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Paloma Faria
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual Técnico para
o Diagnóstico da Infecção pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde. 2013.
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Doenças infecciosas podem determinar arritmias cardíacas, que são produzidas por
anormalidades na geração ou na condução do impulso elétrico através do miocárdio. A
arritmia pode ser supraventricular, quando se origina acima da junção do nó AV e do
feixe de His, ou ventricular quando se origina abaixo da bifurcação do feixe de His.
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ATIVIDADE ELÉTRICA NORMAL
O estímulo elétrico origina-se no nó sinusal, despolarizando os átrios direito e
esquerdo (onda P). Em seguida, o impulso estimula o nó atrioventricular, e então,
ocorre uma pausa isoelétrica (segmento PR). A seguir, despolariza-se o feixe de His
(primeiro ramo direito e depois ramo esquerdo – divisões anterossuperior e
posteroinferior). Logo após, progride para a fina rede de Purkinje, despolarizando os
ventrículos (complexo QRS). Assim, toda massa miocárdica está ativada, não havendo
diferenças apreciáveis de potencial (segmento ST). A seguir, inicia-se a repolarização
ventricular (onda T).
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BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR (BAV)
Atraso ou impossibilidade de transmissão do estímulo elétrico originado nos átrios aos
ventrículos, podendo ser causado por alteração anatômica ou funcional no sistema de
condução, sendo transitório ou permanente. Assim, nessa situação, a geração do
estímulo do nó sinusal está preservada.
o 1° grau: Ocorre atraso na condução do estímulo do átrio para ventrículo, o qual é
visto com aumento fixo da duração do intervalo PR (> 0,2 s). Não há onda P
bloqueada (relação AV 1:1).
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o 2° grau: Alguns estímulos sinusais ou atriais não são conduzidos aos ventrículos.
Uma ou mais ondas P estão totalmente bloqueadas (não há despolarização
ventricular).
Mobitz tipo I (Wenckebach): Aumento progressivo do intervalo PR, porém com
incrementos cada vez menores, até que uma onda P é bloqueada (onda P não é
seguida de complexo QRS). Depois do bloqueio o nó AV recupera sua atividade.
Mobitz tipo II: O intervalo PR é constante (normal ou prolongado), até que em dado
momento ocorre uma onda P bloqueada. A relação AV durante o bloqueio pode ser de
qualquer tipo, mas o mais comum é 3:2 (3 ondas P para 2 complexos QRS).
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BLOQUEIOS DE RAMO
Ocorre quando a sequência normal de ativação no sistema His-Purkinje é
interrompida. Como consequência, tem-se o atraso na despolarização do ventrículo,
alterando o complexo QRS.
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EXTRASSÍSTOLE VENTRICULAR
Extrassístoles podem ocorrer por aumento do automatismo de determinado grupo de
células que conseguem atingir o limiar de excitabilidade precocemente em relação às
células do marcapasso habitual. Na extrassístole ventricular, o estímulo ectópico tem
origem abaixo da divisão do feixe de His. Características: Complexo QRS não
precedido por onda P, alargado (> 120 ms), precoce e de morfologia bizarra;
segmento ST e onda T com sentido oposto ao do complexo QRS.
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SÍNDROME DO QT LONGO ADQUIRIDO
A Síndrome do QT longo pode ter origem genética ou adquirida. Na forma adquirida
destacam-se: ICC, IAM, hipocalcemia e administração de drogas (ex. glucantime). O
principal problema é que esse prolongamento pode levar à taquicardia ventricular.
Intervalo QT: É medido do início do complexo QRS ao final da onda T, representa a
duração total da atividade elétrica ventricular e varia com a frequência cardíaca.
Cálculo do QT corrigido (QTc): Significa corrigir o QT pela frequência cardíaca, já que
a sístole elétrica aumenta com a diminuição da frequência cardíaca. Deve-se
considerar a derivação onde o QT apresenta o maior valor. O valor normal do QTc é
≤440 ms. A fórmula de Bazett é a mais empregada:
Exemplo de cálculo:
QTc: intervalo QT corrigido pela FC QTc= (10x0,04) / (21x0,04)
QT: intervalo QT medido em segundos QTc= 0,40 / 0,84
RR: intervalo RR medido em segundos QTc= 0,430 seg
Referências:
BRAUNWALD, E. et al. Medicina Interna de Harrison.18ª ed.
GOLDMAN, L. Goldman Cecil Medicina Interna. 24ª ed.
MOFFA, P.J.; SANCHES, P.C.R. Tranchesi: Eletrocardiograma normal e
patológico. 7a ed., São Paulo: Roca, 2001.
CARVALHO, A.C. et al. Eletrocardiografia com exercícios comentados. Guias de
Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP-EPM. 2012.
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Radiografia de tórax
Incidências
PA: Póstero-anterior. Evita magnificação do coração
e possibilita o posicionamento dos ombros. Técnica:
ortostatismo, inspiração profunda e apnéia. Pontos de
referência: traqueia, ápices, carina, base,
hemidiafragma direito e esquerdo, seios costofrênicos,
hilos pulmonares.
Perfil: Lateral-esquerdo. Sempre solicitada com a PA.
Auxilia bastante na localização e caracterização de
lesões. Rotineiramente realiza-se o perfil esquerdo.
Pontos de referência: ápice, lobo superior, hilo, fissura
oblíqua, lobo inferior, base, hemidiafragma direito e
esquerdo, seio costofrênico.
Alterações radiológicas
1. Pneumonia
Doença inflamatória de causa infecciosa que acomete o parênquima pulmonar.
Quadro clínico: tosse, expectoração, dispneia; acompanhados de febre ou
anormalidades no exame físico do tórax (roncos e estertores).
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Pneumonia típica
Agentes etiológicos: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella
catarrhalis.
Radiografia de tórax: Alterações alveolares (consolidado) - Acometimento inflamatório
dos alvéolos, com substituição do ar interalveolar por exsudato (radiopaco).
Consolidação alveolar, com ou sem derrame (velamento do seio costofrênico). O
acometimento geralmente é localizado, atingindo um segmento, lóbulo ou lobo.
Pneumonia atípica
Agentes etiológicos: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e Legionella
pneumoniae.
Radiografia de tórax: Alterações intersticiais (infiltrado) - Acometimento inflamatório
difuso do tecido conectivo pulmonar. Aumento da opacidade das regiões peri-hilares,
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que se irradia para a periferia pulmonar de forma difusa, levando a imprecisão dos
vasos, opacidades finas micronodulares ou lineares, sem provocar opacidades
homogêneas. O acometimento bilateral pode formar a chamada "asa de borboleta".
2. Tuberculose
Doença crônica granulomatosa necrosante causada pelo Mycobacterium tuberculosis.
Quadro clínico: tosse por mais de 3 semanas, febre, perda de peso, dispneia,
sudorese noturna.
Radiografia de tórax
Alterações da tuberculose primária: opacidades parenquimatosas, linfadenopatia
mediastinal, tuberculose miliar, derrame pleural.
Alterações da tuberculose secundária: cavidade única ou múltipla (padrão clássico),
infiltrados, consolidações, derrame pleural.
Referências:
1. PORTO E PORTO. Semiologia Médica. 7ᵃ ed., 2013. Cap. 40 – Exames
complementares do Sistema Respiratório, p. 346-353.
2. Protocolos das unidades de pronto atendimento 24 horas. Avaliação
sistemática de radiografias do tórax. Parte V, p. 251-261.
3. GOLDMAN, L. Goldman Cecil Medicina Interna. 24ª ed.