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2009
Artigo Original
Resumo: O objetivo desse estudo foi verificar a aderência de participantes em um programa de atividade
física e se existe associação da Idade, Índice de Massa Corporal e Índice de Aptidão Funcional com essa
aderência. Utilizou-se controle de freqüência por 62 meses e dados das avaliações antropométrica e
funcional de 122 participantes (58 + 9 anos). Desses 49,2% desistiram e 50,8% aderiram ao programa. A
média de tempo de permanência foi 24 + 17 meses. A porcentagem da aderência de pessoas com aptidão
satisfatória é maior do que não satisfatória. A porcentagem de aderência das pessoas mais velhas é maior
do que com idades inferiores. A porcentagem de aderência de não obesos é maior que de obesos.
Entretanto, nenhuma dessas variáveis apresentou diferença estatisticamente significativa. Conclui-se que
embora tenha existido aderência com valores próximos tanto para permanência quanto desistência, o
tempo de permanência no programa foi alto quando comparado a outros estudos
Palavras-chave: Aderência. Atividade física. Análise sobrevida.
aumentar a adoção e manutenção da prática de eficácia é o julgamento que uma pessoa faz de
AF pela população. sua capacidade para organizar e executar ações
Embora na atualidade exista grande apelo para alcançar determinado comportamento.
sobre os benefícios da prática de AF regular para
saúde, aparentemente tal informação não é
Determinantes da Aderência à Atividade
capaz de assegurar que as pessoas vão aderir a
Física
Os determinantes de aderência à AF são
este hábito.
fatores que influenciam o comportamento do
Por esses motivos, é de extrema importância
praticante em atividade física. Os determinantes
ter conhecimento da aderência dos participantes
estudados podem ou não ser baseados nas
em programas de AF supervisionada e de alguns
teorias e modelos da AF, sendo possível elaborar
de seus determinantes, que nada mais são do
uma nova variável independente de acordo com o
que fatores que podem influenciar de forma
interesse do pesquisador resultando de mais de
positiva ou negativa a aderência.
uma teoria (ROJAS, 2003).
Existem diversas teorias que procuram
Vários estudos estão sendo realizados,
explicar as mudanças comportamentais em
principalmente nos EUA e Europa, na tentativa de
relação à AF. Elas são importantes para
identificar os principais determinantes para
direcionar diversos estágios de planejamento,
adoção e manutenção do estilo de vida
adoção e manutenção da AF e de programas de
fisicamente ativo (PITANGA, 2004).
exercícios.
Sherwood e Jeffery (2000) classificaram os
Alguns modelos nas pesquisas e intervenções
determinantes associados com a AF em duas
na promoção de saúde são incorporados da
categorias: individual e ambiental. A categoria
Teoria Cognitiva Social, sendo categorizados
individual incluía motivação, auto-eficácia,
como modelos cognitivo-social, pois representam
histórico de AF, estágios de mudança, peso
um caminho para explicar diferenças individuais
corporal, fatores de risco, dieta, stress. Já a
na propensão de adotar um comportamento
categoria ambiental incluía suporte social, tempo,
social como o de se exercitar. Entre eles temos:
acesso ao local da prática, características do
Health-Belief Model (Modelo de crença na
exercício e danos causados pelo exercício.
saúde): Postula que a probabilidade de se adotar
Pitanga (2004) descreveu os determinantes da
um comportamento apropriado para a prevenção
AF em quatro categorias: variáveis demográficas
ou controle de algumas doenças depende da
(idade, sexo, nível socioeconômico, grau de
percepção de riscos para a saúde da pessoa, e
instrução); variáveis cognitivas (percepção de
de uma convicção que a ação recomendada de
barreiras, intenção para o exercício, distúrbios de
praticar exercícios físicos reduzirá tais riscos
humor, percepção sobre a saúde, auto-eficácia,
(DISHIMAN, 1994).
percepção do esforço); variáveis ambientais
Protection Motivation Theory (Teoria da
(clima, facilidade de acesso e locais apropriados);
Motivação e Proteção): Propõe que a intenção de
e suporte social (família e amigos).
proteger a si mesmo depende de quatro fatores:
Sallis e Owen (1999) apontaram como
1) A percepção da severidade de um evento de
possivelmente os determinantes mais fortemente
risco como, por exemplo, um ataque cardíaco; 2)
associados à AF os: fatores demográficos e
a percepção da probabilidade da ocorrência
biológicos, fatores psicossociais, cognitivos e
desse evento; 3) A eficácia de um
emocionais, atributos comportamentais e
comportamento preventivo recomendado; 4) A
habilidades, fatores sociais e culturais, fatores do
percepção da auto-eficácia ao experimentar essa
meio ambiente, e características da AF.
recomendação de comportamento preventivo
(DISHIMAN, 1994). Aderência aos programas de atividade
Self-Efficacy Theory (Teoria da Auto-Eficácia): física supervisionados
A tentativa para reforçar o comportamento de se No Brasil, estudos sobre aderência a
exercitar é influenciada por um autojulgamento programas supervisionados são recentes
em relação à expectativa de conseguir benefícios (ROJAS, 2003; PITANGA, 2004). Dados
provenientes da prática regular de exercícios e da reportados na literatura indicam que daqueles
percepção da pessoa de sua capacidade de indivíduos envolvidos em algum tipo de programa
exercitar-se regularmente (DISHIMAN, 1994). de AF supervisionado, 50 % abandonarão em um
Segundo Bandura (1986), a percepção da auto período de seis meses (ROBINSON e ROGERS,
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Aderência a um programa de atividade fisica
1994), o que pode ser agravado com o aumento continuidade da prática quanto na desistência)
da idade, sendo ainda mais difícil a aderência de em programas de AF e promoção de saúde.
participantes adultos e idosos (DISHMAN, 1994). Desse modo, o objetivo desse estudo foi
Pitanga (2001) realizou um estudo para verificar a aderência e o tempo de permanência
verificar o tempo de permanência em programas dos participantes de um Programa de Atividade
de exercícios físicos em hipertensos de ambos os Física para Diabéticos, Hipertensos e Obesos.
sexos, (10 homens, idade = 41,5 + 6 anos, peso Além disso, procuramos verificar se existe
= 72,6 + 12 kg; e estatura =172,9 + 5 cm) e (16 associação entre os seguintes determinantes de
mulheres, idade = 40,6 + 5 anos, peso = 57,6 + 6 aderência à atividade física: Idade, Índice de
Kg e estatura = 163,8 + 6 cm), encontrou o tempo Massa Corporal (IMC) e Índice de Aptidão
médio de 198,5 dias (6,6 meses) de permanência Funcional Geral (IAFG).
desses indivíduos. Desses participantes 17
abandonaram o programa e 9 permaneceram até
Métodos
ao final do estudo. Nesta pesquisa as variáveis Participantes
sexo, idade e AF prévia não influenciaram neste Participaram deste estudo 122 usuários (11
tempo e não foram identificadas como potenciais homens e 111 mulheres) com idade de 58 + 9
determinantes da desistência do programa de anos, peso 71,6 + 13,2 Kg, estatura 1,53 + 0,07
exercícios físicos. Enquanto a variável distância m e IMC de 30,2 + 5,21 Kg/m2 que freqüentaram
(ou seja, morar próximo ao local de treinamento) o programa de intervenção denominado
foi forte determinante da aderência ao programa Programa de Atividade Física para Diabéticos,
de exercícios em indivíduos hipertensos. Hipertensos e Obesos, no período de outubro de
Rojas (2003) estudou aderência a programas 2001 a dezembro de 2006, totalizando 62 meses,
de exercício físico em academias de ginástica e na Unidade Básica de Saúde (UBS)/Vila Cristina
63,8% das pessoas que participaram deste que realizaram as avaliações antropométricas e
estudo desistiram com uma média de 11,8 funcionais.
semanas, sendo que desses, 49% saíram antes
Características do programa de
de completar três meses. A maior proporção foi
intervenção
de mulheres que desistiram entre 1o e 3o mês. Em parceria com a UNESP, a Fundação
Darido et al. (1997), com o objetivo de levantar Municipal de Saúde do município de Rio Claro-
informações a respeito dos motivos que SP-BR, oferece atualmente um programa de
conduzem o público da terceira idade a procurar intervenção com a prática de AF orientada a
programas de AF e, conhecer as razões pelas usuários de três Unidades Básicas de Saúde do
quais os indivíduos desistem de um programa de município aproximadamente 5,5 anos.
AF na terceira idade, entrevistaram 68
participantes (58 + 8 anos) de um grupo de AF Planejamento das atividades
terceira idade e 22 idosos que haviam desistido As atividades foram planejadas para serem
do programa. Os resultados em relação aos realizadas duas vezes por semana de acordo
níveis de aderência mostram que 38% desistiram com alguns princípios de periodização do
do programa, os principais motivos pela treinamento físico. Cada sessão compreendeu 60
desistência foram problemas de saúde, minutos de atividades cardiorespiratórias
acidentes, auxílio a familiares, mudança ou (caminhadas e atividades lúdicas) e exercícios
aquisição de empregos, distância da residência neuromotores (força, agilidade, equilíbrio,
até o local da prática, horários das atividades. Em flexibilidade e coordenação).
relação aos motivos que levam os participantes a Os exercícios físicos foram organizados em
se engajarem em programas de AF, foram ciclos de quatro semanas, onde o volume das
apontados fatores de integração social, melhora cargas neuromotoras foi decrescente do início
na saúde, possibilidade de se tornarem mais para o final do mês (25 para 15 minutos)
ativos e de melhorarem a aptidão física e a enquanto o volume das atividades
depressão. cardiorespiratórias seguiu o sentido inverso (20
Diante disso, é sabido que muitos para 30 minutos). Essa ordem podia ser alterada
pesquisadores se interessam em entender o de acordo com o objetivo da programação
comportamento do praticante em AF (tanto na mensal.
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Cada sessão foi dividida em fase inicial, cuja classificação foi Muito Fraco, Fraco, Regular,
principal, e final. Na fase inicial foram realizados Bom e Muito Bom. Dessa forma, foi possível
exercícios de alongamentos leves. A fase verificar qual nível de aptidão funcional dos
principal foi destinada para realização das participantes.
atividades cardiorepiratórias e/ou neuromotoras, Essa mesma classificação foi utilizada nesse
e por sua vez, na fase final foram desenvolvidas estudo, pois não existe outra escala para
atividades de volta à calma. interpretação dos resultados da bateria de testes
O programa era interrompido duas vezes ao da AAHPERD, que se aproxime tanto das
ano nos períodos de 01 a 15 de julho e 20 de características dos participantes e do próprio
dezembro a 15 janeiro. Durante o recesso, os programa quanto esta proposta por Zago (2003).
pacientes recebiam orientações por escrito para
realizarem atividades físicas de acordo com o
Aderência
Para fins de levantamento de aderência, foram
planejamento do programa.
analisados os registros de freqüência nas
Controle de freqüência nas sessões sessões de AF dos participantes deste programa
No início de cada sessão era feito o controle de intervenção que foram acompanhados durante
de freqüência através de uma lista de chamada um período de 62 meses (outubro de 2001 a
com os nomes dos participantes e os dias das dezembro de 2006), o que possibilitou verificar o
sessões. tempo que permaneceram no programa.
Foi considerado desistente aquele indivíduo
Avaliações que faltou um ou mais meses de atividade, sem
Todos os pacientes que se engajavam no
retorno posterior a esse período. Em caso de
programa eram submetidos a uma avaliação para
retorno o período das faltas não era computado
obtenção de medidas antropométricas,
no tempo de sobrevida (permanência no
bioquímicas e funcionais, três vezes ao ano.
programa), entretanto continuava a contagem dos
Avaliação antropométrica e IMC meses a partir da data do retorno. Essa estratégia
A massa corporal foi verificada mediante a foi adotada por consideramos que as faltas
utilização de uma balança antropométrica com podem não decorrer da desistência do programa,
precisão de 100g. A estatura foi obtida por meio mas sim de alguma dificuldade transitória, tais
de um estadiômetro de madeira com escala de como doença ou problemas familiares que o
0,1cm. A partir das medidas de massa corporal e impediria de freqüentar as sessões naquele
estatura calculou-se o índice de massa corporal período.
(IMC) em Kg/m2. A classificação do IMC adotada
foi: peso normal (18,5 a 24,9), sobrepeso (25 a Análise Estatística
No presente estudo foi utilizada a análise de
29,9) e obesidade (> 30).
sobrevida. A análise de sobrevida é uma técnica
Avaliação funcional geral e IAFG que permite estimar o tempo até a ocorrência de
Para avaliar o nível de aptidão física das determinado evento sob estudo, em função de
participantes foi utilizada a bateria de teste da possíveis variáveis explicativas (KLEINBAUM,
American Alliance for Health, Physical Education, 1995). Nessa análise são considerados três tipos
Recreation and Dance (AAHPERD) formada por de variáveis: variável resposta é sempre o tempo
cinco testes (agilidade, coordenação, até a ocorrência do evento; variáveis de
flexibilidade, força e resistência aeróbia) que sobrevida são identificadas como censura
foram desenvolvidos a fim de medir o nível de (indivíduo permaneceu livre do evento sob estudo
aptidão funcional de idosos (OSNESS, 1990). até o final do acompanhamento) e falha (individuo
foi acometido do evento estudado); e variáveis de
Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG)
Em um estudo realizado com mulheres ativas exposição que são os possíveis determinantes da
de 50 a 70 anos, Zago (2003) para padronizar atividade física ou do sedentarismo (PITANGA,
valores referentes à bateria de testes da 2001).
AAHPERD, utilizaram o cálculo de percentis para Tradicionalmente esta técnica é utilizada em
cada um dos testes motores e obteve um escore estudos de oncologia, no entanto, pode ser
percentil de acordo com os resultados destes amplamente utilizada e aplicada a outros grupos
testes. A soma dos cinco testes motores de patologia como doenças cardiovasculares,
representou o Índice de Aptidão Funcional Geral, diabetes e a outras áreas, como por exemplo, em
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Aderência a um programa de atividade fisica
Tabela 1. Total de desistências e permanência dos participantes no programa de atividade físicos para diabéticos,
hipertensos e obesos.
N° de Falhas (desistências do Censura (permanência no
Nº Total de Participantes programa) programa)
Nº. Porcentagem
122 60 62 50,8%
A média de tempo de permanência de todo o grupo foi de 24 meses com desvio padrão de 17 meses, e
a mediana foi 34 meses com uma estimativa de 50% de chance de cada indivíduo atingir esse tempo (figura
1).
1,2
1,1
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
Mediana = 34 meses
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo de Permanência no Programa em meses
Figura 1. Curva de desistência com base no tempo de permanência no programa. As marcas em vermelho
correspondem às pessoas que continuaram no programa até o final do período de observação, as marcas em azul
correspondem às pessoas que desistiram do programa.
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0
1 3 4 5 6 7 9 10 12 13 14 15 17 20 22 23 25 28 30 31 34 35 38 43 44 45 46 48 54 58
Tabela 2. Total de desistências e permanências no programa considerando o IAFG dicotomizado em aptidão física
satisfatória e não satisfatória
Determinantes
- Índice de Aptidão Funcional Geral
Em relação ao IAFG, em um total de 73 pessoas observadas, 29 apresentaram uma aptidão física
satisfatória e 44 uma aptidão não satisfatória. Daquelas que tinham uma aptidão física satisfatória, 15 delas
(51,7%) estavam presentes até o final do acompanhamento, e 14 desistiram do programa. Já as pessoas
que tinham uma aptidão física não satisfatória 20 (45,5%) permaneceram até o final do acompanhamento e
24 desistiram do programa. Quando comparada a porcentagem de permanência (aderência) de ambos os
grupos, a porcentagem de pessoas com uma aptidão satisfatória (51,7%) é maior do que a de pessoas com
uma aptidão não satisfatória 45,5%. O número de desistências é maior no grupo que apresentou uma
aptidão física não satisfatória (tabela 2). Na análise das curvas que considera o determinante (IAFG) e a
falha (desistência) não houve diferença estatística, com log rank de p = 0,754 (figura 3).
1,0 IAFG
IAFG satisfatório
IAFG não satisfatório
IAFG satisfatório -
censurado
0,8
IAFG não satisfatório -
censurado
0,6
0,4
0,2
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70
30
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Aderência a um programa de atividade fisica
Tabela 3. Total de desistências e permanências no programa considerando a idade dicotomizada em maior que 60 e
menor que 60 anos.
1,0 IDADE
I < 60 anos
I > 60 anos
I < 60 anos -
censurado
0,8
I > 60 anos -
censurado
0,6
0,4
0,2
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70
1,0 IMC
Não Obesos
Obesos
Não Obesos -
censurado
0,8
Obesos - censurado
0,6
0,4
0,2
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70
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Aderência a um programa de atividade fisica
modelo de crença na saúde (DISHIMAN, 1994), existe uma forte correlação entre peso corporal e
já que parte da população do programa tem AF, um dos motivos que levam as pessoas se
orientações e recomendações do próprio médico exercitarem é a possibilidade de perda e controle
da Unida Básica de Saúde, e recebem reforço de de peso (SHERWOOD E JEFFERY, 2000). Um
tais informações dos profissionais de educação fator que pode tentar explicar tal achado pode
física do programa. Além disso, principalmente estar relacionado com a auto-eficácia
quando percebem que os resultados de suas (DISHIMAN, 1994; BANDURA, 1986), a pessoa
avaliações bioquímicas melhoraram como, por pode se julgar incapaz de emagrecer não
exemplo, uma redução do colesterol LDL e do conseguindo perceber benefícios da AF e acaba
triglicérides, haveria também uma relação com a desistindo do programa ou ainda se sentir
teoria da auto-eficácia (DISHIMAN, 1994; desconfortável para realizar os exercícios devido
BANDURA, 1986) . ao excesso de peso. Vale lembrar que para perda
de peso ou controle de peso deve-se também
Em relação aos determinantes estudados:
considerar uma dieta apropriada e o gasto
idade, IMC que considera o peso corporal e
energético com AF, para que aja um desequilíbrio
altura, e o IAFG inicial que retrata os níveis de
ou equilíbrio no balanço energético (DAMASO,
aptidão física podendo estar associado aos
2001). Além disso, sabe-se que indivíduos
hábitos, vivências anteriores de AF e também a
obesos têm mais dificuldades para realizar
genética, podemos agrupá-los na categoria de
atividade física, pois podem apresentar menos
determinantes pessoais, individuais,
flexibilidade, agilidade e outras capacidades
demográficos, ou biológicos (ROJAS, 2003;
prejudicadas pelo excesso de peso, quanto mais
SHERWOOD E JEFFERY, 2000; PITANGA,
alto o IMC mais baixo é o desempenho em testes
2004; SALLIS E OWEN, 1999).
de aptidão funcional, como demonstrado por
Os resultados da análise considerando a Mazo et.al (2006).
idade mostraram que quando comparado à
Os resultados da análise considerando o IAFG
porcentagem de aderência (permanência no
mostraram que quando comparado à
programa) de pessoas com idade inferior a 60
porcentagem de aderência (permanência no
anos com pessoas de idade superior a 60 anos, a
programa) de pessoas com aptidão física
porcentagem do grupo com idade > 60 anos
satisfatória com a de pessoas com aptidão física
(54,3%) é maior do que a do grupo com idade <
não satisfatória, foi encontrado que a
60 (50,8%). Embora não exista diferença
porcentagem do grupo com uma aptidão
estatística o achado é contrário ao estudo de
satisfatória (51,7%) é maior do que a do grupo
Dishiman (1994) que afirma que é mais difícil a
com aptidão não satisfatória (45,5%). O número
aderência de participantes idosos. Um fator que
de desistências é maior no grupo que apresentou
pode explicar a maior aderência de participantes
uma aptidão física não satisfatória. Entretanto,
mais velhos do que mais jovens é a característica
não houve diferença significativa que
da AF. Os profissionais do programa se
comprovasse a influência de tal determinante. É
preocupam em trabalhar com atividades físicas
sabido que pessoas que têm uma vida mais ativa
menos complexas que envolvam tanto aspectos
na infância e adolescência, com experiências
físicos quanto cognitivos, sociais e afetivos, com
positivas associadas à prática de AF têm chances
intensidades de leve a moderada, respeitando o
maiores para a adoção de um estilo de vida ativo
limite do aluno além de incentivá-lo. Algumas
(GUEDES e GUEDES, 1997). Talvez o IAFG
destas características se assemelham aquelas
possa estar relacionado com um passado de vida
propostas no estudo de Rojas (2003).
ativa, porém para comprovar tal fato seria
Os resultados da análise considerando o IMC necessário a aplicação de um questionário que
mostraram que quando comparado a correlacionasse as experiências de atividade
porcentagem de aderência (permanência no física com os resultados do IAFG inicial.
programa) de pessoas não obesas com obesas,
Outras possíveis explicações para os níveis
a porcentagem do grupo não obeso (59,5%) é
de aderência, no caso das desistências, é que
maior do que a do grupo obeso (39,5%). Dessa
alguns participantes embora tenham abandonado
forma, o número de desistências é maior no
o programa, é do conhecimento dos instrutores
grupo obeso, entretanto não foi encontrada
que muitos se engajaram em outros programas
diferença estatística significativa. É sabido que
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