.
- Avaliar Ritmo respiratório: inspiração e expiração. Palpação
Inicialmente verifica-se também se há alguma região com
RITMO RESPIRATÓRIO hipersensibilidade, se baseando nas queixas do paciente
O normal é que haja uma proporção de tempos bem referentes à dor em alguma região, bem como em achados
semelhantes entre a expiração e a inspiração, com uma leve durante a inspeção. Para isso, palpa-se com a mão espalmada e
pausa entre elas em um indivíduo saudável e calmo. com leveza, tentando delimitar a área, buscando por elevações
Normalmente a frequência respiratória normal é de 12 a 20 ou depressões.
mrm (movimentos respiratórios por minuto).
1) Expansibilidade torácica em ápices e bases
• Bradipneia: respiração mais profunda e com pausas maiores. pulmonares.
• Taquipneia: respiração rápida e superficial. É avaliada por meio da amplitude e principalmente da simetria
• Respiração suspirosa: mantém as características da da expansão. Envolva posteriormente as bases pulmonares
respiração normal, com alguns momentos de respiração mais com as mãos conforme a figura abaixo. Solicite que o paciente
profunda. faça uma inspiração profunda e avalie se há assimetria na
• Respiração obstrutiva: expiração prolongada. expansibilidade, que se tornará perceptível pelas pregas das
mãos. É importante que não se coloque força contra a expansão,
Ritmos respiratórios anormais devendo apenas formar pregas frouxas e deixar que as mãos
1. Cheyne-stokes: fase de apnéia seguida de inspiração cada sigam os movimentos.
vez mais profunda até atingir o máximo, decrescendo até REGISTRO DO EXAME NORMAL: Expansibilidade
nova pausa; portanto, há um aumento gradativo da normal e simétrica.
profundidade até um certo limite, seguindo-se com um Para avaliar os ápices pulmonares, posicionam-se as mãos
período de apneia. espalmadas, envolvendo o trapézio e clavícula do paciente, com
os polegares se encontrando na linha vertebral. O
2. Kussmaul: inspiração ruidosa | apnéia em inspiração | distanciamento dos dedos será utilizado para avaliar a
expiração ruidosa | apnéia em expiração; ocorre uma expansão apical.
taquipneia profunda, sendo semelhante àquela após um
exercício físico. É comum como resposta a uma acidose
metabólica, dado que o corpo tende a equilibrar a acidose
com a eliminação de dióxido de carbono.

3. Biot: respiração com duas fases-apnéia | movimentos


inspiratórios e expiratórios descoordenados; não possui
padrão, uma vez que é característica de pacientes que
sofreram lesão no centro de respiração do bulbo, não
havendo um controle do ritmo respiratório.

4. Suspirosa: movimentos inspiratórios de amplitude


crescente, seguido de expiração breve e rápida.

5. Tiragem: retração dos espaços intercostais supra esternal,


supraclavicular. Esforço respiratório.
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2) Frêmito toracovocal (“33”): Vibrações das cordas vocais  Técnica: Dígito digital (falanges distais do dedo médio).
transmitidas à parede torácica. Percutir entre os espaços intercostais, comparando
Para avaliar o frêmito tóraco-vocal, o tórax é dividido em bilateralmente.
quatro regiões que devem ser comparadas simetricamente o
frêmito em cada uma. Em seguida, pede-se que o paciente fale
“trinta e três”, enquanto se pesquisa, com as mãos de forma
unilateral ou bilateral e simultânea, a percepção vibratória.
Procura-se fazer o contato somente com os dedos.
Pacientes que apresentam líquido no parênquima pulmonar se
apresentarão com o frêmito tóraco-vocal aumentado. Já
pacientes que possuem algo na pleura, como derrame pleural
ou pneumotórax, encontram-se com o frêmito reduzido ou
ausente.
REGISTRO DO EXAME NORMAL: FTV normal e
simétrico.

Anormalidades: Som claro pulmonar: Vibração do ar contido nos alvéolos


- Reduzido generalizado. pulmonares (som característico do pulmão).
- Reduzido localizado. Som submaciço: som menos intenso, mais agudo e menor
- Aumentado localizado. duração.
Som maciço: som menos intenso, mais agudo e menor
duração que o submaciço.
Som hipersonoro: mais intenso mais grave e mais duradouro
que o som claro pulmonar.

Ausculta
A ausculta constitui o método semiótico por excelência da
exploração clínica do tórax para o exame dos pulmões. Deve-se
percorrer todo o tórax anterior e posterior, sempre
comparando regiões homólogas. A princípio, deve-se saber os
tipos de sons que auscultamos, bem como as características de
cada um desses.
 Possibilita analisar o funcionamento pulmonar.
3) Crepitações: palpadas no enfisema subcutâneo.
 Realizar em ambiente silencioso, tórax despido,
respiração pausada e profunda.
Percussão  Auscultar: anterior, posterior, lateral, fossas
Prossegue-se o exame físico por meio da percussão do tórax, a supraclaviculares.
qual deve ser realizada com o paciente sentado e abraçando o
próprio corpo, a fim de afastar as escápulas e gerar um espaço SONS NORMAIS:
maior para a percussão. Por meio da percussão, gera-se uma  Traqueal: é auscultado sobre a traqueia. É semelhante ao
onda sonora através da qual é possível perceber a consistência som brônquico, mas com mais intensidade.
do conteúdo interno.  Brônquico: é auscultado sobre o manúbrio do esterno e
Para isso, apoia-se o segundo ou terceiro dedo da mão brônquios principais. Nele é ouvida mais a expiração do
esquerda na parede torácica, preferencialmente sobre os que a inspiração.
espaços intercostais, mantendo-se o dedo na posição horizontal.  Murmúrio Vesicular: audível sem ruídos adventícios,
A percussão é realizada com o terceiro dedo da mão direita, aumentado difusamente, diminuído localmente ou
que golpeia a falange distal do dedo esquerdo, apoiado na diminuído difusamente. É auscultado na periferia
parede. pulmonar. Nesse tipo de som, ouve-se mais a inspiração
A percussão deve ser realizada em um esquema de zigue-zague, do que a expiração.
conforme a imagem a seguir, a fim de propiciar a comparação  Broncovesicular: é auscultado na região esternal e
em alturas distintas no mesmo hemitórax, bem como em interescapular, sendo que nele os sons inspiratórios e
comparação ao hemitórax contralateral na mesma altura. expiratórios possuem a mesma duração.
Pulmões íntegros geram o som claro pulmonar; enquanto se
houver algum preenchimento, haverá algum nível de macicez. Solicitar ao paciente que respire lenta e profundamente, com a
No caso de o parênquima pulmonar estar comprometido, boca aberta. Iniciar o exame pelos ápices e ir deslocando o
haverá muito mais ar do que o normal, fazendo com que o som estetoscópio em direção às bases. Compara-se um lado com o
ecoe ainda mais alto, resultando em um som timpânico. outro, observando-se os sons pulmonares fisiológicos e a
REGISTRO DO EXAME NORMAL: Sons pulmonares presença de ruídos adventícios (extras, anormais). Observam-
normais e sem sinais de cardiomegalia.
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se também as fases de inspiração ou de expiração e se há  Aumentado: Broncofonia.
prolongamentos dela. Pectorilóquia afônica.
REGISTRO DO EXAME NORMAL: Murmúrio vesicular Egofonia.
fisiológico sem ruídos adventícios (ausência de
estertores, sibilos ou roncos).
Anamnese Respiratória
 Sinais e sintomas
Dor torácica.
Tosse: produtiva ou úmida, seca, bitonal, rouca, psicogênica.
Expectoração: volume, aspecto, odor.
Hemoptise.
Vômica.
Dispnéia.
Sibilância.
Rouquidão ou disfonia.
Cornagem.
Quando ouvir algo diferente no pulmão do paciente, é
importante pedir para ele tossir, uma vez que a expectoração  Hábitos de Vida x Queixas Respiratórias
pode alterar o que é auscultado no pulmão do paciente. Tabagismo.
Etilismo.
Os chamados sons adventícios são aqueles que não são Heroína.
encontrados comumente, não sendo característicos de
cavidades pleurais e/ou pulmões saudáveis. Podemos
classificar esses sons como descontínuos ou contínuos.

• SONS OU RUÍDOS ANORMAIS DESCONTÍNUOS:


Os chamados descontínuos consistem nos estertores, que são
decorrentes de anormalidades pulmonares como a fibrose, ou
das vias respiratórias, como a bronquite. Ocorrem tanto na
expiração como inspiração.
a) Estertores finos (creptosos) - indicam conteúdo dentro do
alvéolo e doenças intersticiais no alvéolo.
b) Estertores grosseiros (bolhosos) - indica presença de
conteúdo líquido ou inflamatório nas vias aéreas.

• SONS OU RUÍDOS ANORMAIS CONTÍNUOS:


Se caracterizam por permanecer por todo o ciclo respiratório,
mas sendo mais audíveis na expiração.
a) Roncos - sons graves e contínuos que sugerem secreção nas
vias aéreas;
b) Sibilos - são mais agudos e contínuos e decorrem do
estreitamento das vias respiratórias. É comum em pessoas com
asma e indicam estreitamento de vias aéreas pequenas.
c) Estridor
d) Atrito Pleural

AUSCULTA DA VOZ (SONS VOCAIS):


 Normal.
 Diminuído.

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