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Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC

o
INTRODUÇÃO 3 medições à noite (intervalo de 1 min),
antes do jantar e da tomada da
Doença cardiovascular crônica e assintomática, que medicação por 5 dias
também é a principal causa evitável de outras doenças • MAPA (monitoração ambulatorial da PA):
cardiovasculares, sendo causada pela interação entre Registro indireto e intermitente da PA durante
fatores genéticos e socioeconômicos, que culminam 24 horas ou mais, diagnosticando quando
na alteração da pressão arterial (débito cardíaco x média for ≥ 130/80mmHg
resistência vascular periférica) o Vigília ≥ 135/85mmHg
o Sono ≥ 120/70mmHg
• Acomete 32,5% da população adulta, 60% da
idosa e vem crescendo na infanto-juvenil Diagnóstico – HAS secundária
devido à obesidade e aos hábitos de vida
• Presença de HAS em 69% dos pacientes com Os exames são complexos, caros e, geralmente,
primeiro episódio de IAM, 77% de AVE, 75% inconclusivos, por isso, é preciso ter critérios de
com IC e 60% com DAC suspeição de causas características (renal, endócrina,
cardiovascular ou neurológica)
• Responsável por 45% das mortes cardíacas e
51% das mortes decorrentes de AVE • Doença parenquimatosa e estenose da artéria
renal
• Suspeição e confirmação do diagnóstico
• Anticoncepcionais orais, hiperaldosteronismo
• Identificação da causa secundária primário, hiperparatireoidismo, hiper e
• Avaliação do risco de CV e das lesões de hipotireoidismo
órgão-alvo • Apneia obstrutiva do sono e uso de drogas
ilícitas (ex. cocaína, ciclosporia e
anfetamínicos)
Diagnóstico clínico – HAS primária • Feocromocitoma
NORMOTENSÃO Consultório: ≤ 120/80mmHg • Coartação da aorta
Casa: MAPA/MRPA confirmam • Outras causas: Síndrome de Cushing,
HAS CONTROLADA Tratamento com AHO para policitemia vera, acromegalia
controle pressórico
PRÉ-HIPERTENSÃO PAS: 121 a 139mmHg Classificação
PAD: 81 a 89mmHg
Eram descritas como maligna (níveis altos e elevação
HIPERTENSÃO PAS: 140 a 159mmHg
rápida da PA) e benigna (níveis “baixos” de PA)
GRAU1 PAD: 90 a 99mmHg
HIPERTENSÃO PAS: 160 a 179mmHg • Efeito do jaleco/avental branco: Aumento
GRAU 2 PAD: 100 a 109mmHg transitório da PA junto com um profissional de
HIPERTENSÃO PAS: ≥ 180mmHg saúde, com diferença maior que 20mmHg na
GRAU 3 PAD: ≥ 110mmHg PAS e/ou 10mmHg na PAD entre as medidas
obtidas no consultório e fora dele
• MRPA (medição residencial da PA): • Hipertensão do jaleco/avental: Valores
Diagnóstico com PA média ≥ 135/85mmHg anormais da PA (≥ 140/90mmHg) junto com
o 3 medições pela manhã (intervalo de 1 um profissional de saúde, porém normais pela
min), antes do desjejum e da tomada da MAPA ou MRPA (cerca de 30% dos
medicação por 5 dias hipertensos e geralmente evolui pra HAS de
fato, sendo diagnosticada por MAPA/MRPA)
Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC
• Hipertensão mascarada: Valores normais da Fatores de risco para DCV
PA no consultório (< 140/90mmHg), porém
• Comorbidades (ex. DM2, obesidade, AVEi,
com PA elevada por MAPA ou MRPA
hemorragias cerebrais, AIT, DAC e IAM)
o Deve ser pesquisada em normotensos ou
limítrofes e também em hipertensos • Dislipidemias
o Colesterol total > 190mg/dl
o Em diabéticos, associa-se a um risco
aumentado de nefropatia o LDL > 115mg/dl
o HDL < 40mg/dl nos homens e 46mg/dl
• Hipertensão sistólica isolada: PAS aumentada
nas mulheres
(≥ 140mmHg) com PAD normal (< 90mmHg)
o Triglicerídeos > 150mg/dl
presente na maioria (cerca de 70%) dos
• Estilo de vida: Sedentarismo, tabagismo e
hipertensos com mais de 65 anos e é
classificada em 3 estágios ingesta de sal e álcool (30 a 40g/dia)
o Aumenta consideravelmente o risco de • Idade: Homens > 55 e mulheres > 65 anos
eventos CVs no idoso e o tratamento leva • Sexo: Mulheres (estrogênio como protetor)
à redução da morbimortalidade • Raça: Negros (tende a ser mis grave): Gene
• Pré-hipertensão: Define um estado de maior APOL1
risco de HAS no futuro (30,7% da população)
Exame físico
• Hipertensão episódica: Tem chances altas de
evoluir para HAS, com PA ≥ 140/90mmHg em • Aferição da FC e da PA em ambos os braços
algumas aferições fora do consultório • Peso, altura, IMC e circunferência abdominal
• Pseudo-hipertensão do idoso: Artérias • Características cushingóides
enrijecidas de idosos não colabam, mesmo • Coração: Desvio do ictus, assimetrias ou
com pressões acima da PAD, e mantêm-se redução, lesões cutâneas e sopros
abrindo e fechando, mesmo com pressões • Abdome e tórax: Sopros abdominais ou
acima da PAS, o que gera aumento falso da PA torácicos (renovascular, coartação de aorta,
doença da aorta ou ramos)
• Rins: Aumentados (ex. rim policístico) a
palpação abdominal
• Pulsos femorais diminuídos e diferença de PA
nos braços (coartação de aorta e estenose de
subclávia)

Sinais de LOA e de hipertensão secundária


• Cardiopatia hipertensiva
o Hipertrofia do VE: Aumento crônico da
pós-carga ventricular impõe sobrecarga
sistólica ao VE e, com isso, o miocárdio se
hipertrofia de forma concêntrica (diminui
câmaras cardíacas) ou excêntrica
 Desvio do ictus, arritmias e sopros
AVALIAÇÃO CLÍNICA E COMPLEMENTAR o Disfunção diastólica: Disfunção no
relaxamento ventricular, que é mais
Anamnese avançada na HAS e pode causar
congestão pulmonar secundária
História clínica completa com tempo de diagnóstico,
(dispneia e ortopneia – aumento das
evolução, tratamentos prévios, medicamentos (AIs,
pressões de enchimento do lado
anorexígenos, descongestionantes, etc), indícios de
esquerdo) e edema agudo hipertensivo
causa secundária, lesões de órgãos-alvo e história
o Disfunção sistólica (cardiopatia dilatada):
familiar (maior certeza do diagnóstico de HA primária)
ICVE progride para ICC biventricular,
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refletindo na disfunção sistólica (diminui dois ou mais fatores de risco, mostra ou prevê
DC, podendo normalizar a PA) associada eventos cardiovasculares fatais e não-fatais
à dilatação ventricular o Valores normais: < 30mg/dia
o Doença aterosclerótica coronariana • Lipidograma completo: Colesterol total (CT),
(DAC): Pode se apresentar como HDL e triglicérides (TG)
isquemia silenciosa, angina estável e • Ácido úrico plasmático
instável, IAM (pode causar ICC) e morte • Raio-X de tórax: Avaliação de IC,
súbita acometimento pulmonar e aórtico
• Doença cerebrovascular (déficits motores ou • Ecocardiograma (mais sensível que o ECG):
sensoriais consequentes de HAS): Pode se Indícios de hipertrofia do VE ao ECG ou
apresentar AIT, AVEi, AVEh suspeita clínica de IC
intraparenquimatoso e hemorragia • US renal com doppler: Indicado para pacientes
subaracnoide (microaneurismas de Charcot- com massas abdominais ou sopro abdominal
Bouchard), demência multivascular e atrofia • US de carótidas com doppler: Identifica placas
cerebral devido à arterioloesclerose difusa ateroscleróticas que predizem AVE ou IM,
• Nefropatia hipertensiva: Alterações da independente de outros fatores de riscos
histopatologia e disfunção renal (medida pelo cardiovasculares, quando há sopro carotídeo
clearance de creatinina) com ou doença aterosclerótica em outros
microalbuminúria, além de lesões territórios
tubulointersticiais o Valores anormais de espessamento
o Nefroesclerose hipertensiva: Artérias médio-intimal (EMI): > 0,9mm
renais sofrem arteriosclerose hialina • HbA1c: Indicado quando a glicemia de jejum
• Retinopatia hipertensiva: Arteríolas lesadas e for > 99mg/dl ou tiver histórico prévio ou
visíveis à fundoscopia familiar de DM2 e obesidade
o Grau 1: Estreitamento arteriolar • Teste ergométrico: Suspeita de doença
o Grau 2: Cruzamento arteriovenoso aterosclerótica coronariana (DAC) estável,
patológico (lesão tecidual leve) DM, hipercolesterolemia familiar (HF) para
o Grau 3: Hemorragias e/ou exsudatos DAC em pacientes com PA controlada, sendo
retinianos sugestivo para elevação de 10mmHg da PAD
o Grau 4: Papiledema e/ou elevação de 60mmHg da PAS com 6
• Aortopatia e arteriolopatia de MMIIs: METs (equivalente metabólico em termos de
Comprometimento aterosclerótico com efeito consumo de O2)
direto da PA facilita aneurismas na aorta • Velocidade da onda de pulso (VOP):
(principalmente a infrarrenal), claudicação Hipertensos de médio e alto risco, tendo
intermitente e trombose arterial valores anormais a partir de 12m/s são
o Índice tornozelo-braquial, que compara a anormais
PAS no tornozelo e no braço com • Ressonância magnética do cérebro: Pacientes
diferença < 0,90 indicam a existência de com déficit cognitivo ou demência, que avalia
doença arterial periférica infartos cerebrais silenciosos e micro-
hemorragias
Avaliação complementar
• Análise de urina (EAS, urina tipo 1 ou sumário TRATAMENTO
de urina)
Mudanças no estilo de vida para controle de peso e
• Potássio plasmático
estresse, prática de atividade física, moderação no
• Glicemia de jejum
consumo de álcool e restrição de sódio e tabagismo
• Taxa de filtração glomerular (TGF): Ureia e
(sempre) e tratamento farmacológico (monoterapia
creatinina plasmática
só é usada na fase inicial – estágio 1 com risco CV)
• Albuminúria: Em pacientes hipertensos e
diabéticos com síndrome metabólica ou com • Grau 2 e 3 ou 1 com alto risco CV
Marianna Lopes – Clínica médica, 3° semestre FTC
• Idosos (< 79 anos) com PAS ≥ 140mmHg
• Idosos (≥ 80 anos) com PAS ≥ 160mmHg
• Pré-hipertenso com DCV ou alto risco CV
• Indivíduos com PA ≥ 160/100mmHg e/ou risco
CV alto (mesmo em grau 1)

Objetivos
• PA < 140/90mmHg: Grau 1 e 2 com
baixo/moderado risco CV e grau 3
• PA < 130/80mmHg: Grau 1 e 2 com alto risco

Observações
Uso de fármacos com ação em mesmo órgão não é
indicado

• IECA + BRA = Aumento de potássio no sangue


• Losartana + Enalapril

Prevenção
Estimular diagnóstico precoce, tratamento contínuo,
controle de PA e fatores de risco associados, por meio
da modificação do estilo de vida (MEV) e/ou uso
regular de medicamentos

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