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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

RICHARD PRESTES COSTA

DETECÇÃO DA SÍFILIS EM TESTE RÁPIDO

SÃO PAULO
2024
FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

RICHARD PRESTES COSTA

DETECÇÃO DA SÍFILIS EM TESTE RÁPIDO

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial à obtenção do título de
especialista em Urgência e Emergência da
Faculdade Venda Nova do Imigrante.

SÃO PAULO
2024
2
DETECÇÃO DA SÍFILIS EM TESTE RÁPIDO

Richard Prestes Costa¹

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO: Entre os anos de 2011 a 2021, foram notificados no Brasil 1.035.942 casos de sífilis
adquirida, 466.584 casos de sífilis em gestantes, 221.600 casos de sífilis congênita e 2.064 óbitos por
sífilis congênita. Levando em consideração os dados citados, o conhecimento sobre o tema e a
realização do teste rápido torna-se primordial para a prevenção e promoção à saúde. O teste rápido é
uma ferramenta chave para a ação de dois pontos no controle epidemiológico da sífilis: a prevenção e
o diagnóstico precoce, sendo estabelecido por meio de testes diretos e testes imunológicos
treponêmicos e não treponêmicos. A busca pelo teste rápido permite a possibilidade de identificação
de outras doenças sexualmente transmissíveis, como hepatites e HIV, que podem ser realizadas
simultaneamente e de forma gratuita em Unidades de Atenção à Saúde.

PALAVRAS CHAVES: Diagnóstico. Teste Rápido. Sífilis.

richardprestes27@gmail.com
E-mail do Autor

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1. INTRODUÇÃO

A sífilis é uma doença infectocontagiosa causada pelo agente etiológico


Treponema Pallidum, em sua maioria, os casos de transmissão ocorrem pelo contato
sexual sem proteção com uma pessoa já infectada. A doença é classificada por duas
diferentes vias de transmissão: sífilis adquirida e sífilis congênita de transmissão
vertical. A sífilis adquirida é transmitida de uma pessoa para a outra durante o sexo
(anal, vaginal ou oral) sem preservativo ou por transfusão de sangue. A transmissão
da sífilis congênita acontece da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou no
parto. Apresentando diversas manifestações clínicas, acometendo praticamente todos
os órgãos e sistemas do corpo, é caracterizada por uma lesão específica que surge
no local da inoculação, onde na maioria dos casos ocorre na região genital, sendo
classificada em três estágios, denominados de sífilis primária, secundária e terciária,
sendo que nos estágios, primário e secundário da infecção, a possibilidade de
transmissão é maior. ¹
Entre os anos de 2011 a 2021, foram notificados no Brasil 1.035.942
casos de sífilis adquirida, 466.584 casos de sífilis em gestantes, 221.600 casos
de sífilis congênita e 2.064 óbitos por sífilis congênita. Sendo que a maior parte
dos casos notificados foram em pessoas do sexo masculino (60,6%) e nas faixas
etárias de 20 a 29 anos (35,6%) e 30 a 39 anos (22,3%). Ressalta-se que, entre
adolescentes (entre 13 a 19 anos), os casos de sífilis adquirida aumentaram 2.2 vezes,
quando comparados os anos 2015 e 2021. A incidência de sífilis congênita, entre 2011
e 2017, apresentou crescimento médio de 17,6%, seguida de estabilidade nos anos
subsequentes e aumento de 16,7% em 2021. No Brasil, a notificação compulsória
de sífilis congênita foi instituída por meio da Portaria nº 542, de 22 de dezembro
de 1986, a de sífilis em gestantes, pela Portaria nº 33, de 14 de julho de 2005;
e, por último, a de sífilis adquirida, por intermédio da Portaria nº 2.472, de 31
de agosto de 2010.²

2. DETECÇÃO E DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS

O diagnóstico da sífilis é comumente estabelecido por meio de testes diretos


e testes imunológicos treponêmicos e não treponêmicos. Os testes diretos para a

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sífilis são exames que detectam o Treponema pallidum (bactéria causadora da sífilis)
diretamente na lesão, seja ela uma úlcera (sífilis primária), ou lesão de pele (sífilis
secundária), esses testes diretos são realizados de duas maneiras: os de exame em
campo escuro e a pesquisa direta com material corado. ³
No exame de campo escuro, o material é levado ao microscópio com
condensador de campo escuro, permitindo a visualização do Treponema pallidum vivo
e móvel e deve ser analisado imediatamente após a coleta da amostra. Na pesquisa
de material corado utilizando, por exemplo, o Método Fontana-Tribondeau, deixa-se
secar a amostra na lâmina e depois faz-se a coloração pela prata, que vai impregnar
a parede do treponema permitindo sua visualização. ³
Os testes não treponêmicos detectam anticorpos anti-cardiolipina que não são
específicos para os antígenos do Treponema pallidum e os testes treponêmicos, por
sua vez, detectam anticorpos específicos para os antígenos do Treponema pallidum.
Eles são usados para a confirmação diagnóstica quando o teste não treponêmico
acaba sendo positivo. ³
Desde os anos 2000 os testes rápidos treponêmicos, que indicam que o
usuário teve contato com o antígeno em alguma época de sua vida e desenvolveu
anticorpos específicos, tornaram-se disponíveis no mercado brasileiro e passaram a
apresentar valores de sensibilidade e de especificidade adequados ao diagnóstico em
laboratório da sífilis, pois os testes rápidos para sífilis são exames de triagem
sorológica, ou seja, há necessidade de exames laboratoriais complementares para o
diagnóstico.³
Testes rápidos são aqueles cuja execução, leitura e interpretação dos
resultados são feitas em, no máximo, 30 minutos. Além disso, são de fácil execução
e não necessitam de estrutura laboratorial. Podem ser feitos com amostra de sangue
obtida por meio de uma punção venosa ou da polpa digital, ou com amostras de fluido
oral, dependendo do fabricante, podem também ser realizados com soro e (ou)
plasma e a leitura dos resultados pode ser feita a olho nu. ⁴
O teste rápido possui grande valor principalmente para população que tem
difícil acesso às redes de saúde e moradores de rua, pois é um teste simples que não
necessita de laboratórios, seu resultado é quase instantâneo, possibilitando que o
tratamento seja iniciado imediatamente após o diagnóstico, o que diminui
consideravelmente os índices de tratamentos tardios ou não tratamento. No caso da
sífilis vertical o teste possui grande importância pois dessa forma o tratamento se inicia
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desde o pré-natal, evitando que o bebê seja infectado pelo vírus, e protegendo
também a gestante. ⁵
Antes da realização do teste, é importante ressaltar a questão do
aconselhamento para as pessoas que o farão, que nada mais é do que um diálogo
baseado em uma relação de confiança que visa proporcionar à pessoa condições para
que avalie seus próprios riscos, tome decisões e encontre maneiras realistas de
enfrentar seus problemas relacionados às anDST’s. Poderá ser desenvolvido em
vários momentos, não se reduzindo a um único encontro entre duas pessoas,
podendo ser estendido aos grupos. E o papel do profissional de saúde nessa ação é
1) ouvir as preocupações do indivíduo; 2) propor questões que facilitem a reflexão e a
superação de dificuldades; 3) prover informação, apoio emocional e auxiliar na tomada
de decisão para adoção de medidas preventivas na busca de uma melhor qualidade
de vida, assim , contribuindo para a qualidade das ações educativas em saúde. ⁶
Ao realizar a leitura do teste, observa-se se teve formação de uma linha
colorida na área C. O aparecimento dessa linha valida o teste e mostra que não teve
problemas com a reação. Logo após, leia o resultado da amostra percebendo se
ocorreu ou não a construção de uma linha colorida na área T. Os resultados possíveis
são estes:
Reagente – quando há formação de uma linha colorida na área T e outra na
área C. Um resultado reativo mostra que há anticorpos antitreponêmicos detectáveis
na amostra do sujeito. ⁷

Figura 1 - Teste rápido de fluxo lateral reagente

Fonte: TELELAB (2013)

Não reagente – quando há formação de linha colorida apenas na área C. Um


resultado não reagente mostra que não há anticorpos antitreponêmicos detectáveis
na amostra do sujeito. ⁷

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Figura 2 - Teste rápido de fluxo lateral não reagente

Fonte: TELELAB (2013)

Teste Inválido – se não tiver formação de linha colorida na área C, o teste será
considerado inválido, independentemente do resultado obtido na área T. Neste caso,
o teste deverá ser repetido. ⁷

Figuras 3 e 4 - Testes rápidos de fluxo lateral inválido

s
Fonte: TELELAB (2013)

Não interprete os resultados após 20 minutos, pois leituras tardias podem


induzir a resultados falsos. Veja a seguir como proceder se o resultado do teste for
inválido. ⁷ Repita o teste. Caso o resultado continue inválido, faça o teste com um kit
de outro lote ou de outra marca. 2. Você também pode considerar que: a) amostras
coaguladas ou lipêmicas podem interferir nos resultados; b) os volumes da amostra e
da solução diluente talvez estivessem incorretos; c) os tempos de todas as etapas
podem não ter sido rigorosamente respeitados. 3. Verifique as condições de
estocagem do kit e o prazo de validade. ⁷

3. CONCLUSÃO

O teste rápido é uma ferramenta para maior ação sobre dois pontos chaves
no controle epidemiológico da sífilis: a prevenção e o diagnóstico precoce. A busca
pelo teste rápido permite a possibilidade de identificação de outras doenças
sexualmente transmissíveis, como hepatites e HIV. A grande vantagem é a chance de
o paciente ter acesso ao resultado imediatamente. Previamente ao teste rápido, o
7
paciente realizava o exame e depois de algum tempo marcava a consulta para a busca
do resultado. Neste espaço de tempo, além da ansiedade do paciente, há o risco de
não buscar o resultado havendo a quebra de confidencialidade na hora da entrega do
exame. Com o teste mais acessível, são quebradas diversas barreiras. Sendo uma
tecnologia fabricada no Brasil e disponibilizada pelo SUS.

4. REFERÊNCIAS

1. Avelleira JCR, Bottino G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An Bras


Dermatol. 2006;81(2):111-26.
2. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Sífilis 2022. Secretaria de Vigilância
em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções
Sexualmente Transmissíveis – DCCI. Brasil, 2022: 1-60.
3. Ministério da Saúde. Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis. Ministério da
Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e
Hepatites Virais. Brasil, 2016: 1-52.
4. Ministério da Saúde. Manual HIV: Estratégias para utilização de testes rápidos no
Brasil. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Brasil 2010: 1-98
5. Miranda AE, Filho ER, Trindade CR, Gouvêa GM, Costa DM, Oliveira TG, et all.
Prevalência de sífilis e HIV utilizando testes rápidos em parturientes atendidas
nas maternidades públicas de Vitória, Estado do Espírito Santo. Rev Soc Bras
Med Trop 42(4):386-391, jul-ago, 2009.
6. Grangeiro A. Aconselhamento em DST/ HIV/Aids para a Atenção Básica
[monografia na Internet]. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids.
[Acesso em 19/10/18].Disponível
em:bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_simplificado.pdf
7. Parucker LMBB, Aula 9 Testes rápidos para sífilis. Ministério da Saúde, série
TELELAB. [monografia na Internet]. [Acesso em 14/10/2018]. Disponível em:
https://telelab.aids.gov.br/moodle/pluginfile.php/22200/mod_resource/content/2/Si
filis%20-%20Manual%20Aula%209.pdf

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